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literatuia brasileira iii-123

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é a vida que palmilhamos em caminho tortuoso, é um dar sem dar, viver 
sem viver. Vida insossa, que utilidade há em juntar os cacos do passado, 
de tão frágeis que eles são? São as negações, hesitações do ser humano, 
o ser não sendo, o estar não estando, o riso das contradições da vida:
Fonte [10]
Tão errado, esse mundo nosso, que Deus se pergunta no céu se teria 
sido certo criá-lo, e fica triste por sentir que a resposta é mais para não do 
que para sim. Já que nosso mundo é torto, pode-se tentar estar também 
em outros mundos; no mundo, por exemplo, da poesia, levado pela 
contemplação, ou no mundo da memória, como em "A um hotel em 
demolição":
Vai, Hotel Avenida,
vai convocar teus hóspedes
no plano de outra vida.
Se o mundo não vale a pena, vale construir um outro feito de palavras, 
reservando este para quem o quiser viver:
Meu bem, usemos palavras.
Façamos mundos: ideias.
Deixemos o mundo aos outros
já que o querem gastar.
Ele, entretanto, resiste e insiste em continuar sendo mundo, sem se 
sentir ameaçado pela poesia:
Pois deixa o mundo existir!
Irredutível ao canto,
superior à poesia,
rola, mundo, rola, mundo,
rola o drama, rola o corpo.
("Rola mundo")
A busca de uma "Vida menor" contém o desejo de simplificação da 
vida num estado de paz e descanso (Não a morte, contudo), sem 
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