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Infecções das vias aéreas superiores (IVAS) 1. Rinofaringite aguda → Resfriado comum* (nasofaringite de etiologia viral que leva à inflamação da mucosa do nariz, faringe e seios paranasais), rinite viral aguda. *O resfriado comum predispõe a criança a complicações bacterianas, como otite média aguda e sinusite; a faringite bacteriana, no entanto, não é uma complicação do resfriado comum. → Doença infecciosa de VAS mais comum na infância. → Causada quase que exclusivamente por VÍRUS. ETIOLOGIA → Rinovírus¹ – principal agente causador do resfriado comum! (40%) → Coronavírus¹ ¹São agentes típicos das VAS e raramente causam pneumonia ou bronquite; são termo-sensíveis (não toleram a parte central do corpo, mais quente) → Parainfluenza² #Laringite aguda → Vírus sincicial respiratório (VSR)² #Bronquiolite viral aguda → Adenovírus² → Influenza² #Gripe (quadro de IVAS com maior repercussão clínica, podendo apresentar-se com febre alta, prostração, mialgia, calafrios, diarreia, vômitos e dor abdominal [≠ resfriado comum]) ²Podem estar associados à evolução para IVAI (pneumonia/bronquiolite) → Outros vírus (enterovírus/coxsackie, sarampo, rubéola, varicela) → Vírus presumidos não descobertos EPIDEMIOLOGIA → Crianças<5 anos têm, em média, de 6-8 episódios/ano (Obs – adultos têm cerca de 2-3 episódios/ano). → Sazonalidade – depende do agente: a. Rinovírus – início do outono e final da primavera b. Influenza e VSR – inverno c. Parainfluenza – final do outono d. Cocksackievírus – verão → Reservatório: crianças são os maiores reservatórios para os vírus e geralmente propagam e adquirem a infecção em creches e escolas. → Transmissão: aerossol (gotículas produzidas pela tosse e espirros), contato de mãos ou fômites contaminados com a via aérea de indivíduos sadios. → Contágio: significativo em comunidades fechadas e semifechadas, como domicílio, creches, escolas. → Período de incubação dos agentes que mais comumente causam nasofaringite viral gira em torno de 2-5 dias. → Período de contágio: desde algumas horas antes até 2 dias após o início dos sintomas. SINAIS E SINTOMAS → Dor de garganta → Coriza (hialina, esverdeada, amarelada) → Obstrução nasal → Espirro → Tosse seca → Febre de intensidade variável (podendo ser mais alta em <5 anos ou não haver febre) → Diarreia (por alguns vírus específicos) Durante a evolução, pode surgir: a. Em lactentes: → Inquietação, choro fácil → Recusa alimentar → Vômitos → Alteração do sono → Dificuldade respiratória por obstrução nasal b. Em cçs maiores: → Cefaleia → Mialgias → Calafrios EXAME FÍSICO → Congestão da mucosa nasal e faríngea → Hiperemia de membranas timpânicas DIAGNÓSTICO → Clínico DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Manifestações iniciais de várias doenças: → Sarampo → Coqueluche (tosse em salvas, com guincho podendo levar a hipoxemia – agente bacteriano: Bordetella pertussis) → Infecção meningocócica ou gonocócica → Faringite estreptocócica → Mononucleose infecciosa → IVAS de repetição, com sintomas quase permanentes nos períodos de inverno e primavera – rinite alérgica? COMPLICAÇÕES → Complicações bacterianas podem ocorrer durante infecções respiratórias virais, as mais frequentes são: Otite média aguda e Rinossinusite aguda. → Asma aguda – episódios de infecções virais são um dos fatores desencadeantes mais importantes, principalmente pelo VSR e rinovírus. Obs. Orientar para observação do surgimento de: → Dificuldade respiratória (taquipneia, retrações ou gemência) → Persistência de febre >72h → Prostração acentuada → Secreção nasal purulenta >10 dias → Otalgia → Tosse persistente >10 dias TRATAMENTO → Repouso. → Hidratação e dieta conforme aceitação. → Higiene e desobstrução nasal – instilação de solução salina isotônica seguida de aspiração. → Antitérmicos e analgésicos – paracetamol, ibuprofeno ou dipirona. *Evita-se AAS em infecções virais (AAS+influenza pode causar Sd de Reye – degeneração gordurosa do fígado com comprometimento do SNC) *Uso de antitussígenos, anti-histamínicos e antimicrobianos é desaconselhável! → Para a maioria dos vírus não existe nenhum tratamento específico. → H1N1 – Oseltamivir → VSR – Considerar Ribavirina PROGNÓSTICO → Doença autolimitada (5-7 dias). → Bom prognóstico em crianças previamente hígidas. → Lactentes, desnutridos ou imunossuprimidos são fatores de risco para complicações. PREVENÇÃO → Lavagem de mãos e cuidado com secreções e fômites. → Prevenção primária – evitar contato de pacientes mais vulneráveis (<3 meses, imunodeprimidos) com pessoas infectantes. Obs. Gripe (Influenza) → Rinofaringite aguda classificada separadamente do resfriado comum (IVAS com maior repercussão clínica). → Pode evoluir com pneumonia ou insuficiência respiratória grave. → Criança mais jovem: febre, diarreia, vômitos e dor abdominal são comuns. → Criança maior: febre alta, prostração, mialgia e calafrios. Coriza, tosse e faringite podem ficar em segundo plano. Piora pode ser rápida. → Tosse e fadiga podem durar semanas. → Tratamento influenza – Oseltamivir (Tamiflu) → Prevenção – SBP recomenda que todas crianças dos 6 meses aos 2 anos sejam vacinadas para o vírus da influenza (H1N1). 2. Faringoamigdalite → A faringite aguda com envolvimento das amigdalas palatinas é uma doença inflamatória da orofaringe, caracterizada por eritema e pela presença ou não de exsudato amigdaliano, ulcerações e vesículas. → A presença ou ausência das amígdalas não afeta a suscetibilidade em adquirir a infecção faríngea, seu curso clínico e surgimento de complicações. ETIOLOGIA → Viral (75%) – Principalmente crianças <3 anos a. Adenovírus (5%) #Febre faringoconjuntival b. Rinovírus (20%), Coronavírus (5%), Parainfluenza (2%), Influenza (2%) – inflamação da garganta é acompanhada de outros comemorativos de uma IVAS (resfriado comum ou gripe) c. Coxsackie A #Herpangina e B d. Vírus sincicial respiratório (VSR) e. Epstein-Barr vírus (EBV) (20%) #Mononucleose infecciosa f. Herpes-Simples vírus (HSV) (4%) g. HIV – raro (faringoamigalite da #Sd. de soroconversão) → Bacteriana (20-40%) – Crianças entre 5-15 anos (pode ocorrer, não raramente, em cçs <3a) a. Streptococcus pyogenes, estreptococo-beta-hemolítico do grupo A (15-20%) (escolares e adolescentes) #Escarlatina (síndrome clínica que congrega faringoamigdalite exsudativa e exantema com aspecto de lixa, provocada pela produção de toxinas eritrogênicas estreptocócicas dos tipos A, B e C); #Febre reumática, #GNDA pós-estreptocócica e complicações supurativas (#Abcesso retrofaríngeo e #Abscesso periamigdaliano) Obs. Das reações não supurativas tardias que podem ser desencadeadas pela FEA, como a febre reumática (FR) e a glomerulonefrite difusa aguda (GNDA), a FR pode ser evitada com o uso de antimicrobianos. Entretanto, no caso da GNDA, o tratamento precoce antimicrobiano não parece reduzir significativamente seu risco. b. Haemophilus influenzae c. Staphylococcus aureus d. Moraxella catarrhalis e. Mycoplasma pneumoniae – raro Etiologia Viral Estreptocócica Idade Principalmente <3 anos Geralmente >3 anos (4-7a) Início Insidioso Abrupto Anamnese Tosse, rinorreia, rouquidão, conjuntivite, febre variada Febre alta, mal estar e calafrios; ausência de tosse ou rinorreia Exame da orofaringe Hiperemia, úlceras, vesículas, sem placas, exsudato claro Hiperemia com placas de pus e petéquias em palato Adenomegalia cervical Posterior (ou ausente) e indolor Anterior, volumosa e dolorida EPIDEMIOLOGIA Sobre a faringoamigdalite estreptocócica (FAE): → Pico de incidência entre 4-7 anos, podendo, entretanto, ocorrer em toda infância e vida adulta. → Transmissão: contato direto com o doente, pacientes sintomáticos transmitem a bactéria através da secreção nasal e da saliva (perdigotos). → Contato próximo é grandefator de risco para transmissão (predomínio da doença em período escolar e em regiões de baixo nível socioeconômico com aglomeração de pessoas). → Reconhecimento e TTO precoce da FAE tem papel importante no controle da doença, já que após 24-48h do início da antibioticoterapia o paciente já não elimina mais o agente. → Período de incubação: 2-5 dias. → Períodos epidêmicos: final do outono, inverno e primavera, nos climas temperados. FORMAS CLÍNICAS 1. Eritematosas: apresentam-se com hiperemia e congestão da superfície tonsilar. Principal etiologia é viral. No sarampo, por exemplo, também verificamos um pontilhado branco- amarelado na mucosa jugar (Manchas de Koplik). 2. Eritematopultáceas: encontra-se hiperemia e edema associados a um exsudato amarelado não aderente nas criptas e na superfície tonsilar. Principal etiologia é a faringite estreptocócica e faringite por EBV (provoca, além da amigdalite, aumento das tonsinas, linfadenomegalia cervical, rash e esplenomegalia). 3. Pseudomembranosas: formação de placas esbranquiçadas aderentes ao tecido amigdaliano, que podem invadir a faringe, palato e úvula. Destaca-se a difteria (Corynebacterium diphtheriae) – tem início insidioso, com sintomas gerais (febre, mal-estar, cefaleia, astenia e dor de garganta), o exsudato é branco acinzentado e muito aderente, sendo provocado sangramento abundante à tentativa de retirada. 4. Ulcerosas: úlceras superficiais (vesículas), como ocorre na herpangina (coxsackie A) e na angina herpética (HSV); ulcerações profundas, como na angina de Plaut-Vicent (tuberculose, sífilis, imunodeficiências) – infecção por germes fusoespiralares, caracterizada por ulceração profunda unilateral e de odor fétido. Obs. A divisão proposta não deve ser utilizada de forma irrestrita e absoluta! Sabe-se que vírus podem cursam com amigdalites eritematopultáceas (ex. EBV e adenovírus) e infecções bacterianas com amigdalites apenas eritematosas. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS a. Infecções virais (faringoamigdalite associada ao resfriado comum) → Não costuma estar associada a dor intensa e odinofagia → Dor de garganta moderada ou “garganta arranhando e coçando” → Corrimento nasal → Tosse → Mal-estar → Anorexia → Febre → Fase crítica da doença dura em torno de 24h, não persiste por mais de 5 dias. → Exame físico: faringe eritematosa e edemaciada, eventualmente observa-se exsudato no palato e nos folículos linfoides amigdalianos, indistinguíveis dos encontrados na doença estreptocócica. Linfonodos cervicais podem estar aumentados e as vezes dolorosos. I. Adenovírus → Faringite mais intensa → Sintomas proeminentes de mialgia, cefaleia, calafrios e febre >38,3ºC, que persistem por 5-6 dias → Dor de garganta importante → Exsudatos amigdalianos e eritema em toda orofaringe → Conjuntivite folicular (em até metade dos casos) – Febre faringoconjuntival II. Coxsackie → Forma incomum de faringite – Herpangina → Pequenas vesículas (1-2mm) localizadas em palato mole, úvula e pilares amigdalianos anteriores → As lesões se rompem e originam úlceras esbranquiçadas → Febre alta → Dor de garganta → Disfagia → Dor abdominal e anorexia → Infecção pode evoluir com miocardite! → Coxsackie A-16 pode causar a Sd mão-pé-boca (faringotonsilite ulcerosa + lesões papulovesiculosas em mãos e pés) III. Epstein-Barr → Amigdalite exsudativa (que ocorre em cerca de metade dos casos de mononucleose infecciosa) → Dor de garganta → Febre → Linfadenopatia cervical → Esplenomegalia → Sinais e sintomas agudos podem permanecer por até 15 dias → Pode haver fadiga no período convalescente, por meses → Prescrição de ampicilina (diagnóstico incorreto de amigdalite bacteriana) dá origem a um exantema típico em até 90% dos casos → Pesquisa do anticorpo heterófilo – confirma casos duvidosos b. Infecção estreptocócica → Cefaleia → Dor abdominal → Mal-estar → Náuseas → Vômitos → Febre de até 40ºC → Dor de garganta com intensidade variável → Exsudato pode assumir forma de membrana branco-acinzentada limitada ao tecido linfoide → Edema de úvula (pode ocorrer) → Linfadenopatia cervical anterior ou submandibular (única) precoce – linfonodos aumentados e dolorosos → Presença de vermelhidão das amigdalas e pilares amigdalianos, acompanhada ou não de exsudato, associada a petéquias em palato mole – achado clínico de maior consistência para o diagnóstico! *Idade entre 5-15 anos e ausência de outras manifestações de acometimento de VAS também sugerem angina estreptocócica → Evolui espontaneamente, quase sempre, após 4-5 dias, mesmo sem o uso de ATB. No entanto, não é considerada uma condição benigna, pelo risco de febre reumática, GNDA, complicações supurativas da garganta e grande transmissibilidade quando não tratada. DIAGNÓSTICO → Clínico (diferenciar infecção viral de bacteriana, o que, apenas pelo quadro clínico, pode ser difícil). → Swab da orofaringe com cultura em ágar-sangue (padrão-ouro). → Sorologia para EBV – útil nos casos suspeitos de mononucleose infecciosa. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Considerar infecções faríngeas infrequentes: → Herpangina (Viral – Coxsackie) → Mononucleose infecciosa (Viral – EBV) → Febre faringoconjuntival (Viral – Adenovírus) → Difteria – presença de membranas; nela, geralmente a membrana diftérica é única e localizada, e localiza-se também em áreas fora da amigdala COMPLICAÇÕES → Abscesso retrofaríngeo (supurativa) – complicação rara, predominando em crianças entre 3-4 anos, do sexo masculino. Nesta faixa etária o espaço retrofaríngeo é rico em tecido linfoide, recebendo toda drenagem das VAS. Uma faringoamigdalite bacteriana nessa idade pode raramente disseminar bactérias para esse espaço, levando a formação de um abscesso. Os principais sintomas são – febre, irritabilidade, disfagia e rigidez cervical. Pode ocorrer torcicolo por contratura da musculatura paravertebral, voz abafada, estridor e dificuldade respiratória. A ectoscopia revela abaulamento do local. → Abscesso periamigdaliano (supurativa) – também incomum, no entanto, mais frequente que o retrofaríngeo. Esta condição predomina em crianças maiores ou adolescentes. Os principais sintomas são – intensificação da dor de garganta, intensa disfagia e trismo em grau variado. O exame da orofaringe demonstra abaulamento inflamatório unilateral rechaçando a amigdala e a úvula para o lado oposto (edema de palato mole). Sinais físicos de forte suspeita de abscesso periamigdaliano/retrofaríngeo Abaulamento da parede lateral da loja amigdaliana e palato Trismo (limitação de abertura bucal) Voz abafada (“em batata quente”) Desvio de úvula da linha média → Úlceras grandes e crônicas (podem ser formadas em crianças debilitadas) → Escarlatina (toxina eritrogênica) → Febre reumática → Glomerulonefrite difusa aguda TRATAMENTO a. Etiologia viral → Não necessita de terapia específica → HSV (pacientes imunossuprimidos) – Aciclovir parenteral b. Etiologia estreptocócica → Uso de ATB, mesmo iniciado dentro dos primeiros 9 dias após o início da faringite é capaz de prevenir a FR e as complicações supurativas. → Na prática, muitos pediatras iniciam ATB com base no aspecto das amígdalas (presença de exsudato purulento) somado a febre alta e petéquias em palato. → Penicilina G benzatina IM, dose única, 600.000UI (cçs<27kg) a 1.200.000UI (cçs>27kg) 1ª ESCOLHA! → Amoxicilina (50mg/kg/dia 8/8h, por 10 dias), ampicilina e penicilina V, VO, também podem ser prescritas, por um período de 10 dias → Macrolídeos: Eritromicina (30-40mg/kg/dia, por 10 dias) ou azitromicina (5 dias), Claritromicina CRIANÇAS ALÉRGICAS A PENICILINA! → Abscessos – Internação, Antibioticoterapia EV e drenagem 3. Rinossinusite aguda → Infecção bacteriana dos seios paranasais, com duração menor que 30 dias, na qual os sintomasdesaparecem completamente. → Os seios paranasais são cavidades pertencentes a 4 estruturas ósseas: maxilar, etmoidal, frontal e esfenoidal. → A secreção dos seios paranasais caminha através dos óstios em direção aos cornetos que formam a parte lateral da via nasal. A posição anatômica dessas estruturas faz com que a motilidade ciliar do epitélio seja o fator mais importante para uma drenagem bem sucedida. → Edema, inflamação da mucosa e produção de muco espesso que obstrui os seios paranasais prejudicam a drenagem dos óstios sinusais. As secreções retidas funcionam como um “meio de cultura” para o crescimento de bactérias, permitindo a proliferação bacteriana intracavitária, que gera a rinossinusite bacteriana aguda. CLASSIFICAÇÃO → Aguda (<30 dias, sintomas desaparecem completamente) → Subaguda (4-12 semanas) → Crônica (>12 semanas) → Recorrente (>4 episódios agudos/ano - resolução completa nos intervalos) FATORES DE RISCO → Resfriado comum (rinofaringite viral) – Principal causa → Rinite alérgica → Tabagismo (ativo ou passivo) → Anormalidades estruturais (desvio de septo, pólipo nasal, hipertrofia de adenoide, corpo estranho nasal, tumores nasais) → Disfunção ciliar (fibrose cística, síndrome de Kartagener) → Imunodeficiência, imunossupressão (transplante de MO, malignidade) → Refluxo gastroesofágico → Tubos e sondas nasotraqueais ETIOLOGIA → Streptococcus pneumoniae (30%) → Haemophylus influenzae não tipável (20%) → Moraxella catarrhalis (20%) → Agentes infecciosos virais? EPIDEMIOLOGIA → Seios mais frequentemente comprometidos são: MAXILAR e ETMOIDAL → Infecção etmoide (etmoidite) (>6 meses) → Infecção maxilar (>1 ano) → Seios esfenoidal e frontal desenvolvem-se após os 4 anos, atingindo seu tamanho adulto somente na puberdade. → Sinusite frontal é rara antes dos 10 anos. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS a. Criança menor (<5 anos) → Tosse* e secreção nasal (manifestações iniciais de IVAS >10 dias) “Resfriado que demora a passar” Tosse que persiste por mais de 10-14 dias Descarga nasal purulenta por mais de 3-4 dias consecutivos → *Tosse diurna, com piora à noite (criança em posição supina) → Halitose → Febre (pode haver) b. Crianças maiores ou formas moderadas a graves: → Febre → Cefaleia → Respiração com odor desagradável → Diminuição do olfato → Sensação de pressão em região frontal → Desconforto ou dor no local do seio afetado ou nos dentes → Prostração → Edema palpebral → Celulite periorbitária – É sinal de etmoidite c. Exame físico → Nariz: Mucosa congesta e presença de secreção purulenta no meato médio. → Orofaringe: Gota purulenta pós-nasal. DIAGNÓSTICO → Clínico → Estudo radiológico dos seios da face é RARAMENTE necessário! EXAMES COMPLEMENTARES → Radiografia – não deve ser utilizada para diagnóstico de sinusite aguda não complicada. Os achados mais comuns para este diagnóstico são – presença de nível hidroaéreo, opacificação completa da cavidade sinusal e espessamento mucoso >4mm. → TC – útil na refratariedade ao TTO adequado, ou na suspeita de complicações ósseas, orbitárias ou intracranianas. → Punção aspirativa – para identificação da microbiológica – indicada em imunodeficientes ou casos graves refratários. → Endoscopia nasal – indicada na suspeita de fatores anatômicos nasais predisponentes. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL → Prolongamento de infecção viral não complicada → Rinite alérgica → Corpo estranho nasal → Adenoidite COMPLICAÇÕES → Sinusite crônica → Osteite frontal → Osteomielite periorbitária → Celulite periorbital e orbital (etmoidite) – graves! Celulite periorbitária – flogose na região palpebral e peripalpebral, febre, queda do estado geral Celulite orbitária – sinais flogísticos periorbitários, ptose e oftalmoplegia – complicação grave que, se não tratada de forma adequada, leva rapidamente à perda visual e/ou infecção do SNC Infecção do SNC → Meningite → Trombose do seio cavernoso e sagital superior → Empiema subdural → Abscesso epidural → Abscesso cerebral TRATAMENTO → Indicado em pacientes com mais de 10 dias de coriza mucopurulenta. → Amoxicilina 50mg/kg/dia, por 7 dias após a regressão dos sintomas clínicos (média de 14 dias) → Amoxicilina + clavulanato – pacientes com sinusite crônica, ou quando não há melhora com o uso da amoxicilina (após 72h) 4. Laringites virais → Acomete com maior frequência lactentes e pré-escolares, com um pico de incidência aos 2 anos. → Etiologia: vírus parainfluenza I e II e vírus sincicial respiratório (VRS) são os agentes causais mais comuns. Adenovírus, influenza A e B e vírus do sarampo também podem estar envolvidos. A laringotraqueíte bacteriana é uma complicação da viral, sendo causada comumente pelo Staphylococcus aureus, seguindo-se a Moraxela catarrhalis e o H. influenzae. → LARINGITE (ROUQUIDÃO, NÃO SECRETIVA) – Geralmente leve IR é incomum Irritação e inflamação em laringe Tosse Rouquidão ✓ TTO – Dexametasona, inalação com epinefrina → LARINGOTRAQUEÍTE (CRUPE) (ROUQUIDÃO + SECREÇÃO/TOSSE PRODUTIVA) Coriza Obstrução nasal, rinorreia Tosse (“de cachorro”/ladrilhante) Febre baixa (após 2-3 dias) Disfonia, afonia ou choro rouco Estridor inspiratório Sintomas piores à noite, intensidade decrescente por vários dias Radiografia – “sinal do campanário”, sinal da ponta de lápis (PA) diminuição da luz do segmento subglótico. Casos de obstrução mais grave – estridor mais intenso, tiragem supra-esternal, batimentos de asa de nariz, estridor expiratório e agitação; nos casos extremos – intensa dispneia e agitação, palidez, cianose, turpor, convulsões, apneia e morte. ✓ TTO – Dexametasona/prednisolona, inalações com epinefrina, antitérmicos → LARINGOTRAQUEOBRONQUITE (ROUQUIDÃO + SECREÇÃO + SIBILOS) 5. Epiglotite aguda → Potencialmente letal (emergência médica!) → Etiologia: Bacteriana – H. influenza b (era pré-vacina), Streptococcus sp. (S. pyogenes, S. pneumoniae), Staphylococcus aureus. CLÍNICA Curso agudo! → Febre alta → Irritação da orofaringe → Dispneia → Obstrução respiratória com rápida progressão – toxemia, disfagia, dispneia, sialorreia e hiperextensão do pescoço, posição do tripé → “Fome de ar”, cianose, coma → Estridor é achado tardio DIAGNÓSTICO → Visualização da epiglote vermelho-cereja, grande e edematosa, pela laringoscopia (padrão-ouro). → Se o diagnóstico for provável com base em critérios clínicos devem ser tomadas medidas imediatas para exame e controle das vias aéreas – intubação traqueal / traqueostomia. Na suspeita de epiglotite, a inspeção da orofaringe com abaixador de língua deve ser evitada (pode levar a laringoespasmo reflexo seguido de PCR). Posição supina também deve ser evitada (mudança de posição da epiglote pela gravidade pode aumentar a obstrução da via aérea). Radiografia (na prática, NÃO está indicada) – sinal do polegar / sinal de dedo de luva. TRATAMENTO → Intubação orotraqueal ou traqueostomia por 2-3 dias → Oxigenoterapia por assistência ventilatória mecânica → ATB parenteral (Ceftriaxone, cefotaxime ou ampicilina + sulbactam) por 7-10 dias → Quimioprofilaxia em contactantes em casas com outras crianças <4 anos Rifampicina 6. Otite média aguda → É uma das doenças mais frequentes na criança. → Prevalência: 2 primeiros anos de vida. A incidência declina após os 2 anos. → Estima-se que 80% das crianças <3 anos terão pelo menos um episódio de OMA. → Recidiva é frequente em até metade das crianças que apresentam OMA. FATORES DE RISCO → Idade (<2 anos) – imaturidade imunológica e anatomia da trompa de Eustáquio (+ curta e horizontal) → Sexo masculino → Pobreza – aglomerações, higiene inadequada, pior perfil nutricional → Aleitamento artificial → Tabagismo passivo → Exposição a outras crianças (irmãos, creches, escolas) →Anomalias congênitas – Sd. de Down → Ausência de vacina antipneumocócica e anti-influenza ETIOLOGIA → 40-60% das OMA tem coinfecção viral e bacteriana → Ainda não se sabe se os vírus, sozinhos, já seriam capazes de produzir a OMA ou se facilitariam a adesão de bactérias e prejudicariam a função imune do local. → Resfriado comum – principal fator predisponente de OMA, sendo esta a complicação mais comum do resfriado (5-30% dos casos). A liberação de mediadores inflamatórios leva à obstrução e disfunção da tuba auditiva, com acúmulo de secreção dentro da orelha média, a qual funciona como um meio de cultura para bactérias. → Bacteriana – S. pneumoniae (35-40%), H. influenzae (30%), Moraxella catarrhalis (10%) → Viral – VSR (15%), adenovírus (5%), Influenza A ou B (5%) CLASSIFICAÇÃO → OMA (3 semanas) → OMSA (3 semanas – 3 meses) → OMR (Recorrente): 3 ou + episódios nos últimos 6 meses / 4 ou + nos últimos 12 meses. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS → Irritabilidade, choro (lactentes) → Otalgia → Sensação de oclusão ou pressão nos ouvidos → Ruídos (estalos, zumbidos) → Febre baixa → Perda auditiva variável → Sintomas nasais/faríngeos → Vômitos → Inapetência → Otorreia (fluida ou purulenta) – 1/3 dos casos (neste caso o diagnóstico torna-se evidente) → Episódio prévio de rinofaringite viral antecedendo as manifestações dado fundamental! → OTOSCOPIA Abaulamento da membrana timpânica (+ hiperemia) Perda da translucidez da membrana timpânica Efusão (exsudato pulsátil) DIAGNÓSTICO → Clínico (anamnese + otoscopia) OMA OTORREIA PURULENTA OU SINAIS DE EFUSÃO Alteração de cor da MT (branca, amarela, âmbar ou azul) Opacificação não provocada por cicatriz Mobilidade reduzida ou ausente + SINAIS DE INFLAMAÇÃO Abaulamento moderado a grave da MT, OU Abaulamento leve da MT + otalgia aguda (<48h), OU Abaulamento leve da MT + eritema intenso da MT COMPLICAÇÕES → Perfuração timpânica – comum nas OMA não tratadas, quando ocorre autodrenagem → Hipoacusia → Mastoidite – toda OMA cursa com algum grau de mastoidite por contiguidade, no entanto este envolvimento é subclínico e o processo se reverte, geralmente, após a antibioticoterapia. Contudo, numa minoria de casos, o processo inflamatório se estende para o MT normal, levemente côncava, transparente (cabo do martelo bem visualizado), brilhante (reflexo luminoso, chamado de “triângulo luminoso”) e móvel à insuflação pneumática. OMA: MT hiperemiada, convexa e abaulada, de coloração alterada (hiperemia difusa, opacificação e pontos esbranquiçados) e com perda de mobilidade. periósteo da mastoide no osso temporal, provocando sintomas de edema, vermelhidão e dor atrás da orelha na topografia do processo mastoideo. Internação, ATB EV, mastoidectomia. → Meningite → Abscesso cerebral → Bacteremia → Sepse TRATAMENTO → Amoxacilina 40-50mg/kg/dia Alérgicos - usar Macrolídeos! → Melhora em 72h manter Amoxacilina → Piora em 72h aumento da dose para 90mg/kg/dia ou uso de Amoxacilina + clavulanato 40-50mg/kg/dia ou Cefalosporina de 2ªG → Com melhora manter o ATB → Se evoluir sem melhora Cefalosporina de 3ªG (Ceftriaxone) e avaliação do otorrinolaringologista
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