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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO" UNESP - CAMPUS DE ASSIS FACULDADE DE CIÊNCIAS E LETRAS GRADUAÇÃO EM LETRAS CHARLIE KRAUSKOPH RODRIGUES SABRINA FERNANDES CONCONI SARAH MADELINE PEDREIRA DE OLIVEIRA (DIURNO) RESENHA CRÍTICA: MAYOMBE ASSIS 2022 Resenha apresentada ao Curso de graduação de Letras, como parte dos requisitos necessários à obtenção da nota do semestre na disciplina de Literaturas Africanas de expressão Portuguesa na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Faculdade de Ciências e Letras, Campus de Assis. Orientador: Marcio Roberto Pereira CHARLIE KRAUSKOPH RODRIGUES SABRINA FERNANDES CONCONI SARAH MADELINE PEDREIRA DE OLIVEIRA (DIURNO) ASSIS 2022 MAYOMBE, PEPETELA RELAÇÃO ARTE/ENGAJAMENTO MAYOMBE Uma linha tênue entre ficção e história Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, popularmente conhecido pelo pseudônimo Pepetela, é um ilustre nome da literatura angolana e está inserido no curso dos escritores que contam a história de Angola através da ficção, numa trajetória compromissada com a formação do país e amparada pela memória. Suas obras pertencentes a literatura contemporânea e marcadas por serem escritas majoritariamente em prosa, são permeadas pela valorização da identidade nacional e suas críticas políticas. As mesmas possuem caráter anticolonialista e denunciam os problemas sociais do país. O escritor recebeu prêmios como o Prêmio Especial dos Críticos de São Paulo pelo livro A Geração da Utopia em 1993, e o Prêmio Camões pelo conjunto da sua obra em 1997. O autor fez parte do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), escolha essa que subverteria completamente seu futuro, pois as experiências conquistadas no testemunho direto da história angolana inspirariam sua obra e sua própria trajetória existencial. Também foi um dos fundadores do Centro de Estudos Angolanos. Assim, atuou não só na literatura como também fora chamado em 1969 para participar diretamente na luta de libertação angolana, em Cabinda, onde adotou o nome de guerra Pepetela, (“pestana”, em umbundo, uma língua bantu), que mais tarde utilizaria como pseudônimo literário. Em 1975, no mesmo ano de independência de sua terra natal, tornou-se o vice-ministro da Educação e participou da fundação da União dos Escritores Angolanos (UEA). Após abandonar a militância política, optou pela carreira de educador na Faculdade de Arquitetura de Luanda, ministrando aulas de Sociologia. Nunca abandonou totalmente a área de ensino, embora se mantenha como escritor em tempo quase integral. O autor sempre se imaginou escrevendo, sendo assim, suas obras que eram tecidas em linguagem simples e frases curtas, para que alunos e guerrilheiros consumissem hoje somam mais de 25 livros, dentre eles romances, peças e crônicas. Foi durante sua estadia na base da guerrilha na floresta tropical de Mayombe, em Cabinda, que escreveu o romance de mesmo nome, entre os anos de 1970 e 1971. A floresta deu nome à obra de Pepetela por ser o local onde se passam diversos combates entre o exército português e o africano. Em forma de ficção, o romance Mayombe relata a luta armada pela independência de Angola. Assim, possui caráter histórico, político e cultural. Câmpus de Assis É por meio da própria vivência do autor como participante e guerrilheiro, que se explicam os diversos discursos da obra marcada pela polifonia. O livro dividido em cinco capítulos acrescidos por um epílogo, busca retratar anos de angústia, resistência e dor do povo africano. Portanto, há em cada narração, uma visão particular da luta, do tempo e do espaço, relacionada à diversidade étnica e cultural de cada um desses participantes. Através das vozes dos narradores, é possível entender de forma ampla a situação de Angola, que tenta se unir pela guerra apesar de dívida por tantas guerras internas. Mayombe, não é um poema, mas um romance permeado pela história, que, da mesma forma, pode servir como um relógio histórico, como um documento social sobre Angola em sua fase de luta pela independência. É uma obra que não conta a história apenas, mas que a constrói sob a visão de um guerrilheiro que participa dessa luta de libertação. Guerrilheiro que foi, Pepetela soube definir os tempos e as circunstâncias e guerrilheiro continua, uma vez que usa as palavras para um combate que tem que travar nos campos do conhecimento e da reflexão. Pestana teve grande parte dos seus escritos literários publicados após a independência de Angola e foi alvo de inúmeros estudos em várias universidades e instituições de ensino em Angola e noutros países. Mayombe foi a primeira obra de língua portuguesa de origem africana, ou seja, fora do eixo Brasil-Portugal, a integrar a lista de obras obrigatórias do vestibular da Universidade de São Paulo, essa que tem caráter anticolonialista e mostra, além disso, os conflitos internos entre as diversas tribos angolanas, as quais são responsáveis pela diversidade cultural do país. Por isso, Pepetela é considerado um grande nome na literatura angolana e africana, se tornando inspiração para diversos autores no futuro.