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1ºAula Comunicação e linguagem Prezados (as) alunos (as), Em nossa primeira Aula, iremos retomar uma reflexão acerca da comunicação e da linguagem, temas de grande relevância, com os quais certamente já teve contanto durante sua trajetória escolar, buscando reconhecer a importância de cada uma delas em nosso cotidiano, seja pessoal ou profissional. Para que sua aprendizagem seja satisfatória/excelente, sugerimos que leia sempre a página inicial de cada Aula, bem como seus objetivos para programar e organizar seus estudos. Lembre-se ainda de que a Linguagem é uma área na qual você precisará fazer da pesquisa uma companheira constante em sua caminhada. Ah, você é o protagonista de sua aprendizagem! Portanto, contamos com a sua participação ativa! Bons estudos! objetivos de aprendizagem Ao final desta aula, você será capaz de: • refletir, analiticamente, sobre a linguagem como um fenômeno psicológico, educacional, social, histórico, cultural, político e, sobretudo, ideológico; • desenvolver e manter uma visão teórico-aplicada sobre algumas das principais teorias adotadas nas investigações e nos usos da linguística em textos conversacionais; • perceber a língua como o maior instrumento da prática social (níveis de linguagem) e como a forma mais elaborada das manifestações culturais e/ou abordagem intercultural. 8Português Instrumental 1 - Breve Reflexão sobre Comunicação. 2 - Processo de Comunicação: um Panorama Teórico. 3 - Linguagem, Sociedade e Interação Humana. Seções de estudo 2 - Processo de comunicação: um panorama teórico 1 – Breve reflexão sobre comunicação Saber Mais Nesta aula, trataremos sobre linguagem, língua e fala. Para saber mais sobre esses e outros elementos da comunicação, sugerimos que acesse bases confiáveis, tais como Scielo, Google Acadêmico, dentre outras e utilize termos como “teoria da comunicação”, “elementos da comunicação”, “linguagem, língua e fala” como palavras-chave para realização de suas pesquisas! Sua aprendizagem não tem fronteiras! Pesquise! Durante os estudos desta Aula, sugerimos que deixe em local de fácil acesso um caderno ou utilize editores de textos (como o Word ou o Bloco de notas, por exemplo) para anotar observações, reflexões e conceitos-chave sobre os conteúdos aqui disponibilizados. Dentre suas anotações, é importante que faça mapas mentais ou esquemas que o ajudem a retomar os conteúdos em outros momentos. Com isso, conseguirá entender melhor o contexto geral sobre comunicação e linguagem. Bons estudos! Antes de iniciar o estudo efetivo de nossa aula, com vistas a ampliar nossos conhecimentos sobre comunicação e linguagem, é importante que reflita sobre a seguinte afirmação baseada nas ideias de Cagliari (1990). Desde que nascemos, estamos imersos de alguma forma nos mundos da linguagem, da fala e da língua. Crescemos dentro da nossa família ouvindo - na maioria das vezes - nossos pais falarem conosco observando gestos e sinais, então as palavras, a linguagem, o nome das coisas existentes no mundo começam a ser importantes. Reconhecendo esta imersão, perguntamos: mas como a comunicação, que envolve todos os elementos da comunicação citados por Cagliari (1990), vem fazendo parte da vida das sociedades ao longo da história? Qual a importância da comunicação em nossas vidas? Seguindo com a reflexão sobre a comunicação, em seus estudos de Mcluhan menciona que: A linguagem e o diálogo já tomaram a forma de interação entre todas as zonas do mundo. (...) O computador suprime o passado humano, convertendo-o por inteiro em presente. Faz com que seja natural e necessário um diálogo entre culturas, mas prescindindo por completo do discurso (...). A palavra individual, como depósito de informação e sentimento, já está cedendo à gesticulação macrocósmica (McLuhan, Fiore e Agel, apud MARTINS, 1999, p.1). Responder a estes questionamentos é algo que tentaremos durante o estudo de nossa disciplina (como um todo) e seguindo para nossa vida. Contudo, podemos iniciar uma reflexão, analisando a seguinte imagem: FOnTE: BLOg unirP. a evolução da comunicação. Disponível em: http://unirp. blogspot.com.br/2010/09/evolucao-e-comunicacao_22.html. acesso em: 3 maio 2014. Figura 1.1 A evolução da comunicação. McLuhan afirma que “os cidadãos do futuro terão muito menos necessidade que hoje de ter formação e pontos de vista semelhantes. Pelo contrário, serão recompensados por sua diversidade e originalidade” (1994, p. 294), ou seja, as tarefas a serem executadas não serão mecanizadas e repetitivas, mas passaram a ser com personalidade e criatividade. Parece que estamos com muitos questionamentos, não é? Mas tenhamos calma, pois, na seção a seguir, encontraremos reflexões que nos levarão às respostas. Vergílio Ferreira (apud MARQUES, s/d, p.7), um célebre escritor português, ao realizar o discurso de agradecimento por receber o prêmio ‘Europália’, fez a seguinte afirmação: “uma língua é o lugar donde se vê o Mundo e em que se traçam os limites do nosso pensar e sentir”. Note que nas palavras de Ferreira (s/d), percebe-se a importância dada à língua como instrumento de manifestação individual e social, bem como marca do reconhecimento de um povo. Isto porque, é com a língua e com a conquista das letras que nós, seres humanos, podemos significar nosso meio, representá-lo, assim como representar nossas emoções, sensações e nossos sentimentos. Dubois (1973) corrobora com este pensamento ao entender que o revelar das letras foi uma importante descoberta feita pelo homem, somente podendo ser comparada, em importância, à descoberta do fogo. Ambas concederam a nós, mesmo que por caminhos diferentes, a possibilidade da sobrevivência, do conhecimento e da conquista da Terra. Vale lembrar que, o homem começou a enviar suas tentativas comunicacionais (mensagens) por meio da linguagem não verbal, inicialmente nas rochas, utilizando instrumentos que pudessem riscar e deixar gravadas suas mensagens. Depois, surgiram os ideogramas (desenhos que representavam ideias) e, mais tarde, o alfabeto. 9 Você Sabia? O primeiro alfabeto era bem reduzido... Ele era composto por 24 sinais consonantais que, apesar de não terem evoluído para um sistema totalmente alfabético, já marcavam de forma proficiente o início do sistema de escrita (BINDI, 2014). Na próxima seção, convidamos você a continuar os estudos sobre linguagem. Contudo, vamos aprofundar nossa reflexão tratando sobre seu papel na sociedade e nas interações humanas! 3 - linguagem, sociedade e interação humana Pretti (1987, p.12) também discorre sobre a importância da língua ao afirmar que: Sons, gestos, imagens, diversos e imprevistos cercam a vida do homem moderno, compondo mensagens de toda ordem [...] transmitidas pelos mais diferentes canais, como a televisão, o cinema, a imprensa, o rádio, o telefone, o telégrafo, a internet, os cartazes de propaganda, os desenhos, a música e tantos outros. Em todos, a língua desempenha um papel preponderante, seja em sua forma oral, seja através de seu código substitutivo, escrito. E, através dela, o contato com o mundo que nos cerca é permanentemente atualizado. Vemos, então, que a linguagem, constitutivamente, possibilita a comunicação, sendo, portanto, de vital importância para a convivência social humana. Apesar de ter toda essa força no campo da comunicação social, a linguagem também é relevante no campo do “individual”, pois ao fazer uso dela, o homem busca integrar-se com seus pares a partir das “leituras” que faz individual e coletivamente, assim como do mundo que o cerca ao expressar o “seu” pensamento. Como afirma Abreu (s/d, p.7): O trabalho do futuro dependerá, pois, do relacionamento. Mesmo os profissionais liberais dependem dele. O médico ou o dentista de sucesso não é necessariamente aquele que entrou em primeiro lugar no vestibular e fez um curso tecnicamente perfeito. É aquele que é capaz de se relacionar de maneirapositiva com seus clientes, de conquistar sua confiança e amizade. Vale lembrar que o pensamento individual do homem ocorre em determinado meio social, portanto, para dizer de si, antes é preciso ir ao outro, porque nós somente somos seres individuais, porque temos o outro para auxiliar-nos na formação identitária do nosso “eu”. Em outras palavras, sempre que eu me expresso estou, de certa forma, revelando resquícios de outros. Observe que até agora tratamos sobre a linguagem humana, levando em conta que ela tem materialidade, tanto na forma de palavras (faladas ou escritas), quanto na forma da realização não verbal (gestos, sinais, símbolos, charges, cartuns, entre outras formas de representação), a qual possibilita ao homem o poder comunicativo. Outra questão a ser considerada é o fato de que a linguagem humana se destaca grandemente sob dois aspectos, a saber: • O social: marcado pela língua, isto é, sistema de linguagem que compreende um sistema de fonemas (de formas/de frases) além do sistema semântico (o significado). • O individual: marcado pelo discurso que surge a partir do momento em que começamos a falar ou a escrever. Assim, ambos vão deixar com que o conjunto entre a linguagem e o discurso se harmonize como um todo coerente para que possam obter a comunicação. A comunicação busca, de forma linear, formal e objetiva, transmitir ao seu ouvinte uma mensagem significativa. Segundo Gold (2010, p.3) existem estratégias que estão sendo utilizadas no mundo inteiro, a fim da informação ser transmitida de maneira mais objetiva. Dessa forma, para o andamento do trabalho e prezando a qualidade aos clientes, é de suma importância apresentar todos os procedimentos desenvolvidos no dia a dia com clareza e sem obter uma duplicidade de sentidos. Assim, a articulação desse trabalho possa ser mais bem aplicada, sem haver reformulações dos fatos e suas ações. Na seção 3, você terá a oportunidade de refletir sobre a linguagem, a sociedade e a interação humana, a partir do estudo de trechos de um artigo! Você poderá notar que, além do pensamento dos autores, inserimos intervenções explicativas, reflexões e ponderações com o intento de contribuir para o exercício da habilidade crítica de reflexão e de organizar e direcionar o conhecimento construído, a fim de alcançarmos os objetivos propostos nesta disciplina. Atenção O texto a seguir trata sobre uma questão importante para todos; especialmente para vocês que trabalharão constantemente com a língua da/na sociedade. Portanto, sugerimos que leiam com atenção e dediquem-se em entendê-lo! Lembre-se de que, em caso de dúvidas, comentários ou sugestões, você conta com o apoio de seus colegas de curso e de seu professor pelo ambiente virtual e nas aulas presenciais! O texto de Octavio Ianni (1999), descrito a seguir, intitulado “Língua e Sociedade” trata-se de uma introdução bem detalhada sobre as pesquisas que envolvem o tema da linguagem, desde o Renascimento até nossos dias. Nele, o autor discorre sobre a língua como produto social e, ao mesmo tempo, condição de sociabilidade de interação humana. De maneira crítica/reflexiva vamos refletir sobre os “mistérios” que envolvem a palavra e, por meio de fragmentos (pedaços) de textos narrativos, vamos entender o valor que ela tem nos indicando as “metamorfoses” da língua. Ao trazer exemplos de textos renomados na história, Ianni (1999) faz-nos pensar, com maior sistematicidade, acerca 10Português Instrumental da linguagem no tempo atual, pontuando a importância, para o homem moderno, de ter acesso a textos que contemplem o romantismo, que trabalhem laboriosamente o sentido da língua. Ademais, o autor reitera a importância da linguagem não verbal para a comunicação, apresenta a imagem como uma linguagem importante e circunscreve a língua como “concepção de mundo, como expressão de uma concepção do mundo” (IANNI, 1999). Você se lembra da linguagem não verbal? Tente pensar em exemplos deste tipo de linguagem... Lembrou? Caso tenha dificuldade, sugerimos que pesquise sobre este tema no site de busca de sua preferência. Com os conhecimentos que está adquirindo, cada vez mais você se torna capaz de superar o senso comum sobre as informações disponibilizadas nos diferentes meios de comunicação e utilizá-las como fontes de pesquisa, sempre que considerar que se tratam de conhecimentos úteis! Antes de iniciarmos efetivamente o texto, é importante salientar que, agora, no nível acadêmico, é fundamental que se envolvam na leitura de textos densos e que exijam reflexões mais profundas sobre os temas estudados. Eis aqui uma oportunidade! Durante a leitura do artigo, procure anotar reflexões pessoais, dúvidas e comentários sobre os conhecimentos construídos. Com isso, ficará mais fácil e certamente você terá maior êxito na realização das atividades referentes a esta aula. Saber Mais Amplie seus conhecimentos sobre língua e sociedade! Para tanto, leia o artigo referenciado a seguir: SOARES, Magda de. Língua escrita, sociedade e cultura: relações, dimensões e perspectivas. Disponível em: http://www.anped.org.br/rbe/rbedigital/RBDE0/RBDE0_03_MAGD A _BECKER_SOARES.pdf. Acesso em: 3 maio 2014. Língua e Sociedade Octavio Ianni A história do mundo moderno tem sido também uma história de teorias e pesquisas sobre a linguagem. Desde o Renascimento passando por Port-Royal, a Enciclopédia, a Ilustração, o Romantismo e o “giro linguístico”, têm sido notáveis as realizações dos estudos sobre linguagem. Os desenvolvimentos das literaturas nacionais e mundiais, os intercâmbios de línguas e culturas, os processos de aculturação e transculturação, o nascimento e a expansão da cultura de massa e da indústria cultural, a criação e a difusão de tecnologias eletrônicas, informáticas e cibernéticas, tudo isso tem propiciado o surgimento de disciplinas e teorias, tanto quanto de hipóteses e controvérsias, sobre os mais diversos aspectos da linguagem. São muitos os momentos da história dos tempos modernos envolvendo desafios ou conquistas fundamentais sobre as implicações da linguagem na organização, dinâmica, crise ou transformação da sociedade, em âmbito nacional, internacional ou mundial. Algumas expressões tornam-se emblemáticas e aparecem como momentos marcantes da dinâmica das sociedades e dos dilemas do pensamento. Estas são algumas: Novo Mundo, Ocidente, Oriente, África, Mercantilismo, Globalismo, Nacionalismo, Tribalismo, Trabalho Escravo, Trabalho Livre, Escravo e Senhor, Alienação e Revolução. E estas podem ser outras: Palavras, palavras, palavras. Penso, logo existo. Imperativo categórico. Quando as sombras da noite começam a cair é que levanta vôo o pássaro de Minerva. Tudo que é sólido desmancha no ar. Sobre as ponderações do autor, reiteramos que a linguagem é social, uma vez que, por meio dela interagimos com o mundo; disso, decorre a sua importância e a do seu ensino para as novas gerações, como ele mesmo afirma: No curso do século XX, outra vez acentuam- se e generalizam-se as preocupações com a linguagem, envolvendo novos problemas; além dos anteriores, recolocados em novos termos. Em uma fórmula mais ou menos sacramentada, esse é o século em que se dá o “giro linguístico”, tal a importância e a influência dos problemas de linguagem, com os quais se defrontam a filosofia, a literatura e as ciências sociais. O autor ainda chama a atenção para as dimensões histórico-sociais e civilizatórias da sociedade: Quando se multiplicam as controvérsias, povoadas não só de interrogações, mas também de perspectivas inesperadas e inovadoras, muitos são levados a debruçar- se sobre as implicações histórico-sociais e civilizatórias da linguagem. Trata-se de refletir sobre os segredos da língua e dialeto, signo, símbolo e emblema, metáfora e conceito, texto e contexto, mímesis, narrativa e metanarrativa, tradução e transculturação, língua nacional e língua global.Outra vez, recoloca-se o desafio de refletir sobre as condições e as possibilidades do contraponto linguagem e sociedade. Nesse sentido, a língua é entendida como produto e condição da vida social: Em todas as configurações histórico- sociais de vida, trabalho e cultura, a língua revela-se produto e condição das formas de sociabilidade e dos jogos das forças sociais. Tanto no nacionalismo e tribalismo, como no mercantilismo, colonialismo, imperialismo e globalismo, os signos e os significados, as figuras e as figurações da linguagem revelam- se constitutivas da realidade, das condições e possibilidades socioculturais e político- econômicas de indivíduos e coletividades. 11 Para Refletir sobre o que é uma palavra, vejamos um trecho do poema Procura da poesia de Carlos Drummond de andrade: Penetra surdamente no reino das palavras. Lá estão os poemas que esperam ser escritos. Estão paralisados, mas não há desespero, há calma e frescura na superfície intata. Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário. Convive com teus poemas, antes de escrevê-los. Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam. Espera que cada um se realize e consuma com seu poder de palavra e seu poder de silêncio. (...) Chega mais perto e contempla as palavras. Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra e te pergunta, sem interesse pela resposta pobre ou terrível, que lhe deres: Trouxeste a chave? Repara: ermas de melodia e conceito, elas se refugiaram na noite, as palavras (ANDRADE, 1973, p. 196-198). E a língua que se constitui como patamar da história, o sistema de signos por meio do qual se pronunciam o presente, o passado e o futuro, a história e a geografia, as tradições e as premonições, os santos e os heróis, as façanhas e as derrotas, os monumentos e as ruínas. Note que o autor entende a cultura como o universo em que a língua se constitui ao passo em que a língua entra decisivamente na constituição da cultura. Ademais, cabe lembrar que o que distingue o ser humano é que ele pensa, mentaliza, fabula ou mitifica a sua atividade, real e imaginária, presente, passada e futura. A sua atividade social, em âmbito individual e coletivo, está sempre expressa em signos, símbolos e emblemas, compreendendo narrativas orais, escritas, pensadas e imaginadas. Portanto, o pensamento é ele também produto e condição da linguagem, assim como das outras formas culturais. Também se constitui no mesmo curso da práxis social, quando as atividades se objetivam, cristalizam, tensionam ou explodem em criações culturais. A língua é uma dessas explosões, sem a qual o mundo se revela carente de nome, conceito, inteligência, explicação, fantasia e mito. Isso nos leva a concluir que a linguagem possibilita a todos nós, indiscriminadamente, sermos seres históricos! Outra questão tratada pelo autor refere-se aos silêncios, sobre isso ele afirma que: No mundo há muitos silêncios. [...] O silêncio da solidão, do medo, da dor, da raiva, da tristeza, da melancolia. Os silêncios que existem podem ser infinitos, como os silêncios extremos de quem está fechado em si mesmo e o silêncio do amor. [...] Sim, a própria palavra está em silêncio, antes de transfigurar-se em pensamento ou imaginação, sentimento ou ação, entendimento ou compreensão, utopia ou nostalgia. E como se estivesse erma de forma e movimento, som e sentido. Aguarda, em silêncio, o esclarecimento, a revelação, o deslumbramento. Sobre a palavra, o autor ainda afirma que: O mistério da palavra, assim como da narrativa, esconde-se tanto no autor como no leitor, da mesma forma que no texto e no contexto. Suspensas no ar, vistas em si, a palavra e a narrativa resultam abstratas. Permitem muitos jogos de linguagens, podem ser colocadas em diferentes arranjos, desdobram-se em signos, ou ícones, índices e símbolos, como em um caleidoscópio sem fim. Há um momento, no entanto, em que se revelam vazias, ermas de som e sentido. Sejam quais forem as palavras, metáforas e conceitos, ou figuras e figurações, em narrativas literárias, científicas e filosóficas, o seu mistério sempre carece de alguma referência. Todas as narrativas, com as suas figuras e figurações, ressoam alguma forma de vivência, que pode ser presente, passada ou futura, individual ou coletiva, real ou imaginária. São sempre partes constitutivas do pensamento e da realidade, dos sentimentos e das fantasias. O mistério e o milagre da narrativa sempre levam consigo algo ou muito da experiência, próxima ou remota, real ou imaginária, própria ou vicária. No limite, é na experiência que se escondem algumas das possibilidades do pensamento e do sentimento, da compreensão e da explicação, da intuição e da fabulação, que se transfiguram, exorcizam, sublimam, clarificam ou enlouquecem em palavras e narrativas. Para sedimentar sua aprendizagem, sugerimos que procure refletir e anote suas intepretações sobre o poema! Ao tratar sobre a palavra e seus desdobramentos, somos levados a reconhecer algumas metamorfoses da língua, lembrando que, como afirma o autor: De quando em quando, na história e na lenda dos povos e civilizações, embaralham- se as línguas e as linguagens, os signos, os símbolos e os emblemas, os conceitos e as metáforas. Confundem-se as estações, os dias e as noites, o futuro e o passado, a utopia e a nostalgia. Quando se abalam os quadros sociais e mentais de referência, embaralham- se os territórios e as fronteiras, as nações e as nacionalidades, as línguas e as religiões, as culturas e as civilizações. Um exemplo histórico icônico deste embaralhamento é a famosa histórica bíblica da Torre de Babel, a qual representou um cenário no qual proliferam as linguagens de todos os tipos. Ainda segundo o autor: 12Português Instrumental Desde Babel constrói-se a imensa biblioteca que constitui o mundo do pensamento e da fantasia, da realidade e imaginação, da compreensão e explicação, da utopia, nostalgia e escatologia, como arte, ciência e filosofia. Retomando a história da humanidade, vemos que desde meados do século XX, não podemos concluir esta reflexão sem tratar das linguagens eletrônicas, informáticas, internéticas, virtuais ou pós-modernas que atualmente multiplicam-se e predominam. Em poucas décadas, todas as formas de literalidade e oralidade, compreendendo a aula, o discurso do poder, a conversação, o entretenimento, a comunicação, a informação, a mídia, o livro, a revista, o jornal são desafiadas pela imagem, o videoclipe, o hipertexto, o cibertexto, a multimídia. Em pouco tempo, a palavra, enquanto signo da modernidade, é recoberta pela imagem, enquanto signo da pós-modernidade. Podemos afirmar ainda que, em larga medida, as linguagens eletrônicas, informáticas e cibernéticas são linguagens técnicas, instrumentais, pragmáticas. Têm sido mobilizadas no âmbito de organizações públicas e privadas, nacionais, regionais e mundiais, de modo a propiciar a operação, expansão e gestão de empreendimentos econômicos, financeiros, militares, políticos, culturais, religiosos, museus e outros. Aqui é possível deduzir que este pode ser o cenário no qual se instala e difunde a crise da palavra. Juntamente com a transformação dos quadros sociais e mentais de referência, no âmbito da vasta ruptura histórica em curso no século XX, instala-se e generaliza-se a crise da palavra. Em poucas décadas, predominam a realidade virtual, o videoclipe, o hipertexto, o ciberespaço, a inteligência artificial, a estética eletrônica e outras realizações eletrônicas, informáticas e cibernéticas. Nossa! Fizemos uma caminhada interessante nesta aula, não acham? Adquirimos conhecimentos interessantes e essenciais para a nossa formação enquanto profissionais e pessoas. Para fundamentar e melhorar ainda mais a nossa aquisição de saberes, iremos, a seguir, dar sugestões de leituras, sites, filmes e vídeos que vocês podem acessar para otimizar as informações dadas nesta Aula. a linguagem continua aparticipar decisivamente da constituição das coisas, gentes e ideias. Revela-se produto e condição das formas de sociabilidade e dos jogos das forças sociais, constituindo-se como componente essencial das configurações histórico-sociais de vida, trabalho e cultura. Finalmente, sobre linguagem, sociedade e interação humana talvez se possa afirmar que as diversas disciplinas e teorias empenhadas em elucidar os segredos da linguagem buscam, em última instância, decifrar o mistério de Babel, como alegoria, mito, ilusão ou alucinação. Babel está sempre à espreita, em tudo o que se diz e escreve, pensa e imagina, compreende e explica, sonha e fantasia. Impregna mais ou menos profundamente as formas de sociabilidade e os jogos das forças sociais, ou seja, as configurações histórico-sociais de vida, trabalho e cultura. Segundo Junior (1984), essa linguagem é o sistema indispensável da criação e do significado no mundo. A visão de mundo está vinculada ao conhecimento que cada indivíduo possui para ampliar seus horizontes no período de sua vida. Essa linguagem nos possibilita uma autorreflexão sobre questões de vivência particular a todo o momento. A linguagem seria um olhar sobre o mundo refletido através das particularidades em que cada indivíduo pode perceber diante de qualquer fato da nossa vida. Assim, temos a multiplicidade de narrativas sobre os mais diversos aspectos da linguagem, nas quais se empenham a linguística, a teoria literária, a filosofia da linguagem, a sociolinguística, a etnolinguística, a semiótica e a desconstrução. Em todos os casos está em causa o esclarecimento, a compreensão, a revelação ou o encantamento, talvez essenciais à existência e à imaginação de uns e outros, em todo o mundo. retomando a aula Chegamos, assim, ao final da primeira aula. Esperamos que agora tenha ficado claro o entendimento frente ao processo de comunicação e à linguagem enquanto processo de interação humana. 1 – Breve reflexão sobre comunicação. Na primeira seção da Aula 1 tivemos a oportunidade de iniciar nossas reflexões sobre a comunicação, cujos pensamentos nos prepararam para iniciar o estudo efetivo nas demais seções. 2 – Processo de comunicação: um panorama teórico. Na segunda seção estudamos a língua, a qual podemos entender como um conjunto de signos que o ser humano utiliza para a comunicação. Vimos também a linguagem como a utilização da língua, a qual pode ser: a) Linguagem falada. b) Linguagem não verbal. c) Linguagem escrita. Finalmente, vimos que, para bem nos expressarmos na linguagem escrita, precisamos de: a) conhecimento do assunto; b) vocabulário; c) domínio das regras gramaticais. 3 – Linguagem, sociedade e interação humana. Na ultima seção, refletimos sobre as interações presentes entre a linguagem, a sociedade e a interação humana. Vimos, baseados nas ideias de Ianni (1999) que a língua é, efetivamente, um produto social e é condição de sociedade interativa. Para fechar, entendemos que as leituras que realizamos podem nos conduzir às reflexões profundas que nos permitem “ler o mundo” que nos cerca. A linguagem faz com que todo o processo seja revisto de forma coerente. ORLANDI, Eni Puccinelli. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. Campinas: Pontes, 1996. Vale a pena Vale a pena ler 13 BINDI, L. F. Escrita e alfabeto. Disponível em: http:// www.libreria.com.br/artigos.asp?id_artigo=550. Acesso em: 3 maio 2014. PARTES.COM. Teoria, signo e reflexão. Disponível em: http://www.partes.com.br/ed39/teoriasignosreflexaoed39. htm. Acesso em: 3 maio 2014. SEMIÓTICA BLOGSPOT. Como se definem os signos. Disponível em: http://semioticacom102.blogspot. com/2008/10/como-se-definem-os-signos-2-signo.html. Acesso em: 3 maio 2014. UNISUL. Linguagem. Disponível em: http://www3. unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/0102/05.htm. Acesso em: 3 maio 2014. Vale a pena acessar Nell A guerra do fogo Vale a pena assistir ECO, Umberto; ANGONESE, Antonio (Tradutor). A busca da língua perfeita. Bauru: EDUSC, 2002. KOCH, Ingedore G. Villaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos (Colaborador). A coerência textual. Editora Contexto, 2001. Minhas anotações Lembre-se de que, em caso de dúvidas, acessem as ferramentas “Fórum” ou “Quadro de avisos” para se comunicar com o(a) professor(a) e ou com seus colegas!