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Incentivos Fiscais e Planejamento Tributário


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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Programa de Graduação em Ciências Contábeis
Adriely Thaynara Nascimento Santos
Ana Clara Menezes Ferreira
Karina Oliveira De Jesus
Lívia Lemos Ramos 
Ludmila Aparecida Da Silva Santos
Raquel Anny Da Costa
INCENTIVOS FISCAIS DE DEDUÇÃO DO IRPJ
Atividade 03 - Casos práticos de planejamento tributário
Belo Horizonte
2024
INTRODUÇÃO
Incentivos ou estímulos fiscais são todas normas jurídicas ditadas com finalidades extrafiscais de promoção do desenvolvimento econômico e social que excluem total ou parcialmente o crédito tributário. Portanto, os incentivos fiscais têm por objetivo auxiliar as empresas a permanecerem ativas e competitivas no mercado. Essa contribuição pode ocorrer através da redução da carga tributária de determinado imposto ou até mesmo a sua isenção. Este trabalho propõe-se a explorar os efeitos na apuração e cálculo do IR e CSLL no Lucro Real com os incentivos fiscais.
Durante este estudo, será analisado, calculado e demonstrado um conjunto diversificado de incentivos, abrangendo diferente setores como economia, cultura, ciência, tecnologia e esporte. Cada incentivo será avaliado com o intuito de identificar quais incentivos apresentam maior dedução no IRPJ e sua apuração no Lucro Real.
Mediante a análise detalhada desses casos práticos, busca-se não apenas compreender os incentivos fiscais em diferentes contextos, mas também extrair lições valiosas e boas práticas que possam orientar empresas e profissionais na elaboração de suas próprias estratégias fiscais. Ademais, esse estudo contribui para a disseminação do conhecimento sobre o tema, promovendo uma maior conscientização sobre a importância dos incentivos fiscais como forma de planejamento e instrumento de gestão empresarial e financeira.
2 Desenvolvimento
2.1 Incentivos fiscais
Os tributos são instituídos para serem arrecadados, conforme estabelece o art. 145/CF o poder de tributar. Este poder integra a atividade financeira do estado. Isto porque, o estado deve, através de políticas públicas, atender às necessidades públicas, definidas politicamente.
Entretanto, para atingir outros fins de interesse da sociedade através do legislativo, o Estado pode renunciar a parte da arrecadação deles, a fim de incentivar determinadas atividades (ex. cultura, criança e adolescente, programas especiais: alimentação do trabalhador, desenvolvimento tecnológico industrial ou agrícola etc.) ou desenvolvimento de determinadas regiões, é o que chamamos de incentivos fiscais. 
Incentivos fiscais são políticas governamentais que visam estimular determinados comportamentos ou atividades econômicas por meio de benefícios tributários. Esses benefícios podem incluir isenções fiscais, reduções de alíquotas de impostos, créditos tributários, entre outros.
Os incentivos fiscais, segundo José Souto Maior Borges representam uma concretização da intervenção do Estado na economia, devendo ser compreendidos como norma jurídica de direção econômica a serviço do desenvolvimento de interesse, ora econômico, ora social, do ente federativo que os institui.
Os incentivos fiscais podem ser direcionados para diferentes áreas, como investimentos em pesquisa e desenvolvimento, desenvolvimento regional, preservação ambiental, cultura, educação, entre outros setores considerados estratégicos para o desenvolvimento econômico e social.
Por exemplo, um governo pode oferecer incentivos fiscais para empresas que investem em tecnologias limpas, com o objetivo de promover a sustentabilidade ambiental. Ou então, pode conceder benefícios fiscais para empresas que se instalam em regiões menos desenvolvidas, como forma de promover o desenvolvimento regional.
Essas medidas podem ser importantes para atrair investimentos, estimular o crescimento econômico e criar empregos, mas é essencial que sejam cuidadosamente planejadas e monitoradas para garantir que alcancem seus objetivos sem comprometer a arrecadação tributária ou gerar distorções no mercado.
2.2 Programa de alimentação do trabalhador 
O Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) é uma iniciativa do governo brasileiro que visa melhorar as condições nutricionais dos trabalhadores, principalmente os de baixa renda. Foi criado em abril de 1976, pela Lei nº 6.321, e é regulamentado pelo Ministério da Economia.
O PAT funciona por meio de parcerias entre empresas e o governo, onde as empresas participantes fornecem alimentação aos seus funcionários de forma subsidiada, com descontos tributários proporcionados pelo governo. Em troca, essas empresas recebem benefícios fiscais, como isenção ou redução de impostos.
O Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) é um plano instituído pela Lei nº 6.321/1976 que incentiva as empresas a fornecerem valores destinados à alimentação dos trabalhadores, com a vantagem de dedução de até 4% em seu imposto de renda, onde seu principal objetivo é melhorar efetivamente as condições nutricionais do empregado e a sua capacidade física, motivando-o, conferindo a ele maior resistência à fadiga e às doenças e diminuindo os acidentes de trabalho. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) no mês de novembro de 2019 o PAT beneficiou 21.386.307 de trabalhadores, sendo destes 18.306.779 trabalhadores que recebem até 5 salários-mínimos, dentro de 266.169 empresas beneficiárias (DUARTE et al., 2015).
O programa tem como principais objetivos:
· Melhorar a qualidade da alimentação dos trabalhadores, proporcionando refeições balanceadas e nutritivas.
· Contribuir para a promoção da saúde e qualidade de vida dos trabalhadores.
· Estimular a formalização do emprego e o combate à informalidade.
As empresas participantes do PAT devem seguir algumas diretrizes estabelecidas pelo governo, como oferecer refeições de qualidade nutricional adequada, respeitar os horários de refeição dos trabalhadores, entre outras. Além disso, devem se cadastrar no programa e aderir às normas estabelecidas pelo Ministério da Economia.
Para os trabalhadores, o PAT representa uma oportunidade de acesso a refeições de qualidade a preços acessíveis, contribuindo para sua saúde e bem-estar. Já para as empresas, representa uma forma de cumprir com suas responsabilidades sociais e ainda obter benefícios fiscais.
2.3 Incentivos a atividades Culturais e Artísticas
Os incentivos a atividades culturais e artísticas são políticas governamentais que visam promover e fomentar o desenvolvimento cultural e artístico de uma sociedade. Esses incentivos podem ser realizados por meio de diferentes mecanismos, tais como, pelas Leis de Incentivo Fiscal, ditais e concursos públicos, subsídios diretos e espaços Culturais e Infraestrutura, pois investimentos em espaços culturais, como teatros, museus, bibliotecas e centros culturais, também são formas de incentivar as atividades culturais e artísticas, oferecendo infraestrutura adequada para a produção e fruição cultural.
O Instituto do Patrimônio Histórico e artístico Nacional define o incentivo a projetos culturais baseia-se na renúncia fiscal e possibilita às empresas tributadas com base no lucro real a descontar até 4% do imposto devido e aos cidadãos contribuintes aplicarem, a título de doações ou patrocínios, uma parte do imposto de renda devido em projetos aprovados pelo Ministério da Cultura
Esses incentivos são importantes não apenas para estimular a produção cultural e artística, mas também para fortalecer a identidade cultural de uma sociedade, promover a diversidade cultural, gerar empregos na área criativa e turismo cultural, além de contribuir para o desenvolvimento econômico e social de uma região.
2.4 Incentivos a atividades audiovisuais
Os incentivos a atividades audiovisuais são políticas governamentais que visam promover e fomentar a produção, distribuição e exibição de conteúdo audiovisual, como filmes, séries, documentários, programas de TV, entre outros. Esses incentivos são importantes para o desenvolvimento da indústria audiovisual, tanto em termos econômicos quanto culturais. 
As políticas de fomento ao audiovisual,tendo como base o modelo de incentivos fiscais, apesar de terem sido criadas anteriormente, se consolidaram durante os governos do presidente Fernando Henrique Cardoso. Nesse modelo de incentivo, pessoas físicas ou jurídicas aportam capital em um determinado projeto, sendo o valor então abatido total ou parcialmente do imposto de renda devido. O Estado age nesse modo de incentivo de forma indireta, estimulando a ação de terceiros (IKEDA, 2013, p. 12 – 13).
Esses incentivos são fundamentais para impulsionar a produção audiovisual, garantir a diversidade cultural, preservar a identidade nacional e promover a criação de empregos no setor. Além disso, contribuem para a formação de uma indústria audiovisual sólida e competitiva, capaz de atender às demandas do mercado nacional e internacional.
2.5 Incentivo a Atividades Esportivas e Paradesportivas
Os incentivos a atividades esportivas e paradesportivas são políticos governamentais destinadas a promover e fomentar a prática de esportes e atividades físicas, tanto para a população em geral quanto para pessoas com deficiência. Esses incentivos são importantes para promover a saúde, o bem-estar e a inclusão social, além de estimular o desenvolvimento de talentos esportivos e o alto rendimento
A Lei de Incentivo ao Esporte é uma forma de, como o próprio nome diz, incentivar o esporte Brasileiro. Tem como objetivo estimular a participação da sociedade dentro do universo do esporte, em um trabalho que seja benéfico para ambos: sociedade e governo, estabelecendo benefícios fiscais para pessoas físicas ou jurídicas que estimulem o desenvolvimento do esporte nacional, por meio de patrocínio ou doação. Políticas públicas locais, como a LIE (Lei de Incentivo ao Esporte) podem ser importantes no processo de detecção de atletas e sua formação sendo umas das oportunidades de atletas iniciantes na caminhada do esporte (TURNNIDGE et al., 2012)
Esses incentivos são fundamentais para promover a inclusão social, combater o sedentarismo, prevenir doenças relacionadas ao estilo de vida e desenvolver o potencial esportivo de uma nação. Além disso, contribuem para a formação de uma cultura esportiva sólida e para a construção de uma sociedade mais saudável e participativa.
2.6 Doações aos Fundos para a Infância e Adolescência (FIA)
As doações aos Fundos para a Infância e Adolescência (FIA) representam uma forma de incentivar a promoção e proteção dos direitos de crianças e adolescentes. Esses fundos são uma criação legal e existem em diversos países, sendo regulamentados pelas respectivas legislações nacionais.
O FIA é oriundo de doações de pessoas físicas e jurídicas e seu objetivo é financiar projetos que atendam crianças e adolescentes em situação de risco pessoal e social através de programas sociais. Assim sendo, o recurso deve ser aplicado em projetos de proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente em situação de risco ou vulnerabilidade, na proteção contra violência (maus-tratos, abuso, exploração sexual e/ou moral), em projetos de combate ao trabalho infantil, à profissionalização de adolescentes, além de orientação, apoio sócio-familiar e medidas sócio-educativas (FIA-Itajaí, 2009).
No Brasil, por exemplo, o FIA foi instituído pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e é um mecanismo destinado a captar recursos para financiar projetos e programas voltados para a garantia dos direitos de crianças e adolescentes. As doações para o FIA podem ser realizadas por pessoas físicas ou jurídicas e são incentivadas por meio de dedução fiscal. Pessoas jurídicas, tributadas pelo lucro real, podem destinar até 1% do I.R. devido e pessoas físicas podem destinar até 6% do I.R. devido.
Essas doações são importantes para fortalecer políticas públicas e iniciativas sociais voltadas para crianças e adolescentes, contribuindo para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa, igualitária e inclusiva. Além disso, representam uma forma efetiva de engajamento cívico e responsabilidade social por parte dos doadores.
REFERENCIAS
BORGES, José Souto Maior. Teoria geral da isenção tributária. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 2007.
DUARTE, M.S.L.; CONCEIÇÃO, L.L.; CASTRO, L.C.V.; SOUZA, E.C.G. Qualidade do almoço de trabalhadores segundo o Programa de Alimentação dos Trabalhadores e o Índice de Qualidade da Refeição. Segurança Alimentar e Nutricional, 22(1), 654. 2015. Disponível em: https://doi.org/10.20396/san.v22i1.8641602
IKEDA, Marcelo. Leis de Incentivo Para o Audiovisual: Como Captar Recursos para o Projeto de uma Obra de Cinema e Vídeo. Rio de Janeiro: WSET Multimídia, 2013.
IPHAN. Programa nacional de Apoio a Cultura. Disponível em http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/622#:~:text=O%20incentivo%20a%20projetos%20culturais,aprovados%20pelo%20Minist%C3%A9rio%20da%20Cultura Acesso em 01, maio, 2024.
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