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LÍNGUA E LITERATURA: UMA PARCERIA DE SUCESSO NO MUNDO DAS LETRAS Marcela Iochem Valente2 Rosane de Sena Pinheiro3 Resumo: Este artigo tem por objetivo apresentar os benefícios e utilidades do uso da literatura no ensino de língua estrangeira, mais especificamente de língua inglesa. Veremos aqui que a literatura pode ser um item facilitador no processo de aquisição e aprimoramento da língua estrangeira e que o uso apropriado da mesma pode tornar as aulas de língua muito mais agradáveis. Este trabalho também oferece algumas sugestões sobre como escolher textos literários adequados a diferentes níveis de alunos e traz algumas idéias do que se pode ensinar através deles. Desejamos, a partir desse trabalho, incentivar a utilização da literatura no ensino de línguas e mostrar aos professores algumas possibilidades para que seus alunos apreciem textos literários e desenvolvam o prazer pela leitura. Palavras-chave: Ensino de língua inglesa; literatura; metodologia. É quase impossível esquecermos da língua quando estamos lendo uma boa obra literária, já que a língua é o fio que tece qualquer texto, seja ele literário ou não. É difícil não notar o cuidado que o autor teve na escolha das palavras, a intenção que estava por trás dessas escolhas e as sensações e sentimentos que planejava provocar em nós, seus leitores. E o que falar da poesia e do ritmo melodioso das rimas que tanto agrada aos ouvidos? São as palavras e, por assim dizer, a língua que nos causam esse encanto e prazer. O ensino de língua estrangeira, se associado a elementos de prazer e diversão, pode acelerar bastante o aprendizado do aluno, pois o entretenimento o distrai e torna a sua tarefa mais leve. A literatura pode perfeitamente cumprir esse papel, motivando o aluno, aumentando seu interesse pela língua e agilizando seu processo de aprendizagem. Sabemos que no passado alguns métodos já se utilizaram de textos literários para o ensino de língua estrangeira. É conveniente dizer, inclusive, que os primeiros métodos que foram utilizados para o ensino de língua tinham como base a literatura. Dentre eles, podemos citar os métodos Grammar- Translation e o Literary Method. Infelizmente, a forma como esses métodos eram utilizados possuía várias deficiências, pois nessa ocasião eles tinham como foco somente a leitura e deixavam a desejar no desenvolvimento de algumas habilidades como, por exemplo, a prática oral. Porém, ainda assim, unindo alguns princípios desses métodos, com outros mais atuais, podemos chegar a uma interessante possibilidade para o uso da literatura no ensino de língua. 2 UERJ/FEUDUC. 3 UCAM/FEUDUC. Revista FACEVV - 2º Semestre de 2008 - Número 1 52 Durante muito tempo, até o século XIX, o ensino de língua, principalmente nos monastérios europeus, tinha como recurso principal a literatura, em muitos casos a Bíblia, mais especificamente. Isso acontecia não somente no ensino de língua inglesa, mas no ensino de línguas em geral, como latim e grego, por exemplo. No Literary Method o caminho considerado ideal para o aprendizado da língua estrangeira era a memorização de gramática e vocabulário através da leitura de textos literários clássicos, como a Bíblia e em alguns casos, obras de Shakespeare. O método Grammar-Translation possui idéias bastante semelhantes ao Literary Method. Esse método também surgiu para o ensino de grego e latim e posteriormente passou a ser utilizado para o ensino de outros idiomas, incluindo o inglês. Ele também foi utilizado principalmente ao longo dos séculos XVIII e XIX e tinha como base, segundo Larsen-Freeman (1986), a compreensão das regras gramaticais e a memorização de listas de vocabulário provenientes de textos que seriam escolhidos a partir de seu prestígio e não por sua dificuldade lingüística. No final do século XIX e início do século XX, esse método, junto com o Literary Method, foi apontado como “frio e sem vida”, muitas vezes até mesmo ineficiente e, em oposição às idéias apresentada por ele(s), surgiram vários métodos ao longo do século XX que priorizavam a prática oral, e passavam a dar menos importância ao desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita, dando à literatura e também à gramática um papel secundário. Sabemos hoje que a melhor opção para um ensino agradável e mais eficiente da língua é o conhecimento das diferentes metodologias criadas, de seus aspectos positivos e negativos. Só assim o professor terá condições para selecionar o que há de melhor em cada uma, criando então sua metodologia própria adaptada à realidade de seu grupo. Atualmente, não é comum vermos uma metodologia específica sendo utilizada sem influências externas. Com todo o conhecimento que temos na área, resta-nos a possibilidade de fazer escolhas, adaptando, e mesclando pontos positivos de diferentes métodos. Sendo assim, podemos utilizar a literatura no ensino de línguas, proposta inicial dos métodos Literary e Grammar-Translation, porém articulando essa prática com outros métodos a fim de desenvolvermos diferentes habilidades em nossos alunos e também tornarmos o ensino de línguas algo mais prazeroso e interessante. O uso de recursos literários no ensino de línguas estrangeiras, em nosso caso mais especificamente língua inglesa, vem ganhando a atenção de vários pesquisadores e docentes em diferentes partes do mundo e de diferentes níveis. Podemos citar, por exemplo, o trabalho da professora argentina María Laura Capello, que trabalha com o ensino de língua inglesa e vem desenvolvendo um interessante trabalho na escola bilíngüe onde leciona, em Buenos Aires, e ainda nas forças armadas argentinas. Por ser especialista em literaturas de língua inglesa, ela buscou unir ambas as disciplinas a fim de alcançar uma metodologia mais eficiente para o ensino de determinados assuntos e, atualmente, ela vem desenvolvendo projetos de inserção de obras literárias no ensino de língua inglesa para diferentes níveis, a começar pela educação infantil. Em seu artigo “The use of literature in the English class” (2008), Capello levanta algumas questões bastante interessantes e de considerável importância para a pesquisa aqui discutida. Ela problematiza a questão do uso de literatura no ensino de língua e tenta mostrar ao leitor que essa é uma questão importante, interessante, porém não tão simples quanto parece e que exige conhecimento e pesquisa. Capello apresenta ao professor de língua quatro perguntas que achamos bastante conveniente citarmos a seguir e também refletirmos a respeito: 1. O que ensinamos quando usamos textos literários? Revista FACEVV - 2º Semestre de 2008 - Número 1 53 2. Que textos devemos usar? 3. Para que devemos usar os textos literários em sala de aula? 4. Como podemos fazer com que nossos alunos apreciem os textos utilizados? No que se refere à primeira pergunta, sabemos que há várias possibilidades de trabalho com textos literários. Uma dessas possibilidades, por exemplo, é o uso desses materiais para o ensino de gramática. Uma possível utilização que gostaríamos de sugerir é o ensino de adjetivos, substantivos e verbos em obras descritivas. Um exemplo seria o conto “The Black Cat”, traduzido como “O Gato Preto”, de Edgar Allan Poe. Como sabemos, Poe, escritor romântico americano, é bastante conhecido por seus contos de terror e por sua habilidade para construir uma atmosfera de suspense, superstição e de morte iminente em suas obras. No conto mencionado acima, essa atmosfera é facilmente identificada, sobretudo através dos adjetivos usados. O trecho a seguir ilustra bem essa idéia: My wife had called my attention, more than once, to the character of the mark of white hair, of which I have spoken, and which constituted the sole visible difference between the strange beast and the one I had destroyed. The reader willremember that this mark, although large, had been originally very indefinite; (...). It was now the representation of an object that I shudder to name and for this, above all, I loathed, and dreaded, and would have rid myself of the monster had I dared it was now, I say, the image of a hideous of a ghastly thing of the Gallows oh, mornful and terrible engine of Horror and of Crime of Agony and of Death! (POE, 2001, p. 1498: grifo nosso) É possível observar, no trecho acima, que os adjetivos sublinhados ajudam a compor a atmosfera de terror que é fundamental no desenvolvimento dessa história. Além disso, o uso de substantivos com carga semântica referente à idéia de terror também colabora para que o leitor identifique essa atmosfera criada por Poe. É o caso das palavras monster, Horror, Crime, Agony e Death. Outro aspecto que é curioso notar aqui diz respeito ao uso de letras maiúsculas. Poe dá mais importância aos substantivos, transformando-os quase em instituições ou entidades ao iniciá-los com letra maiúscula. A escolha dos verbos shudder (estremeci), loathed (odiei) e dreaded (apavorei-me) também é algo que merece ser comentado, pois reforça o aspecto obscuro e o clima tenso da obra. Dessa forma, é como se, através dos recursos da língua (adjetivos, substantivos e verbos), o autor montasse o cenário de sua história e manipulasse os sentimentos do leitor, hipnotizando-o, e colocando-o na posição de mera marionete em suas mãos. Percebemos, então, o imenso poder que tem a língua e como é importante saber manejá-la para atingir objetivos específicos. Um outro item que poderia ser trabalhado em sala de aula através de contos de Poe é o uso de figuras de linguagem. Em um outro conto chamado “The Tell-Tale Heart”, Poe usa onomatopéias de uma forma bastante interessante. No conto, existe uma cuidadosa escolha de palavras com a intenção de evocar no leitor a sensação de ouvir os batimentos de um coração, no caso, o coração do homem assassinado pelo personagem principal. Esse recurso pode ser percebido até mesmo no título do conto. O trecho que apresentaremos a seguir demonstra claramente o uso desse recurso de linguagem: But even yet I refrained and kept still. I scarcely breathed. I held the lantern motionless. I tried how steadily I could maintain the ray upon the eye. Meantime the hellish tattoo of the heart increased. It grew quicker and quicker, and louder and louder, every instant. The old man's terror must have been extreme! It grew louder, I say, louder every moment! – do you mark Revista FACEVV - 2º Semestre de 2008 - Número 1 54 me well? I have told you that I am nervous: so I am. And now at the dead hour of the night, amid the dreadful silence of that old house, so strange a noise as this excited me to uncontrollable terror. (POE, 2008, p. 1: grifo nosso) No trecho acima, a palavra tattoo é usada como uma onomatopéia, isto é, um termo que imita um determinado som, no caso o som de um coração batendo. Nesse momento da história, o personagem tem alucinações e julga ouvir os batimentos do coração do homem que matou. Isso é percebido não somente através dessa palavra específica, mas também e principalmente, através das consoantes que aparecem ao longo de todo o trecho, na verdade, ao longo de toda a história. Nesse mesmo conto e também no trecho acima, poderíamos ensinar a figura de linguagem aliteração. Trata-se da repetição intencional dos sons de consoantes para causar algum tipo de sensação no leitor, ou até mesmo criar uma determinada atmosfera para a história que está sendo contada. Poe foi tão cuidadoso na escolha das palavras, que podemos perceber até mesmo a mudança no ritmo das batidas do coração do personagem através da narrativa. No trecho do conto citado anteriormente, a escolha de várias palavras contendo o som da letra “t” remete ao ruído de um coração batendo. É um recurso bastante interessante. Vejamos parte do trecho novamente dando uma atenção especial a esse recurso: But even yet I refrained and kept still. I scarcely breathed. I held the lantern motionless. I tried how steadily I could maintain the ray upon the eye. Meantime the hellish tattoo of the heart increased. (POE, 2008, p. 1: grifo nosso) Poderíamos propor diversas possibilidades de trabalho com base nas obras de Poe, mas para que consigamos cumprir nosso propósito nesse artigo, vamos voltar então às questões apresentadas por Capello e que nos dispomos a tentar elucidar no presente trabalho. Em se tratando da segunda pergunta, podemos argumentar que a seleção dos textos literários utilizados deve levar em consideração o nível dos alunos, o vocabulário que eles conhecem e os itens gramaticais que já aprenderam. É importante que as obras sejam adequadas às experiências de vida que eles possuem para que sejam compreensíveis. A qualidade das obras também é algo fundamental, devendo o professor fazer uso de textos de autores consagrados pela crítica e que tratem de assuntos de interesse dos alunos. É fator de extrema importância que o professor conheça as necessidades de seus alunos para que possa selecionar textos apropriados e interessantes para cada realidade. No que diz respeito à terceira pergunta, cabe a nós considerar uma questão de grande importância que vem a ser ‘o papel do professor’. Por que ensinar? Para fornecer conhecimentos, para dar opções de escolha aos alunos. Para que, então, devemos usar textos literários? A literatura é fonte inesgotável de cultura e essa ponte entre uma disciplina e outra só contribui para aumentar os conhecimentos dos estudantes. A interdisciplinaridade tem sido muito incentivada e defendida nos últimos anos, em muitas instituições de ensino. Além do mais, há muito vem se comentando, nos meios educacionais e na mídia, que os alunos brasileiros não possuem o hábito da leitura, seja por preguiça ou falta de incentivo de pais, professores e até da sociedade de um modo geral. Por que não juntarmos o útil ao agradável? Desenvolver o prazer da leitura e ainda ensinar uma língua estrangeira. Aumentar os conhecimentos dos aprendizes e ainda lhes oferecer um leque de opções no que se refere a obras qualificadas e consagradas, que vão fazer parte para sempre de seus arquivos de memória. A língua dentro do contexto literário pode ser mais rapidamente acessada no cérebro, da mesma forma que uma palavra ou estrutura gramatical pode ser mais facilmente lembrada, se for contextualizada numa letra de música. É uma estratégia de associação mnemônica que não deve ser descartada. Revista FACEVV - 2º Semestre de 2008 - Número 1 55 A quarta e última pergunta que nos propomos a trabalhar nesse artigo representa um desafio para qualquer professor dedicado ao seu ofício. Para que os alunos apreciem textos literários, é preciso, antes de tudo, que eles sejam interessantes, que tenham algo que prenda a atenção dos estudantes. Textos de humor são bem recomendáveis em alguns casos. Comédias de Shakespeare constituem um bom exemplo de obras que proporcionam divertimento e trazem diversos pontos que podem ser trabalhados em sala. Much Ado About Nothing é um bom exemplo de obra shakespeareana a ser explorada com os alunos. A guerra de palavras entre os personagens Beatrice e Benedick ao longo dessa peça traz um considerável número de opções a serem trabalhadas. Para que o leitor entenda melhor essa sugestão, faremos um breve comentário a respeito da peça. Ao longo de Much Ado About Nothing, traduzida para o português como Muito Barulho por Nada, é possível observarmos o sarcasmo e ironia presentes nas falas de Beatrice. A personagem julga-se auto-suficiente, pois ao contrário das damas da época, alega que jamais precisará de um companheiro ao longo de sua vida. No entanto, através das armações de sua família e amigos, ela acaba por ser vítimade uma armadilha onde se apaixona por seu suposto inimigo ao longo da trama. Benedick, por sua vez, é um jovem oficial que tem pensamentos bastante semelhantes aos de Beatrice em se tratando de casamento e possui um enorme desafeto por ela. É interessante que até mesmo depois que percebem estar apaixonados um pelo outro, os personagens mantêm a guerra dos sexos através de seus discursos. Nessa guerra eles usam muitos adjetivos e com muita freqüência usam também o caso comparativo e superlativo já que estão em uma constante disputa. A seguir mostraremos alguns exemplos disso na fala de Beatrice: That’s right. He thinks that he’s the bravest man in the world, but he isn’t. (…) Of course he does. Benedick is the most famous man in the world. Everyone knows him. (…) Perhaps my words are more interesting than yours, Benedick. (SHAKESPEARE, 2000, p. 2-3: grifo nosso) Somente através dessas três frases já seria possível trabalhar o uso de comparativos e superlativos, e ao longo da peça há diversos outros exemplos disso. Ao invés de apresentarmos extensas e complexas regras gramaticais aos alunos e depois ficarmos presos a exercícios cansativos e desmotivantes, podemos, por exemplo, analisar o uso desse conteúdo gramatical nessa obra de Shakespeare com nossos alunos. Para facilitar esse tipo de trabalho, inclusive, existem algumas obras adaptadas. Essas obras são histórias recontadas que mantém o enredo, porém adaptam o vocabulário e a gramática utilizada para diferentes níveis de alunos. No exemplo apresentado aqui, inclusive, utilizamos uma dessas obras. Escolhemos uma versão da peça Much Ado About Nothing que é recontada, e apropriada para alunos de nível iniciante. Depois dessas poucas opções de trabalho que apresentamos nesse artigo, se comparadas com o leque de possibilidades existentes, esperamos ter contribuído um pouco com os estudos interdisciplinares e também ter trazido novas idéias para professores de línguas estrangeiras. Gostaríamos de concluir esse trabalho, reafirmando o quanto é importante associar elementos de prazer e diversão ao desafio de ensinar uma nova língua, seja ela qual for. Como pudemos observar, o ensino de vocabulário e itens gramaticais pode ser bastante facilitado se for contextualizado em textos literários de qualidade e trabalhado de forma agradável, fugindo da pura e tradicional aula de gramática. A prática da interdisciplinaridade, que vem sendo defendida e incentivada por muitos Revista FACEVV - 2º Semestre de 2008 - Número 1 56 profissionais de educação, no caso do ensino de literatura e língua, só vai beneficiar os alunos, fazendo com que aumentem seus conhecimentos gerais e assimilem as estruturas da língua-alvo com mais rapidez e facilidade. Ao utilizar a literatura para o ensino de uma língua estrangeira, o professor estará tornando o processo de aprendizagem mais rápido e agradável, contribuindo com a aquisição de conhecimentos não só lingüísticos, mas também históricos e culturais e ainda estará incentivando o gosto pela leitura em seus alunos e plantando em suas almas o desejo de conhecer outras obras e outros autores desse fascinante mundo que é a literatura. Referências Bibliográficas: BASSNETT, S. and P. GRUNDY. Language through Literature. London: Longman, 1993. CAPELLO, M. L. The use of literature in the English class. In: http://rediu.colegio militar.mil.ar/esp/ediciones/0207/articulos_originales/ReDiU_0207_art4The_use_of_literature.doc. Visitado em: 07/12/08. COOK, G. “Texts, Extracts and Stylistics. Texture” In: BRUMLIT, C. & CARTER, R. (ed.) Literature and Language Teaching. Oxford: Oxford University Press, 1984. GUEDDES & GROSSET (ed.). The Complete Works of William Shakespeare. 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