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Pró-Reitoria de EaD e CCDD 1 Atelier de Artes Visuais: Desenho Aula 3 Prof. Jack de Castro Holmer Pró-Reitoria de EaD e CCDD 2 Conversa inicial Para representarmos o mundo através da arte, utilizamos elementos visuais, formas, cores e materiais de expressão cuidadosamente combinados. Esses elementos podem ser separados em mínimas partes, como pontos, linhas, planos e volumes, que têm propriedades internas distintas e, quando somados em arranjos específicos, formam a totalidade de uma imagem. O que veremos nesta aula é quais são esses elementos e como os manipulamos para planejar e executar nossos desenhos. Contextualização Se eu lhe pedisse para desenhar a sua casa, por onde você começaria? Eu começaria pensando em todas as formas que minha casa possui: as paredes retas, a angulação do telhado, as curvas das plantas no jardim, o contraste de tons de claro escuro, enfim, montaria em minha cabeça a composição dessas formas. Para ter um resultado otimizado, podemos começar esboçando os elementos mais simples da forma, como um retângulo para a base da casa, outro para representar as janelas e portas e um triângulo para o telhado. Com poucos elementos, já podemos insinuar a forma geral da casa. À medida que trazemos mais linhas, pontos e formas para o desenho mais detalhado, mais verossímil fica sua representação. Agora, pensando ainda em sua casa, você consegue visualizar todos esses elementos? Pensando sobre esse processo de criação e representação gráfica do mundo sensível, estudaremos os temas a seguir. Tema 1: Elementos da linguagem visual Para a confecção de nossos desenhos, necessitamos entender com quais elementos estamos trabalhando, e como se trata de construção de estímulos visuais, temos uma gama de elementos visuais que precisamos dominar. Pró-Reitoria de EaD e CCDD 3 A linguagem visual abrange elementos como o ponto, a linha, o plano, o volume representativo, formas e cores, que são categorizados de forma diferente, dependendo da teoria que escolhemos. A Gestalt do Objeto, por exemplo, nos traz, além dos elementos básicos ponto, linha e plano, modos de arranjo que geram um efeito visual na mente do interpretante (aquele que vê o desenho): Figura 1 O agrupamento de elementos, conforme a forma, a distância, o conhecimento prévio que temos da forma visualizada e a semelhança entre eles, muda a forma que entendemos a imagem como um todo. Iniciaremos nossos estudos com os elementos mais básicos, e veremos que o modo de combinar esses elementos forma figuras mais complexas e diferentes em significado. Os pontos têm a característica de fixar o olhar; já as linhas, de movê-lo. Os planos representam superfícies, e os volumes dão a ilusão de três dimensões em representações bidimensionais. Pró-Reitoria de EaD e CCDD 4 Tema 2: Esboços e croquis Todo desenho requer um planejamento. Ele pode ser imaginário, prevendo como organizar as formas ou uma cena, e também motor, calculando os movimentos manuais para melhor realizá-lo. Os esboços servem para este exercício livre do planejamento de algo que está por ser. Rascunhar permite que se visualize na matéria a semente do desenho, pois não necessita de material específico para ser realizado. O rascunho pode ser confeccionado com os materiais que se tem a mão, sendo um perfeito modo de se anotar ideias soltas, que poderão germinar em um desenho final. Leonardo Da Vinci também é reconhecido pelos seus desenhos de esboços, nos quais planejava e descrevia o funcionamento de suas máquinas, seus estudos anatômicos e composições para pinturas. Quando planejar seu próximo desenho, faça pequenos esboços de como ele poderia ser explorando as possibilidades de formas até encontrar soluções visuais que pareçam coerentes com sua proposta. Escolher os melhores e refazer o processo só ajudará na hora da execução final, depois que o suporte e instrumento de marcação forem escolhidos. Contudo, não só para planejar desenhos servem os esboços. Muitas outras técnicas de representação usam o desenho para planejar. Os arquitetos usam esboços e croquis para ter a primeira ideia concretizada de um edifício, assim como os publicitários, para criar marcas e logos. Para se aprofundar no assunto, procure no livro da disciplina, no capítulo 1.1.3: “O desenho nas diversas áreas de atuação: design, arquitetura, artes gráficas e artes visuais”. Tema 3: Ponto, linha Todo desenho começa em um ponto. O ponto pode ser definido como uma marca no espaço, com mínimas dimensões ou sem elas, sendo o elemento geométrico mais elementar. Ele pode ser uma marca única de um lápis sobre o papel, o encontro de retas convergentes, como uma partícula, um pixel. Pró-Reitoria de EaD e CCDD 5 Nas coordenadas cartesianas, é representado por dois valores (x,y), geralmente por uma letra maiúscula. Do descolamento de um ponto no espaço, surgem as linhas. Pense que você encostou a ponta do lápis em uma folha de papel, formando um ponto; se você deslocar o lápis em qualquer direção, ele formará sempre uma linha. A linha limita o espaço visual, traz contorno a uma área específica, divide e aponta direções. Segundo a Gestalt, toda linha é infinita em nosso imaginário, já que, mesmo vendo um segmento de reta, nós projetamos suas continuidades, como em uma perspectiva. Sendo algo que divide, seu conceito pode aparecer virtualmente no encontro de duas cores contrastantes, como representado no desenho de silhuetas. As linhas podem conotar movimento, dinamicidade e conduzir o olhar através de uma superfície. Por esse fato, elas podem mudar o modo com que construímos e pensamos nosso desenho, já que, ao desenhar linhas, conduzimos o olhar do espectador por elas. Veja a imagem abaixo: Figura 2 Pela propriedade de continuidade, sentimos e visualizamos mentalmente a continuidade das extremidades da linha preta, assim como entendemos o tracejado vermelho como uma linha. Esses dois elementos, o ponto e a linha, são o início do desenhar, do rabiscar ou esboçar. A partir da sua combinação, temos um grande sistema geométrico complexo, que é aplicado em grande parte de teorias da matemática e física, além das artes. Abaixo, você pode ver um exemplo simples dessa utilização: Pró-Reitoria de EaD e CCDD 6 Figura 3 Essa emergência de complexidade de combinações dos dois (o ponto e a reta) forma as infinitas possibilidades de representação gráfica do desenho. Na gravura, esses dois elementos aparecem constantemente, sendo essenciais para o processo de criação e representação, aparecendo em hachuras e tracejados. Síntese Como a escrita, o desenho é composto pela combinação de elementos visuais básicos. Na escrita, usamos as palavras, que são compostas de letras, as quais são compostas por linhas e pontos. Através das diferentes maneiras que combinamos essas linhas e pontos, fazemos surgir letras distintas. Isso acontece também com o desenho. Combinando linhas e pontos de maneira distinta, podemos formar signos visuais com significados diferenciados. É a diferença da forma das letras que resulta no significado único que cada uma delas tem. Pró-Reitoria de EaD e CCDD 7 Referências DERDYK, E. (org.). Disegno. Desenho. Desígnio. São Paulo: SENAC, 2007. KANDINSKY, W. Ponto e linha sobre o plano: contribuição à análise dos elementos da pintura. São Paulo: Martins Fontes, 1997. MAYER, R. Manual do artista. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999. PIGNATTI, T. O desenho: de Altamira a Picasso. São Paulo: Abril, 1982. RUDEL, J. A técnica do desenho. Rio de Janeiro: Zahar, 1980.