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EPIDEMIOLOGIA DA SAÚDE BUCAL Profa. Anna Andréa Cristino Martins Webpalestras : Epidemiologia das Doenças Bucais no Brasil https://www.youtube.com/watch?v=qid0yWO8Rns&t=12s Levantamento Epidemiológico Saúde Bucal https://www.youtube.com/watch?v=jxOx3UBEo_A&t=1247s Cárie Dentária Doença Periodontal Oclusopatias Edentulismo Fluorose Câncer Bucal Fendas e Fissuras Labiopalatais Indicadores de Saúde Bucal: CPOD e Ceo-d Cárie Dentária Cárie dentária 1- Cárie Dentária Doença bacteriana que promove desequilíbrio no processo de desmineralização e remineralização do tecido dentário (Processo Des-Re) com consequente formação de lesão de cárie. Causada pela presença do Streptococcus mutans, outros fatores de risco são necessários para o desenvolvimento da doença como fatores culturais e socioeconômicos, falta de acesso ao flúor, deficiente controle mecânico de biofilme dentário, consumo excessivo de açúcar e xerostomia caracterizando a doença cárie como multifatorial. MICROORGANISMO TEMPODIETA MICROORGANISMO DENTE SUSCEPTÍVEL 1986 1º Levantamento Epidemiológico Nacional em Saúde Bucal prevalência alta de cárie tendência ascendente conforme > idade. Século XXI redução de CPO-D crianças de 12 anos 6,7 (1986) para 2,07 (2010). Hipóteses (redução) expansão da oferta de água fluoretada, introdução e expansão do uso de dentifrícios fluoretados, e implementação da Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB, 2004). 2010 CEO-D = 2,43 (dentição decídua) predomínio do componente cariado. CPO-D(médias) dentes permanentes são apresentadas na figura abaixo segundo a faixa etária. Idosos o componente perdido é responsável por 92% do índice. Geralmente as médias de CEO-D/CPO-D são maiores nas regiões Norte, Centro-oeste e Nordeste. Ações coletivas de prevenção e controle da cárie envolvem: vigilância dos sinais de atividade da doença (mancha branca e cavidade) em indivíduos com risco social, nos ambientes coletivos como espaços de trabalho, escolas e creches. Ações: exame epidemiológico, educação em saúde bucal, escovação dental supervisionada, entrega de escovas, dentifrício fluoretado e aplicação tópico de flúor. Tratamento da lesão ativa de cárie: individualizado e instrução de higiene bucal, remoção profissional de biofilme por meio de raspagem, adequação do meio bucal, e controle de atividades de doença com aplicação de flúor e dieta equilibrada. Indicação de aplicação tópica de flúor com presença de pelo menos uma da seguinte situações: exposição à água de abastecimento sem flúor ou com teores abaixo de 0,4ppmF e sem acesso a dentifrício, CPOD maior que 3 aos 12 anos de idade e menos de 30% dos indivíduos livres de cárie aos 12 anos de idade. Dentre os métodos de prevenção da cárie que tem mostrado eficácia está a fluoretação da água de abastecimento. Entretanto, nem todas as populações apresentam acesso a esse recurso, levando a polarização da doença nos grupos populacionais vulneráveis e menos privilegiados sócioeconomicamente. Doença Periodontal Doença Periodontal 2 - Doença Periodontal Segundo problema de saúde bucal, com distribuição e gravidade variando em diferentes partes do mundo e no mesmo país. Compreende um processo inflamatório crónico causado pelo acúmulo de biofilme bacteriano na superfície externa do dente. São elas: gengivite e periodontite. A gengivite é uma manifestação inflamatória que acomete os tecidos de proteção do periodonto(gengiva marginal) provocada por acúmulo de biofilme supragengival. Grande maioria das crianças apresenta inflamação gengival, contudo nem toda gengivite evolui para periodontite. A progressão da inflamação gengival para os tecidos de suporte do dente como cemento, ligamento periodontal e osso alveolar levam a periodontite. Esta pode ser crônica, com evolução lenta, e comprometimento compatível com a presença de cálculo dentário. A periodontite agressiva é mais rara, grave, tem evolução rápida e apresenta forte agregação familiar. É comum acometer primeiros molares e incisivos. A quantidade de depósito bacteriano é inconsistente com o grau de destruição periodontal. Fatores de risco para doença periodontal: o hábito de fumar, doenças sistêmicas como diabetes, estresse, imunodepressão, medicações, apinhamento dentário, restaurações defeituosas, e condições sócioeconômicas. A literatura mostra que a doença periodontal pode contribuir para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e nascimento de bebês com baixo peso/prematuro, o que reforça a necessidade de abordagem profissional multidisciplinar para a manutenção da saúde periodontal e geral. Dados epidemiológicos recentes mostram que a percentagem de pessoas com algum problema periodontal (cálculo, sangramento gengival, bolsas periodontais e dentes excluídos) nas faixas etárias de 12 anos, 15 a 19 anos, 35 a 44 anos, 65 a 74 anos de idade é de 37,1%, 49,1%, 82,2% e 98,2%, respectivamente. De modo geral, observe-se que a prevalência de sangramento gengival e bolsas periodontais aumentam até a vida adulta, decrescendo nos idosos, em razão da ausência de dentes. O tratamento da doença periodontal pode envolver várias sessões e depende da gravidade da doença. As ações consistem em raspagem e polimento profissional, ações educativas, controle de biofilme e dos fatores de risco. Em caso de insucesso na raspagem subgengival, deve-se encaminhar para procedimentos cirúrgicos. Oclusopatia Edentulismo Fluorose Câncer Bucal Prevenção e Diagnóstico Precoce Os fatores locais de risco devem ser eliminados (ajustar as próteses, tratar os dentes, efetuar uma boa higiene bucal). Combater o álcool e o tabagismo. Sempre que se expor ao sol usar filtro solar e chapéu de aba larga. Outra recomendação importante é a manutenção de uma dieta saudável, rica em frutas e vegetais. E para o diagnóstico precoce é muito importante o “auto-exame” da boca. AUTO-EXAME DA BOCA O que é o auto-exame da boca? É uma técnica simples, que a própria pessoa pode fazer, bastando que tenha um espelho e esteja em um ambiente iluminado. Para pessoas parcial ou totalmente dependentes, pais ou responsáveis ou cuidadores devem ser treinados para essa finalidade, assim como os Agentes Comunitários de Saúde. Como fazer o auto-exame da boca? • Procure um local iluminado e fique em frente a um espelho (retire dentaduras ou próteses removíveis); • Olhe a pele do rosto e pescoço. • Apalpe o pescoço; • Olhe seus lábios por fora e por dentro; • Examine a gengiva e as bochechas; • Coloque a língua no “céu” da boca e olhe embaixo da língua; • Coloque a língua para fora e olhe sua garganta; • Segure a língua com um pano ou gaze e puxe-a para um lado, depois para o outro, examinando as laterais; • Olhe também seus dentes, podem ter cáries. https://www.portaldazonanorte.com.br/noticia/id/72/prevencao-de-cancer-bucal O que devemos procurar? Feridas, caroços, manchas brancas ou avermelhadas, verrugas ... Faça o auto-exame uma vez por mês. Se notar alguma anormalidade, procure imediatamente seu dentista ou médico. Dados estatísticos do Câncer de boca (INCA) Estimativa de novos casos: 15.190 Homens: 11.180 homens Mulheres: 4.010 mulheres (2020 - INCA) Número de mortes: 6.192 Homens: 4.767 Mulheres: 1.425 (2020 - Atlas de Mortalidade por Câncer - SIM). Fendas e Fissuras Labiopalatais ARTIGO CIENTÍFICO “Qual o perfil epidemiológico das doenças bucais da população brasileira?” Em relação às diferenças regionais e às faixas etárias : • > prevalência de cárie dentária crianças. • edentulismo (necessidade de prótese) em idosos ambas nas regiões Norte e Nordeste características socioeconômicas e de menor acesso a bens e serviços básicos de saúde bucal. RCO. 2021, 5 (1) P. 29-37 • Doença periodontal > prevalência em adultos nas regiões Norte e Sudeste (podendo ser atribuída aos fatores sociodemográficos e a diversidade dos seus determinantes de cada região, assim como,o tipo de método utilizado para avaliar a doença periodontal). • Fluorose (12 anos) > prevalência na região Sudeste (excesso de fluoretos nas águas de abastecimento público, nos alimentos industrializados e nos dentifrícios). • Má oclusão > prevalência na infância nas regiões Nordeste e Sul hábitos para funcionais da população. RCO. 2021, 5 (1) P. 29-37 • Traumatismo dentário > aos 12 anos, no Norte e no Centro-Oeste (< cobertura de ESB) responsáveis no diagnóstico precoce para a predisposição ao traumatismo dentário. • Câncer bucal > prevalente em adultos e idosos nas regiões Sul e Sudeste (composição racial dessa população, essencialmente de leucodermias). RCO. 2021, 5 (1) P. 29-37 • Programa Nacional de Controle do Tabagismo https://www.inca.gov.br/programa-nacional-de-controle-do-tabagismo • Câncer de boca - álcool, fumo e HPV: três fatores de risco. https://www.youtube.com/watch?v=g4_v1SXQO4g&t=24s • Fumo passivo https://www.youtube.com/watch?v=-N- CX3wyr3s&list=PLGGHoUAM3Mh6PgctlJchhpKuN3S8hNm6D • Fissuras labiopalatais – Centrinho Bauru https://hrac.usp.br/saude/fissura-labiopalatina/ INDICADORES DE SAÚDE BUCAL Indicadores de saúde bucal Indicadores epidemiológicos de saúde bucal: estão relacionados à doença cárie, doença periodontal, edentulismo, traumatismo, fluorose e oclusopatia. • Doença cárie (medição) Índice de Knutson, Índice de Sloman, Índice de Dentes Funcionais(IDF), Índice de Equivalência a Dentes saudáveis(T-health), Índice de Mellanby, Índice CPO-S e o Índice CPO-D. CPO-D > utilizado em levantamentos epidemiológicos. Índice CPOD e ceo-d • Organização Mundial de Saúde(OMS) preconiza o índice CPOD e a sonda CPI. • Índice CPO-D (dentes cariados, perdidos e obturados/exame) mensurar e comparar o ataque da doença cárie na população (idealizado por Klein e Palmer, em 1937). Exame sonda CPI + odontoscópio(espelho bucal +ambiente iluminado naturalmente). coroa raiz Examinador de acordo com critérios estabelecidos (condição) sugestão de necessidade odontológica de tratamento estima a experiência presente e passada do ataque da cárie dental à dentição. usado em levantamentos epidemiológicos (Idades: 15 a 19, 35 a 44 e 65 a 74 anos). CPOD CPOD considera-se o total de 32 dentes por indivíduo, podendo variar de 0 a 32. Os valores obtidos representam o grau de severidade da doença, assim, considera-se como: • muito baixo, quando o CPOD varia de 0,1 a 1,1; • baixo, quando o CPOD varia de 1,2 a 2,6; • moderado, quando o CPOD varia de 2,7 a 4,4; • alto, quando o CPOD varia de 4,5 a 6,5; • muito alto, quando o CPOD é igual ou maior a 6,6; Ceo-d (proposto por Gruebbel, para dentes decíduos) – índice de dentes cariados, com extração indicada e obturados/criança), uma adaptação do índice CPO-D que ao invés de números, usa letras para codificar os critérios. A OMS indica a idade de 5 anos para a análise da prevalência e severidade de cárie na dentição decídua. O ceo varia de 0 a 20. * Dentes com extração indicada devem ser incluídos como perdidos. CPO-D* = Número total de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados Número total de indivíduos examinados Ceo-d = Número total de dentes decíduos cariados, extração indicada e obturados Número total de crianças Quanto maior o índice, pior a condição de saúde bucal da população. Esse indicador apresenta uma desvantagem ao informar sobre o ataque de cárie sem considerar as perdas por doença periodontal, questões protéticas ou ortodônticas. Apesar da possibilidade de sugerir a remineralização como necessidade de tratamento para mancha branca, a mesma durante o exame é considerada como dente hígido. O CPO-D e o ceo-d podem ser usados para nortear as ações de planejamento, gestão e avaliação de políticas e ações em saúde. O CPO-S é um indicador que mensura a superfície e não o dente como o CPO-D. Assim, mensura-se cinco superfícies nos molares e pré- molares e quatro superfícies em cada canino e incisivo. O CPO-S possui maior poder de discriminação e sensibilidade do que o CPO-D. O ceo-s é usado na dentição decídua. Sonda exploradora nº 5Sonda OMS/CPI Sonda periodontal com extremidade esférica de 0,5mm e área anelada em preto entre 3,5 mm e 5,5 mm da ponta. Sonda exploradora com 2 ganchos afiados, um em cada extremidade. PRINCIPAIS INDICADORES PARA LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DE SAÚDE BUCAL DOENÇA/AGRAVO INDICADOR IDADE(ANOS) CÁRIE CPO-D CPO-S 12, 15-19, 35-44, 65-74 Ceo-d Ceo-s 5 DOENÇA PERIODONTAL CPI 12, 15-19, 35-44, 65-74 PIP 35-44, 65-74 GENGIVITE ISG 12, 15-19, 35-44, 65-74 AG 5 TRAUMA INDICADOR DE TRAUMATISMO 12 EDENTULISMO USO E NECESSIDADE DE PRÓTESE 15-19, 35-44, 65-74 FLUOROSE DEAN 15-19, 35-44, 65-74 OCLUSOPATIA DAI 12 MÁ-OCLUSÃO 5 Classificação de Risco SES/MG: R1, R2 e R3, que é a Ação Coletiva de exame bucal com finalidade epidemiológica. 📌 R1 - Cárie ativa, doenças periodontais ativas. Lesões suspeitas de câncer de boca. Limitações funcionais (na mastigação, deglutição…) e psicossociais (halitoses, estético…). 📌 R2 - Cáries inativas, presença de cálculos, ausência de atividade de doenças, necessidade de prótese e tratamento clínico. 📌 R3 - Manutenção de saúde bucal, sem necessidade de tratamento. Referência Bibliográfica Saúde Coletiva e Epidemiologia/ Sandra de Quadros Uzêda Soares, coordenadora; Johelle de Santana Passos-Soares; Michelle Miranda Lopes Falcão, autoras. – 2.ed. - Salvador: SANAR 2017.360p.:il.Coleçâo de Manuais;v.1.