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de fora, para muitos dos quais a Academia é uma libertina, pois não ousou 
reformar a ortografia? (BANDEIRA, 1984. p. 110)
Bandeira dá a entender que a Academia de 1940, comparada à de 1901, que ele conhecera aos 15 
anos em uma reunião no Gabinete Português de Leitura, não reunia os melhores nomes da literatura 
nacional, incluindo a si próprio. "Partidário da impureza em matéria de língua, parecia-me descabido e 
quase petulante pretender lugar numa companhia que, pelo menos teoricamente, sempre se considerou 
zeladora da pureza do idioma" (BANDEIRA, 1984. p. 113). Além disso, tinha ojeriza do pavoroso fardão e 
de sua divisa. "Ouro, louro, imortalidade me horrorizavam." 
Na sequência, o poeta fala sobre os escritores da Geração de 45, suas atividades como crítico de 
artes plásticas e música, suas traduções, até se declarar cansado de estar escrevendo estas memórias.
1917
Em 1917, é publicado seu primeiro livro, a Cinza das horas, de caráter 
simbolista, mas "de um simbolismo não muito afastado do velho lirismo 
português". O livro foi publicado sem intenção de seu autor de seguir carreira 
literária, mas como "simples queixumes de um doente desenganado". A 
distribuição do livro foi restrita; Olavo Bilac recebeu um exemplar mas nem 
respondeu. Não obstante, a crítica em geral foi favorável.
1919
Carnaval apareceu em 1919, um livro sem unidade, já que no carnaval tudo 
vale. Ao lado de quatro sonetos considerados pelo autor como "pastiches 
parnasianos", ou seja, débeis tentativas de imitação do estilo, aparece a maior 
sátira escrita até então contra os parnasianos: "Os sapos". Houve críticas 
contrárias, mas houve muitos que gostaram, entre eles os críticos José Oiticica 
e João Ribeiro. Os jovens paulistas revolucionários do modernismo tomaram-se 
de amores pelo livrinho, e três anos mais tarde "Os sapos" foi declamado por 
Ronald de Carvalho durante a Semana de Arte Moderna, sob as vaias da maioria 
do público, contrária ao movimento.
1924
Ritmo dissoluto foi publicado em 1924. Pelos comentários da crítica, 
favoráveis ou não, este livro parece apresentar uma busca mais consciente de 
libertação da poética tradicional. Para o próprio poeta, esse livro marca uma 
transição "Para a afinação poética dentro da qual cheguei, tanto no verso livre 
quanto nos versos metrificados e rimados, isso do ponto de vista da forma, e na 
expressão das minhas ideias e dos meus sentimentos, do ponto de vista do 
fundo, à completa liberdade de movimentos, liberdade de que cheguei a abusar 
no livro seguinte, e a que por isso mesmo chamei Libertinagem." (BANDEIRA, 
1984. p. 75)
1930
Libertinagem aparece em 1930, contendo os poemas compostos nos sete 
anos anteriores, um período de produção intensa do movimento modernista. 
"Não admira pois que seja entre os meus livros o que está mais dentro da 
técnica e da estética modernista" (BANDEIRA, 1984. p. 91) 
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