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1 O diálogo inter-religioso na análise de J.R.R. Tolkien do poema Beowulf Diego Klautau* Resumo O tema desta comunicação é o diálogo inter-religioso, conforme percebido pelo filólogo J.R.R Tolkien, presente no poema medieval (séc. XI) Beowulf, escrito em anglo-saxão, nas Ilhas Britânicas. O texto é considerado um dos primeiros documentos da língua inglesa (old english) e trata das aventuras do herói homônimo, que vem do reino dos Geats (atual Suécia) enfrentar o ogro Grendel no palácio de Heorot (atual Dinamarca). Conforme Tolkien, em sua conferência Beowulf: The monsters and the critics (1936), o poema possui sete pontos fundamentais: 1. o poema como expressão da experiência humana em forma mítica; 2. a relevância do mito como conhecimento que escapa da razão alegórica e analítica; 3. o símbolo do dragão como o mal (a contingência) 4. o dogma viking da coragem; 5. a fusão entre Cristandade e paganismo anglo-saxão; 6. A comparação entre a mitologia do Norte e a mitologia do Sul na Europa e 7. a construção do significado do texto e não de sua historicidade. A metodologia é de revisão bibliográfica tanto do poema quanto do estudo de Tolkien, com o objetivo de verificar estes sete pontos nos versos do documento, ressaltando conteúdos como: 1. a presença de Caim como antepassado dos ogros, goblins e orcs; 2. A narração da Criação do mundo derivada de um Deus bom, diferente dos Eddas escandinavos; a referência aos sacrifícios pagãos em concorrência com as orações para o Deus único. As conclusões se tornam relevantes para pensar como as relações entre exclusivismo, inclusivismo e pluralismo (conforme tratadas por Queiruga em A teologia depois do Vaticano II) podem ser detectadas tanto no poema como nas pesquisas de Tolkien, que foi pioneiro nesse tipo de reflexão em relação ao poema, ao mesmo tempo em que se baseou nessa cosmovisão para construir sua própria literatura ficcional, tais como O Senhor dos Anéis e O Silmarillion, tão populares no imaginário contemporâneo. Em seus sete pontos fundamentais na análise do poema, Tolkien recupera, antecipadamente ao Concílio Vaticano II (conforme o decreto Ad Gentes 11.15 e a constituição apostólica Lumen Gentium 16.17), a doutrina das sementes do Verbo conforme expostas por São Justino (II Apologia), ao mesmo tempo em que insiste na integralidade do texto como elemento original, sem interpolações ou acréscimos significativos, mostrando que o autor do poema medieval buscava uma síntese entre o passado pagão e a experiência cristã, assumindo como critérios os transcendentais do Bom, Belo e Verdadeiro. Dentro desta tradição, a perspectiva cosmoteândrica de Raimon Panikkar, estruturada nos horizontes meta-antropológico, meta-cosmológico e metaontológico, se torna uma correspondencia teórica afim com a cosmovisão tolkieniana. Palavras-Chave: Beowulf, Tolkien, diálogo inter-religioso * Doutor em Ciências da Religião, professor do Centro Universitário FEI. Email: dklautau@gmail.com mailto:dklautau@gmail.com 2 Introdução O fascínio de J.R.R Tolkien pela linguagem o conduziu para uma carreira acadêmica, com seus trabalhos de filologia, estudo da linguística anglo-saxã e literatura medieval, especificamente através da análise filológica do poema Beowulf (1936) e do poema Sir Gawain and the Green Knight (1925). Além da academia, Tolkien também escreveu uma série de contos infantis de caráter fantástico, cujo principal enfoque era a descrição de ambientes e seres sobrenaturais, com forte poética onírica e descritiva, originalmente narrados para seus filhos, tais como Roverrandom, Mestre Gil de Ham e o próprio O Hobbit (1937). E em terceiro lugar a síntese de seus escritos com os diversos mitos estudados em seu ambiente acadêmico, condensando no ensaio On Fairy-Stories (1939), no qual a partir da experiência de folcloristas da Inglaterra como Georges Macdonald e Andrew Lang, J.R.R. Tolkien (1997, p. 109-161) propôs uma concepção de literatura fantástica que retomou perspectivas em ambientes pré-modernos de narrativa, fundamentalmente as narrações mitológicas gregas, romanas e escandinavas, os poemas épicos e cavaleirescos, filosofia medieval e as narrativas bíblicas. Essas três grandes linhas, acadêmica filológica, estórias de fadas e mitopoética (fabricação de mitos), são os aspectos que são sintetizados ficcionalmente em O Senhor dos Anéis (1954-55), sua maior produção literária, como um encontro dessas três percepções intelectuais, seja por seu caráter de estória de fadas, por sua imersão na mitologia da Terra- Média (cenário dos romances de Tolkien), ou pelos vestígios linguísticos e da filologia que o permeiam. Ao apresentar permanências, condicionamentos e heranças dessas diferentes linhas de produção de Tolkien, a obra O Senhor dos Anéis é em si uma confluência do pensamento do autor na forma literária, daí sua multiplicidade de raças (elfos, homens, anões, entes, hobbits, orcs, dragões, seres angelicais e demoníacos), sua vasta expansão geográfica (continentes, vegetação, oceanos, mares, montanhas, florestas, desertos e cavernas), sua profundidade histórica (eras com milhares de anos, calendários com sistemas de datação diversos, documentos e lendas de diferentes temporalidades que dialogam na narrativa), a famosa multiplicidade linguística, da qual os fãs do mundo inteiro partem para o aprendizado de línguas élficas e ananicas, com seus alfabetos próprios e sistemas de escrita variáveis, além das descrições da pluralidade cultural dos reinos na narrativa, com vestimentas, armas, palácios, brasões, artefatos, estandartes, festividades e mitos próprios de cada comunidade. 3 Como indício dessas complexidades do autor, alguns trabalhos podem ser vistos em diferentes perspectivas no decorrer de sua trajetória intelectual. Em seu estudo sobre o poema Sir Gawain and the Green Knight, em 1925, Tolkien (1997, p. 72-108) se sustenta numa perspectiva da lei natural, conforme exposta pela mentalidade cristã medieval de São Tomás de Aquino, numa tradição aristotélica e patrística em diálogo com a religiosidade celta. Todavia, quando explora o poema Beowulf em seu estudo de 1936, Tolkien (1997, p. 5-18) se aproxima de afirmações fenomenológicas, especialmente sob a perspectiva do Mistério Tremendo e Fascinante de Rudolf Otto. Aqui vale a ressalva de que um grande amigo de Tolkien, o também escritor e professor C.S. Lewis já tinha citado Otto num de seus livros, O Problema do Sofrimento (2009, p.21-31), obra que foi dedicada aos Inklings, grupo de intelectuais de Oxford no qual Tolkien e Lewis participavam. A obra foi publicada em 1940, justamente numa época que o grupo era mais ativo em discussões e pesquisas, sendo muito provável que Tolkien tenha tido contato com as ideias de Otto através de Lewis. Por fim, o ensaio On Fairy-Stories, considerado o seu maior escrito teórico, de 1939, resgata uma quantidade expressiva de autores, inclusive ligados à Ciência da Religião (tais como George MacDonald, Andrew Lang, Max Muller), assim como uma série de sutis pressupostos da tradição realista aristotélica-tomista, de igual maneira que um vasta gama de literatos de sua época (Walter Scott, John Gower, H.G. Wells, Lewis Carrol e G.K. Chesterton). Neste ensaio, cunha uma série de conceitos para a análise das relações entre religião, história e literatura, tais como eucatástrofe, subcriação, crença secundária e Feéria, dialogando diretamente com os evangelhos, com uma teoria do imaginário e grande parte do patrimônio da literatura inglesa. Em todas essas perspectivas, a percepção de uma realidade comum entre as diversas cosmovisões estudadas (greco-romanas, judaico-cristãs, celtas e germânicas) marcou a imaginação de Tolkien ao ponto dessa perspectiva se fazer presente em sua obra literária. O Hobbit e BeowulfEm carta de 1938 para o editor do jornal Observer, Tolkien (2006, p. 35) afirmou, acerca das fontes de seu romance O Hobbit, lançado no ano anterior: Beowulf está entre minhas fontes mais valiosas, embora ele não estivesse conscientemente presente na minha mente no processo de composição, no qual o episódio do roubo surgiu naturalmente (e quase inevitavelmente) devido às circunstâncias. É difícil pensar em qualquer outro modo de conduzir a 4 história a partir daquele ponto. Imagino que o autor de Beowulf diria praticamente a mesma coisa. (TOLKIEN, 2006, p. 35) O texto Beowulf (séc. IX d.C.) é escrito em anglo-saxão nas Ilhas Britânicas, sendo considerado um dos primeiros documentos da língua inglesa (old english) e trata das aventuras do herói homônimo, que vem do reino dos Geats (atual Suécia) enfrentar o ogro Grendel no palácio de Heorot (atual Dinamarca). O diálogo entre a religiosidade viking e germânica com o cristianismo é o ponto fundamental da análise do manuscrito. O episódio do roubo trata de uma correspondência entre os dois textos, na qual se narra a invasão e o furto de um objeto do tesouro de um dragão. Em Beowulf isso desencadeia a vingança do monstro que leva à morte do herói homônimo, enquanto no romance de Tolkien gera igualmente uma reação violenta de Smaug, o dragão, ainda que o objeto roubado pelo hobbit Bilbo Bolseiro acabe gerando uma possibilidade de concórdia entre os povos conflitantes mais à frente. Em seus estudos sobre o poema medieval, Tolkien (1997, p. 14-32) elenca sete pontos nos quais podemos nos guiar para compreender os principais elementos que eram valiosos na cosmovisão compartilhada entre a criação literária e o objeto de estudo da filologia:1. o poema como expressão da experiência humana em forma mítica; 2. a relevância do mito como conhecimento que escapa da razão alegórica e analítica; 3. o símbolo do dragão como o mal (a contingência) 4. o dogma viking da coragem; 5. a fusão entre Cristandade e paganismo anglo- saxão; 6. A comparação entre a mitologia do Norte e a mitologia do Sul na Europa e 7. a construção do significado do texto e não de sua historicidade. O elemento comum na hermenêutica tolkieniana do poema é a busca pela cosmovisão subjacente que congrega elementos universais da experiência humana apresentada em chave poética. O mito, entendido como a narrativa significativa que apresenta as ações da divindade, dos monstros, demônios e dos heróis, é uma forma de compreensão de três aspectos da realidade: o homem, a natureza e a divindade. Dessa forma, a perspectiva mítica contempla categorias da realidade que ultrapassam as características quantitativas, fundamentos da ciência moderna, contemplando também elementos qualitativos formais, apreendidos pela admiração da realidade sem fins utilitários ou de manipulação, aproximando-se assim da poesia. Dentro dessa percepção, a confecção de símbolos (imagens que integram uma multiplicidade de sentidos para além do aparente e literal, sempre em tensão com o contexto 5 da narrativa particular) é uma atividade primordial desse pensamento que não se restringe ao raciocínio quantitativo. No caso do poema de Beowulf, podemos perceber a atuação mítica dos heróis que ecoam as ações da divindade na natureza, assim como a presença dos símbolos que carregam o significado de tais personagens. Dentre tais símbolos, o dragão se manifesta como privilegiado, uma vez que é o monstro que finalmente causa a morte do herói. Assim, apesar de Beowulf vencer Grendel, o ogro, e a mãe, fera do pântano, é com o dragão que encontra sua terceira e última batalha, ainda que consiga levar a serpente alada junto com ele para a morte. Essa perspectiva da inevitabilidade da morte, mesmo para os grandes heróis, marca o mal como elemento inerente da humanidade. Diante de tal perspectiva, surge o que Tolkien chama de dogma (ou teoria) viking da coragem, isto é, uma tradição cultural e religiosa associada ao panteão nórdico, no qual os guerreiros valorosos, que morriam dignamente em batalha, seriam resgatados pelas valquírias, servas de Odin, e levados ao Valhalla, palácio dos deuses, onde esperariam pela última batalha do mundo, o Ragnarok, quando finalmente teria a glória de lutar ao lado dos deuses até o fim do mundo. Tal crença fundamentava uma virtude, um hábito praticado e cultivado dentre os vikings que, segundo Tolkien, era admirado inclusive pelos cristãos que entravam em contato com essa civilização. A coragem era outro nome para a virtude cardeal da fortaleza na tradição greco-romana e adotada pelos cristãos e que, conforme São Tomás de Aquino, na Suma Teológica, na II Seção da II Parte, nas questões 123 a 140, integrava também o martírio na guerra. Tal sacrifício marcial era um hábito corrente e valorizado na cultura viking, inspirado na mitologia nórdica e presente de maneira exemplar na narrativa de Beowulf. Its autor is still concerned primarily with man on Earth, rehanding in a new perspective an ancient theme: that man, each man and all men, and all their works shall die. A theme no Christian need despise. Yet this theme plainly would be so treated, but for the nearness of a pagan time. The shadow of its despair, if only as a mood, as na intense emotion of regret, is still there. The worth of defeated valour in this world is deeply felt. As the poet looks back into the past, surveying the history of kings and worriors in old traditions, he sees that all glory (or as we might say ‘culture’ or ‘civilization’) ends in night. The solution of that tragedy is not treated – it does not arise out of the material. We get in fact a poem from a pregnant moment of poise, looking back into the pit, by a man learned in old tales who was struggling, as it were, to get a general view of them all, perceiving their common tragedy of inevitable ruin, and yet feeling this more poetically because he was himself removed from the direct pressure of its despair. He could view from without, but still feel immediately and from within, the old dogma: despair of the event, combined with faith in the value of doomed resistance... Almost we might say that this poem was (in one direction) inspired by a debate that had long been held and continued after, and that it was onde of the chief contributions to the controversy: shall we or shall we not consign the heathen ancestors to perdition? What good will it do posterity to read the battles of Hector? Quid Hinieldus cum Christo? The author of Beowulf showed forth the permanente value of 6 that pietas which treasures the memory of man´s struggles in the dark past, man fallen and not yet saved, disgraced but not dethroned. (TOLKIEN, 1997, p.23) Para Tolkien, essa aproximação entre Cristandade e paganismo nórdico é o fundamento do poema. Para além das personagens comuns, como Grendel ser descendente de Caim, ou da criação do mundo ser uma obra luminosa e ordenada, diferente do mito dos Eddas nórdicos, o poema Beowulf apresenta uma cosmovisão que entende que a humanidade, a natureza e a transcendência são as mesmas para pagãos e cristãos, ainda que possam ter perspectivas diversas dessa realidade. Indo além, Tolkien considera que não apenas a virtude da coragem-fortaleza era cultivada pelos escandinavos, mas a própria concepção de auxílio divino era mais próxima da cosmovisão cristã do que a mentalidade greco-romana. É possível apreender em Beowulf o princípio de uma atitude de resistência ao mal, mesmo diante da derrota inevitável, que estava ancorado na dimensão de auxílio divino, onde os deuses estavam do lado dos homens, e não apenas eram títeres superiores, voluntariosos e caprichosos como os deuses gregos do Olimpo, ou de vaidosos e indiferentes como os dos romanos. Para os nórdicos, os deuses estariam do lado dos homens contra os monstros e demônios, tendo uma real preocupação com os destinosda humanidade. Por fim, é na construção do significado do texto, enquanto narrativa mítica, que está a verdadeira tarefa do estudioso do poema, e não na veracidade enquanto descrição factual de acontecimentos concretos. Como todo mito, não pode ser dissecado ou fatiado em elementos para sua reconstrução analítica, porque a apreensão de seu conteúdo tem a ver com formas universais que transcendem a mediação contextual, ainda que permeados dela, e que são descritas apenas em termos qualitativos e simbólicos. Assim, Tolkien entendia que a feitura do poema era mais do que uma apropriação cultural ou ideológica, ou uma manipulação de elementos religiosos e mitológicos com fins de proselitismos confusos. Ao contrário, era uma inteligência religiosa pensando em sua herança cultural e em sua cosmovisão cristã, valorizando elementos antropológicos, cosmológicos e ontológicos que pudessem confluir na percepção da realidade, tal qual o admirador de mitos se aproxima do filósofo por sua contemplação de tudo aquilo que existe. 7 Diálogo inter-religioso, literatura e mito A discussão teológica do pluralismo religioso é controversa e ainda em processo de estabilização conceitual. Como escolha para este projeto, partimos das discussões dentro da teologia católica, ainda que essa questão ultrapasse qualquer instituição ou corrente acadêmica. A história sobre como as investigações teológicas avançaram no tema do diálogo inter-religioso a partir dos documentos do Concílio Vaticano II é exposta por Soares (2015, p. 96-120), principalmente na busca por aproximações com as demais Igrejas (Unitatis Redintegratio) e com religiões não cristãs (Ad Gentes). Teixeira (2015, p. 1736-1754) mostra como esses debates já existiam no começo do século XX, antes mesmo do concílio, e que no final desse mesmo século se estabeleceram três grandes correntes: o exclusivismo, o inclusivismo (que Teixeira chama de acabamento) e o pluralismo, seja de fato, de direito ou de princípio. Em 1997, a Comissão Teológica Internacional, órgão ligado ao Vaticano, publicou o documento O Cristianismo e as Religiões, no qual se resume as três perspectivas: 10. O eclesiocentrismo exclusivista, fruto de determinado sistema teológico, ou de uma compreensão errada da frase "extra Ecclesiam nulla salus", já não é defendido pelos teólogos católicos depois das claras afirmações de Pio XII e do concílio Vaticano II sobre a possibilidade de salvação para os que não pertencem visivelmente à Igreja. 11. O cristocentrismo aceita que a salvação possa acontecer nas religiões, porém lhes nega uma autonomia salvífica devido à unicidade e universalidade da salvação de Jesus Cristo. Essa posição é sem dúvida a mais comum entre os teólogos católicos, embora haja diferenças entre eles. Procura conciliar a vontade salvífica universal de Deus com o fato de que todo homem se realiza como tal dentro de uma tradição cultural, que tem na respectiva religião sua expressão mais elevada e sua fundamentação última. 12. O teocentrismo pretende ser uma superação do cristocentrismo, uma mudança de paradigma, uma revolução copernicana. Tal posição brota, entre outras razões, de certa má consciência devida à união da ação missionária do passado com a política colonial, embora olvidando às vezes o heroísmo que acompanhou a ação evangelizadora. Trata de reconhecer as riquezas das religiões e o testemunho moral de seus membros e, em última instância, pretende facilitar a união de todas as religiões para um trabalho conjunto pela paz e pela justiça no mundo. Podemos distinguir um teocentrismo em que Jesus Cristo, sem ser constitutivo, se considera normativo da salvação, e outro em que nem sequer se reconhece a Jesus Cristo tal valor normativo. No primeiro caso, sem negar que outros possam também mediar a salvação, reconhece-se em Jesus Cristo o mediador que melhor a exprime; o amor de Deus revela-se mais claramente em sua pessoa e em sua obra, e assim ele é o paradigma para os outros mediadores. Porém, sem ele não ficaríamos sem salvação, mas tão-só sem sua manifestação mais perfeita. No segundo caso, Jesus Cristo não é considerado nem como constitutivo nem como normativo para a salvação do homem. Deus é transcendente e incompreensível, de modo que não podemos julgar seus desígnios por nossos padrões humanos. Tampouco podemos avaliar ou comparar os diversos sistemas religiosos. O "soteriocentrismo" radicaliza ainda mais a posição teocêntrica, pois tem menos interesse na questão sobre Jesus Cristo (ortodoxia) e mais no compromisso efetivo de cada religião com a humanidade que sofre (ortopráxis). Desse modo, o valor das religiões está em promover o Reino, a salvação, o bem- estar da humanidade. Tal posição pode caracterizar-se, assim, como pragmática e imanentista. (COMISSÃO TEOLÓGICA INTERNACIONAL, 1997). Tanto Soares (2015, p. 96-120) quanto Teixeira (2015, p. 1736-1754) criticam a posição do inclusivismo que foi referendada pelo documento da Congregação para a Doutrina 8 da Fé, Dominus Iesus, publicado no ano 2000, pelo então prefeito cardeal Joseph Ratzinger, interrompendo o desenvolvimento do pluralismo em sua perspectiva institucional na Cúria Romana. Porém, Queiruga (2015, p.157-175), anuncia a perseverança do pluralismo como inevitável, convidando a um pluralismo assimétrico, sem uma hierarquia de verdades, que possa estabelecer um novo parâmetro para a Igreja Católica. Há um debate ainda em curso sobre a posição inclusivista ou pluralista de grande parte da produção teológica católica nesta perspectiva pós-Vaticano II, principalmente após a declaração Dominus Iesus (SOARES, 2015, p. 105-120) e as controvérsias que seguiram até o momento presente. O teólogo Raimon Panikkar se apresenta como uma controvérsia entre o inclusivismo e o pluralismo. Por um lado, Teixeira (2010, p. 374-379) admite que existiram interpretações inclusivistas de Panikkar, mas rechaça essa leitura como reducionista da obra do teólogo espanhol, afirmando com veemência seu pluralismo. Por outro lado, Von Sinner (2007, p. 124-131) concebe a postura inclusivista como possibilidade de leitura em Panikkar, ainda que indique uma adesão gradual ao pluralismo. Seja como for, apesar de anunciar sua cristofania nas religiões e de fato realizar uma distinção entre Cristo (o Verbo) e Jesus (o homem histórico), Panikkar (2007, p. 121-131) insiste na ligação de Cristo enquanto Jesus ressuscitado que, embora os cristãos não o conheçam plenamente, pois veem em parte (1 Cor 13, 12), é nele que podemos encontrar a plenitude da salvação, mesmo que Ele se apresente em outras formas em diferentes tradições. É a saída de “uma cristologia tribal por meio de uma cristofania que permita aos cristãos reconhecer a obra de Cristo em todas as partes, sem a pretensão de monopolizar esse mistério” (PANIKKAR, 2007, p. 130). O texto do qual a citação acima foi retirada foi publicado originalmente em 1998, um ano após o documento O Cristianismo e as Religiões, da Comissão Teológica Internacional e antes da publicação, em 2000, da Dominus Iesus pela Congregação para a Doutrina da Fé. Contudo, podemos recuar alguns anos e encontrar na encíclica Redemptoris Missio, de 1990 e do então Papa João Paulo II, afirmando ser a presença do Cristo Ressuscitado que, através de seu Espírito, infunde e amadurece as sementes do Verbo, presentes nos ritos e culturas. Tal perspectiva abre possibilidade de certa permanência de uma hermenêutica inclusivista, em chave mística, da cristofania. No âmbito da teologia do pluralismo religioso, Panikkar (2007, p. 67-73) oferece três critérios sólidos para a base comparativa do fenômeno das religiões: a cosmologia, a 9 antropologia e a ontologia. Tais parâmetros resgatam as teses que se tornaram incontornáveis para pensar as perspectivas teológicas do exclusivismo, inclusivismo e pluralismo (QUEIRUGA, 2015, p. 164-166),endossadas no século XX pelo Concílio Vaticano II, da Igreja Católica (conforme o decreto Ad Gentes 11.15 e a constituição apostólica Lumen Gentium 16.17). Em tais documentos é resgatada a doutrina das sementes do Verbo, conforme expostas por São Justino (1995, p.98), reconsiderando o exclusivismo e endossando o inclusivismo, que posteriormente será tencionado por teólogos que o consideravam insuficiente, postulando o pluralismo como única alternativa coerente com o mundo contemporâneo, sincrético e global (SOARES, 2009, p. 192-208). Apesar de partir de uma perspectiva teológica cristã, Panikkar (2007, p. 151) abre possibilidades para a estruturação de uma abordagem teórica e metodológica da investigação de espaços para a experiência da Transcendência para todas as religiões, assumindo os horizontes meta-cosmológico, meta-antropológico e meta-ontologia, conforme descritos na singularidade de cada tradição religiosa, como fontes essenciais na aproximação do Mistério, dentro de sua concepção denominada cosmoteândrica. Assim, Panikkar (2007, p. 151-159) nos demonstra uma lista de lugares privilegiados da experiência de Deus, tais como o amor, o tu, a alegria, o sofrimento, o mal, o perdão, momentos cruciais da vida, a natureza e o silêncio. Ao voltarmos a Tolkien e sua análise de Beowulf nessa reflexão sobre o diálogo inter- religioso e a produção mítica e literária, é preciso uma breve reflexão sobre a questão da literatura e a religião, na qual é imprescindível a definição de Kuschel: Só merece a designação de “poeta” o escritor que torna perceptível em sua obra a interpretação da realidade como resultado de um processo de trabalho literário com a linguagem. Só merece a designação honrosa de “literatura” a escrita que, para além de toda representação pálida, logra ingressar a fundo na realidade, prestando assim sua colaboração à desbanalização da vida (KUSCHEL, 1999, p. 210). Tal definição de poeta e de literatura pode ser inserida numa tradição filosófica do realismo aristotélico-tomista na qual podemos destacar três aspectos: a) a relevância com ontologia, enquanto estudo do Ser, da estrutura da realidade, como possibilidade real para a inteligência e a linguagem humana; b) diferente, por sua vez, do cientista ou do filósofo, o poeta-escritor não deve verificar ou demonstrar as conexões lógicas e empíricas da realidade, mas sim interpretá-las em sua descrição literária enquanto contemplação e admiração; e c) a desbanalização da vida, derivada dessa atitude contemplativa, que deve seguir o contrário do superficial, ou seja, o nobre, o superior e o reverente, estipulando uma hierarquia de valores, 10 relegando a moral essa ordenação valorativa, postulando uma natureza humana enquanto integrante dessa realidade que é contemplada, inclusive com a tarefa de aclarar o mistério da existência humana em seus aspectos significativos (KUSCHEL, 1999, p. 228). Essa nossa capacidade criativa de reordenação da realidade a partir da percepção dos fenômenos é a base da atividade artística, inclusive e sobretudo a literária, que carrega em si uma função explicativa da realidade, pois é também uma vivência, um ato humano. Nesse mesmo sentido, na perspectiva da fenomenologia da religião, Otto (2007, p. 103) demonstra como a dimensão do tremendum, expressa em processos naturais, eventos, pessoas, animais ou plantas, foi associado ao poder, ao terror e ao demoníaco, inclusive nas expressões fantásticas e literárias, assim como o misterioso e o fascinante se exprimiram no miraculoso, na glória da vitória do bem, no final feliz. Nessa tradição, também Eliade (2007, p. 163-164) comprova a existência de uma matéria mitológica na narração épica, nos romances medievais e modernos, com uma estrutura mítica de personagens como os Heróis, os monstros, os cavaleiros caídos, a Mulher, a Riqueza e uma variedade de temas iniciatórios dessacralizados ou camuflados em formas profanas. Uma maneira interessante é expor a sistematização de Lewis (2009, p. 26-31) das ideias de Otto, para percebermos como essa discussão da realidade comum dentre as diversas manifestações do fenômeno religioso não era desconhecida por Tolkien. Seguindo Lewis, a primeira vertente da teoria de Otto é o Numinoso como experiência primitiva do mistério tremendo e fascinante, que origina o sentimento de criatura, apartada de qualquer conotação de moralidade, tal como as primeiras manifestações sacrificais e animistas. A segunda é a própria concepção da lei moral como indicativa na natureza humana e na consciência do sustento da realidade (o Criador, o Motor Imóvel, o Sumo Bem), tal como formulada pelos filósofos da antiguidade. A terceira vertente é a identificação da experiência numinosa com a experiência moral, que causa uma contradição quando integra o irracional do Mistério como fundamento da existência com o racional da consciência moral, sendo o povo judeu e indivíduos de várias épocas e lugares os principais testemunhos heroicos da sustentação dessa contradição. Por fim, a quarta vertente é o cristianismo como fato histórico, em que um homem afirma ser a encarnação (Filho) daquele que é o Mistério tremendo e fascinante e ao mesmo tempo o fundamento da moralidade e da natureza. 11 Em termos gerais, quando a questão é crítica à racionalidade cientificista e reducionista da modernidade, Tolkien e Lewis concordam com Otto. No entanto, a discordância acontece principalmente em relação à capacidade da linguagem e da imaginação em perceber e comunicar as experiências religiosas, ainda que de formas alegóricas, simbólicas, sacramentais ou analógicas. Tal diferença é comum tanto à perspectiva de Eliade no tocante à historicidade e a racionalidade do Sagrado, quanto a objeção de Panikkar (2007, p. 215), em relação à redução do Transcendente ao princípio de causalidade eficiente. Com efeito, Lewis critica os teólogos que querem retirar o aspecto moral da experiência cristã, afinal Jesus Cristo nos deixou um exemplo de ação humana, de relacionamento com Deus e de formação de comunidade através da comunhão em seu nome, dos sacramentos e da ação do espírito Santo, e tudo isso é humano e, sendo assim, razoável. De fato, para o cristão Deus pode ser mais do que a lei natural, mas não pode ser menos. Ainda que seja impossível derivar a fé cristã (encarnação, ressurreição, redenção) dos processos naturais, humanamente é possível investigá-la e aprofundá-la racionalmente, assim como a investigação de seus prenúncios através do estudo dos mitos, lendas, sagas e estórias de fadas. Conclusão Em suma, os sete pontos expostos por Tolkien em sua hermenêutica de Beowulf são compatíveis com uma perspectiva fenomenológica de Otto e Eliade que dialoga com a tradição aristotélico-tomista. Todavia, é nessa discussão que se insere a controvérsia do pluralismo religioso aos moldes do debate católico. Diante das afirmações da concepção trágica do mundo dos nórdicos, Tolkien insiste que essa é a dimensão mundana, sendo inclusive admirável o cultivo da virtude cardeal da fortaleza (coragem), ainda que tais hábitos não fossem suficientes para a salvação do homem. Daí temos o problema medieval da salvação dos antepassados que foram humanamente justos, que ao morrerem suas almas teriam permanecido no limbo, o salão dos justos descrito por Dante Alighieri na Divina Comédia (como os filósofos e sábios da antiguidade greco-romana), cuja única pena seria a de não estar no paraíso. Tal perspectiva é exclusivista e exige a adesão formal à Igreja para a salvação plena. Contudo, é possível conceber o inclusivismo em Tolkien, aceitando a narrativa que Jesus Cristo teria descido aos infernos para resgatar os justos que não o conheceram, mas viveram conforme a lei natural. Nesse ponto, as tradições culturais poderiam conter as 12 sementes do Verbo, conforme Justino, estendendo ao máximoa capacidade da natureza humana para a virtude, sendo derrotada inevitavelmente pelo Mal. Essa cosmovisão é muito próxima de Tolkien, até por sua admiração pelas diversas culturas pagãs europeias, na qual a presença das virtudes naturais era ressaltada por seus estudos. No caso do pluralismo em Tolkien, podemos ampliar a discussão da salvação das sementes do Verbo para uma ação independente nas próprias culturas das quais o escritor buscou suas fontes, postulando uma autonomia de redenção inerente à própria tradição em questão (celta ou germânica), ainda que numa relação analógica e normativa com a experiência de Jesus Cristo. Todavia, é impossível perceber uma leitura teocêntrica nem constitutiva e nem normativa, uma vez que sua convicção apresentava a experiência cristã como cume da compreensão da redenção divina, como podemos perceber em sua insistência na relação entre antropologia, cosmologia e ontologia quando se debruça sobre o problema do mal. Ao analisar a obra O Silmarillion, McIntosh (2017, p. 203-260) demonstra de maneira detalhada as estruturas morais e ontológicas a partir da tradição aristotélico-tomistas na literatura de Tolkien. A distinção feita por Panikkar entre Jesus e Cristo é uma chave de interpretação bastante adequada à proposta tolkieniana do dogma nórdico da coragem como diálogo inter- religioso. Ao assumir a concepção cosmoteândrica, podemos inferir que a presença da virtude cardeal da fortaleza não está apenas como constituição da lei natural, mas participa da ação do próprio Cristo (a lei evangélica) na cultura. Essa distinção é definida por São Tomás de Aquino, na Suma Teológica, na I seção da II parte (questões 90 a 108), onde o Aquinate distingue a participação do homem na Lei de Deus em três aspectos: a lei natural, derivada da própria razão de cada homem enquanto criatura ordenada em Deus; a lei antiga, destinada aos judeus e uma preparação para o advento da redenção em Cristo; e a lei nova ou evangélica, a qual é a Pessoa de Cristo que age nos homens através da Graça. A proposta cosmoteândrica de Panikkar permite relacionar essa dimensão com a hermenêutica de Tolkien sobre o dogma da coragem. Isto quer dizer que o hábito cultivado pelos vikings seria uma expressão da ação do próprio Cristo em sua obra salvífica, ainda que vista em parte (1 Cor 13, 12). Ao sacrificar a própria vida na resistência perfeita diante do mal, o rei Beowulf dá a vida pelo seu povo, assumindo as consequências de um roubo do tesouro do dragão no qual ele mesmo não teve culpa alguma, apenas porque era seu dever, 13 atitude da realeza humana que estaria unida na própria natureza de Cristo, enquanto Força e Sabedoria de Deus (1Cor 1,17-30). Ademais, a postura sacrificial do rei que se rebaixa para pagar uma dívida que não era sua remete à kenosis (Fl, 2, 5-7), o esvaziamento de Cristo de sua condição divina para se fazer homem e sofrer pelos pecados de toda a humanidade. É justamente essa produção religiosa que formou, no decorrer da era medieval, a espiritualidade da cavalaria cristã, integrando a cultura germânica e viking com a teologia do Cristo Rei: The imagination of the author of Beowulf moved upon the threshold of Christian chivalry, if indeed it had not already passed within. (TOLKIEN 1997, p. 57) Referências. BÍBLIA DE JERUSALÉM. São Paulo: Paulus, 2002. COMISSÃO TEOLÓGICA INTERNACIONAL. O Cristianismo e as religiões. Vaticano. Disponível em[http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/cti_documents/rc_cti_1997_crist ianesimo-religioni_po.html ] Acesso em: 09/11/2018. CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ. Declaração Dominus Iesus: Sobre a unicidade e a universalidade salvífica de Jesus Cristo e da Igreja. Vaticano. Disponível em [http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/rc_con_cfaith_doc_200 00806_dominus-iesus_po.html ] Acesso em: 09/11/2018. ELIADE, Mirce. Mito e realidade. São Paulo: Perspectiva, 2007. 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