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planejamento e gestao de espaços psicopedgogicos 2

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Planejamento e 
Gestão de Espaços 
Psicopedagógicos
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Dr.ª Rutinéia Cristina Martins
Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
Psicopedagogia Escolar: O Planejamento 
Psicopedagógico Frente à Gestão
Psicopedagogia Escolar: O Planejamento 
Psicopedagógico Frente à Gestão
 
 
• Caracterizar a escola como um espaço de intervenção psicopedagógica;
• Verificar como se dá a atuação do psicopedagogo como um gestor escolar e como ocorre a 
gestão compartilhada com os outros gestores;
• Entender como o planejamento psicopedagógico é inserido nas necessidades da escola.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO 
• A Escola como Espaço de Intervenção Psicopedagógica;
• O Psicopedagogo como Gestor e a Gestão Compartilhada;
• Planejamento Psicopedagógico Frente às Necessidades da Escola.
UNIDADE Psicopedagogia Escolar: O Planejamento 
Psicopedagógico Frente à Gestão
Contextualização 
Turma do Balão Mágico (ou simplesmente Balão Mágico) é uma banda de música infantil 
brasileira da década de 1980. Originou o programa infantil Balão Mágico na Rede Globo (1983-
1986). Seus álbuns venderam mais de 10 milhões de cópias no Brasil. O grupo lançou 5 álbuns, 
sendo uma das maiores bandas infantis da história do Brasil. Emplacou muitas músicas de 
sucesso, sendo as mais famosas Amigos do Peito, Superfantástico e Ursinho Pimpão. Outras 
músicas que ficaram na lembrança foram Baile dos Passarinhos, É Tão Lindo, Se Enamora, Tia 
Josefina, Barato Bom é da Barata e Tic-Tac.
Leia e ouça esta bela canção gravada pelo grupo Balão Mágico em 1983: Amigo e compa-
nheiro Disponível em: https://bit.ly/3sk0kuM
Os autores citam uma relação de amizade entre colegas de colégio e afirmam que a 
escola é a luz que ilumina o caminho da gente, ou seja, trazem gratas lembranças dos 
tempos escolares. Com a escolarização obrigatória, passamos grande parte das nossas 
vidas na escola, são pelo menos 14 anos entre Educação Infantil, Ensino Fundamental 
e Ensino Médio. Época de crescimento, desenvolvimento, frustrações, alegrias, aprendi-
zagens e também dificuldades.
Por tratar de aprendizagens e das dificuldades que podem surgir nesse processo, a 
escola é um dos principais espaços de atuação psicopedagógica. Assim, como o profis-
sional gerencia o seu trabalho na instituição escolar? Como planeja suas intervenções 
nesse espaço?
Vamos conhecer um pouco?
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A Escola como Espaço de 
Intervenção Psicopedagógica
A escola é a instituição criada para socialização do saber. Na concepção de Visca 
(1987, p. 78), é onde se realiza a aprendizagem sistemática:
[...] aquela que se opera na interação com as instituições educativas, media-
doras da sociedade, órgãos especializados para transmitir os conhecimentos, 
atitudes e destrezas que a sociedade estima para necessárias para a sobrevi-
vência, capazes de manter uma relação equilibrada entre identidade e mudan-
ça. Essas instituições, além disso, provêm ao sujeito as aprendizagens instru-
mentais que irão permitir o acesso a níveis mais elaborados de pensamento. 
Figura 1 – Escola
Fonte: Getty Images
Por conta dessa importância enquanto local que viabiliza a aprendizagem, a escola é 
um sujeito do trabalho do psicopedagogo. Não é um sujeito enquanto pessoa, mas na 
condição de conjunto de pessoas que deve ser estudado e analisado para que se possa 
oferecer o melhor atendimento individual e coletivo. Essa atuação pode ocorrer nos se-
guintes contextos (BOSSA, 2000, p. 89):
• Diagnóstico e busca da identidade da escola: o diagnóstico das aprendizagens e 
de outras necessidades da escola tem como objetivo buscar dados para o planeja-
mento de ações para a instituição, em geral e especificamente para alunos que reque-
rem maior atenção ou estratégias diferenciadas para construção de conhecimentos;
• Priorização de projetos diversos: para atender aos diferentes grupos etários e 
necessidades de aprendizagem;
• Instrumentalização de professores, coordenadores, orientadores e diretores so-
bre práticas e reflexões diante do processo de aprender: momento de formação 
continuada em que o psicopedagogo orienta a equipe escolar sobre as particularida-
des das aprendizagens dos alunos de determinada escola. Sendo assim, a pauta des-
sas orientações é composta de esclarecimentos sobre como promover boas situações 
didáticas para alunos com transtornos, distúrbios e dificuldades de aprendizagem;
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UNIDADE Psicopedagogia Escolar: O Planejamento 
Psicopedagógico Frente à Gestão
• Reprogramação curricular, implantação de programas e sistemas avaliativos: 
em conformidade com o ritmo e as características da aprendizagem do grupo, bus-
cando atender aqueles que estão dentro das expectativas de aprendizagem, ou seja, 
aqueles que têm conhecimentos compatíveis com o ano em que estão. Junta-se a 
isso a preocupação em atender aqueles que estão além das aprendizagens dos de-
mais e aqueles que estão em ritmo mais lento ou precisam de estratégias diferentes 
para alcançar os objetivos propostos;
• Oficinas para vivências de novas formas de aprender: referem-se à elaboração 
de atividades para fomentar o desempenho cognitivo dos alunos atendidos pelo 
psicopedagogo por apresentarem dificuldades de aprendizagem. São atividades di-
ferentes daquelas preparadas por professores para ministrarem em sala de aula;
• Análise de conteúdo e reconstrução conceitual: no sentido de verificar se o conte-
údo é significativo para todos os alunos ou se é preciso que haja um processo de res-
significação para aqueles que não conseguem apreendê-lo de maneira convencional;
• Releitura, ressignificando sistemas de recuperação e reintegração dos alunos 
no processo: de modo que consigam aprendizagens essenciais de cada conteúdo, 
conseguindo dar aplicabilidade a ele;
• Mediação da promoção do diálogo entre família e escola, tendo em vista que 
ambas precisam trocar informações e serem parceiras para o sucesso de todos os alu-
nos, principalmente daqueles que estão em atendimento psicopedagógico por pos-
suírem peculiaridades na aprendizagem, em que cada detalhe revelado pode ajudar.
Epistemologia Convergente
A Epistemologia Convergente, teoria elaborada pelo argentino Jorge Visca (1935-2000), pro-
cura compreender a contribuição dos aspectos afetivos, cognitivos e do meio socioeduca-
cional no processo da aprendizagem do indivíduo e as possíveis dificuldades apresentadas, 
tendo como base a integração dos conhecimentos da psicologia genética, da psicanálise e 
da psicologia social. A articulação entre as dimensões afetivas e cognitivas do indivíduo só 
se completa no estabelecimento da relação contínua dessas dimensões com o meio onde o 
indivíduo vive, formando uma unidade, um sistema com características únicas. É nesse pa-
tamar que o psicopedagogo precisa atuar, ou seja, propiciar condições para que o aprendiz 
construa seu conhecimento tomando como referencial uma postura reflexiva, isto é, de re-
visão pessoal, visando à possibilidade da construção de novos valores, de novas concepções. 
Outro fator importante nessa construção é a mediação junto ao aprendiz, para que este 
tenha a possibilidade de expressar suas ideias no grupo desbloqueando elementos imobi-
lizadores inconscientes que estiveram impedindo este crescimento pessoal (VISCA, 1987).
O Psicopedagogo como Gestor 
e a Gestão Compartilhada
Para começar a entender o que seria a gestão compartilhada, na qual o psicopedago-
go se insere no ambiente escolar e divide a gestão pedagógica com outros profissionais, 
vamos ler parte de um texto de renomado jornal mineiro, O Estado de Minas Guri (2015):
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 Fábula mostra a importância do trabalho em equipe
Solidariedade marca a história do livro ‘Todos juntos somos fortes ’
Uma longa e difícil viagem marca a história do livro Todos juntos somos fortes, de Esko-
-Pekka Tiitinen e ilustrações de Nikolai Tiitinen. Uma velha coruja, com dificuldade para 
voar, está sentada na torre da prefeitura quando uma pomba se esbarra nela e pede ajuda 
para voltarpara a África. 
Começa aí a narrativa que trata sobre a importância da solidariedade e do trabalho em 
equipe. Debilitada fisicamente, a coruja deseja ajudar, mas está com as asas tão pesadas 
que que não suportaria uma viagem longa. A pomba percebe então que a causa do proble-
ma é que a nova amiga está coberta de areia. Para ajudá-la, a pomba passa a noite inteira 
limpando-a. Para retribuir o favor, a coruja decide auxiliar a pomba a voltar para a casa. Leia 
a matéria íntegra. Disponível em: https://bit.ly/3djKPOY
O comentário sobre a fábula nos ajuda a pensar um pouco sobre o papel do psico-
pedagogo na gestão da escola, quando necessita de olhares e informações de outros 
profissionais para desenvolver seu trabalho: coordenador pedagógico, orientador educa-
cional, professor de educação especial e professores regentes de sala de aula, lembrando 
sempre que cada rede de ensino, pública ou privada, tem seus quadros específicos de 
gestores, mas todos egressos do curso de Pedagogia e/ou pós-graduações em Educação.
Figura 2 – Capa do livro Todos juntos somos fortes, 
de Esko-Pekka Tiitinen e Nikolai Tiitinen
Fonte: Divulgação
Em Dimensões da gestão escolar e suas competências, Lück (2009) apresenta 
dimensões da gestão realizada nas escolas: resultados educacionais, pessoas, dimen-
são pedagógica, dimensão administrativa, clima e cultura escolar e cotidiano escolar. 
Dentre essas, pode-se dizer que o psicopedagogo lida principalmente com a dimen-
são pedagógica, com vistas aos resultados educacionais, que se trata da organização, 
coordenação, liderança e avaliação de todos os processos e ações diretamente vol-
tados para a promoção da aprendizagem dos alunos e sua formação (LÜCK, 2009, 
p. 93). Nesta obra, Debesse e Milaret (apud LÜCK, 2009) esclarecem que o adjetivo 
“pedagógica” é diretamente oriundo da Pedagogia, a ciência e a arte de influenciar 
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UNIDADE Psicopedagogia Escolar: O Planejamento 
Psicopedagógico Frente à Gestão
sistemática e organizadamente os processos de aprendizagem de pessoas, mediante 
método compatível com os resultados pretendidos.
Assim, pode-se explicar como o psicopedagogo compartilha a gestão pedagógica e 
de resultados com outros gestores escolares:
• Professor regente de sala de aula: esse profissional não se responsabiliza pela 
aprendizagem da escola toda, mas, do seu grupo, em caso de professores de educa-
ção básica I, ou grupos de alunos, no caso de professores especialistas. Essa parce-
ria se dá no momento em que há o debate e a troca de ideias entre os profissionais 
no sentido de buscar os melhores meios para efetivar a aprendizagem daqueles que 
apresentam dificuldades ou não aprendem pelos meios convencionais. O professor 
da sala de aula recebe orientações específicas do psicopedagogo sobre como pro-
ceder com tais alunos e atingir os objetivos específicos traçados para eles;
• Professor de Educação Especial: é o responsável pela realização do atendimen-
to educacional especializado (AEE) na escola, cujo público-alvo engloba todos os 
alunos da educação básica e superior com deficiência física, intelectual, mental ou 
sensorial, alunos com transtornos globais do desenvolvimento, ou seja, espectro 
autista (MEC/SECADI, 2014). Juntam-se a eles alunos com síndrome de Asperger, 
síndrome de Rett, transtorno desintegrativo da infância (psicoses) e transtornos 
invasivos sem outra especificação, alunos com altas habilidades e superdotação.
De maneira paralela ao professor de Educação Especial, o psicopedagogo desenvolve 
seu trabalho no sentido de auxiliar a criança com deficiência, transtornos e síndromes 
já citadas a se adaptar no ambiente escolar, promovendo a verdadeira inclusão ao pro-
por que a instituição reveja posturas e possibilite a orientação dos profissionais para 
tal trabalho. Desta forma, o professor de Educação Especial faz o atendimento com as 
crianças ou alunos de outras faixas etárias, enquanto o psicopedagogo forma os profis-
sionais para efetivar a inclusão. Os dois profissionais trabalham juntos no que se refere 
ao atendimento às famílias dessas crianças.
O que é a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva?
A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva tem como 
objetivo assegurar a inclusão escolar de alunos com deficiência, transtornos globais do 
desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, orientando os sistemas de ensino para 
garantir: acesso ao ensino regular, com participação, aprendizagem e continuidade nos ní-
veis mais elevados do ensino; transversalidade da modalidade de educação especial desde 
a educação infantil até a educação superior; oferta do atendimento educacional especia-
lizado; formação de professores para o atendimento educacional especializado e demais 
profissionais da educação para a inclusão; participação da família e da comunidade; acessi-
bilidade arquitetônica, nos transportes, nos mobiliários, nas comunicações e informação; e 
articulação intersetorial na implementação das políticas públicas (MEC/SECADI, 2008).
Quanto à coordenação pedagógica e orientação educacional, é preciso distinguir as 
diferentes realidades encontradas no país, levando em conta que em algumas o psicope-
dagogo trabalha junto com esses profissionais no mesmo espaço, com frentes distintas. 
Em outras realidades, além das funções atribuídas ao psicopedagogo, este exerce as 
tarefas de coordenador pedagógico e/ou orientador educacional.
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O orientador educacional é o profissional que zela pela formação dos alunos como 
cidadãos, ajuda os professores a compreender os comportamentos das crianças e cuida 
das relações com a comunidade (PASCOAL, 2013). Torna-se um suporte para a apren-
dizagem por promover uma reflexão sobre os valores da escola, favorecer a construção 
de relações interpessoais entre os alunos e mediar conflitos entre os alunos, professores 
e outros membros da escola, cuidando das questões emocionais e disciplinares.
Figura 3 – Professora consola aluno chorando
Fonte: Getty Images
Por conta dessas atribuições, seu trabalho se relaciona com o trabalho do psicopeda-
gogo à medida que muitos alunos com dificuldades de aprendizagem, por razões diver-
sas, são também alunos que têm problemas disciplinares e precisam ser acompanhados 
pelo orientador educacional. Assim, esses profissionais têm muitos atendimentos em 
comum e precisam estar conectados para a realização de projetos que envolvam a auto-
estima e afetividade, no sentido de promover situações em que o aluno se sinta bem no 
ambiente escolar, consiga relacionar-se bem, respeitar regras e, por fim, responder bem 
às situações de aprendizagem.
Para as instituições em que o mesmo profissional responde pelas duas funções, Lina 
(apud SILVA, 2006, p. 28-29) esclarece que a atividade de orientação educacional pode 
ser definida numa dimensão psicopedagógica. Segundo ela, o orientador não é um psi-
copedagogo, no entanto suas atividades estão na área da Psicopedagogia. Isso ocorre 
porque seu trabalho prevê a preocupação e vincula-se estreitamente ao sucesso ou ao 
fracasso na aprendizagem. É o profissional que atua na dinâmica inter-relacional da ins-
tituição e nesse caso busca a adaptação do indivíduo às finalidades da escola.
O coordenador pedagógico tem como foco de seu trabalho a atuação do professor 
em sala de aula, a análise de sua prática no sentido de melhor direcioná-la para a efe-
tivação da aprendizagem dos alunos (PMF, 2017, p. 102). Para isso, faz um trabalho 
de acompanhamento, formação continuada e orientação ao trabalho docente. Nesse 
ponto, seu trabalho afiniza-se com o trabalho do psicopedagogo. Precisam trabalhar 
em conjunto pela aprendizagem das crianças que recebem atendimento pedagógico e 
também nas orientações dadas aos professores, tanto nas orientações gerais dadas pelo 
coordenador pedagógico, como nas orientações específicas dadas pelo psicopedagogo.
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UNIDADE Psicopedagogia Escolar: O Planejamento 
Psicopedagógico Frente àGestão
Devido ao seu conhecimento dos processos de aprendizagem e formação de professo-
res, em determinados locais, o psicopedagogo pode assumir a coordenação pedagógica 
ou acumular as duas funções em cargo único. Entretanto, legalmente e funcionalmente 
não é o ideal, pois mesmo que tratem dos mesmos assuntos, os focos de psicopedagogo 
e coordenador pedagógico são diferentes; enquanto o foco do primeiro são os alunos, o 
coordenador dedica-se, primordialmente, ao professor.
Figura 4 – Reunião de gestoras escolares
Fonte: Getty Images
Pessoas e Lugares – Madre Cristina Sodré Dória
O primeiro curso regular de Psicopedagogia no Brasil foi inaugurado em 1979, na cidade de 
São Paulo, no Instituto Sedes Sapientiae, cuja fundação se deve à madre Cristina Sodré Dória.
Brasileira, educadora e psicóloga. Nascida Célia Sodré Dória, religiosa da Congregação de 
Nossa Senhora - Cônegas de Sto. Agostinho. Filha de advogado, nascida em Jaboticabal 
(1916), São Paulo, cresceu entre discussões políticas e o aprendizado cristão de respeito e 
disponibilidade para com o próximo. Formou-se professora e veio para a capital fazer facul-
dade (1937-1940). Licenciou-se em Filosofia e Pedagogia pela Faculdade Sedes Sapientiae, 
entrou para a vida religiosa e começou a lecionar para os universitários. Estudou Freud so-
zinha e mais tarde foi para o exterior complementar os estudos em Psicologia (1955), esta-
giando na Sourbone (França) e doutorando-se em Psicologia pela Pontifícia Universidade 
Católica de São Paulo (PUC-SP). Dos estudos, resultaram vários livros e artigos publicados, 
principalmente, nas décadas de 1960 e 1970.
Lutou pela liberdade, pela igualdade de direitos e pela transformação social na época da 
ditadura militar, lutou até o desespero para salvar vidas e ideais. Foi chamada de comunista 
e radical. Recebia ameaças de morte e de prisão. Escondia perseguidos políticos e interme-
diava encontros. Ao fundar o Instituto Sedes Sapientiae (1977) definiu-o “como um espaço 
aberto aos que quiserem estudar e praticar um projeto para a transformação da sociedade, 
visando atingir um mundo onde a justiça social seja a grande lei”. Faleceu no dia 26/11/97.
(INSTITUTO SEDES SAPIENTAE, 1998).
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Planejamento Psicopedagógico 
Frente às Necessidades da Escola
O planejamento e a gestão do psicopedagogo na escola devem antever, além dos 
atendimentos psicopedagógicos, em que o profissional desenvolve atividades diretamen-
te com alunos, as necessidades da escola, no que se refere à rotina diária, como ao 
planejamento anual, tendo em vista que diferentemente da Psicopedagogia Clínica, que 
se configura em atendimento à parte ou complementar, o trabalho do psicopedagogo na 
escola compõe a rotina de uma instituição. Além das particularidades da escola, é preci-
so levar em conta que o reconhecimento do trabalho do psicopedagogo como um aliado 
para a promoção de um ensino sadio é uma forma de identificar a cooperação estudantil 
como compromisso total com o aluno e a recíproca é legítima (PINHEIRO, 2015).
Ciente dessas condições, o planejamento considera questões do cotidiano da escola, 
como horários de entrada, saída, merenda, recreio e aulas com especialistas das áreas 
de Educação Física, Artes, Música e outros existentes de acordo com cada realidade. 
Formar um grupo de alunos ou fazer atendimentos individualizados exige pensar até a 
geografia da escola, ou seja, dependendo de onde se localiza a sala do psicopedagogo, é 
conveniente atender uma criança ou grupo antes ou depois do recreio ou outra atividade 
escolar por conta de barulho, movimentação de pessoas ou outra situação própria de 
cada realidade.
Figura 5 – Recreio
Fonte: Getty Images
Vamos tomar como exemplo uma escola1 de 700 alunos de 1º ao 5º ano, divididos 
em 26 turmas de 25 a 30 alunos nos períodos de manhã e tarde. No geral, há 87 alunos 
atendidos ou acompanhados pela psicopedagoga, que atende em média 4 alunos por 
grupo e em casos específicos atende individualmente. Os demais são acompanhados, 
por meio de observações em sala de aula e análise de desempenho e desenvolvimento. 
1 Exemplo baseado em dados reais de uma escola pública de anos iniciais do Ensino Fundamental.
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UNIDADE Psicopedagogia Escolar: O Planejamento 
Psicopedagógico Frente à Gestão
Os dados obtidos nas análises são socializados e discutidos em reuniões e devolutivas 
para suas famílias e professores, além das reuniões com os demais profissionais da equi-
pe pedagógica da escola.
Nessa escola, a psicopedagoga cumpre carga horária de 40 horas e precisa dividir-se 
entre reuniões de equipe gestora, participação e/ou condução de reuniões de formações 
de professores, atendimento a crianças, atendimento às famílias, orientações a profes-
sores e formação continuada (reuniões de estudo e cursos), desenvolvimento de projetos 
para alavancar aprendizagens, sem contar as trocas informais de ideias com os profis-
sionais da equipe pedagógica (Professor de Educação especial, Orientador educacional 
e Coordenador pedagógico). Acompanhemos o quadro de tarefas:
Tabela 1
Horário Segunda Terça Quarta Quinta Sexta
7h30-9h20 Formação 
continuada
Grupo 1
2º ano
Grupo 1
4º ano
Registros, orientações 
a professores e 
atendimento 
a famílias
Grupo 1
3º ano
Grupo 1
3º ano
Grupo 1
5º ano
Grupo 1
4º ano
Intervalo
9h40-11h30 Formação 
continuada
Desenvolvimento 
de projetos
Grupo 1
1º ano Observação de 
alunos em 
sala de aula
Grupo 1
5º ano
Grupo 1
2º ano
Grupo 1
1º ano
Almoço
13h-14h50
Grupo 2 
2º ano Observação de 
alunos em sala 
de aula
Grupo 2
3º ano
Grupo 2
4º ano Desenvolvimento 
de projetosGrupo 2 
3º ano
Grupo 2
1º ano
Grupo 2
5º ano
Intervalo
15h10-17h
Grupo 2 
4º ano
Grupo 2
1º ano Formação 
continuada 
de professores
Reunião de equipe
Registros, 
orientações a 
professores e 
atendimento 
a famílias
Grupo 2 
5º ano
Grupo 2
2º ano
Além das situações rotineiras, existem os eventos maiores realizados na escola, prin-
cipalmente aqueles que exigem a participação ativa do psicopedagogo, como as reuni-
ões de pais, planejamento, formação de professores e conselho de ano. As participações 
em reuniões de formação de professores, na maioria das redes de ensino, acontecem 
semanalmente – as famosas ATPCs (aulas de trabalho pedagógico coletivo) ou com a 
denominação de cada região – e por isso estão no planejamento semanal do psicope-
dagogo, seja na condição de líder da formação ou de participante, quando é feita por 
outro gestor escolar. Entretanto, as reuniões de planejamento, conselho de ano e de pais 
acontecem menos vezes por ano e exigem que o psicopedagogo prepare devolutivas e 
orientações, no caso dos conselhos de ano e reuniões de pais e outros apontamentos 
específicos do trabalho, no caso das reuniões de planejamento escolar.
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O Que é o Conselho de Classe ou Conselho de Ano
O Conselho de Classe é órgão colegiado de natureza consultiva e deliberativa em assuntos 
didático-pedagógicos, fundamentado no Projeto Político Pedagógico da escola e no Regi-
mento Escolar. É o momento em que professores, equipe pedagógica e direção se reúnem 
para discutir, avaliar as ações educacionais e indicar alternativas que busquem garantir a 
efetivação do processo de ensino e aprendizagem dos estudantes.
O Conselho de Classe pode ser organizado em três momentos:
Pré-conselho: levantamento de dados do processo de ensino e disponibilização aos conse-
lheiros (professores) para análise comparativa do desempenho dos estudantes, das obser-
vações, dos encaminhamentos didático-metodológicos realizados e outros, de forma a dar 
agilidade ao Conselho de Classe. É um espaço de diagnóstico.
Conselho de Classe: momento em que todos os envolvidos no processo se posicionam frente ao 
diagnóstico e definem em conjunto as proposições que favoreçam a aprendizagem dos alunos.
Pós-conselho: momento e que as ações previstas no Conselho de Classe são efetivadas.
As discussões e tomadas de decisões devem estar respaldadas em critérios qualitativos,como: os avanços obtidos pelo estudante na aprendizagem, o trabalho realizado pelo profes-
sor para que o estudante melhore a aprendizagem, a metodologia de trabalho utilizada pelo 
professor, o desempenho do aluno em todas as disciplinas, o acompanhamento do aluno no 
ano seguinte, as situações de inclusão, as questões estruturais, os critérios e instrumentos 
de avaliação utilizados pelos docentes e outros. Cabe à equipe pedagógica a organização, 
articulação e acompanhamento de todo o processo do Conselho de Classe, bem como a me-
diação das discussões que deverão favorecer o desenvolvimento das práticas pedagógicas 
(PARANÁ, 2020).
O quadro a seguir exemplifica um cronograma de ações de uma escola de anos ini-
ciais do Ensino Fundamental. Nele, pode-se visualizar que eventos a escola contempla. 
Em alguns deles, o psicopedagogo tem ações direcionadas à sua prática. Em outros, pre-
cisa modificar sua rotina de atendimentos para ser um colaborador nas ações da escola.
Tabela 2 – Cronograma de ações
Ações Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.
Atendimento Psicopedagógico2 x x x x x x x x x
Avaliações externas x x x x
Avaliações internas x x x x
Confraternização de Funcionários x x
Conselho de Ano x x x
Avaliação do Projeto Político 
Pedagógico
x
Reunião de Pais e Mestres x x x x x
Dia dos Professores/Funcionários x
2 Na rede municipal de ensino de onde se retirou o cronograma de ações que serviu como exemplo, não há a con-
tratação de psicopedagogos. As crianças de Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental que possuem 
dificuldades de aprendizagem ou outra necessidade de acompanhamento sistemático são atendidas por pedagogos 
(nota da autora). No entanto, adaptamos o quadro para que o aluno possa compreender como o atendimento psi-
copedagógico pode ser inserido no cronograma de ações.
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UNIDADE Psicopedagogia Escolar: O Planejamento 
Psicopedagógico Frente à Gestão
Ações Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.
Mostra de Ações Educaciomais x
Família e Comunidade/Dia da 
Família na Escola
x
Festa Junina x
Meio Ambiente x
Passeios: Cultural e/ou Lazer x
Planejamento e Replanejamento x x
Recreio Dirigido
Recuperação Paralela x x x x x x
Semana da Criança x
Semana do Trânsito
TIC/Sala de Informática x x x x x x x x x
Fonte: PMF, 2019
Dessa maneira, podemos verificar que o psicopedagogo deve promover o planeja-
mento e a gestão do seu trabalho, mediante a sua participação nas micro e macrossi-
tuações que envolvem a sua ação profissional, sempre buscando meios de auxiliar o 
educando a buscar a sua aprendizagem, compreendendo-o como alguém sujeito de sua 
própria aprendizagem.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Dimensões da gestão escolar e suas competências 
LÜCK, H. Dimensões da gestão escolar e suas competências. Curitiba: Positi-
vo, 2009. 
Neste livro, Lück ressalta que o diretor de escola, o diretor assistente ou adjunto, o 
supervisor pedagógico e orientador educacional, assim como os demais membros 
da equipe de gestão escolar e seus professores, desempenham um papel de desen-
volvimento na liderança da escola. São eles que incentivam os demais na constru-
ção do desenvolvimento educacional.
 Psicopedagogia: a instituição educacional em foco
OLIVEIRA, A. Psicopedagogia: a instituição educacional em foco. Curitiba: 
IBPEX, 2009. 
O objetivo do livro é caracterizar a atuação do psicopedagogo no âmbito da ins-
tituição educacional sob o enfoque do diagnóstico e de diferentes modalidades de 
intervenção psicopedagógica institucional. Para isso, Oliveira (2009, p. 3) aborda: 
Psicopedagogia institucional e intervenção psicopedagógica na instituição escolar, 
abordagens teóricas (Teoria sistêmica e epistemologia convergente), grupos opera-
tivos, psicodrama e dinâmicas de grupo. Além disso, as técnicas para intervenção 
institucional e atuação preventiva na instituição escolar .
 Vídeos
Os desafios da educação 
O vídeo traz uma entrevista com a pesquisadora e psicopedagoga argentina Alícia 
Fernandez (1946-2015) sobre os desafios da educação. Autora de obras importan-
tes para a Psicopedagogia Institucional na área de educação, como A Inteligência 
aprisionada (1991) e O saber em jogo (2000), traz, nesta entrevista, informações 
e discussões importantíssimas para a área educacional .
https://youtu.be/uuB_RyeyTIE
 Filmes
O discurso do rei 
O filme não trata exatamente da ação do psicopedagogo, mas de uma interven-
ção profissional que muda os rumos de um tratamento que inclui a aprendizagem. 
Desde os 4 anos, George (Colin Firth) é gago. Este é um sério problema para um 
integrante da realeza britânica, que frequentemente precisa fazer discursos. George 
procurou diversos médicos, mas nenhum deles trouxe resultados eficazes. Quando 
sua esposa, Elizabeth (Helena Bonham Carter), o leva até Lionel Logue (Geoffrey 
Rush), um terapeuta de fala de método pouco convencional, George está desespe-
rançoso. Lionel se coloca de igual para igual com George e atua também como seu 
psicólogo, de forma a tornar-se seu amigo. Seus exercícios e métodos fazem com 
que George adquira autoconfiança para cumprir o maior de seus desafios: assumir 
a coroa, após a abdicação de seu irmão David (Guy Pearce) .
https://youtu.be/MBw-pEMr4Wo
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UNIDADE Psicopedagogia Escolar: O Planejamento 
Psicopedagógico Frente à Gestão
 Leitura
Psicopedagogia no cotidiano escolar: impasses e descobertas com o ensino de nove anos
A Ampliação do Ensino Fundamental para nove anos vem provocando discussões 
e impasses, apesar de ser uma prática corrente em uma parcela das escolas priva-
das do país. No ensejo de contribuir para a reflexão sobre o tema, articulamos três 
movimentos: buscar depoimentos de profissionais inseridos no cotidiano escolar 
privado e público; organizar interlocuções teóricas situando o pensamento e a ação 
da Psicopedagogia em suas interfaces com Educação, Pedagogia e História Social, 
para assim problematizar o lugar da infância em nossa sociedade atual e, desse 
modo, compreender, psicopedagogicamente, as relações de aprendizagem que se 
apresentam nesta nova configuração escolar.
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