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INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS AGUDAS

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INFECÇÕES REPIRATÓRIAS AGUDAS 1
INFECÇÕES REPIRATÓRIAS AGUDAS
principal motivo de atendimento nas emergências pediátricas 
importante causa de óbito 
podem acometer qualquer área da árvore respiratória → VIAS AÉREAS SUPERIORES (fossas nasais, faringe, 
seios paranasais, laringe, traqueia) OU INFERIORES (brônquios, bronquíolos, parênquima pulmonar)
FATORES DE RISCO baixa cobertura vacinal, baixo peso ao nascer, desmame precoce, dificuldade de 
acesso à assistência médica 
RESFRIADO COMUM
infecção mais comum da infância
risco de complicações bacterianas → otite média aguda e sinusite bacteriana aguda
diferente de gripe
resfriado comum = infecção viral que acomete mucosa nasal e dos seios paranasais 
gripe = infecção pelo vírus influenza que pode acometer toda a árvore respiratória; presença de 
manifestações sistêmicas
ETIOLOGIA rinovírus → principal agente causador 
existem vários sorotipos de rinovírus, o que pode ocasionar vários episódios de resfriado ao longo do ano 
outros vírus: coronavírus, vírus sincicial respiratório, adenovírus, influenza, parainfluenza 
FISIOPATOLOGIA
transmissão por contato direto com gotículas e secreções de indivíduos contaminados 
estabelecimento do vírus da mucosa nasal → desenvolvimento de manifestações locais
duração média de 7 dias → doença autolimitada 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
coriza hialina (pode ir mudando de cor ao longo da doença), obstrução nasal, ausculta pulmonar com 
roncos que alteram a localização, espirros, dor de garganta, tosse noturna (devido ao gotejamento pós-
nasal)
pode ter febre baixa-moderada 
DIAGNÓSTICO clínico
TRATAMENTO
antipiréticos → dipirona, paracetamol, ibuprofeno 
não utilizar AAS  crianças infectadas por varicela ou influenza que utilizam AAS correm risco de 
desenvolver síndrome de Reye, caracteterizada por encefalopatia e disfunção hepática
lavagem nasal com SF
não utilizar descongestionantes e anti-histamínicos (principalmente em crianças  2 anos)
utilização de mel pode ajudar nos sintomas de tosse noturna (não utilizar em crianças  1 ano - risco de 
botulismo)
OTITE MÉDIA AGUDA
principal complicação bacteriana de um resfriado comum
ETIOLOGIA Streptococcus pneumoniae (pneumococo), Haemophilus influenzae não tipável e Moraxella 
catarrhalis
FISIOPATOLOGIA
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o resfriado comum causa inflamação tubária, levando a uma perda das funções essenciais (ventilação da 
orelha médias, permitir um clearance de secreções e proteção contra ascensão de bactérias da 
nasofaringe)
disfunção tubária → secreção/acúmulo de muco → proliferação bacteriana
a proliferação bacteriana nas secreções acumuladas leva à formação de um abcesso na orelha média, 
que pode ser drenado espontaneamente
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
otalgia, irritabilidade, choro intenso
quando ocorre a drenagem espontânea do abcesso, a dor cessa 
a criança pode levar a mão ao ouvido
otorreia (mesmo na ausência de dor) = secreção purulenta no conduto auditivo externo 
DIAGNÓSTICO
otoscopia normal = membrana timpânica transparente, brilhante, côncava, móvel 
otoscopia alterada = membrana timpânica opaca, hiperemiada, abaulada
TRATAMENTO
analgésicos → dipirona, paracetamol, ibuprofeno
USO OBRIGATÓRIO DE ATB  6 meses, presença de otorreia, presença de sinais de gravidade, OMA 
bilateral em  2 anos, malformações craniofaciais, síndrome de Down, imunodeficiência
avaliar indicação de antibioticoterapia se: 
6 meses a 2 anos → utilizar ATB se otorreia com OMA, OMA com sintomas graves, OMA bilateral 
mesmo sem otorreia 
em caso de OMA unilateral sem otorreia, pode-se avaliar a criança por 4872h antes de decidir 
pela instituição de antibioticoterapia → discutir conduta com a família
 2 anos → utilizar ATB se otorreia com OMA, OMA com sintomas graves
em caso de OMA bilateral sem otorreia ou OMA unilateral sem otorreia, pode-se avaliar a criança 
por 4872h antes de decidir pela instituição de antibioticoterapia → discutir conduta com a família
*sintomas graves: aparência tóxica e otalgia moderada-intensa, otalgia  48h, febre  39ºC nas 
últimas 48h ou acompanhamento duvidoso 
ATB: 
amoxicilina (beta-lactâmico) 5090 mg/kg/dia por 510 dias → primeira escolha 
se não responder (suspeitar de Haemophilus ou Moraxella - produzem beta-lactamase) → 
amoxicilina + clavulanato 
se uso recente  30 dias) de amoxicilina ou falha terapêutica com amoxicilina após 2448h ou 
otite associada a conjuntivite (causada por Haemophilus)
COMPLICAÇÕES
perfuração timpânica → em geral, possui resolução espontânea
otite média secretora = evolução da doença → não é considerado falha terapêutica
efusão persistente, sem otalgia, febre ou inflamação
conduta expectante → em geral, melhora em 3 meses
após 3 meses sem melhora → encaminhamento para o otorrino para colocação de um tubo de 
ventilação
mastoidite aguda → processo inflamatório que aocmete o periósteo 
INFECÇÕES REPIRATÓRIAS AGUDAS 3
presença de edema e vermelhidão na região retroauricular, desaparecimento do sulco retroauricular, 
deslocamento do pavilhão auditivo 
internar a criança + inicia ATB parenteral  TC de mastoide 
SINUSITE BACTERIANA AGUDA
dificuldade na drenagem das secreções dos seios paranasais
seios da face:
ao nascimento → seios etmoidais
aos 4 anos → seios maxilares
aos 5 anos → seios esfenoidais
aos 78 anos até a adolescência → seios frontais
ETIOLOGIA Streptococcus pneumoniae (pneumococo), Haemophilus influenzae não tipável e Moraxella 
catarrhalis
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS semelhantes ao resfriado comum
tosse persistente, secreção nasal, descarga nasal clara ou purulenta, febre 
duração mais longa que o resfriado comum
quando pensar em quadros bacterianos: 
quadro arrastado → persistência de sintomas de resfriado por 10 ou mais dias
quadro grave → febre alta  39ºC e coriza purulenta por  3 dias consecutivos 
quadro que piora → bifásico (criança resfriada, leve melhora, seguida de piora)
DIAGNÓSTICO clínico
Rx de seios da face pode mostrar: espessamento mucoso  4 mm), opacificação do seio (comparado 
com o seio contralateral), nível hidroaéreo
não define se quadro é viral ou bacteriano
não auxilia no Rx
TRATAMENTO
amoxicilina (beta-lactâmico) 50 mg/kg/dia → primeira escolha 
se não responder (suspeitar de Haemophilus ou Moraxella - produzem beta-lactamase) → amoxicilina + 
clavulanato 
se uso recente  30 dias) de amoxicilina ou falha terapêutica com amoxicilina após 2448h ou otite 
associada a conjuntivite (causada por Haemophilus)
manter tratamento por mais 7 dias após melhora clínica
manter por 1014 dias
se alergia, clindamicina ou levofloxacino ou cefuroxima 
FARINGITES AGUDAS
ETIOLOGIA
viral: rinovírus, adenovírus, coronavírus, epstein-barr, VSR, enterovírus → doença benigna e autolimitada
bacteriana: estreptococo-beta-hemolítico do grupo A (S. pyogenes) → tem como complicação a febre 
reumática 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:
mais comum em pacientes com 515 anos
febre alta + dor de garganta + manifestações inespecíficas (pode ter dor abdominal e vômito)
INFECÇÕES REPIRATÓRIAS AGUDAS 4
pode cursar com exsudato amigdaliano 
petéquias no palato (mais específica para o diagnóstico de infecção por estreptococo-beta-hemolítico 
do grupo A)
linfadenopatia cervical ou submandibular
não tem tosse ou rinorreia 
específicas de faringites virais:
febre faringoconjuntival → faringite e conjuntivite causadas pelo adenovírus
herpangina → febre alta e úlceras na região posterior da cavidade oral (criança com disfagia) 
causada pelo coxsackie A
podem ser internada para suporte e hidratação
mononucleose infecciosa → faringite exsudativa e adenomegalia generalizada causada pelo vírus 
Epstein-Barr
é comum a presença de esplenomegalia 
hemograma com atipia linfocitária (aumento de linfócitos atípicos)
AVALIAÇÃO COMPLEMENTAR: diagnóstico bacteriológico (para evitar o uso desnecessário de ATB
cultura de orofaringe = padrão ouro (mais sensível)
testes rápidos (muito específico)
positivo = confiono resultado e inicio tratamento com ATB
negativo = solicitar cultura de orofaringe 
TRATAMENTO
penicilina benzatina dose única IM (tratamento da infecção + profilaxia para febre reumática)
ATB previne febre reumática se for utilizado nos primeiros 9 dias após o início do quadro
ATB previne também complicações supurativas (no curso da infecção aguda) 
ATB não previne o surgimento de glomerulonefrite pós-estreptocócica GNPE
alternativa: amoxicilina VO por 10 dias
macrolídeos (azitromicina por 5 dias) não deve ser a primeira escolha 
COMPLICAÇÕES das faringites bacterianas:
abcesso retrofaríngeo → infecção dos gânglios do espaço retrofaríngeo (entre a região posterior da 
faringe e a fáscia pré-vertebral)
ocorre principalmente em crianças  5 anos
caracterizada por febre e irritabilidade
acarreta dificuldade para engolir, rigidez cervical/torcicolo 
pensar em abcesso quando uma criança com IVAS evolui com torcicolo
indicada internação  ATB parenteral (se não resolver, drenagem pode ser indicada)
abcesso periamigdaliano → complicação mais frequente
intensificação da dor de garganta + disfagia intensa + trismo (dificuldade de abrir a boca)
pode haver desvio da úvula
indicado internação  ATB parenteral + drenagem 
DOENÇAS DA LARINGE E DA TRAQUEIA
cursam com a presença de estridor → obstrução de uma grande via de condução
INFECÇÕES REPIRATÓRIAS AGUDAS 5
laringe → estridor inspiratório 
EPIGLOTITE AGUDA
infecção bacteriana causando inflamação da mucosa que reveste a epiglote
ETIOLOGIA Haemophilus influenza do tipo B  tem vacina!
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
início agudo e evolução rápida (horas)
febre alta e toxemia, dor de garganta, disfagia, sialorreia (maior produção e eliminação de saliva)
evolui com dificuldade respiratória e estridor 
posição do tripé → para tentar melhorar a respiração
DIAGNÓSTICO clínico
visualização de uma epiglote vermelho-cereja (laringoscopia)
Rx cervical com sinal do polegar → não deve ser solicitado
TRATAMENTO
estabelecer uma via aérea artificial 
ATB parenteral por 710 dias 
adrenalina e corticoide são ineficazes 
LARINGOTRAQUEÍTE VIRAL CRUPE VIRAL
ETIOLOGIA vírus parainfluenza tipos 1, 2 e 3
MNIFESTAÇÕES CLÍNICAS
maior incidência entre 3 meses e 5 anos
pródromos de resfriado comum
evolui com tosse ladrante ou metálica e rouquidão (acometimento de cordas vocais)
presença de estridor inalatório na ausculta
CRUPE  síndrome = conjunto de sinais e sintomas = tosse ladrante + rouquidão + estridor
DIAGNÓSTICO clínico
Rx de pescoço mostrando sinal da torre (calibre obstruído)
TRATAMENTO
quadro grave = presença de estridor em repouso → nebulização com adrenalina + corticosteroide 
(dexametasona VO ou IM  observação na emergência
quadro leve → corticosteroide (dexametasona VO ou IM
COMPLICAÇÃO traqueíte bacteriana = crupe membranoso → piora do quadro inicial + não responde à 
nebulização com adrenalina
causado por Staphylococcus aureus → tto com ATB

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