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Ação Anulatória de Infração de Trânsito

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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE SANTA CRUZ DO SUL-RS.
 
XXXXXXXXXXXXX, brasileira, solteira, não convivente em união estável, guarda municipal, inscrita no CPF sob nº 00000000000000, RG 00000000000, CNH 00000000, residente e domiciliada na Avenida Artêmia Pires, número 185, bairro Sim, Feira Santana-BA, por seu Procurador abaixo assinado, procuração anexa, com escritório profissional na Avenida Getulio Vargas, 293, bairro Centro, Feira de Santana-BA, onde deverão receber citações, vem respeitosamente perante Vossa Excelência ajuizar a presente
 
AÇÃO ANULATÓRIA DE AUTO DE INFRAÇÃO DE TRÂNSITO c/c PEDIDO LIMINAR
 
em face do DEPARTAMENTO ESTADUAL DE TRÂNSITO DA BAHIA – DETRAN/BAHIA - , pessoa jurídica de direito público, estabelecido na Rua A, sem número, bairro Jomafa, Feira de Santana - BA, em decorrência das justificativas de fato e de direito a seguir expostas:
 
DA SÍNTESE DOS FATOS:
A Autora é habilitada para conduzir veículos que se enquadrem na categoria ‘A/B’, desde 16/03/2009, conforme se observa da cópia de sua CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO anexa.
Ocorre que ao consultar a situação de seu veículo junto ao site do DETRAN, surpreendeu-se com a existência de uma multa em seu nome. 
   Entretanto, insta salientar que em momento algum a autuação obrigatória e formal da infração de excesso de limite de velocidade da via em que transitava, foi entregue no domicílio da Autora, desrespeitando o prazo legal de 30 dias. 
Ademais, conforme consulta ao mesmo site do DETRAN/BA no histórico de infrações do condutor, em tantos anos da permissão para dirigir, a mesma foi multada apenas duas vezes, onde nunca deixou de pagá-las, o que reflete na boa conduta da condutora, o qual preza pelo cumprimento da lei no seu dia a dia, na condição de guarda municipal. 
Outra questão que merece enfoque especial, se trata da manutenção do radar, que ocorreu a mais de um ano atrás (19/02/2023). Ora excelência, todos sabemos que até mesmo os aparelhos eletrônicos hoje em dia falham, ainda mais, se mal conservados e verificados, o que ilustra o caso in comentu.
 
O sistema da indústria da multa, de tão desorganizado, acaba por deixar margem para a anulação de seus atos, visto que, não cumprem os requisitos mínimos da lei, para que seus atos sejam validos e sem vícios.
 
Sendo notória a afronta a legislação vigente, bem como ao entendimento por parte da escola da magistratura, não restaram opções ao autor da presente demanda, senão, ajuizar a presente ação.
 Nada mais, estes são os fatos que antecedem o ingresso desta ação.
DO DIREITO
I) DA INCOMPETÊNCIA PARA FISCALIZAR DO DNIT:
 
Conforme narrado na síntese fática, o Autor não tinha conhecimento das multas que supostamente havia cometido, justamente por não ter sido notificado pela Autarquia Ré em momento algum.
 
   Destaca-se que, conforme preleciona o art. 281, parágrafo único, inciso II do CTB, o auto de infração deverá ser arquivado e seu registro julgado insubsistente se, no prazo máximo de trinta dias, não for expedida a notificação da autuação.
 
   No caso em tela, reitera-se: o autor não foi notificado sobre a existência de nenhum auto de infração.
 
  Isso porque, desconhecem-se causas interruptivas e suspensivas a não permitir a postagem da notificação dentro do prazo legal de 30 (trinta) dias, sendo que o termo final disposto pelo CTB para expedição deverá ter a data de postagem idêntica ou próxima, mas dentro do trintídio legal, e assim não sendo, deve ser banido do mundo jurídico, não sendo justo e nem permissivo que o suposto infrator fique à mercê da autoridade ou poder público, indefinidamente, sem tomar conhecimento se existe ou não alguma autuação.
 
   Ademais, vale ressaltar que quanto maior for o tempo entre a verificação da infração e a data de sua notificação mais difícil será para o suposto infrator sustentar sua defesa, ou seja, se dentro do prazo hábil definido em Lei já é dificultoso, pior seria com sua prorrogação indefinida, pois a Lei supracitada é clara ao estabelecer o prazo máximo de 30 (trinta) dias para a notificação da autuação ao infrator.
 
   Em sede de recurso repetitivo, ao julgar o REsp 1092154/RS de relatoria do Min. Castro Meira, o Superior Tribunal Justiça manifestou-se pela necessidade da expedição de notificação de autuação — para a garantia do devido processo legal e o exercício do contraditório e da ampla defesa no procedimento administrativo — com antecedência de 30 (trinta) dias.
 
II) DA TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA EM CARÁTER LIMINAR
 
 
   O deferimento total ou parcial da pretensão autoral, em antecipação da tutela, é cabível quando estiverem evidenciados, de um lado, a probabilidade do direito (que, no caso, consiste na probabilidade de provimento da ação), e, de outro, o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo ( CPC, art. 1.019-I, c/c art. 300).
 
   Pois bem.
 
   Em primeira análise, a probabilidade do direito se lastreia justamente no fato de que o Autor nunca foi notificado por nenhum auto de infração, apenas soube da existência dos próprios pois, eventualmente, foi consultar a situação de seu veículo junto ao site do DETRAN.
 
   Excelência, a notificação da autuação ao infrator é essencial para que possa exercer seu direito à defesa, assegurado no art. 5º, inciso LV, da Constituição, segundo o qual:
 
"aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral, são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes"
   Por isso é que o Código de Trânsito prevê a notificação por remessa postal ou por qualquer outro meio que assegure a ciência da imposição da penalidade:
 
Art. 282. Aplicada a penalidade, será expedida notificação ao proprietário do veículo ou ao infrator, por remessa postal ou por qualquer outro meio tecnológico hábil, que assegure a ciência da imposição da penalidade.
(...)
 
   Para a validade da autuação, seriam necessárias, então, duas notificações do infrator: uma da autuação, para que pudesse apresentar defesa, e outra da aplicação da penalidade, se fosse o caso, para que pagasse a multa ou apresentasse recurso
 
   Outrora, o risco de dano, por sua vez, está nos prejuízos decorrentes da cobrança da multa para fins de licenciamento do veículo, pontuação na CNH da Autora, possível inscrição em dívida ativa.
 
   Ante o exposto, nos termos dos art. 3º e 27 da Lei nº 12.153/09 em combinação com os art. 300 e 302 do CPC/2015, preenchidos os requisitos legais, requer o deferimento, em antecipação da tutela, da pretensão autoral, para o fim de suspender a exigibilidade das multas e pontuações decorrentes dos autos de infração: ____________ e determinar seja expedida comunicação ao DETRAN sobre o teor da decisão.
 
III-DOS PEDIDOS
 
 
   Diante o exposto, requer-se de Vossa Excelência que:
 
a) Liminarmente, seja concedida a tutela de urgência antecipada visando suspender a exigibilidade da multa e pontuação decorrente dos autos de infração AI 20240189, assim como determinada expedição da comunicação ao DETRAN ao Município de Feira de Santana e ao Estado da Bahia sobre o teor da decisão;
 
b) No mérito, seja julgada procedente a presente ação, confirmando a liminar deferida para declarar a inexigibilidade das multas, com o consequente cancelamento, para o fim de não ser lançado no prontuário do Autor qualquer pontuação referente à infração em questão, assim como expedida comunicação ao Detran-BA, ao Município de Feira de Santana e ao Estado da Bahia da decisão final;
 
c) A citação do DETRAN, do Município de Feira de Santana e do Estado da Bahia nos endereços constantes no preâmbulo desta inicial, para que, querendo, apresentarem defesas, sob as penas dos efeitos da revelia e confissão ficta;
 
d) A concessão da justiça gratuita bem como a condenação dos Réus no reembolso das custas e despesas processuais, assim como nos honorários sucumbenciais, quando cabíveis à espécie.
 
e) Inversão do ônus da prova, devendo a Municipalidade, DETRAN e Estadoda Bahia comprovarem que houve notificação dos autos;
 
f) Protesta prova o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos;
 
g) Não possui interesse na realização de audiência de conciliação/mediação, por entender que os entes públicos não podem transigir sobre direitos difusos e coletivos;
 
h) Por fim, requer-se que todas as intimações e notificações de estilo se deem em nome da advogada Julia Pinheiro dos Santos, nos termos do artigo 272, §§ 2º e 5º do CPC/2015.
 
    Dá- se a causa o valor de R$ 260,75 (VALOR DAS INFRAÇÕES).
 
    Nesses termos, pede deferimento.
 
      Feira de Santana, 19/05/2024
 
              Advogado / OAB

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