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UNOPAR VIRTUAL Administração Disciplina : HOMEM, CULTURA E SOCIEDADE. Prof. : CLAUDINEY JOSÉ DE SOUSA ; ELIAS BARREIROS; WILSON SANCHES Aula: 02 – O homem e a sociedade capitalista. Semestre : 1º/2º Aula Atividade Objetivo da Atividade: promover a reflexão sobre o conceito de Responsabilidade Social da Empresa; promover reflexões sobre a atuação das corporações na construção de uma sociedade mais inclusiva. Orientações: Caro Aluno, Essa atividade deve ser realizada individualmente. Discorra sobre a Responsabilidade Social da Empresa a partir do texto base que estou mandando para vocês. Elaborei algumas perguntas para orientar sua leitura e sua resposta. É importante que aprofundem a resposta com os argumentos trazidos no texto, e se acharem interessante, podem complementar com outras discussões que foram trazidas em aula. Segue algumas perguntas para orientar sua produção: 1) Como surgem os projetos de Responsabilidade social das empresas? 2) Diferencie a responsabilidade social pautada na ética e a responsabilidade social instrumental. Dê exemplos. 3) Comente as relações entre sociedade civil e Estado, argumentando sobre os pontos positivos e negativos dessa parceria. Responsabilidade Social da Empresa A sociedade civil organizada em diversas formas vem, cada vez mais, pressionando as empresas, especialmente as grandes corporações, a assumirem práticas sustentáveis em seus negócios, que essas empresas se preocupem mais com a qualidade de vida de seus funcionários e com o meio ambiente. É para atender a parte desses anseios que as empresas privadas têm passado a propor uma série de projetos sociais, que ficaram conhecidos como Projetos de Responsabilidade Social da Empresa (RSE). Este processo de pressão da sociedade civil sob as empresas, como mostram Cappellin e Giffon (2007), pode ser identificado nos EUA dos anos 1960, com a chamada Era dos Direitos Civis, motivados por uma série de movimentos, entre outros se destacam: os movimentos de crítica à Guerra do Vietnã; os movimentos das igrejas Católica e Protestantes de controle das corporações americanas; os movimentos de acionistas que procuram discutir e politizar o gerenciamento das empresas. Ou seja, chama a atenção o grande número de atores sociais procurando monitorar o comportamento das empresas. UNOPAR VIRTUAL Administração Na mesma linha de raciocínio, Rico (2004) chama atenção para uma crise mundial de confiança nas empresas, a RSE é uma tentativa das empresas para retomar a confiança social a partir de um discurso politicamente correto pautado na ética. As empresas começam a implementar ações sociais procurando retomar seus ganhos, mas pensando também na qualidade de vida e do trabalho. Conforme Rico (2004; p. 73): “Na compreensão dos institutos, fundações empresariais que vêm buscando assumir uma gestão socialmente responsável nos negócios a responsabilidade social empresarial é uma forma de conduzir as ações organizacionais pautados em valores éticos que visem integrar todos os protagonistas de suas relações: clientes, fornecedores, consumidores, comunidade local, governo (público externo), e direção, gerência e funcionários (público interno), ou seja, todos aqueles que são diretamente ou não afetados por suas atividades, contribuindo para a construção de uma sociedade que promova a igualdade de oportunidades e a inclusão social no país. As empresas, adotando um comportamento socialmente responsável, são poderosos agentes de mudança ao assumirem parcerias com o Estado e a sociedade civil, na construção de um mundo economicamente mais próspero e socialmente mais justo” Um dos principais impactos desse tipo de atitude por parte das empresas, segundo mostra Rico (2004), é o reconhecimento social por parte da comunidade e de outros interessados, construindo assim uma imagem positiva da empresa quando essa contribui de fato para a melhoria da vida comunitária ou das condições de trabalho de seus funcionários. Neste sentido, o investimento social é uma questão estratégica para a corporação. No entanto, o RSE também pode ser entendido pelo consumidor como uma simples estratégia de marketing, não tendo assim o mesmo impacto, ao contrário, se assim perceber o consumidor pode haver até uma rejeição da empresa. Há uma série de projetos de empresas dos mais variados setores e tamanhos, muitos desses projetos são apenas uma maneira das empresas se adaptarem ao atual mercado de consumo, preocupadas em não perder seu público consumidor, ou em conquistar novos clientes, algumas empresas realizam projetos com o único intuito de usá-lo como mais uma ferramenta de marketing. Como mostram Ashley et AL (2000), são dois os principais argumentos que fundamentam a Responsabilidade Social Corporativa; argumentos com cunho ético ou instrumental. Os argumentos éticos são aqueles que se apoiam em princípios religiosos ou morais, ou seja, as empresas e as pessoas com ela envolvidas devem se comportar de modo responsável socialmente pois essa é a ação moralmente correta a ser tomada. Os argumentos de cunho instrumental são aqueles que atrelam a responsabilidade social ao desempenho econômico da empresa. Atrelar a imagem da empresa a um projeto de responsabilidade social, no que se refere ao aspecto instrumental, pode trazer uma série de vantagens competitivas em relação aos concorrentes. Graças à globalização da economia UNOPAR VIRTUAL Administração esse tema é cada vez mais discutido em fóruns empresariais e na mídia, tanto a especializada e direcionada às empresas, quanto à mídia de massa. Empresas transnacionais também têm feito investimentos em suas unidades nas diversas comunidades em que está presente. Assim, como colocam Ashley et AL (2000; p. 7): “(...) Para empresas que possuem operações em diversas partes do globo, far-se-ia necessário então desenvolver uma política de investimentos sociais, comunitários ou ambientais que tivesse consistência em todas as unidades da corporação, seguindo a máxima: ‘pensar globalmente, agir localmente’.” Com o foco nos aspectos instrumentais da RSE, algumas organizações têm direcionado suas ações sociais orientadas por seus objetivos estratégicos, ou seja, investem em projetos em áreas que atuam comercialmente, por exemplo: uma empresa que negocia materiais esportivos, realiza projetos na área dos esportes. Desse modo conseguem maximizar seus investimentos, tendo algum retorno financeiro além de agregar valor a sua imagem pública. Por outro lado, como colocam Ashley et AL (2000) aquelas empresas que se apoiam em argumentos éticos e morais para seus projetos, agem sem ter em mente tal retorno financeiro, elas estão mais preocupadas em transformar o ambiente social em prol do bem comum, sem se atentar unicamente aos retornos financeiros. Os projetos de RSE dessas empresas estão mais focados nas melhorias de qualidade de vida dos funcionários e comunidade, assim o RSE é avaliado mais pela sua importância social do que pelos seus benefícios econômicos, essas são empresas que podem ser classificadas como empresa-cidadã. Para Ashley et AL (2000; p.7-8), as empresas podem ser classificadas em três estágios: 1. “A empresa unicamente como um negócio, instrumento de interesses para o investidor, que em geral não é um empresário, e sim um ‘homem de negócios’ com uma visão mais imediatista e financeira dos retornos de seu capital; 2. A empresa como organização social que aglutina interesses de vários grupos de Stakeholders – clientes, funcionários, fornecedores, sociedade (comunidade) e os próprios acionistas – e mantém com eles relações de interdependência. Estas relações podem estar refletidas em ações reativas (resolução de conflitos) ou proativas, tendo para cada grupo de Stakeholders uma política clara de atuação; 3. A empresa-cidadã que opera sob uma concepção estratégica e um compromisso ético, resultando na satisfação das expectativase respeito dos parceiros.” Mesmo sem uma preocupação instrumental, para Ashley et AL (2000), a empresa-cidadã consegue algumas vantagens, tais como: o valor agregado à sua imagem; o desenvolvimento de lideranças com responsabilidade social; um clima UNOPAR VIRTUAL Administração melhor dentro da organização dado a melhoria de sua autoestima e o orgulho por estarem participando de projetos sociais. Um elemento que não pode deixar de ser comentado no que se refere a RSE é que ela está associada diretamente a dois fatores centrais, a ética e a transparência na gestão de seus negócios. Rico (2004) lembra que de nada adianta a empresa oferecer serviços ou produtos de reconhecida qualidade se suas atividades se baseiam em práticas ilegais, como por exemplo, jogar dejetos nos rios, trazendo além de danos ao meio ambiente, gastos públicos e possíveis danos à saúde das pessoas. Por isso é importante que as empresas sejam transparentes em relação às suas atividades, como coloca Rico (2004; 76), um instrumento importante para incentivar as empresas com a transparência é Balanço Social: “O balanço social é um documento publicado anualmente, reunindo um conjunto de informações sobre as atividades econômicas, ambientais e sociais desenvolvidas pela empresa que apresenta seus principais compromissos públicos, as metas para o futuro, os problemas que imagina enfrentar e os possíveis parceiros com quem pretende trabalhar para equacionar os desafios previstos. Por meio do balanço social a empresa mostra o que fez pelos empregados e seus dependentes e pela população sobre quem exerce influencia direta.” Tais relações entre sociedade civil e Estado são cada vez mais importantes para suprir as lacunas que Estado tem deixado, especialmente no Brasil onde o Estado não consegue suprir as necessidades básicas de boa parte da população devido à escolha que fez pelo modelo econômico e de Estado baseado no Estado Mínimo, ou seja, pela retração de investimentos em políticas sociais e privatização de vários serviços. Como mostra Rico (2004) é para suprir essas demandas que surgem as mais variadas ações da sociedade civil e de fundações empresariais, no entanto, apesar de cumprirem um papel importante, é preciso levar em conta também que essas ações atingem apenas aquela população que as fundações e institutos empresariais selecionam como público alvo, não atingindo necessariamente a parcela mais necessitada da população. Como coloca a autora (2004: p 80-81): “Esta é uma questão contraditória que coloca em cheque a filosofia e os princípios da responsabilidade social empresarial, pois os serviços sociais direcionam-se para uma camada de cidadãos definida com base em critérios diferentes daqueles da universalidade dos direitos” Neste sentido, apesar de ser uma ação importante, a responsabilidade social das empresas não pode ser a única resposta aos problemas sociais e demandas da população. Por isso que outras instituições e organizações vêm se propondo a tentar articular a população, a sociedade civil organizada, o Estado e as empresas, para resolução de problemas locais, tais organizações e instituições compõem um segmento que ficou conhecido por Terceiro Setor. Referência bibliográfica UNOPAR VIRTUAL Administração Ashley, Patrícia Almeida; Coutinho, Renata B.G.; Tomei, Patrícia. A Responsabilidade Social Corporativa e Cidadania Emp resarial: uma análise conceitual comparativa . ENANPAD; 2000. Cappellin, Paola; Giffon, Raquel. As Empresas em sociedades Contemporâneas: a responsabilidade social no Norte e no Sul. Caderno CRH , Salvador, vol. 20. n.51, p. 419-434. set/dez, 2007 Rico, Elizabeth de Melo. A Responsabilidade Social Empresarial e o Estado: uma aliança para o desenvolvimento sustentável. São Paulo em Perspectiva , 18(4); 73-82. 2004. Observações: Caro Aluno, Peça para o tutor de sala enviar suas dúvidas pelo Chat Atividade para que o professor possa esclarecê-las. Tenham um ótimo trabalho! .