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Revista “Entre Saberes” - Vol. V, Nº 7 (dez.2021) Revista “Entre Saberes” - Vol. V, Nº 7 (dez.2021) 2 Entre saberes / Secretaria de Estado de Educação. Cefor. - v. 05 .-- n. 07 .–Belém, PA : SEDUC, CEFOR, Dezembro 2021. Semestral ISSN: 2596-0431 Revista de relatos de experiência em foco do Centro de Formação dos Profissionais da Educação Básica do Estado do Pará (Cefor). 1. Educação – Ensino e Aprendizagem. 2. Metodologia. I. Secretaria de Estado de Educação do Pará. Cefor. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Sistema Estadual de Bibliotecas Escolares - SIEBE / SEDUC – PA CDD - 22. ed Revista “Entre Saberes” - Vol. V, Nº 7 (dez.2021) 3 “Entre Saberes” é uma publicação online de periodiocidade semestral, destinada à publicação de experiências educacionais exitosas, concebidas e realizadas por professores das escolas da rede de Educação Básica do estado do Pará, com objetivo de valorização desse docente e de propiciar o efeito multiplicador dessas práticas na rede. Expediente GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ GOVERNADOR Helder Zahluth Barbalho SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO Elieth de Fátima Silva Braga SECRETARIA ADJUNTA DE ENSINO (SAEN) Regina Lucia de Souza Pantoja SECRETARIA ADJUNTA DE GESTÃO DE PESSOAS (SAGEP) Cleide Maria Amorim de Oliveira Martins SECRETARIA ADJUNTA DE PLANEJA- MENTO E GESTÃO (SAPG) Delciene Loureiro Corrêa SECRETARIA ADJUNTA DE LOGÍSTICA ESCOLAR (SALE) Alexandre Buchacra DIRETORIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA (DEB) Regina Celli dos Santos Alves (Secretária Adjunta de Ensino em exercício) CENTRO DE FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DO PARÁ Francisco Augusto Lima Paes EQUIPE ENTRE SABERES AUTOR CORPORATIVO Centro de Formação dos Profissionais da Educação do Estado do Pará Endereço: Rua Gama Abreu, 256 - Bairro de Nazaré Belém – Pará CEP: 66.015-130 E-mail: ceforrevista@gmail.com EDITORES Nádia Eliane Cortez Brasil Sandra Lúcia Paris CONSELHO EDITORIAL Esther Maria de Souza Braga Francisco Augusto Lima Paes Nádia Eliane Cortez Brasil Sandra Lúcia Paris DIAGRAMAÇÃO Paulo Roberto Sousa David CAPA Edilberto José Figueiredo Silva Periodicidade: semestral Endereço eletrônico: https://issuu.com/entresaberes PARECERISTAS AD HOC Profª Ma. Esther Maria de Souza Braga Profº Me. João Amaro Ferreira Neto Profº Dr. Josivan João Monteiro Raiol Profª Dra. Maíra Maia Oliveira Profº Dr. Mauro Márcio Tavares da Silva Profª Dra. Míriam Matos Amaral Profª. Ma. Raimunda Nazaré Fernandes Profª Dra. Sandra Lúcia Paris Profª Ma. Valena Rodrigues Miranda REVISÃO GERAL Profª Ma. Esther Maria de Souza Braga Revista “Entre Saberes” - Vol. V, Nº 7 (dez.2021) 4 Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................ PRÁTICAS DE MULTILETRAMENTOS EM ESTRATÉGIAS DE ENSINO REMOTO À LUZ DA BNCC: LIMITES E POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM NAS SÉRIES FINAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA ................................................................................................................................................ Marcilene do Carmo de Oliveira Miranda TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS NO SERVIÇO DE ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO: INTERATIVIDADE E PRÁTICA PEDAGÓGICA PARA A INCLUSÃO ........................................................................................................................................... Edinelza de Souza Caetano, Naia Lúcia Costa Martins e Dilene de Jesus da Silva SABERES E PRÁTICAS NA ESCOLA: CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTO EM ESPAÇO MULTIDISCIPLINAR .......................................................................................................................... Neila de Jesus Ribeiro Almeida, Natália Karina Nascimento da Silva e João Alves Farias Filho PROJETO ASTRONOMIA MAKER: UM RELATO EDUCACIONAL NO MUNICÍPIO DE ORIXIMINÁ/ PA ........................................................................................................................................................ Heitor Wilker Silva Barros INTÉRPRETE DE LIBRAS: DA SALA DE AULA À SECRETARIA DE EDUCAÇÃO .......................... Walace de Souza Almeida e Walber Gonçalves de Abreu A IMPORTÂNCIA DAS TECNOLOGIAS ASSISTIVAS PARA O ENSINO E A APRENDIZAGEM DOS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL ....................................................................................... Kemle Senhorinha Rocha Tuma DESVELAR: O CUIDAR DA CURADORIA, COMO PROCESSO EDUCATIVO, NA ESCOLA PADRE EDUARDO, EM MOSQUEIRO-PA ......................................................................................... Gláucia de Nazaré Baía e Silva e Marcélia Monteiro de Carvalho ACALANTO: DA CONSTITUIÇÃO DO GRUPO ÀS VIVÊNCIAS NO ATO DE CONTAR HISTÓRIAS .......................................................................................................................................... Adriana Duarte de Oliveira Gaia, Lucia Helena Alfaia de Barros e Melissa da Costa Alencar 5 8 17 28 37 44 53 64 73 Revista “Entre Saberes” - Vol. V, Nº 7 (dez.2021) 5 Apresentação Quanto tempo de vida temos? Quando pensamos nesse questionamento, não nos vem à mente exatamente a ideia do quanto nos falta, mas do quanto o nosso percurso tem sido preenchido de vida, de significado. Sempre buscamos um sentido para a nossa existência e há vários percursos que podem trazer à tona esse significado. Uma das respostas possíveis para a indagação acima pode ser o quanto nos dedicamos para transformar a vida dos que nos cercam, seja em sua vida profissional ou pessoal, um fator de soma em sua comunidade. Esse é o objetivo da Revista “Entre Saberes”, que chega a sua 7ª edição. A revista é uma publicação do Cefor (Centro de Formação de Profissionais da Educação Básica do Estado do Pará), que visa dar publicidade e valorizar práticas educacionais exitosas, concebidas e realizadas por professores das escolas da rede de Educação Básica do estado do Pará que querem e vivenciam uma educação transformadora; além disso, a revista busca promover reflexões a respeito dessas práticas e inspirar outras ações que tenham também como intuito o desenvolvimento da Formação Integral do Ser Humano. Na educação, como na vida, a mudança é um estado permanente, afinal, temos a possibilidade de reconstruir ideias, remodelar concepções, propor caminhos para ideias cristalizadas, esse é o sentido que nos move. Como educadores, movimentamos esse processo ao construir com os nossos alunos novos questionamentos e essas indagações, parafraseando Kafka, devem ser como “um machado para o mar gelado dentro de nós”[1]. Da inquietação é que nos movemos e preenchemos de vida a vida. Não se trata de viver muito tempo, mas de fazer algo de significativo com o tempo que nos é dado. Ao refletir acerca desse processo constante de reconstrução, não posso deixar de pensar nos educadores que fazem parte desta edição da revista Entre Saberes. Relatos como o da professora Marcilene do Carmo de Oliveira Miranda, da Escola Estadual de Ensino Médio Júlia Passarinho, da cidade de Cametá, que em seu trabalho “Práticas de multiletramentos em estratégias de ensino remoto à luz da BNCC: limites e possibilidades de aprendizagem nas séries finais da educação básica”, propõe estratégias, com turmas da 3ª série do Ensino Médio, que envolvem práticas de multiletramentos, a fim de desenvolver habilidades em leitura e escrita, mesmo em um contexto adverso (o pandêmico). A autora motivou em seus alunos a cultura da investigação, de modo que eles pudessem também partilhar conhecimento, além de valorizar o letramentolocal, integrando-os ao uso ético e responsável de tecnologias digitais em práticas do campo do saber Língua Portuguesa. Apresentamos também outro relato que envolve o uso de ferramentas digitais, mas na perspectiva da inclusão, intitulado “Tecnologias educacionais no serviço de atendimento educacional especializado: interatividade e prática pedagógica para a inclusão”, das professoras Edinelza de Souza Caetano, Naia Lúcia Costa Martins, Dilene de Jesus da Silva. O relato é fruto do projeto Além da Sala de Aula: Tecnologias e interatividade no SAEE, que tem Revista “Entre Saberes” - Vol. V, Nº 7 (dez.2021) como objetivo criar aproximações e promover o trabalho cooperativo com alunos da Educação Especial da E.E.E.F. Nossa Senhora da Saúde, pertencente ao Município de Juruti-PA Já os educadores Neila de Jesus Ribeiro Almeida, Natália Karina Nascimento da Silva e João Alves Farias Filho também procuraram, em seu relato de prática, valorizar as experiências culturais locais como forma de estimular nos estudantes o protagonismo e a autonomia. Para isso, apresentam o relato “Saberes e práticas na escola: construção de conhecimento em espaço multidisciplinar”, da escola E.E.E.M Simão Jacinto Reis, município de Tucuruí-PA. Encabeçado por uma professora de Biologia com alunos da 1ª série do Ensino Médio, o projeto traz as vivências (e nelas as dificuldades) em reativar com os alunos um laboratório multidisciplinar há anos sem uso. Ao falarmos em práticas criativas de promoção à investigação científica, não podemos deixar de mencionar o trabalho do professor Heitor Wilker Silva Barros, no município de Oriximiná-PA, com três estudantes do Ensino Médio da escola E.E.E.M Padre José Nicolino de Souza. Ao oportunizar aos discentes um conjunto de ações didáticas (rodas de conversa e oficinas), por meio da conexão entre conhecimentos astronômicos e impressão 3D, o projeto “Projeto Astronomia Maker: um relato educacional no município de Oriximiná/PA” permitiu aos alunos projetar e construir um relógio solar digital. Todas as ações foram registradas em um diário de bordo, o qual permitiu um acompanhamento dos impactos das ações no desenvolvimento das habilidades dos alunos. O registro e o acompanhamento também foram os recursos empregados pelos pesquisadores Walace de Souza Almeida e Walber Gonçalves de Abreu para a produção do relato “Intérprete de Libras: da sala de aula à Secretaria de Educação”. Nele, os professores relatam as experiências e dificuldades (como a sobrecarga de trabalho frente à significativa demanda da rede estadual) de um tradutor e intérprete de Libras-Português (TILSP) de uma turma de 8º ano de uma escola do município de Tomé-Açu. Além disso, os pesquisadores demonstram a importância do fortalecimento da legislação como fator relevante para a melhoria na qualidade da educação para surdos; além de evidenciarem o trabalho colaborativo que deve existir entre o intérprete de Libras e o professor como o primeiro passo para uma educação verdadeiramente inclusiva. E inclusão também é a palavra-chave do relato “A importância das tecnologias assistivas para o ensino e a aprendizagem dos alunos com deficiência visual”, da professora Kemle Senhorinha Rocha Tuma. Em seu trabalho, ela ressalta a importância da construção de estratégias e ferramentas de auxílio para o ensino e a aprendizagem com intuito superar dificuldades e barreiras existentes e assim garantir os direitos de aprendizagem de três alunos com deficiência visual da E.E.E.F.M Alexandre Zacharias de Assumpção, do município de Belém. Também movidos pelo sentimento de alteridade, a escola E.E.M. Padre Eduardo teve a iniciativa de construir o projeto “Desvelar”, uma ação que prioriza a aprendizagem discente, por meio da pedagogia do cuidado, a partir de um trabalho colaborativo e integrado. As Revista “Entre Saberes” - Vol. V, Nº 7 (dez.2021) 7 educadoras Gláucia de Nazaré Baía e Silva e Marcélia Monteiro de Carvalho conduzem-nos por esse percurso a partir do seu relato “Desvelar: o cuidar da curadoria, como processo educativo, na escola Padre Eduardo, em Mosqueiro-PA”. As educadoras mostram a mobilização, de professores e coordenação técnica e comunidade escolar, em garantir os direitos de aprendizagem dos educandos, a partir de uma avaliação formativa e qualitativa, mesmo diante de um devastador contexto. Ao pensar no poder transmutador da narrativa (em suas dimensões pessoais, sociais e afetivas) e em seu fortalecimento pela oralidade que as guardiãs das palavras Adriana Duarte de Oliveira Gaia, Lucia Helena Alfaia de Barros e Melissa da Costa Alencar nos apresentam o relato “Acalanto: da constituição do grupo às vivências no ato de contar histórias”, que conta as ações do Grupo Acalanto, uma forma de expressão e ressignificação dos afetos pela escuta calma, em um pleno exercício da alteridade, explorando em seu percurso a cosmovisão africana por meio da leitura de contos do escritor nigeriano Sunday Ikechukwu Nkeechi. Aproveitamos e agradecemos a todos os nossos professores autores, que gentilmente disponibilizaram seus trabalhos para esse momento. Agradecemos também aos pareceristas que avaliaram com respeito e critério os trabalhos aqui apresentados e, ainda, agradecemos aos professores convidados pelo apoio e disponibilidade. O CEFOR acredita no trabalho coletivo e que somente unindo forças nos modificamos e ao mudarmos, mudamos o mundo. A todos uma excelente leitura Comissão Editorial [1] MANGUEL, Alberto. Uma história da leitura. 1º Ed. São Paulo: Companhia de Bolso, 2021. Revista “Entre Saberes” - Vol. V, Nº 7 (dez.2021) 8 PRÁTICAS DE MULTILETRAMENTOS EM ESTRATÉGIAS DE ENSINO REMOTO À LUZ DA BNCC: limites e possibilidades de aprendizagem nas séries finais da Educação Básica Marcilene do Carmo de Oliveira Miranda 1 RESUMO Este relato apresenta reflexões baseadas em atividades delineadas na realidade educacional em turmas do Ensino Médio da E.E.E.M. Júlia Passarinho (Cametá-PA). Nesse contexto, foram analisados os limites e as possibilidades que se apresentaram nas estratégias de ensino remoto, o qual priorizou o uso de tecnologias digitais em salas de aula virtuais, durante o primeiro semestre letivo de 2021 nas aulas de Língua Portuguesa. Refletir e colocar em prática propostas de multiletramentos que evidenciaram, especialmente, as atividades avaliativas levaram a instituição a assumir alguns riscos como a evasão, por exemplo. Como suporte teórico foram usadas propostas e reflexões com base nas discussões de Rojo (2013) sobre letramentos, multiletramentos e tecnologias digitais de comunicação e informação, além de outras leituras importantes cujo movimento levava a imergir a uma realidade “inovadora” de sujeitos da educação abordando atividades que operacionalizaram e vivenciaram conceitos discutidos em sintonia com práticas sociais a partir de realidades de comunicação multiculturais em consonância aos aspectos abordados na Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2018). O processo permitiu compreender a necessidade de implementar ações de aprendizagem voltadas às mudanças pelas quais o mundo passou e vem passando neste cenário hipermoderno que pressupõe novas maneiras de ser, de fazer, de informar e de comunicar, aprendendo e ensinando em novos tempos. Palavras-chave: Ensino Remoto. Multiletramentos. TDIC. Cenário Hipermoderno. INTRODUÇÃO Resultado de um complexo e delicado esforço para atravessar os limites impostos pela pandemia da Covid-19, o cenário educacional da atualidade nunca representou de forma tão intensa a realidade vivenciada nas instituições escolares. Apesar de toda a intimidade que os alunos “supostamente” apresentavam dominar quanto ao uso dos diferentes e “líquidos” aparatos tecnológicos, foi imprevisível supor que seria tão difícil e complexo um processo educacional prioritariamente mediado pelos telefonescelulares, tablets, computadores e notebooks. A necessidade de estratégias de ensino cada vez mais eficazes atravessava a realidade de um cenário amazônico no qual os alunos (e até mesmo professores) não disponibilizavam desses e de outros recursos multimidiáticos que pudessem assistir às atividades traçadas pelas coordenações das escolas. Esse, de toda e de certa forma, foi o principal entrave vivenciado por 1 Mestre em Ciências da Comunicação pelo programa de Pós-Graduação Comunicação, Cultura e Amazônia (UFPA); e especialista em Língua Portuguesa: Uma Abordagem Textual (UFPA); especialista em Gestão Escolar (UFPA). Integrante do Grupo de Pesquisa em Processos de Comunicação (PESPCOM/UFPA); do Projeto “A ci- ência no cotidiano: território propício à transversalidade”, submetido para Chamada CNPq/MCTI Nº 06/2021 - Li- nha A - Eventos de Abrangência Estadual ou Distrital; da equipe do projeto “Divulgação Científica e Inteligência Artificial: conhecimentos estratégicos para resolução de problemas e transformação social no Estado do Pará”, submetido para Linha A - Eventos de Abrangência Estadual ou Distrital: e docente de Língua Portuguesa na rede estadual e municipal da Educação Básica do Estado do Pará, em Cametá (PA). Revista “Entre Saberes” - Vol. V, Nº 7 (dez.2021) 9 boa parte dos profissionais docentes nestas plagas onde são escassos e limitados os sinais da internet, quer disponibilizados pelos dados móveis dos aparelhos ou pela conexão via wi-fi. Utilizados como estratégia considerada fundamental para a formação integral do jovem estudante, os temas que serão abordados neste projeto são oriundos de um processo de reflexão e posicionamento crítico para ações organizadas nas séries finais da Educação Básica de acordo com a Base Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 2018). A intenção era definir temáticas com pressupostos e atitudes voltados a incentivar o estudante na formação de sua identidade e na dinâmica de se relacionar com o ambiente e a natureza que o cerca, de forma ética, crítica e cidadã. Todavia, não era possível escapar à nova realidade apresentada há alguns anos, antes mesmo de toda essa sobrevivência pandêmica: havia em nossas salas de aula um novo modelo de leitor. Segundo Rojo (2013), não podemos mais falar de leitor-autor, mas de lautor. De certa forma, isso vem exigir de todo o processo de ensino-aprendizagem previamente pensado: [...] “novos escritos” [que] obviamente dão lugar a novos gêneros discursivos, quase diariamente: chats, páginas, twits, posts, ezines, epulps, fanclips etc. E isso se dá porque hoje dispomos de novas tecnologias e ferramentas de “leitura-escrita”, que, convocando novos letramentos, configuram os enunciados/textos em sua multissemiose ou em sua multiplicidade de modos de significar (ROJO, 2013, p. 20). Diante da “aparente” contradição apresentada, foi necessário adentrar em leituras e experiências que pudessem auxiliar de forma menos complicada o processo ensino- aprendizagem, sem desconsiderar a necessidade de serem implementadas as propostas de multiletramentos que sempre fizeram parte de um quefazer teórico educacional no ensino de língua/linguagem; afinal, nessa instituição se busca adaptar na rotina docente estratégias que reúnam atividades de leitura com posicionamentos e análises críticos, orientando os jovens estudantes a produzir textos multissemióticos vivenciados em seu universo multicultural. Com esse propósito, a pretensão deste trabalho é refletir sobre as práticas de multiletramentos vivenciadas em 6 (seis) turmas da 3ª série do ensino médio na Escola Estadual de Ensino Médio Júlia Passarinho, na cidade de Cametá, no Pará, partindo das abordagens propostas prioritariamente por Rojo (2013), que, alinhada a um ideal freireano (FREIRE, 1989), supõe a proposta de uma leitura da realidade que precede a leitura da palavra. A instituição mencionada atende aproximadamente uma clientela de mil alunos, oriundos de várias realidades: rural, ribeirinha e urbana; desse modo, é possível prever a complexidade que o projeto assumiu em tempos de ensino emergencial remoto, de modo a operacionalizar estratégias que pudessem garantir o básico e o mínimo do processo ensino-aprendizagem aliado às questões mundiais da pandemia, em uma região geograficamente complexa no que tange ao acesso de recursos tecnológicos com o uso de internet. Na esteira dessas abordagens, as reflexões teóricas vêm orientar os movimentos conceituais apreendidos nas dinâmicas e estratégias docentes traçadas no ensino remoto na escola mencionada, objetivando: Revista “Entre Saberes” - Vol. V, Nº 7 (dez.2021) 10 • Acentuar e analisar práticas de multiletramentos adotadas nas estratégias docentes de seis turmas de 3ª série de ensino médio na cidade de Cametá-PA; • Identificar os limites, dificuldades e possibilidades de aprendizagem possíveis durante o primeiro semestre letivo do ano de 2021; • Sugerir alternativas que possibilitem o refinamento de futuras estratégias docentes. Assim, este trabalho está organizado de modo a referenciar três tópicos principais: 1. Práticas de multiletramentos nas estratégias docentes; 2. Limites e possibilidades de aprendizagem em atividades remotas; 3. Proposta híbrida de ensino-aprendizagem: inquietações na sala de aula. O primeiro tópico conduz o leitor a (re)pensar sobre práticas de (multi)letramentos evidenciadas de maneira genérica e articulada à realidade apresentada, propostas no ensino e na aprendizagem de língua portuguesa; o segundo revela, de forma bem sucinta, as estratégias utilizadas no início do ano letivo de 2021 a fim de garantir o currículo mínimo proposto pela Secretaria da Educação do Pará. Nesse tópico incide a reflexão de que a inexistência dos aparelhos tecnológicos não pode servir de impedimento para o trabalho docente que precisa fazer parte da cultura dos estudantes; e, por fim, o último tópico relata brevemente a utilização de alguns recursos (produtos culturais) que os alunos organizaram e construíram de modo a evidenciar gêneros, mídias e linguagens por ele conhecidos e, que de certa forma, vêm valorizar o processo de uso da língua/ linguagem a que eles estão imersos sem desconsiderar a variante da norma-padrão ensinada somente nos ambientes formais escolares. Nessa dinâmica, foi essencial conduzir os estudantes a assumirem uma postura de pesquisador: tornaram-se sujeitos ativos interessados em investigar e obter respostas aos desafios que lhes foram apresentados, com o propósito crucial de acolher as diversidades existentes e apresentadas por eles. Considerar que há juventudes implica organizar uma escola que acolha as diversidades e que reconheça os jovens como seus interlocutores legítimos sobre currículo, ensino e aprendizagem. Significa, ainda, assegurar aos estudantes uma formação que, em sintonia com seus percursos e histórias, faculte-lhes definir seus projetos de vida, tanto no que diz respeito ao estudo e ao trabalho como também no que concerne às escolhas de estilos de vida saudáveis, sustentáveis e éticos (BRASIL, 2018, p. 463). Como bem sugere ROJO (2013), que esse protótipo possa servir de inspiração para que outras estratégias sejam remodeladas dentro dos universos escolares e tornem o processo ensino-aprendizagem mais significativo e pautado dentro de um quefazer crítico, coletivo e multicultural. PRÁTICAS DE MULTILETRAMENTOS NAS ESTRATÉGIAS DOCENTES Conceituar multiletramentos “por meio do prefixo “multi”, para dois tipos de “múltiplos” que as práticas de letramento contemporâneas envolvem: por um lado, a multiplicidade de Revista “Entre Saberes” - Vol. V, Nº 7 (dez.2021) 11 linguagens, semioses e mídias [...] e, por outro, a pluralidade e a diversidade cultural” é considerar um complexo e importante desafio dentro das instituições escolares: “trazer aos alunos projetos de futuro que considerem [...]a diversidade produtiva, o pluralismo cívico e as identidades multifacetadas” (ROJO, 2013, p. 14). Assim entendido, urge então a necessidade de embasar as estratégias docentes por meio de perspectivas híbridas e críticas de ensino e de aprendizagem. O caráter normalizador e doutrinador das práticas de letramentos exigidas em todos os livros didáticos precisam estar articulados a um saber que faça sentido e faça parte do universo cultural do aluno, pois “as escolas brasileiras também precisam considerar os letramentos locais de um alunado diversificado” (LIMA; DE GRANDE, 2013, p.39). Além disso, Se os textos da contemporaneidade mudaram, as competências/ capacidades de leitura e a produção de textos exigidas para participar de práticas de letramento atuais não podem ser as mesmas. Hoje, é preciso tratar da hipertextualidade e das relações entre diversas linguagens que compõem um texto, o que salienta a relevância de compreender os textos da hipermídia (LIMA; DE GRANDE, 2013, p. 44). Fica nítida a necessidade do desprendimento das práticas tradicionais de letramento, as quais são isentas de debates e posicionamentos críticos, e que anulam a criatividade e a realidade discente. Nessa perspectiva, consideramos pertinente as decisões pedagógicas orientadas na BNCC, levando em conta o [...] que os alunos devem “saber” (considerando a constituição de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores) e, sobretudo, do que devem “saber fazer” (considerando a mobilização desses conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho) (BRASIL, 2018, p.13). O processo, então, deve ir além da leitura e da escrita predominantemente pragmáticas, pois o mundo contemporâneo e a escola precisam estar integrados. Não significa negação de práticas já existentes, mas que a elas seja acrescida a democratização da qualidade educacional, por meio de projetos ousados, no sentido da imersão em um mundo cada vez mais multi (multicultural, multimodal), diante de um processo comunicacional multissemiótico. Trabalhar nessa abordagem, de modo a fazer com que o aluno se perceba um indivíduo crítico diante de suas produções escritas e nas experiências de leitura, foi o objetivo primordial traçado durante a experiência docente/ discente; estratégias que não estão distantes do cotidiano dos estudantes, mas que, muitas vezes, não costumam frequentar a sala de aula de forma legítima. Assim, o que se pretende apresentar é a relação existente entre diversos saberes, fruto dos interesses dos próprios alunos e que pode ser manifestado nas rotinas de sala de aula. Percebe-se, nesse ínterim, uma postura de engajamento colaborativo entre as áreas que contemplam a última série na etapa da Educação Básica, levando os alunos a perceberem um contexto não linear e não fragmento dos conhecimentos. Revista “Entre Saberes” - Vol. V, Nº 7 (dez.2021) 12 Ao compartilhar com as turmas parceiras as ações previamente pensadas, os recursos e os procedimentos pedagógicos que seriam necessários para desenvolver o trabalho rumo a um processo investigativo e dialógico permitimos adotar práticas novas nas quais aprender poderia constituir algo vivo e dinâmico, pois: O essencial da ação educativa é que os docentes entendam os novos desafios e repensem sua prática pedagógica, uma vez que atividades dinâmicas e colaborativas requerem um educador pesquisador que desenvolva uma visão de mundo holística, que atue levando em conta a diversidade cultural e social de seus alunos, contribuindo para que a educação transforme vidas ampliando horizontes de um fazer fragmentado, para práticas profissionais e educacionais compartilhadas, de maneira a construir um novo mundo, onde significados sejam compreendidos e postos a favor de um saber democrático e cidadão (CARPIM, 2014, n.p.). Dessa forma, é valioso pontuar que os jovens estudantes que participaram das atividades têm familiaridade com as práticas de multiletramentos, variadas e cheias de significado, visto que, mesmo de forma inconsciente, experimentam inúmeras práticas de letramentos, as quais se engajam todos os dias: leem textos de whats app e e-mails, frequentam salas de bate-papo, visitam portais de busca, outros até participaram de cursos extracurriculares; enfim, nosso papel foi dar visibilidade em determinadas experiências vivenciadas em situações não formais de aprendizagem. Considerando uma abordagem conceitual mais complexa de toda essa experiência, é válido pontuar o arcabouço conceitual apresentado por Soares (2017) a respeito do alfabetismo 2 . A pesquisadora pontua que nessa abordagem são desprezadas as peculiaridades e dessemelhanças entre leitura e escrita, o que leva à compreensão de que “alguém pode ter o domínio da leitura sem ter o domínio da escrita – pode saber ler sem saber escrever; pode ser um leitor fluente e um mau escritor” (SOARES, 2017, p. 152), pois cada uma dessas atividades engloba habilidades muito diferentes. Da produção de atividades utilizando recursos audiovisuais, nos quais os alunos precisaram lançar mão de gêneros textuais entrevistando sujeito que, em sua maioria, não tinham nível de escolaridade completo, foi possível ratificar a abordagem conceitual apresentada em Soares (2017). Façanha complexa, sobretudo porque o necessário a quem se dedica à promoção do alfabetismo, como é o caso dos que militamos na área da educação, é a articulação dessa multiplicidade de perspectivas em uma teoria coerente, que concilie resultados, combine análises provenientes de diferentes ciências, integre estruturadamente estudos sobre cada uma das facetas desse denso e emaranhado fenômeno que é o alfabetismo (SOARES, 2017, p. 164). Na esteira dessas considerações, na qual se pretende experienciar o alfabetismo (SOARES) apresentando propostas de multiletramentos (ROJO, 2013), considera-se de extrema importância a dinâmica pedagógico-curricular desenvolvida em estratégias remotas emergenciais em uma instituição pública educacional. 2 MOURA E ROJO (2012) abordam questões dessa natureza temática na obra “Multiletramentos na Escola”. Revista “Entre Saberes” - Vol. V, Nº 7 (dez.2021) 13 LIMITES E POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM EM ATIVIDADES REMOTAS As reflexões encontradas em Rojo (2013) permitem a reflexão sobre um grande questionamento: “o que fazer daqui por diante nas escolas de um mundo tecnológico e conectado”? Nesse sentido, novas práticas de letramentos não são simplesmente oriundas dos avanços tecnológicos. Desse modo, além de as instituições estarem predispostas a encontrarem seu lugar no ciberespaço, elas precisam se encontrar nos ambientes digitais “de maneira crítica, com diferenças e identidades múltiplas” (ROJO, 2013, p.7). Apreciar, compreender e avaliar a leitura e/ou a escrita considerando a produção de textos multissemióticos que evidenciam aspectos sociais e culturais do aluno não consistem em tarefa fácil. Desafio que se intensifica ainda mais ao imaginar a forma abrupta a que foram “convidados” todos os agentes educacionais deste país a pensar e realizar a educação em tempos de pandemia. Ensino remoto, Ensino Remoto Emergencial, Ensino Híbrido, Novas Tecnologias de Informação e Comunicação, Internet, Recursos multidimiáticos, foram e são termos que, sem prévias explicações ou busca por interesse, conduziram ações nessa e em outras instituições educativas desde março de 2019. O mundo parava e o professor se agitava, pois a educação não podia parar. Grupos de WhatsApp, Telegram, google classroom, vídeos de apresentação e de conteúdos, áudios, podcasts, google forms, imagens, documentários, provas digitais, atividades em pdf, além de outros recursos, eram ensinados/aprendidos a qualquer custo em tempo recorde. Sem mencionar detalhes sobre os problemas de conexão por meio da internet,especialmente advindos de alunos sem recursos para a aquisição da rede nos dados móveis ou no wi-fi, muitas vezes “emprestado” de alguém próximo. Nesse conturbado contexto, as mudanças exigiam alterações no quefazer educativo; o letramento digital foi a válvula de escape às dificuldades eventualmente surgidas. De certa forma, ele funcionou como garantia das estratégias de multiletramentos pensadas para desenvolver as ações no ensino remoto emergencial exigido na instituição mencionada. Seguindo a mesma direção, tal perspectiva nos possibilitou contribuir com uma “abordagem integrada dessas habilidades e de suas práticas”, propondo que os estudantes pudessem [...] vivenciar experiências significativas com práticas de linguagem em diferentes mídias, situadas em campos de atuação social diversos, vinculadas com o enriquecimento cultural próprio, as práticas cidadãs, o trabalho e a continuação dos estudos (BRASIL, 2018, p. 485). Os alunos, então, foram convidados a pensar e a desenvolver suas produções munindo- se de recursos tradicionais de ensino/aprendizagem, como: papel, lápis, caneta, livro didático etc., incorporados a ferramentas como: áudio, vídeo, imagem, diagramação etc. Revista “Entre Saberes” - Vol. V, Nº 7 (dez.2021) 14 PROPOSTA HÍBRIDA DE ENSINO-APRENDIZAGEM: INQUIETAÇÕES NA SALA DE AULA No mundo contemporâneo em que vivemos, marcado pelo encontro de culturas diversas, entre as relações sociais e digitais, faz-se emergente despertar o interesse dos estudantes para desenvolver o desenvolvimento de habilidades, atitudes e valores que possam contribuir na vida cotidiana e promover transformações positivas no mundo em que vivem. De uma forma bem generalizada, as propostas definidas para suprir a ausência da interação presencial entre professora e alunos consistiram na utilização de recursos como: a criação de grupos de WhatsApp e as turmas no Google Sala de Aula. Neles, eram depositados materiais de conteúdos e análises/discussões subjetivas e objetivas dos currículos mínimos a serem apreendidos pelos alunos. Por turma, era possível contar, em média, com 70% dos alunos mediados, especialmente, nos grupos de WhatsApp, criados exclusivamente para a disciplina de Língua Portuguesa. Sempre que possível eram solicitadas chamadas de vídeo pelo Google Meet mas, em número demasiadamente reduzido, pois muitos alunos compravam pacotes de WhatsApp para ter acesso às atividades na maioria das disciplinas. Pelo Google Meet buscavam uma aproximação “presenvirtualmente”, o que ratificara a impossibilidade de substituir a relação face to face tão cara à qualidade do processo educativo. Vez por outra atividades de gravação do lugar onde eles viviam eram propostas aos alunos a fim de que eles percebessem e analisassem este ou aquele componente curricular aliado à realidade em que estavam obrigados a permanecer. Alguns produziram excelentes registros fotográficos e interessantes documentários, armazenados nas memórias do computador da professora-pesquisadora. Outras estratégias consistiram em gravação de áudios, na produção dos famosos podcast. Assim, as práticas letradas se iam delineando de forma múltipla e multicultural. Foram produções interessantíssimas de opiniões discentes sobre o componente curricular “Modernismo”, além de emocionantes áudios com as gravações das poesias prediletas seguidas de justificativas das escolhas. Alguns alunos organizaram produções poéticas autorais, o que ressignificou de forma produtiva todo o processo. É válido ressaltar que todo o processo conduziu a um quefazer educativo, no qual mesclou-se ações do ensinar e do aprender, visto que é preciso pontuar que a ação docente se tornou discente junto com os alunos. Na maioria dos casos, o professor não pode ser especialista devido à própria natureza das coisas. Disso decorre que ele deve adotar o papel de aprendiz. Do ponto de vista pedagógico, tal papel, na realidade, é preferível ao de especialista. Implica ensinar mediante métodos de descoberta e pesquisa (ELLIOT, 2003, p. 148). A parceria adota entre professora e estudantes, deslocando-a do lugar de detentora e transmissora do conhecimento para o de sujeito, que orienta e dinamiza o processo educativo, estimula que, diante de todos os desafios e (im)possibilidades apresentados, permanece vivo o verbo esperançar, na esperança de que a proposta de multiletramentos em tempos de ensino Revista “Entre Saberes” - Vol. V, Nº 7 (dez.2021) 15 remoto garantiu a qualidade educacional planejada e desejada em um lugar no qual era possível se relacionar, e aprender mais que ensinar, numa interação virtual, crítica, diferente e múltipla. CONSIDERAÇÕES FINAIS Imersos na sociedade e nas múltiplas linguagens líquidas, foi e sempre será preciso ultrapassar as estratégias tradicionais de letramento, sem desprestigiá-las, mas considerando que, em tempos hipermodernos e diante de todo o cenário assistido e vivenciado, a nova sala de aula trouxe o aluno nativo digital, o qual, na maioria das vezes, foi ignorado pelo professor. Hodiernamente surge a necessidade de mudarmos e/ou adaptarmos as condições de produção e de leitura, pois nossos lautores constituem-se como sujeitos que protagonizam e intervêm na construção de conhecimentos significativos, atuam como editores de áudio e vídeo em suas próprias casas, constroem recursos tridimensionais com objetos que são combinados com textos de diferentes estruturas; o que eram meras práticas de letramento agora passam a ser estratégias de multiletramentos. As produções dos áudios, vídeos e as reflexões registradas nos materiais disponibilizados pelos links de acesso ao Google Forms e/ou ao Google Meet evidenciaram a importância de uma educação linguisticamente multiletrada, por meio de atividades sistematicamente organizadas com autonomia e criatividade, objetivando alcançar o pensar e o fazer críticos no processo reflexivo dos jovens estudantes. Contudo, mesmo diante da aplicação das estratégias de ensino/ aprendizagem da disciplina Língua Portuguesa assumindo a proposta dos multiletramentos com as turmas de 3ª série do ensino médio em uma escola pública na cidade de Cametá (PA), observou-se algumas limitações, especialmente na realidade dos estudantes que não disponibilizavam dos aparatos tecnológicos. Nesses casos, os alunos precisaram se deslocar até à coordenação da escola para realizar as atividades que eram desenvolvidas no sistema online de forma impressa, considerando a importância destes no processo inclusivo educacional em tempos de pandemia. De certa forma, esse conjunto de estratégias planejadas e executadas de leitura e de escrita ganharam novo sentido no processo de imersão dentro da própria realidade de cada turma, em cada conteúdo. Ler e escrever em processos de pré-pandemia sempre consistiram em intensos e complexos desafios. Em plena pandemia, tudo se intensificara em proporções inimagináveis. Quiçá seja uma preocupação das políticas públicas educacionais vindouras a produtiva e eficiente inclusão de circuitos de tecnologias digitais em nossas escolas, indo além da mera aquisição de aparatos tecnológicos, como laboratórios com computadores e/ou tablets, mas que possamos, todos, usufruir de estratégias de interação e colaboração proporcionada por tais ferramentas, compatíveis com a própria realidade. Revista “Entre Saberes” - Vol. V, Nº 7 (dez.2021) 16 REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC/SEB, 2018. CARPIM, Lucymara. Formação continuada e a prática pedagógica do professor universitário: um fazer colaborativo. Petrópolis, Vozes, 2014. ELLIOT, John. A docência como aprendizagem. In: CARBONELL, Jaume Sebarroja (org.). Pedagogias do século XX. Trad. Fátima Murad. Porto Alegre: Artes Médicas, 2003. cap. 11, p. 146-148. FREIRE, Paulo. A importância do Ato deLer: em três artigos que se completam. São Paulo: Autores Associados. Cortez, 1989. LIMA, Mariana Batista de; DE GRANDE, Paula Baracat. Diferentes formas de ser mulher na hipermídia. In.: ROJO, Roxane H. R. (Org.). Escol@ conectada: os multiletramentos e as TICs. São Paulo: Parábola Editorial, 2013. ROJO, Roxane H. R. (Org.). Escol@ conectada: os multiletramentos e as TICs. São Paulo: Parábola Editorial, 2013. SOARES, Magda. Alfabetização e Letramento. São Paulo: Contexto, 2017. Revista “Entre Saberes” - Vol. V, Nº 7 (dez.2021) 17 TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS NO SERVIÇO DE ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO: INTERATIVIDADE E PRÁTICA PEDAGÓGICA PARA A INCLUSÃO Edinelza de Souza Caetano 1 Naia Lúcia Costa Martins 2 Dilene de Jesus da Silva 3 RESUMO Este relato de experiência denominado, tecnologias educacionais no serviço de atendimento educacional especializado: interatividade e prática pedagógica para a inclusão”. O referido trabalho é resultado do projeto Além da Sala de Aula: Tecnologias e interatividade no SAEE, desenvolvido com alunos público alvo da Educação Especial da EEEF Nossa Senhora da Saúde no Município de Juruti, PA, o qual objetivou implementar recursos de tecnologias educacionais no Serviço de Atendimento Educacional Especializado-SAEE, na pretensão de tornar as aulas mais interativas. Com isso, procurou-se pesquisar tecnologias educacionais voltadas para aprendizagem interativa no SAEE; criar atividades pedagógicas de modo que os recursos de tecnologias facilitassem o processo ensino aprendizagem; e por último, orientar os pais como utilizarem os recursos de tecnologia educacional para auxiliarem os alunos no feedback das atividades pedagógica. Para o referido trabalho usou-se a pesquisa-ação com abordagem qualitativa de análise documental e bibliográfica de embasamento teórico tais como: Franco e Guerra (2018), Lira (2016), Masetto (2013), Oliveira, Fonseca e Reis (2018), Perrenoud (2000). O respectivo trabalho relata a experiência de aplicação de atividades mediadas pelo uso de tecnologia com alunos público alvo da Educação Especial em contexto de inclusão. Palavras-chave: Tecnologias. Prática Pedagógica. Inclusão. INTRODUÇÃO Este relato de experiência intitulado “Tecnologias Educacionais no Serviço de Atendimento Educacional Especializado: interatividade e prática pedagógica para a inclusão” é resultante de muitas reflexões quanto ao uso das tecnologias educacionais, as quais contribuíram para a elaboração do projeto “Além da Sala de Aula: Tecnologias e interatividade no SAEE” como meio de aproximação entre docente-aluno-escola-família. Para tal, elegeu-se o respectivo problema: Como o professor pode tornar as aulas mais interativas no Serviço de Atendimento Educacional Especializado? A pretensão com o referido trabalho é compartilhar o resultado da experiência educacional na qual objetivou implementar recursos de tecnologias educacionais no Serviço de 1 Professora do Serviço de Atendimento Educacional Especializado-SAEE/SEDUC/PA. Professora de Educação Infantil e Ensino Fundamental I - SEMED/Juruti-PA, Graduada em Pedagogia pela Universidade da Amazônia – UNAMA; Especialista em Educação Especial e Educação Inclusiva – UNINTER, Especialista em Língua Brasileira de Sinais – Libras pela Faculdade Cruzeiro do Oeste - FACO. Especialista em Atendimento Educacional Especializado e Educação Especial - UCAMPROMINAS. Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional - UCAMPROMINAS. E-mail: edinelza.scaetano@escola.seduc.pa.gov.br 2 Especialista em Educação – SEDUC/PA. Professora de Educação Infantil e Ensino Fundamental I - SEMED/ Juruti-PA, Graduada em Pedagogia pela Universidade da Amazônia – UNAMA; Especialista em Coordenação Pedagógica – UFOPA. E-mail: naia.martins@escola.seduc.pa.gov.br 3 Professora de Educação Infantil e Ensino Fundamental I - SEMED/Juruti-PA, Graduada em Pedagogia pela Universidade da Amazônia – UNAMA; Especialista em Língua Brasileira de Sinais – Libras pela Faculdade Cruzeiro do Oeste - FACO. Especialista em Psicopedagogia Institucional–Instituto de Teologia Aplicada- INTA. E- mail: dilenesilva.cefor@escola.seduc.pa.gov.br Revista “Entre Saberes” - Vol. V, Nº 7 (dez.2021) 18 Atendimento Educacional Especializado-SAEE para tornar as aulas mais interativas com alunos público alvo da Educação Especial da EEEF Nossa Senhora da Saúde no Município de Juruti, PA. Para isso foram necessárias estratégias de desdobramentos como: Pesquisar tecnologias educacionais voltadas para aprendizagem interativa no SAEE; criar atividades pedagógicas de modo que os recursos facilitassem o processo ensino aprendizagem; e por último, orientar os pais como utilizar os recursos de tecnologia educacional para auxiliar os alunos no feedback das atividades pedagógica. No período em que fomos assolados por uma pandemia, o cenário educacional precisou se reinventar, por isso, uso de tecnologia no SAEE, se deu pela necessidade de aproximação entre professor, alunos e pais, e com isso, tornar os atendimentos mais interativos, pois com a pandemia parte dos alunos se distanciaram do respectivo serviço e o uso da tecnologia no contexto do SAEE foi a alternativa encontrada para garantir a continuidade do processo de ensino aprendizagem. Franco e Guerra (2018, p. 48), apontam que “no cotidiano, o professor do SAEE atua de maneira flexível, dinâmica, estabelecendo interlocuções provocando movimento ao bom trabalho”. A partir do posicionamento dos autores, é perceptível a necessidade do professor do SAEE dinamizar o seu trabalho, planejando e organizando ações educativas para a eliminação das barreiras educacionais. O contexto escolar em que foi desenvolvido o referido trabalho está localizado no Município de Juruti, Oeste do Pará, mais precisamente na EEEF Nossa Senhora da Saúde. Fundada em 13 de maio de 1957, a referida escola foi construída na época em alvenaria no estilo colonial europeu, possuía duas salas de aula, com 2 professoras e 1 diretora. Na década de 1980, passou a funcionar de 1ª a 4ª séries com Ensino do Primeiro Grau; já na década de 1990, foi ampliado o ensino para a oferta da Educação Especial sob os moldes de Classes Especial com 7 alunos, funcionando em uma sala anexa, denominado Centro Catequético, pertencente à Paróquia Nossa Senhora da Saúde ao lado da escola 4 . Nesse período, o ensino para pessoas com deficiência no ensino regular era regido pela Política Nacional de Educação Especial (BRASIL, 1994) 5 . Durante muito tempo a Educação Especial deixou de ser ofertada na escola por falta de profissional contratado pela Secretaria Estadual de Educação do Pará (SEDUC). Somente em 2019 a Educação Especial volta a ser ofertada como Serviço de Atendimento Educacional Especializado-SAEE, com profissional especializado, amparado pela nova Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. 4 Informações retiradas do Projeto Político Pedagógico da Escola Estadual Ensino Fundamental Nossa Senhora da Saúde. 5 O referido documento faz referência ao ambiente dito regular de ensino/aprendizagem, no qual também estão matriculados, em processo de integração instrucional, os portadores de necessidades especiais que possuem condições de acompanhar e desenvolver as atividades curriculares programadas do ensino comum, no mesmo ritmo que os alunos ditos normais. Revista “Entre Saberes” - Vol. V, Nº 7 (dez.2021) 19 A referida escola possui, atualmente, uma demanda de 517 alunos matriculados no ensino regular e destes, 8 são matriculados na turma EETAE01, distribuídos nas seguintes categorias: Surdez (1), baixa visão (1), deficiência intelectual (4), transtorno do espectro autista (2), conforme dados gerais da matrícula para o ano letivo de 2021 6 . DISCUSSÃO TEÓRICA O ensino por tecnologias está ganhando cada vez mais espaço. O docente é desafiado acada dia a buscar novas formas de usar a tecnologia para inovar suas aulas tornando-as favoráveis à aprendizagem dos alunos. Segundo Masetto (2013, p. 30), “a chegada das novas tecnologias traz tensões, novas possibilidades e grandes desafios” e, de acordo com Perrenoud (2000, p.129), os docentes que não se envolvem nesse processo “disporão de informações e fontes documentais cada vez mais pobres àqueles com informações mais avançadas”. O Serviço de Atendimento Educacional Especializado de acordo com o Decreto nº 7.611/2011 (BRASIL, 2011), é compreendido como o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucional e continuamente, prestado de formas complementar e suplementar à formação dos alunos com deficiência, transtornos do espectro autista, altas habilidades/superdotação, sendo ofertado no contra turno como segunda matrícula. No SAEE, a tecnologia é importante aliada na prática docente é imprescindível para o desenvolvimento de estratégias pedagógica, pois segundo Masetto (2013, p.15) o uso de tecnologia produz “importantes mudanças na escola, e o professor precisa incorporar a utilização das tecnologias tais como: Internet e ferramentas que compõem o virtual”. O SAEE na perspectiva inclusiva é parte integrante do processo e ofertado pelas escolas em contra turno. Assim, escola e família na perspectiva da educação inclusiva constituem importante elo no fazer pedagógico. A parceria estabelecida corrobora na implementação de adaptações necessárias aos alunos. Com isso, o uso de tecnologias assume [...] um papel preponderante, ao proporcionar adaptações e acesso dos estudantes ao currículo, não podemos ignorar que os estudantes de hoje apresentam características e comportamentos diferenciados, que são influenciados pelo enorme fluxo de informações disponíveis na internet e a interatividade imediata proporcionada pelos recursos digitais; assim, toda a equipe escolar deve refletir sobre a sociedade da informação e a cultura digital que afetam a nossa vida e buscar estratégias e recursos que favoreçam o desenvolvimento de todos os estudantes, com o objetivo de maximizar as potencialidades de cada um (OLIVEIRA; FONSECA; REIS, 2018, p. 82). No SAEE, o uso de tecnologia exige formação e atuação diferenciada dos professores, como afirmam as Diretrizes estabelecidas pela Resolução nº 4/2009, Art. 12 (BRASIL, 2009), que o professor deve ter formação inicial e específica que o habilite para o exercício da docência. O referido documento menciona que esse serviço deve integrar a proposta pedagógica da escola, envolver a participação da família para garantir pleno acesso e participação dos alunos, 6 Fonte da secretaria da escola de matrícula do ano letivo de 2021. Revista “Entre Saberes” - Vol. V, Nº 7 (dez.2021) 20 atender às necessidades específicas do público-alvo da educação especial, e ser realizado em articulação com as demais políticas públicas. PERCURSO METODOLÓGICO Este relato de experiência é resultado da pesquisa-ação com abordagem qualitativa de análise documental e bibliográfica de embasamento teórico, assim como pesquisa em sites, YouTube, Lojas de App, objetivando implementar recursos de tecnologias educacionais no Serviço de Atendimento Educacional Especializado mais acessíveis a realidade dos alunos. A escolha pela pesquisa-ação se deu por se constituir um meio pelo qual há “interação e envolvimento ativo entre pesquisadores e membros das situações investigadas, a partir de uma ação planejada, de caráter social, educacional, técnico ou outro” (GIL, 2017, p. 56) ; assim, a abordagem qualitativa possibilita ao pesquisador “recorrer a conhecimentos e experiências pessoais como auxiliares no processo de compreensão e interpretação do fenômeno estudado'' (LUDKE; ANDRÉ, 2018, p.26). A síntese deste trabalho envolveu elementos técnicos de análise documental (Leis, Decretos e Resoluções), bem como a análise bibliográfica de embasamento teórico de autores como: Franco e Guerra (2018), Lira (2016), Masetto (2013), Oliveira, Fonseca e Reis (2018), Perrenoud (2000). O trabalho envolveu a participação direta do professor do SAEE, técnico educacional da escola e professor colaborador no desenvolvimento do projeto e na pesquisa dos recursos tecnológicos para serem utilizados com os alunos público alvo da Educação Especial da EEEF Nossa Senhora da Saúde. ANÁLISE DOS RESULTADOS A etapa inicial da proposta de intervenção do projeto de ação apresentada como resultado neste relato partiu primeiramente da pesquisa por recursos de tecnologias educacionais em sites, voltados para aprendizagem interativa que pudessem ser utilizadas no SAEE. Em segundo, a criação de atividades pedagógicas de modo que os recursos de tecnologias facilitassem o processo de ensino aprendizagem. Em terceiro, foram direcionadas orientações aos pais de como utilizarem esses recursos de tecnologia educacional auxiliando os alunos no feedback das atividades pedagógicas. As ações que nortearam o respectivo trabalho foram organizadas de acordo com as necessidades específicas dos alunos. Nas palavras de Lira (2016, p. 36), “é de suma importância que o professor saiba o que exatamente deseja ensinar e para isso recorra, além dos livros ao mundo digital”. Assim, os Quadros 1, 2 e 3 destacam pontos relevantes das ações do Projeto. Revista “Entre Saberes” - Vol. V, Nº 7 (dez.2021) 21 Quadro 1- Recursos de tecnologias pesquisados usados na organização das atividades Quadro 2 - Atividades interativas e o uso de tecnologias Revista “Entre Saberes” - Vol. V, Nº 7 (dez.2021) 22 Quadro 3 - Recursos materiais básicos de mídia da organização e edição das atividades Fonte: Material pessoal da professora do SAEE. Os recursos pesquisados foram analisados de forma sucinta para garantir a interatividade em todas as atividades propostas a todos os alunos. Para fomentar a aprendizagem de forma lúdica e significativa, favorecendo o processo ensino aprendizagem foram imprescindíveis a articulação pedagógica entre professor do SAEE, coordenação pedagógica e os pais/ responsáveis dos alunos, assegurando ao máximo acessibilidades nas atividades planejadas. Foram selecionadas e encaminhadas aos alunos três tipos de atividades (Quadro 4). Quadro 4- Atividades encaminhadas aos alunos Essa etapa se refere à organização das atividades que foram elaboradas de acordo com a série/ano e necessidade dos alunos conforme já descrito anteriormente quanto ao público matriculado na escola. Revista “Entre Saberes” - Vol. V, Nº 7 (dez.2021) 23 É importante ressaltar que o exemplo especificado no quadro 4, atividade 1, as mesmas foram organizadas em forma de tutorial, orientando passo a passo como os alunos realizassem as atividades. A atividade 2, foi organizada no google forms, sendo encaminhado o link de acesso para o aluno. Na atividade 3, foi utilizado como estratégia a gamificação com o uso da plataforma Wordwall para criação dos jogos, em seguida foram gerados os links e encaminhados para os alunos. O quadro 5, foi o momento em que colocamos em prática todas as atividades planejadas. Esta etapa foi muito importante, pois tínhamos diferentes realidades em meio aos alunos. Lira (2016, p. 37) aponta que, “é nesse intercâmbio entre ensino e aprendizagem que a troca dos saberes torna um momento privilegiado”. O momento privilegiado como menciona o autor, foi encontrar realidades distintas, àquelas em que os alunos estavam munidos de todo um aparato tecnológico (celular, computador, wifi, tablet) para acessar as atividades e, realidades em que os alunos nunca tiveram o contato com tais aparelhos,sendo que 2 dos 8 alunos não possuíam suporte para receber os links das atividades, dessa forma, foram gerado arquivo em PDF para cada atividade e posteriormente impresso para os mesmos, ficando sob responsabilidade dos responsáveis a busca do material na escola. O feedback por parte dos alunos e dos pais foram de extrema importância na avaliação das ações do projeto, como mostram os relatos abaixo: “Gostei muito dos recursos utilizado, achei bem inovador e dinâmico, chamou atenção do meu filho que sempre pergunta dessas atividades. A princípio desafiador, pois eu também era aprendiz em tecnologias, mas aprendi junto com meu filho” (Cidelane Santarém de Souza – mãe). “Gostei das tarefas mais no tablete e notebook, porque parecia jogos normais” (F.A.S.S. – aluno). Quadro 5 - Aplicação e Feedback das atividades Revista “Entre Saberes” - Vol. V, Nº 7 (dez.2021) 24 Nessa etapa, os pais tiveram importante colaboração, tanto no recebimento das atividades quanto na execução das mesmas. Com os pais, o referido projeto abordou as seguintes estratégias: Interação com os pais e alunos por meio do aplicativo de celular WhatsApp; a importância da criação e uso do e-mail pessoal (gmail) para recebimento e acesso ao link das atividades no google forms; como acessar os jogos do WordWall usando o celular e o computador. CONCLUSÃO Os resultados descritos neste relato de experiência denotam a persistência de um trabalho colaborativo em contexto de inclusão, o qual objetivou implementar recursos de tecnologias educacionais no Serviço de Atendimento Educacional Especializado-SAEE. A ideia foi motivada não apenas pela necessidade de construir práticas pedagógicas que facilitassem o acesso às atividades, mas pela necessidade de interatividade como os alunos e pais. Com o referido trabalho foi possível concluirmos que o uso de tecnologia no contexto escolar de inclusão é possível, mas apesar de vivermos em uma era tecnológica, ainda assim nem todos os alunos fazem parte desse contexto. Com isso, é preciso elencar estratégias para garantir que estes alunos que não tem acesso aos meios tecnológicos não sejam impedidos de realizar as atividades. É claro que não realizarão com o mesmo aporte, mas novos objetivos devem ser traçados, afinal, é sempre pertinente que ao pensar um projeto, tenhamos ciência do público que será beneficiado pelas ações. Por isso, é importante frisar a parceria com as famílias dos alunos como um dos fios condutores do ato educativo. Com o uso de tecnologias foi possível perceber, por meio do feedback, um interesse maior pelas atividades. Assim, é papel fundamental da escola e do SAEE elevar as potencialidades dos alunos, devendo contemplar a transversalidade, complementaridade e interlocuções nas práticas pedagógicas ofertadas. Revista “Entre Saberes” - Vol. V, Nº 7 (dez.2021) 25 REFERÊNCIAS BRASIL. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial: livro 1/ MEC/SEESP- Brasília: a Secretaria, 1994. BRASIL. Resolução 4/2009. Diário Oficial da União, Brasília, 5 de outubro de 2009.Brasília: CNE/CEB, 2009. BRASIL. Ministério da Educação. Decreto n°. 7.611/2011 - Dispõe sobre a educação especial ao atendimento educacional especializado e dá outras providências. Brasília: MEC, 2011. FRANCO, Marcos Antonio Melo; GUERRA, Leonor Bezerra (Orgs). Práticas Pedagógicas de Inclusão: situação de sala de aula. – 1. ed.- Jundiaí, SP: Paco, 2018. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 6. ed. - São Paulo: Atlas, 2017. LIRA, Bruno Carneiro. Práticas Pedagógicas para o Século XXI: A sociointeração digital e o humanismo ético. Petrópolis, RJ: Vozes, 2016. LUDKE, Menga., ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em Educação: Abordagem Qualitativa. 2. ed. Rio de Janeiro: E.P.U., 2018. MASETTO, Marcos T. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. 21. ed. rev. e atual. Campinas, SP: Papirus, 2013. OLIVEIRA, Anna Augusta Sampaio de; FONSECA, Katia de Abreu; REIS, Marcia Regina dos (Orgs.). Formação de Professores e Práticas Educacionais Inclusivas. Curitiba: CRV, 2018. PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Tradução de Patrícia Chittoni Ramos. Porto Alegre: Artmed, 2000. Revista “Entre Saberes” - Vol. V, Nº 7 (dez.2021) 26 SABERES E PRÁTICAS NA ESCOLA: CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTO EM ESPAÇO MULTIDISCIPLINAR Neila de Jesus Ribeiro Almeida 1 Natália Karina Nascimento da Silva 2 João Alves Farias Filho 3 RESUMO Este relato tem como objeto de estudo o projeto “Etnociência na escola: construindo saberes e práticas na E.E.E.M. Simão Jacinto dos Reis, Tucuruí/PA”. Tem como objetivo principal desenvolver conhecimentos a partir dos saberes e das práticas de alunos de 4 turmas da 1ª série do ensino médio em espaço multidisciplinar. Para isso, traz vivências de uma professora do campo de saberes do ensino de Biologia, vinculada à Secretaria de Estado de Educação do Pará. Trata-se de experiências como supervisora do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) ligado ao curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade do Estado do Pará (campus de Tucuruí). O projeto divide-se metodologicamente em 3 etapas: planejamento e organização; escuta por meio de entrevista a partir de questionário, culminando na busca por um espaço para desenvolver as ações do projeto; e práticas pedagógicas (construção de herbários por intermédio da preparação de exsicatas, terrário e microscopia óptica) que estão em desenvolvimento. Como marco de resultados temos a reabertura do laboratório multidisciplinar desativado há anos e o processo de ensino e aprendizado através da “etno”, considerando os saberes e as práticas dos alunos para o desenvolvimento das ações nesse espaço escolar. Assim, ressalta a importância de considerar a cultura dos alunos, tendo os mesmos como protagonista do processo de conhecimento, pois pela escuta dos alunos foi possível identificar um espaço para o desenvolvimento das atividades do projeto e considerar os seus saberes e suas práticas para a efetivação da aprendizagem significativa, reforçando a necessidade de parcerias entre a escola básica e as instituições de ensino superior. Palavras-chave: Multidisciplinar; Práticas pedagógicas; Laboratório. INTRODUÇÃO Espaços multidisciplinares são necessários para desenvolver conhecimento em consonância com a Base Nacional Comum Curricular – BNCC (BRASIL, 2018), quando considera-se que ensino das ciências da natureza é desafiador pela complexidade dos estudos dos fenômenos, bem como por se distanciar da realidade dos alunos e que por focar em um ensino puramente teórico, distancia a efetividade do ensino e da aprendizagem. Nessa ótica, destaca-se a importância de buscar parcerias com as instituições de pesquisa, ensino e extensão para o desenvolvimento de práticas que podem reduzir essa lacuna na educação, principalmente nesse momento da efetivação do novo Ensino Médio 4 (BRASIL, 2017). 1 Doutora em Ecologia Aquática pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Docente da Secretaria de Estado de Educação – SEDUC/PA neila.almeida@escola.seduc.pa.gov.br; 2 Doutora em Biologia Molecular pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Docente da Universidade do Estado do Pará – UEPA, nataliakarina.silva@uepa.br 3 Graduando do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade do Estado do Pará – UEPA, jo- ao.filho@aluno.uepa.br Revista “Entre Saberes” - Vol. V, Nº 7 (dez.2021) 27 É nesse foco, que esse relato de uma professora da educação básica, vinculada à Secretaria de Estado de Educação do Estado Pará (SEDUC/PA), da 16ª Unidade Regional de Ensino (16ª URE), traz como objeto de estudo o projeto “Etnociência na escola: construindo saberes e práticas na E.E.E.M. Simão Jacinto dos Reis,Tucuruí/PA”, tendo como foco principal a valorização dos conhecimentos dos alunos do ensino médio para o processo de ensino e aprendizagem. Esse projeto foi desenvolvido para atender a demanda da função de professora supervisora do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), vinculado ao curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade do Estado do Pará (campus Tucuruí). O PIBID traz incentivo à formação de professores no Brasil. Primeiro pela oportunidade favorecida aos estudantes de licenciatura em vivenciar as aulas no ensino básico e segundo pela parceria entre a educação básica e as instituições de nível superior em que abre um leque de oportunidades para ações futuras. Esse incentivo à carreira do magistério na área de conhecimento das ciências da natureza e da matemática, traz grandes oportunidades tanto para os futuros professores em formação, quanto para os docentes que já estão atuando na educação básica, pois mesmo diante dos inúmeros desafios enfrentados na formação de professores e consequentemente na prática docente cotidianamente, com a aplicação do PIBID, pode-se ter grandes sucesso nessa parceria. Assim, esse relato percorre os caminhos metodológicos traçados no projeto em 3 etapas: a primeira diz respeito ao planejamento e organização do projeto que ocorreu de forma remota; a segunda trata dos primeiros contatos com o espaço físico da escola, as observações em sala de aula e as entrevistas com os alunos por meio de questionários; e a terceira com a experiência exitosa da reabertura de um laboratório multidisciplinar, fechado há anos na escola. Após a etapa de reabertura do laboratório, ocorre de fato as ações das práticas pedagógicas, sendo elas: a produção de exsicatas para a construção de herbário, a microscopia óptica para o aprofundamento dos estudos que envolvem o os saberes e as práticas dos alunos e preparação de terrários que desenvolvem técnicas que se pautam no saber científico e no saber tradicional. Dessa forma, fundamenta-se a importância do desenvolvimento do projeto, que já abre um leque para parceria e múltiplos usos para as práticas de ensino e aprendizagem, estimulando a multidisciplinaridade e a interdisciplinaridade na escola, pois os laboratórios nas 4 Lei nº13.415, de 16 de Fevereiro de 2017. Altera as Leis nºs 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e 11.494, de 20 de junho 2007, que regulamenta o Fundo de Manu- tenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e o Decreto-Lei nº 236, de 28 de fevereiro de 1967; revoga a Lei nº 11.161, de 5 de agosto de 2005; e institui a Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/ legin/fed/lei/2017/lei- 13415- 16-fevereiro-2017-784336-publicacaooriginal-152003-pl.html Acesso: 9 de dezembro de 2021. Revista “Entre Saberes” - Vol. V, Nº 7 (dez.2021) 28 escolas de educação básica é um espaço fundamental para o ensino, não apenas das Ciências da Natureza, mas para todas as áreas de conhecimento. MARCO TEÓRICO Na contemporaneidade são muitos os exemplos da presença da Ciência e da Tecnologia, e principalmente de toda essa influência no nosso cotidiano. No entanto, poucas pessoas aplicam os conhecimentos e procedimentos científicos na resolução de seus problemas diários, e é nesse foco que existe a necessidade de a Educação Básica – em especial, a área de Ciências da Natureza – comprometer-se com o letramento científico da população (BRASIL, 2018). Na tentativa de se conectar com a BNCC (BRASIL, 2018), o projeto “Etnociência na escola: construindo saberes e práticas na E.E.E.M. Simão Jacinto dos Reis, Tucuruí/PA”, busca favorecer o ensino e aprendizagem dos alunos da Escola Estadual de Ensino Médio Simão Jacinto dos Reis, localizada na cidade de Tucuruí/PA, por intermédio do fomento para a proteção ambiental através de seus saberes e suas práticas adquiridas tradicionalmente com seus familiares. Considerando que esses alunos são oriundos de bairros da cidade que desenvolvem atividades da agricultura familiar, bem como de moradias com quintais onde tradicionalmente são cultivadas diversas espécies de vegetais, existe a necessidade de estimular o etnoconhecimento sobre essas práticas. Assim, levando em conta as orientações da Base, esse projeto busca aplicar na prática os conhecimentos dos discentes sobre os vegetais, fazendo o elo entre o conhecimento científico e o conhecimento tradicional desses alunos, pois aprender Ciências da Natureza vai além dos dados conceituais. Assim, esse trabalho faz uso de duas competências específicas de Ciências da Natureza e suas tecnologias para o ensino médio: Analisar fenômenos naturais e processos tecnológicos, com base nas interações e relações entre matéria e energia, para propor ações individuais e coletivas que aperfeiçoem processos produtivos, minimizem impactos socioambientais e melhorem as condições de vida em âmbito local, regional e global (BRASIL, 2018). Analisar e utilizar interpretações sobre a dinâmica da Vida, da Terra e do Cosmos para elaborar argumentos, realizar previsões sobre o funcionamento e a evolução dos seres vivos e do Universo, e fundamentar e defender decisões éticas e responsáveis (BRASIL, 2018). Levando em consideração essas competências específicas, temos as seguintes habilidades: Analisar os ciclos biogeoquímicos e interpretar os efeitos de fenômenos naturais e da interferência humana sobre esses ciclos, para promover ações individuais e/ ou coletivas que minimizem consequências nocivas (EM13CNT105). Analisar as diversas formas de manifestação da vida em seus diferentes níveis de organização, bem como as condições ambientais favoráveis e os fatores limitantes a elas, com ou sem o uso de dispositivos e Revista “Entre Saberes” - Vol. V, Nº 7 (dez.2021) 29 aplicativos digitais (como softwares de simulação e de realidade virtual, entre outros) (EM13CNT202). Avaliar e prever efeitos de intervenções nos ecossistemas, e seus impactos nos seres vivos e no corpo humano, com base nos mecanismos de manutenção da vida, nos ciclos da matéria e nas transformações e transferências de energia, utilizando representações e simulações sobre tais fatores, com ou sem o uso de dispositivos e aplicativos digitais (como softwares de simulação e de realidade virtual, entre outros) à vida (EM13CNT203). E discutir a importância da preservação e conservação da biodiversidade, considerando parâmetros qualitativos e quantitativos, e avaliar os efeitos da ação humana e das políticas ambientais para a garantia da sustentabilidade do planeta (EM13CNT206) (BRASIL, 2018). Dessa maneira, considerando as competências e as habilidades, no projeto está sendo trabalhado os seguintes Temas Contemporâneos Transversais (TCT’s) da Base: Educação Ambiental, Diversidade Cultural, Educação para a valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras, Vida familiar e social, Educação alimentar e nutricional (BRASIL, 2018). A educação ambiental por trazer o conhecimento da diversidade dos vegetais, junto com esse conhecimento engloba-se a etnoecologia que trata da relação entre fatores bióticos, abióticos e culturais trazendo o meio ambiente como foco; a diversidade cultural é tratada por considerar os conhecimentos tradicionais dos alunos sobre os vegetais, dessa forma já traz a valorização do multiculturalismo quando se leva em conta esses saberes; a vida familiar e social é englobada quando os pais, tios e avós respondem junto com os alunos os questionários utilizados nas entrevistas; e a educação alimentar e nutricional é trabalhada a partir da investigaçãosobre o uso das plantas pela família dos alunos, onde pode ser observado que essa utilização também é para fins culinários. Embora esse projeto ainda seja embrionário, tem-se uma perspectiva grande de ampliação para trabalhar no novo modelo do ensino médio (BRASIL, 2017), buscando as bases da BNCC (BRASIL, 2018), bem como seguindo as diretrizes da versão preliminar do Documento Curricular do Estado do Pará - DCE/PA (PARÁ, 2020) 5 , e consequentemente fomentando uma educação significativa para os estudantes. PERCURSO METODOLÓGICO A metodologia trata de observações e vivências na execução do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), da Universidade do Estado do Pará (UEPA), desenvolvido na Escola Estadual Simão Jacinto dos Reis localizada no município de Tucuruí no estado do Pará. 5 Documento Curricular do Estado do Pará Etapa Ensino Médio (Versão Preliminar) Volume II . Coordenação de etapa ProBNCC – ensino médio / Coordenação de Ensino Médio (COEM) / Secretaria Adjunta de Ensino (SAEN) / Secretaria de Estado de Educação do Pará (SEDUC/PA). Disponível em: http://www.seduc.pa.gov.br/ site/probncc/modal?ptg=10856 Acesso: 9 de dezembro de 2021. Revista “Entre Saberes” - Vol. V, Nº 7 (dez.2021) 30 Os procedimentos metodológicos se desenvolvem em 3 etapas: a primeira etapa ocorreu de forma online através de reuniões via google meet, trata da construção de um projeto realizado pela professora supervisora e pelos alunos bolsistas do PIBID, a segunda etapa traz os primeiros contatos com o espaço escolar, bem como a aplicação de entrevistas através de questionários aos alunos da educação básica (uma espécie de “escuta” aos conhecimentos dos alunos) e a terceira etapa é a reabertura do laboratório para as práticas do projeto. A etapa 1 começou no mês de Setembro de 2021, com reuniões online com os alunos do PIBID/UEPA, houve a organização e o planejamento das atividades do programa, que culminou na construção do projeto intitulado” “Etnociência na escola: construindo saberes e práticas na E.E.E.M. Simão Jacinto dos Reis, Tucuruí/PA”, esse projeto levou em conta os objetivos do projeto da Universidade do estado Pará que é a importância de considerar a cultura dos alunos no ensino, e não distanciá-los do conteúdo. Para essa etapa foi necessário um levantamento prévio na sala de aula com os alunos 6 para saber qual tema do conteúdo curricular biologia mais se aproximava das suas realidades, em seguida foi levantada a problemática, justificativa para o projeto, a construção dos objetivos e da metodologia e finalmente os resultados esperados. A etapa 2 ocorreu no mês de Outubro de 2021, buscou a aproximação dos alunos bolsistas do PIBID com o espaço físico da escola, bem como a observação das aulas e também a aproximação com os alunos do ensino básico, bem como vivências da educação básica em escola pública estadual. Nessa etapa, foi possível diagnosticar previamente, vários desafios, entre eles o espaço para execução do projeto Etnociências, pois o único lugar seria a sala de aula, o que se tornaria inviável pela quantidade de alunos para o espaço. Nesse momento, houve uma espécie de “tour” pela escola, entre a professora supervisora e os alunos bolsistas, à procura de um espaço para desenvolver as ações do projeto. Foi quando “descobriram” o espaço do laboratório multidisciplinar, fechado há anos, mas com uma estrutura boa, a exemplo: sala ampla, bancadas, bancos, torneiras, quadros, centrais de ar em funcionamento, e até microscópio óptico guardados. A partir desse ponto, uma conversa com a diretora da escola, que muito solícita, acatou a ideia da reabertura do laboratório. Já a etapa 3 trata da reabertura do laboratório que iniciou dia 8 de Novembro de 2021 e ainda está em andamento. Trata-se das 3 práticas pedagógicas do projeto (produção de exsicata, microscopia óptica e construção de terrário), realizado no laboratório multidisciplinar, práticas essas desenvolvidas pela professora supervisora da Seduc/PA, os alunos do curso de Biologia bolsistas do PIBID/UEPA e 150 alunos de 4 turmas da 1ª série do ensino médio da E.E.E.M. Simão Jacinto dos Reis. 6 Nesse período a Secretaria de Estado de Educação do Pará (SEDUC/PA), estava retornando às aulas presenci- ais de forma gradual. Revista “Entre Saberes” - Vol. V, Nº 7 (dez.2021) 31 RESULTADOS PARCIAIS Os resultados se deparam com as etapas desenvolvidas na metodologia. Na etapa 1, foram aplicadas entrevistas através dos questionários para 150 alunos de 4 turmas da 1ª série do ensino médio (Figura 1). Figura 1 - Orientações para a entrevista, através do preenchimento de questionários Fonte: Acervo dos autores, outubro/2021. Desse total, 110 alunos responderam que têm interesse em saber sobre o tema da Botânica, pois o bairro onde residem, tem um foco para o desenvolvimento de hortas e 40 responderam que não tem ligação com plantas, mas tem interesse em conhecer sobre a temática. Mesmo as plantas não sendo foco do conteúdo da 1ª série do ensino médio, optou-se por desenvolver práticas que levasse ao conteúdo de Citologia Vegetal e Biodiversidade, onde são assuntos que contemplam essa série. O preenchimento dos questionários foi realizado com a ajuda da família, o que vem ratificar o tema contemporâneo transversal da BNCC (cidadania e civismo), com a vida familiar e social, bem como desenvolver as diretrizes propostas pelo DCE/PA (PARÁ, 2020f2011), onde os saberes e práticas dos alunos passados de geração a geração foram considerados para a efetivação desse aprendizado a partir do desenvolvimento das práxis. Com a ajuda de familiares, os alunos levaram para escola vegetais para a construção das práticas (Figura 2). Revista “Entre Saberes” - Vol. V, Nº 7 (dez.2021) 32 Figura 2- Vegetal oriundo da residência de aluno, para as práticas no laboratório Fonte: Acervo dos autores, novembro/2021 Na etapa 2, sobre o espaço para desenvolver as práticas do projeto Etnociências, traz a importância da aprendizagem significativa no laboratório (Figura 3). A reabertura do laboratório na escola Simão Jacinto dos Reis no município de Tucuruí/PA, é considerado um marco, para todo o corpo escolar, pois a partir desse dessas ações, o laboratório irá funcionar não apenas para as aulas de biologia, mas para química, física (área das Ciências da Natureza) e outras disciplinas, a exemplo que já existe um caminho para interdisciplinaridade com a disciplina de educação física, onde poderá usar o laboratório para aulas do corpo humano e também já há uma ideia de trazer os avós desses alunos para a escola, para aulas de educação física, pessoas essas que estão em casa, geralmente aposentados, e muitas vezes até ociosos. Figura 3 - Reabertura do laboratório multidisciplinar. Fonte: Acervo dos autores, Novembro/2021. A etapa 3 está em desenvolvimento, houve a primeira fase das práticas no laboratório, onde foram produzidas as exsicatas (Figura 4), foi realizado a visualização de células vegetal em microscopia óptica e a construção de terrários, esse material foi trazido pelos alunos de suas casas, trata-se de vegetais utilizados pela família dos alunos, para fins ornamentais, medicinais e culinários. Revista “Entre Saberes” - Vol. V, Nº 7 (dez.2021) 33 Figura 4- Produção de exsicats Fonte: Acervo dos autores, novembro/2021. Essas práticas estão em seu segundo momento, teremos a construção dos herbários a partir das exsicatas, um feedback sobre a visualização das células dos vegetais, através da microscopia óptica (Figura 5) e a observação das alterações ocorridas nos herbários construídos pelos alunos (Figura 6), em seguida a busca por sistematizar as interações entre os saberes tradicionais (alunos) e os saberes científicos (escola). Figura 5- Microscopia óptica – visualização de célula