Significado da Morte do Homem

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Antropologia Bíblica
© 2017 - Prof. Alexandre Ribeiro Lessa
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O significado da morte do homem
AULA 7
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INTRODUZINDO O 
ASSUNTO
O significado da morte do homem
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INTRODUÇÃO
 O pintor medieval Jan Van Eick impressionava as pessoas com seus 
quadros que demonstravam, ao mesmo tempo, a futilidade da 
busca pelos prazeres do mundo e a realidade da morte, que 
assolava de forma despercebida. Não raro, num mesmo quadro a 
loucura dos homens que viviam para satisfazer seus caprichos, 
enquanto muitos ficavam abatidos pela morte. Isso realmente 
retrata a situação da humanidade decaída. 
 Deus deixou bem claro, desde o início, que a consequência pela 
desobediência seria a morte, que e uma das grandes certezas da 
vida, mas é impressionante o quanto os seres humanos conseguem 
ocultar de si mesmos está verdade. Quando somos jovens a vida 
parece radiante e a morte distante. Ano após ano a vida 
prossegue, vivemos nosso dia a dia, fazemos planos, construímos 
casas, e nos envolvemos com muitos projetos. 
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INTRODUÇÃO
 Frequentemente lemos nos nossos jornais que pessoas estão 
morrendo de fome na África ou em explosões terroristas no 
Oriente Médio. Mas esses lugares estão muito distantes de nós. 
Paramos alguns instantes em frente à televisão, horrorizados pelas 
tragédias, mas, em seguida, retornamos a nossa vida normal e 
tudo aquilo foge de nossa mente. De repente, um vizinho morre. 
Vamos ao enterro, confortamos a família e ficamos abalados por 
alguns momentos, mas logo continuamos nosso trabalho e 
voltamos às diversões e à rotina do dia a dia. 
 De algum modo, “há, dentro de nós uma espécie de sentimento de 
imunidade com relação a morte. Mas, de súbito, a morte bate à 
porta. Um pai, uma mãe, um esposo ou filho são levados 
abruptamente. Então, todo desespero cai sobre nós com o peso de 
milhões de toneladas. Uma imensa confusão se estabelece dentro 
de nós, e uma pergunta brota da agonia: Por quê?
A ORIGEM DA 
MORTE
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A ORIGEM DA MORTE
 Pedro faz uma declaração de causar inquietação em todos aqueles 
que se sentem imortais: “Pois toda carne é como a erva, e toda a 
sua glória, como a flor da erva; seca-se a erva, e cai a sua flor” 
(1Pe 1.24; Ver Is 40.6-8). E o Salmo de Moisés já dizia coisas 
semelhantes, contrastando a eternidade de Deus com a 
temporalidade do ser humano (ver Sl 90.2-6; 9-10).
 Não há como fechar os olhos: a morte é a realidade mais concreta 
que conhecemos. A vida é muito breve. Todo esse sentimento 
negativo que os seres humanos e os animais têm em relação à 
morte explica-se porque a morte é uma anomalia. Como diz 
Packer, “a Bíblia confirma nosso sentimento instintivo de que, no 
seu sentido mais profundo, toda morte é anormal”. A morte não 
faz parte da criação de Deus, ela é uma intrusa.
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A ORIGEM DA MORTE
 A Bíblia demonstra que a morte entrou no mundo como 
consequência do pecado. Quando Adão e Eva foram criados e Deus 
lhes colocou numa digna posição de administradores da Criação, o 
Senhor fez uma exigência, pois desejava obter deles obediência 
completa e por isso lhes disse: “De toda árvore do jardim comerás 
livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não 
comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente 
morrerás” (Gn 2.1617). 
 Alguns estudiosos insistem que a morte existia pelo menos no 
mundo animal e vegetal antes da queda. Devemos lembrar que 
tanto o homem quanto a criação foi amaldiçoada pela queda. 
Paulo fala que a criação “está sujeita à vaidade, não 
voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou (...). 
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A ORIGEM DA MORTE
 Um questionamento surge, em relação a essa noção de que o 
pecado de Adão e Eva gerou a morte, porque Adão e Eva não 
morreram no dia em que pecaram. Deus havia dito: “No dia em 
que dela comeres, certamente morrerás”, mas Adão e Eva viveram 
ainda centenas de anos. Na verdade, não precisamos interpretar 
essa expressão literalmente. 
 Ela é uma expressão idiomática hebraica que significa “se você 
comer você vai morrer com certeza”. Isso pode ser visto em outros 
textos da Bíblia Hebraica (IRS 2.37; Ex 10.28). Como diz Hoekema, 
“baseado nessa interpretação, pois, o fato de Adão e Eva não 
terem morrido fisicamente no mesmo dia em que comeram da 
árvore proibida, não precisa nos causar nenhuma dificuldade 
especial”. 
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A ORIGEM DA MORTE
 O fato é que a morte era certa, porque o pecado aconteceu. Adão 
e Eva ao desobedecerem a Deus, tiveram a sua sentença de morte 
decretada. Eles morreram espiritualmente imediatamente —
ficando separados de Deus —; todavia, a morte física, que veio 
também como consequência do pecado (Gn 2.16,17; 3.11-24; Rm
5.12), não foi imediatamente executada, porque Deus usou de Sua 
graça comum, protelando a execução da Sua sentença (Gn 3.15), 
concedendo oportunidade para o arrependimento do homem: 
Entretanto, o seu juízo entrou em processo de concretização, 
tornando a vida uma caminhada para a morte.
O SIGNIFICADO 
DA MORTE
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O SIGNIFICADO DA MORTE
 A morte é a consequência do pecado, mas não uma consequência 
natural. Devemos considerar a morte como um aspecto penal de 
Deus em relação à desobediência do homem. Morte, portanto, 
antes de qualquer coisa é punição. Deus disse a Israel: “A alma 
que pecar, essa morrerá” (Ez 18.4), e Paulo disse aos Romanos: “O 
salário do pecado é a morte” (Rm 6.23). Como diz Berkhof: “A 
morte não é descrita como algo natural na vida do homem, mera 
falha de um ideal, e sim, assaz decisivamente como algo alheio e 
hostil à vida humana: é uma expressão da ira divina, SI 90.7,11, 
um julgamento, Rm 1.32, uma condenação, Rm 5.16, e uma 
maldição, Gl 3.13, e enche os corações dos filhos dos homens de 
temor e tremor, justamente porque é tida como uma coisa 
antinatural”. Quando pensamos em morte, precisamos entender 
que há três sentidos para esse acontecimento: morte física, 
espiritual e eterna.
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O SIGNIFICADO DA MORTE – MORTE ESPIRITUAL
 O primeiro aspecto da morte a ser considerado é seu 
caráter espiritual, estamos falando da quebra da 
comunhão com Deus, pois, “uma vez que, de acordo com 
as Escrituras, o significado mais profundo da vida é a 
comunhão com Deus, o significado mais profundo da 
morte tem de ser a separação de Deus”. 
 Isso aconteceu com Adão no mesmo dia em que pecou. A 
Escritura diz que, após comerem do fruto da árvore 
proibida, Adão e Eva tomaram consciência de sua nudez e 
fugiram da presença de Deus se escondendo por entre as 
árvores do jardim (Gn 3.7-8). 
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O SIGNIFICADO DA MORTE – MORTE ESPIRITUAL
 A comunhão estava quebrada. Essa morte é a forma como 
todas as pessoas vivem! PauIo descreveu todas as pessoas 
como estando mortas em seus delitos e pecados (Ef 2.1). 
Nesse estado, o homem não consegue agradar a Deus e, 
nem se quer, dar um passo em direção a Deus. Este estado 
de morte espiritual, que é consequência do pecado, torna 
o homem cego para as coisas de Deus (2Co 4.4), e 
incapacitado de ir a Jesus antes que Deus realize uma 
obra de sua livre graça dentro dele. 
 Só quando Deus muda o seu coração e sua disposição, 
então, ohomem consegue se voltar para Deus (Ver Jo
6.44).
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O SIGNIFICADO DA MORTE – MORTE ESPIRITUAL
 A comunhão estava quebrada. Essa morte é a forma como 
todas as pessoas vivem! PauIo descreveu todas as pessoas 
como estando mortas em seus delitos e pecados (Ef 2.1). 
Nesse estado, o homem não consegue agradar a Deus e, 
nem se quer, dar um passo em direção a Deus. Este estado 
de morte espiritual, que é consequência do pecado, torna 
o homem cego para as coisas de Deus (2Co 4.4), e 
incapacitado de ir a Jesus antes que Deus realize uma 
obra de sua livre graça dentro dele. 
 Só quando Deus muda o seu coração e sua disposição, 
então, o homem consegue se voltar para Deus (Ver Jo
6.44).
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O SIGNIFICADO DA MORTE – MORTE FÍSICA
 Nesse sentido, a morte deve ser entendida como a 
separação do corpo e da alma. Quando a alma deixa o 
corpo, a morte chegou (Tg 2.26). Nesse ponto, se cumpre 
a Palavra que Deus dirigiu ao homem após o pecado: “No 
suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, 
pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás” 
(Gn 3.19; Ver Ec 3.20). 
 Porém, o Espírito não vira pó, pois como diz o Eclesiastes, 
o pó volta à terra, mas o Espírito volta a Deus que o deu 
(Ec 12.7). A morte física é uma punição, porque o ser 
humano não foi feito para viver sem corpo. 
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O SIGNIFICADO DA MORTE – MORTE FÍSICA
 Os gregos antigos entendiam que a alma era divina e o 
corpo uma espécie de sepultura da alma. No 
entendimento deles, a melhor coisa que poderia 
acontecer para a alma era se ver livre do corpo. A Bíblia 
não endossa essa visão. 
 Apesar de a alma continuar vivendo após a morte, ela não 
se encontra em felicidade completa, pois Deus criou o ser 
humano com dois aspectos, o espiritual e o físico e ambos 
precisam um do outro. 
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O SIGNIFICADO DA MORTE – MORTE ETERNA
 A morte eterna deve ser vista como uma consumação da morte 
espiritual após a morte física. A morte física vem sobre todos, mas 
a morte eterna somente sobre os que estão sem Cristo. Nesse 
ponto, é interessante pensarmos que a salvação depende de um 
“novo nascimento” (Jo 3-3). Quem nasce uma vez morre duas, mas 
quem nasce duas só morre uma. Durante essa vida, embora grande 
parte das pessoas esteja no estado de “morte espiritual”, 
mediante a graça comum, Deus lhes concede muitas bênçãos e 
restringe o mal. 
 Porém, na morte eterna “as restrições do presente desaparecem, 
e a corrupção do pecado tem a sua obra completa. O peso total da 
ira de Deus desce sobre os condenados, e isto significa morte, no 
sentido mais terrível da palavra”. Morte eterna deve ser associada 
com o Inferno, e em última instância, com o Lago de Fogo do 
Apocalipse.
DIAS CONTADOS
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DIAS CONTADOS
 A morte será a última das consequências do pecado a ser retirada 
do mundo. No capítulo 15 de 1Coríntios, o Apóstolo Paulo faz uma 
defesa magistral da ressurreição de Cristo e dos crentes. Nesse 
capítulo, ele também fala muitas coisas sobre a morte. 
Primeiramente ele repete o ensino de Romanos 5.12-19'. “Visto 
que a morte veio por um homem, também por um homem veio a 
ressurreição dos mortos. Porque, assim como em Adão todos 
morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo” (1Co 
15.21-22). 
 Essa promessa de vitória pessoal sobre a morte descansa sobre a 
vitória de Cristo. Ele abriu o caminho para a vitória sobre a morte 
e agora os homens podem transitar por ele. O Senhor ocupa uma 
posição de governo e luta para destruir todos os seus inimigos. 
Paulo diz que o fim só virá “quando houver destruído todo 
principado, bem como toda potestade e poder” (1Co 15.24). 
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DIAS CONTADOS
 O próprio Cristo conheceu muito bem os poderes da 
morte. Lembramos daquela inesquecível cena do Senhor 
diante do túmulo de Lázaro. Quando Maria, irmã de 
Lazaro, se aproximou de Jesus, João relata: “Jesus, 
vendo-a chorar, e bem assim os judeus que a 
acompanhavam, agitou-se no espírito e comoveu-se. E 
perguntou: Onde o sepultastes? Eles lhe responderam: 
Senhor, vem e vê! Jesus chorou' (Jo 11.33-35). 
 Essa foi uma das poucas ocasiões em que Jesus chorou. 
Qual teria sido o motivo desse choro? Certamente não era 
um choro de impotência diante das mazelas da vida. O 
Senhor, que ressuscitaria Lázaro em seguida, não 
precisaria chorar por isso.
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DIAS CONTADOS
 Era o choro de alguém que sabia o quanto a morte 
deteriorou a perfeita criação de Deus. Era o choro de 
alguém que definitivamente não se conformava com a 
morte. Mais tarde, ele próprio experimentou a fúria da 
morte dependurado no madeiro. 
 Portanto, Jesus sabe mais do que ninguém o significado 
dela. Porém, três dias depois, na maior demonstração de 
poder entre a criação e o fim do mundo, o Senhor 
derrotou a morte ressuscitando gloriosamente. A partir 
daquele dia, os dias da morte estão contados, em breve, o 
último inimigo cairá definitivamente.
MAL 
TRANSFORMADO 
EM BEMM
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MAL TRANSFORMADO EM BEM
 Ainda falta considerarmos uma questão importante: Se a 
morte é resultado do pecado e deve ser vista como 
punição, por que os cristãos ainda precisam morrer? A 
morte dos cristãos não deve ser considerada como punição 
pelo motivo que não existe mais qualquer punição para o 
cristão. 
 Paulo diz: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para 
os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1). Se Deus quisesse, 
poderia transladar todos os cristãos para o céu, como fez 
com Enoque e Elias, sem que passassem pela morte, 
porém, ele resolveu deixar que a natureza seguisse seu 
curso normal.
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MAL TRANSFORMADO EM BEM
 Apesar de nascidos de novo, nossos corpos ainda são 
decaídos, eles não foram aperfeiçoados, e esse é o motivo 
pelo qual continuamos adoecendo, cansando, suando e 
morrendo. A morte deve ser vista, no caso do cristão, não 
como uma punição, mas como uma consequência natural 
do corpo decaído. 
 Nesse sentido, ela tem realmente ainda um sentido 
negativo, porém, ela evoca, pelo menos, dois aspectos 
imensamente positivos. Primeiramente podemos 
considerar que ela abre as portas para a eternidade. No 
momento da morte, a alma fica livre de todo o peso da 
corrupção e passa a aguardar o dia em que será reunida 
ao corpo aperfeiçoado da ressurreição.
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MAL TRANSFORMADO EM BEM
 A morte para o crente é o portal para uma situação 
imensamente mais abençoada que o presente. Em 
segundo lugar, embora a morte, em si mesma, continue 
sendo um verdadeiro mal natural para os filhos de Deus, 
na economia divina se faz subserviente aos interesses do 
reino de Deus. 
 A expectativa da morte faz o crente considerar seus dias e 
a manter a humildade (ver Sl 90.12). A consciência de 
nossa própria finitude ajuda a exercitar a sabedoria. 
Assim, a expectativa da morte é benéfica para nosso 
progresso espiritual, ela mostra que nossos dias são 
limitados, como tudo mais nessa vida.
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MAL TRANSFORMADO EM BEM
 E a experiência, de alguma forma, nos será útil na 
eternidade.Jamais será caso de vergonha, antes de regozijo, 
pois nosso Senhor também a experimentou. Será um motivo 
de louvor a Deus que transforma o mal em bem. A atitude 
dos crentes perante a morte deve ser totalmente diferente 
da atitude do mundo que não tem esperança. 
 Aos olhos de Deus, a morte dos crentes não é uma 
retribuição por suas más ações, é algo que causa deleite, 
pois “preciosa é aos olhos do Senhor a morte dos seus 
santos” (Sl 116.15). Seja a morte de um crente de cem anos 
ou de uma criança de alguns dias, perante os olhos do 
Senhor, essa morte é preciosa perante os olhos do Senhor 
(ver Fp 1.21-23; Ap 14.13).