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CONSULTA de enfermagem à saúde da mulher MSc Enfª Aliny Gonçalves Batista 2 20AA INTRODUÇÃO A consulta de enfermagem é uma ação privativa do enfermeiro e tem como eixo norteador o cuidado ao indivíduo de modo integral. 2 3 20AA INTRODUÇÃO Na atenção à saúde da mulher, esta ação é focada em abordagens relacionadas à saúde sexual e reprodutiva, gestação, parto e puerpério, prevenção de câncer de mama e de colo do útero, dentre outras, as quais contribuem para a melhoria das condições de saúde da mulher. 3 4 20AA OBJETIVO DA AULA Reconhecer a importância da consulta de enfermagem no fortalecimento do vínculo com a mulher e no desenvolvimento de práticas que favoreçam a integralidade; Caracterizar a consulta de enfermagem como um espaço de emancipação e fortalecimento da autonomia da mulher; Descrever aspectos da consulta de enfermagem que devem ser considerados na atuação do enfermeiro em saúde da mulher 4 5 20AA INTRODUÇÃO A consulta de enfermagem pelo enfermeiro, praticada desde a década de 1920, pode ser considerada uma precursora da consulta de Enfermagem, que só foi instituída em 1968, inicialmente dirigida prioritariamente ao grupo materno-infantil e posteriormente ampliada para todos os grupos. Sua regulamentação ocorreu por meio da lei nº 7498/86 e do decreto nº 94406/87 5 6 20AA A consulta de Enfermagem é uma estratégia eficaz para a detecção precoce de desvios de saúde e acompanhamento de medidas instituídas, as quais se dirigem ao bem-estar das pessoas. Viabiliza o trabalho do enfermeiro durante o atendimento ao paciente, facilitando a identificação de problemas e as decisões a serem tomadas. Para tanto, deve ser norteada pela Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), um método científico com aplicação específica, de modo que o cuidado de Enfermagem seja adequado, individualizado e efetivo 6 7 O Infográfico a seguir sintetiza o conteúdo que será abordado nesta aula 7 Veja de que forma ações bem implementadas na consulta de enfermagem podem refletir positivamente nos indicadores de qualidade em saúde. 8 Helena é enfermeira de uma Equipe de Saúde da Família de um município do Mato Grosso e está sempre muito preocupada com a atenção que é dada às mulheres em seu território. Essa preocupação reflete nos indicadores de qualidade do serviço, que são excelentes no que se refere à atenção à saúde da mulher. Estes indicadores são levados à reunião da Coordenação em que mais de 20 enfermeiras discutem os indicadores relacionados à saúde da mulher em suas unidades de saúde. 9 Questionada pela enfermeira do território vizinho, sobre o motivo de seus indicadores serem tão divergentes, estando elas atuando em locais com realidades semelhantes, Helena falou o seguinte: 10 11 12 13 14 15 16 17 Enfermeiro vai verificar que o acompanhamento pré-natal é a base para a detecção e a prevenção de riscos na gestação, devendo evoluir para o parto seguro, qualificado e humanizado. 18 Características individuais e condições sociodemográficas desfavoráveis Nessa classe de risco, o profissional deve estar atento às características individuais da mulher, considerando tanto os seus aspectos físicos como sociais (BRASIL, 2010). Confira, a seguir, algumas das características que devem ser consideradas 19 Idade: deve-se ter especial atenção com mulheres com idade superior a 35, inferior a 15 anos ou menarcas há menos de 2 anos. Altura: inferior a 1,45m. � Peso: inferior a 45kg e superior 75kg (IMC < 19 e IMC > 30). � Anormalidades: considerar anormalidades estruturais e anatômicas em órgãos reprodutivos. Características individuais e condições sociodemográficas desfavoráveis 20 Condições de vulnerabilidade social: deve-se considerar conflitos familiares, problemas conjugais, baixo nível escolar, abuso de drogas lícitas, como tabagismo e etilismo, ou drogas ilícitas, como maconha, cocaína, entre outras. Exposição a riscos ocupacionais: como esforço físico, carga horária, rotatividade de horário, exposição a agentes físicos, químicos e biológicos nocivos, estresse, entre outros. Características individuais e condições sociodemográficas desfavoráveis 21 História reprodutiva anterior Nesse grupo de risco, deve-se coletar todo o histórico obstétrico anterior da gestante, como histórico de abortamento, morte perinatal ou história de recém-nascido com malformação (BRASIL, 2010). 22 História reprodutiva anterior Deve-se coletar informações sobre o tipo de parto (se foi parto normal ou cesárea), a idade gestacional do parto (se foi prematuro, i.e., antes da 37ª semana de gestação, termo ou pós-termo), o intervalo de tempo entre um parto e outro, história de nuliparidade (i.e., nenhuma gestação anterior ou grande multiparidade), histórico de muitas gestações anteriormente, etc. 23 Além disso, é importante obter informações sobre condições ou morbidades apresentadas em gestações anteriores, como hipertensão arterial, diabetes gestacional e síndromes hemorrágicas. História reprodutiva anterior Condições clínicas preexistentes e complicações que podem surgir no decorrer da gestação Nesse grupo de risco, o profissional deve se atentar às patologias diagnosticadas antes da gestação que possam trazer riscos à saúde materno-fetal, tais como: hipertensão arterial; doenças cardiovasculares; doenças pulmonares; patologias do sistema renal; patologias do sistema endócrino (foco principal no diabetes e em problemas da glândula tireoide); hemopatias; doenças neurológicas, como epilepsia; doenças infectocontagiosas (nesse caso, deve-se considerar a situação epidemiológica local); doenças autoimunes; doenças ginecológicas; e cânceres (BRASIL, 2010). 25 Outros fatores de risco podem ocorrer durante a gestação, transformando- -a em uma gestação de alto risco. Confira, a seguir, esses fatores. Exposição a fatores teratogênicos: uso indevido de medicações ou contato acidental ou ocupacional com substâncias que possam comprometer o desenvolvimento do feto. � 26 Outros fatores de risco podem ocorrer durante a gestação, transformando- -a em uma gestação de alto risco. Confira, a seguir, esses fatores. Doença que acomete a evolução da gestação atual: problemas no crescimento do feto, volume do líquido amniótico reduzido ou amentado, gravidez prolongada, trabalho de parto prematuro, diabetes gestacional, crise hipertensiva na gestação, óbito fetal, cardiopatias e problemas endócrinos. Encaminhamento ao pré-natal de alto risco Encaminhamento ao pré-natal de alto risco Alguns fatores de risco são preditivos de encaminhamento da gestante ao pré-natal de alto risco (BRASIL, 2012). Aproximadamente 10% das gestações apresentam fatores de risco que podem cursar com a probabilidade de intercorrências de óbito materno. � Doenças cardíacas. Doenças do sistema respiratório, como asma brônquica. � Doenças do sistema renal, como insuficiência renal crônica e em casos de transplante renal. � Problemas endócrinos, como diabetes melito, hipotireoidismo e hipertireoidismo. Encaminhamento ao pré-natal de alto risco Confira, a seguir, alguns fatores relacionados com as condições prévias. � � Anemia com avaliação da contagem de hemoglobina abaixo de 8mg/dl. � � Trabalho de parto prematuro em gestantes com menos de 36 ou mais de 41 semanas de idade gestacional. � � Redução do crescimento uterino, o que pode indicar oligodrâmnio, isto é, a redução do líquido amniótico. � Cefaleia intensa e súbita, sinais neurológicos, crise aguda de asma e outros problemas clínicos que precisem de internação hospitalar. Já os fatores de risco que indicam que a gestante deve ser encaminhada ao serviço de urgência obstétrica são apresentados a seguir. � Síndromes hemorrágicas. � Suspeita de pré-eclâmpsia com pressão arterial superior a 140/90, o que pode ser um sinalde alerta se associada à proteinúria. � Rompimento prematuro da bolsa amniótica em pequena ou grande quantidade de maneira contínua. Já os fatores de risco que indicam que a gestante deve ser encaminhada ao serviço de urgência obstétrica são apresentados a seguir. Importância da consulta de enfermagem no pré-natal As consultas de pré-natal devem ser iniciadas assim que a gestação for confirmada, com seguimento em todas as suas fases. A gestação pode ser dividida em trimestres e/ou semanas gestacionais, conforme a seguir. Importância da consulta de enfermagem no pré-natal � Primeiro trimestre: compreende os três primeiros meses de gestação e engloba da 1ª até a 13ª semana de gestação. � � Segundo trimestre: compreende do quarto até o sexto mês de gestação e engloba da 14ª até a 26ª semana de gestação. � Terceiro trimestre: compreende do sétimo até o nono mês da gestação e engloba da 27ª semana até o parto. Nessa fase, a gravidez geralmente é confirmada, de modo que o feto está em franco desenvolvimento. Sendo assim, faz-se essencial o início precoce do pré-natal. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as gestantes devem realizar um número igual ou superior a seis consultas, porém a qualidade e o conteúdo das consultas são mais importantes do que seu número (BRASIL, 2012) Os cuidados no primeiro trimestre são cruciais, pois esse período serve como indicador da qualidade materno-fetal. O cronograma de consultas de pré-natal deve seguir as fases da gestação: Mensais: do diagnóstico da gestação até a 28ª semana. 2. Quinzenais: entre a 28ª e a 36ª semanas. 3. Semanais: durante o termo, ou seja, da 37ª semana até o nascimento. Se o parto não ocorrer até a 41ª semana, faz-se necessário encaminhar a gestante para a avaliação da vitalidade fetal, incluindo avaliação do líquido amniótico e monitoramento cardíaco fetal. As consultas poderão ser intercaladas entre o médico e o enfermeiro, pois, segundo o Ministério da Saúde, o enfermeiro está habilitado a conduzir o pré-natal de risco habitual O Ministério da Saúde padronizou a consulta de enfermagem de pré-natal na atenção básica, o que é assegurado pela Lei do Exercício Profissional e pelo Decreto nº 94.406/87. Nesse contexto, o enfermeiro está habilitado a realizar o acompanhamento integral da gestante no pré-natal de risco habitual. A consulta de pré-natal do enfermeiro é composta por anamnese, exame físico geral, exames físico ginecológico e obstétrico, além de orientações e condutas, como prescrição de medicamentos, encaminhamentos a outros profissionais (p. ex., dentista), solicitação de exames gestacionais e verificação da condição de imunização (BRASIL, 2012). ATIVIDADE... 01- Há uma semana, na USF Chácara das Águas, uma mulher de 28 anos compareceu para retirar os medicamentos do seu pai na farmácia da unidade. Conversando com a farmacêutica, comentou que estava se sentindo enjoada e com dor "no pé da barriga" há dias, mas que não sabia o que poderia ser. A profissional, prontamente, entendeu que essa mulher precisava de uma atenção especial e que alguém acolhesse a sua necessidade. Acompanhou-a ao acolhimento, para que a enfermeira iniciasse o atendimento. A escuta qualificada da enfermeira, juntamente com a farmacêutica, permitiu que se compreendesse melhor a situação dessa mulher: A partir dessa situação, identifique as necessidades de intervenção, sejam elas referentes à saúde da mulher ou que necessite de mais setores envolvidos e proponha intervenções para estas necessidades, a partir dos eixos estratégicos da PNAISM e demais protocolos. ATIVIDADE... 02- Imagine que você acabou de ser contratado(a) como enfermeiro(a) para atuar na Atenção Primária à Saúde. Como você ainda não conhece a comunidade, a equipe que já atua na Unidade Básica de Saúde (UBS) convidou a população feminina do território a comparecer a um evento de boas-vindas, pois há muito tempo não tinham consulta de enfermagem na UBS. O evento reuniu mais de 200 mulheres, de todas as faixas etárias, as quais estavam ansiosas para conhecer o(a) enfermeiro(a) e saber que tipo de atendimento receberiam deste(a). ATIVIDADE... Considerando a situação apresentada, elenque três abordagens de enfermagem na atenção à saúde da mulher, as quais poderiam ser apresentadas à população feminina deste cenário, explicando o que pode ser feito na consulta de enfermagem em cada abordagem. image5.jpg image2.jpg image6.jpeg image7.jpeg image3.jpg image4.jpg image8.png image9.png image10.png image11.png image12.png image13.png image14.png image15.jpeg image1.jpg image16.jpeg image17.jpeg