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POLÍTICAS DE SAÚDE (P2) Aula 8 - Modelos de Sistemas de Saúde Todo sistema de saúde pode ser pensado como a articulação de três componentes que geram as diferentes classificações • Político modelo de gestão • Econômico modelo de financiamento • Médico modelo assistencial Existem múltiplos critérios para classificar os sistemas de saúde. Com relação ao componente político e os modelos de gestão nenhum país tem um modelo puro, único, porém, em alguns existe uma prevalência de determinada forma de organização e financiamento de saúde que caracteriza o modelo. Modelos de saúde, segundo a forma de gestão: • Modelo universalista • Modelo do seguro social • Modelo de seguros privados • Modelo assistencialista Modelo universalista: - Caracterizado por financiamento público com recursos dos impostos e acesso universal aos serviços que são prestados por fornecedores públicos. - A maior parte do financiamento e da gestão é por conta do Estado. - Os trabalhadores profissionais e não profissionais dependem do Estado. - Mas podem existir outras fontes de financiamento além dos impostos, tais como pagamentos diretos de usuários e outros insumos. Modelo do seguro social: - O conceito de seguro social implica o seguro no qual a participação é obrigatória. - O financiamento é por aporte e contribuições dos empresários e trabalhadores. - Só oferecem cobertura aos contribuintes e seu grupo familiar. Modelo de seguros privados: - Tem uma organização fragmentada, descentralizada e com escassa regulação pública - Limita a ação do Estado. - Os seguros de saúde são vendidos com diferentes ofertas de cobertura. Modelo assistencialista: - A saúde não é um direito do povo, mas sim uma obrigação dos cidadãos. - O Estado só oferece assistência às pessoas incapazes de assumir a responsabilidade individual de cuidar da saúde. - As ações são direcionadas às pessoas mais vulneráveis e carentes e, de maneira limitada, pois do contrário poderia contribuir para incentivar as pessoas a não se responsabilizarem pela própria saúde. Aula 9 - O Sistema de Saúde Suplementar no Brasil Serviços de Proteção ao Consumidor Ainda na década de 1990 observa se a entrada em vigor do Código de Defesa do Consumidor, pela criação e consolidação dos Serviços de Proteção ao Consumidor e pela atuação do Ministério Público na área da defesa das relações de consumo. Com isso o setor de assistência suplementar à saúde passou a figurar como um dos principais alvos de reclamações por parte dos consumidores, avolumando se a quantidade de ações contra as empresas do setor e crescendo a demanda social da regulamentação. Lei 9.656 de 03/06/1998 Até 1998 os contratos que regiam a relação entre as empresas de saúde suplementar e usuários vigorava sem padronização e os abusos multiplicavam-se. Inexistiam critérios para exclusão de procedimentos estabelecimento de carências fixação de reajustes das mensalidades definição das doenças preexistentes fiscalização e garantias de atendimento das necessidades dos usuários. A entrada em vigor da Lei 9 656 de 03 06 1998 que dispõe sobre os planos privados de assistência à saúde, e medidas provisórias foram sucessivamente alterando o modo de atuar das operadoras de planos de saúde atuavam em meio a um vazio legal. A falta de uma regulamentação de controle e avaliação das empresas do setor suplementar de assistência à saúde, levou o Poder Legislativo a aprovar a Lei 9 961 em 28/01/2000 que criou a Agência Nacional de Saúde Suplementar ANS. A Agência tem por finalidades institucionais • Promover a defesa e o interesse público na assistência suplementar à saúde. • Regular as operadoras setoriais, inclusive quanto às suas relações com prestadores e consumidores e contribuir para o desenvolvimento das ações de saúde no País. Objetos de normas pela ANS: • Coberturas assistenciais e condições de acesso (plano de referência). • Rol de procedimentos médicos, odontológicos e de alta complexidade. • Ingresso, operação e saída de operadoras. • A regulamentação determinou que os planos devem oferecer o serviço por pacotes, por exemplo ambulatoriais, hospitalares sem obstetrícia, hospitalares com obstetrícia e ou odontológicos. Planos e seguros de saúde Com a regulação da ANS são estabelecidos os seguintes tipo de planos e seguros de saúde nas modalidades de intermediação da assistência médico hospitalar: • Medicinas de grupo • Autogestão • Seguradoras • Cooperativas médicas • Filantropia • Disciplina Medicinas de grupo São empresas privadas lucrativas que administram planos de saúde para indivíduos, empresas empregadoras. O contratante paga antecipadamente ou a posteriore pelos serviços de assistência médica e tem direito à cobertura dos eventos previstos no contrato. Seguradoras O seguro de saúde é uma operação financeira em que o segurado paga pelo premio estabelecido pela seguradora no caso da ocorrência de um problema de saúde. O seguro funciona mediante o reembolso das despesas médico-hospitalares. Cooperativas médicas São empresas sem fins lucrativos São organizadas segundo as leis do cooperativismo os médicos (e outros profissionais da área da saúde) cooperados são, simultaneamente, sócios da cooperativa e prestadores de serviço. Recebem pagamento proporcional ao tipo e ao volume do atendimento, acrescido de um valor que procede do rateio do lucro final das unidades de um dado município. A vinculação dos usuários se faz mediante pré pagamento a planos individuais, familiares e empresariais. Teoricamente as cooperativas adotam princípios diferentes da Medicina de Grupo e das Seguradoras, na pratica adotam a mesmo formato de convênio. Aula 10 - Organizações sociais no Brasil Plano Diretor, Programa de Publicização, o Terceiro Setor De acordo com o Plano, a implementação de organizações sociais implicaria duas ações: a) publicização de determinadas atividades executadas por entidades estatais, que seriam extintas b) a absorção dessas atividades por entidades privadas qualificadas como OS, mediante celebração de contrato de gestão PUBLICIZAÇÃO DE ATIVIDADES A publicização de atividades é uma forma de descentralização por meio da qual atividades executivas desenvolvidas pela administração direta ou por autarquias tem sua execução repassada para entidades privadas sem fins lucrativos conhecidas como organizações sociais. A publicização de atividade demanda estudos que comprovem a vantajosidade, em sentido amplo, da transferência da execução da atividade por organização social. Terceiro Setor como um setor constituído por: “associações civis sem fins lucrativos que não são de propriedade de nenhum indivíduo ou grupo e que estão orientadas diretamente para o atendimento do interesse público" Organização social - OS OS é um título concedido pelo Poder Público a uma associação ou fundação privada regida exclusivamente pelo Código Civil e instituída por particulares, para o estabelecimento de uma relação de parceria e fomento público na realização de atividade ou serviço de interesse público, de natureza continuada, por meio da celebração de um contrato de gestão. A OS não é, portanto, um modelo de cooperação de longo prazo entre o Poder Público e a sociedade civil organizada. Aula 11 - Política Nacional de Humanização PNH (Humaniza SUS, Humanização dos Serviços de Saúde, Acolhimento) Política Nacional de Humanização do SUS Tem como objetivo utilizar os princípios do SUS nas práticas de atenção e de gestão, estimulando a construção de processos coletivos para enfrentamento de relações de poder e de práticas desumanizadoras que inibem a autonomia e a corresponsabilidade dos profissionais de saúde em seu trabalho e dos usuários no cuidado de si. Promover a comunicação entre gestores, trabalhadores e usuários Promover a comunicação entre estes três grupos pode provocar uma série de debates em direção a mudanças que proporcionem melhor forma de cuidar e novas formas de organizar otrabalho. A humanização é a valorização dos usuários, trabalhadores e gestores no processo de produção de saúde. Valorizar os sujeitos é oportunizar uma maior autonomia, a ampliação da sua capacidade de transformar a realidade em que vivem, através da responsabilidade compartilhada, da criação de vínculos solidários, da participação coletiva nos processos de gestão e de produção de saúde. Princípios 1 - Transversalidade: a Política Nacional de Humanização deve se fazer presente e estar inserida em todas as políticas e programas do SUS. Transversalizar é reconhecer que as diferentes especialidades e práticas de saúde podem conversar com a experiência daquele que é assistido. Juntos, esses saberes podem produzir saúde de forma mais corresponsável. A PNH transformar as relações de trabalho a partir da ampliação do grau de contato e da comunicação entre as pessoas e grupos tirando os do isolamento e das relações de poder hierarquizadas. 2 - Indissociabilidade: refere se a não separação entre a atenção e a gestão dos processos de produção de saúde. As decisões da gestão interferem diretamente na atenção à saúde. Por isso, trabalhadores e usuários devem buscar conhecer como funciona a gestão dos serviços e da rede de saúde, assim como participar ativamente do processo de tomada de decisão nas organizações de saúde e nas ações de saúde coletiva. Ao mesmo tempo, o cuidado e a assistência em saúde não se restringem às responsabilidades da equipe de saúde. O usuário e sua rede sociofamiliar devem também se corresponsabilizar pelo cuidado de si nos tratamentos, assumindo posição protagonista com relação a sua saúde e a daqueles que lhes são caros. 3 - Protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e coletivos: Um SUS humanizado reconhece cada pessoa como legítima cidadã de direitos e valoriza e incentiva sua atuação na produção de saúde. Qualquer mudança na gestão e atenção é mais concreta se construída com a ampliação da autonomia e vontade das pessoas envolvidas, que compartilham responsabilidades. Diretrizes • Acolhimento • Gestão Participativa e cogestão • Ambiência • Clínica ampliada e compartilhada • Valorização do Trabalhador • Defesa dos Direitos dos Usuários Acolhimento Acolher é reconhecer o que o outro traz como legítima e singular necessidade de saúde. Como valor das práticas de saúde, o acolhimento é construído de forma coletiva, a partir da análise dos processos de trabalho e tem como objetivo a construção de relações de confiança, compromisso e vínculo entre as equipes/serviços, trabalhador/equipes e usuário com sua rede sócio afetiva. Como fazer? Com uma escuta qualificada oferecida pelos trabalhadores às necessidades do usuário, é possível garantir o acesso oportuno desses usuários a tecnologias adequadas às suas necessidades, ampliando a efetividade das práticas de saúde. Isso assegura, por exemplo, que todos sejam atendidos com prioridades a partir da avaliação de vulnerabilidade, gravidade e risco. Gestão Participativa e cogestão Cogestão expressa tanto a inclusão de novos sujeitos nos processos de análise e decisão quanto a ampliação das tarefas da gestão que se transforma também em espaço de realização de análise dos contextos, da política em geral e da saúde em particular, em lugar de formulação e de pactuação de tarefas e de aprendizado coletivo. Como fazer? Exemplo: Rodas para colocar as diferenças em contato de modo a produzir movimentos de desestabilização que favoreçam mudanças nas práticas de gestão e de atenção. Ambiência Criar espaços saudáveis, acolhedores e confortáveis, que respeitem a privacidade, propiciem mudanças no processo de trabalho e sejam lugares de encontro entre as pessoas. Como fazer? A discussão compartilhada do projeto arquitetônico, das reformas e do uso dos espaços de acordo com as necessidades de usuários e trabalhadores de cada serviço é uma orientação que pode melhorar o trabalho em saúde. Clínica ampliada e compartilhada A clínica ampliada é uma ferramenta teórica e prática cuja finalidade é contribuir para uma abordagem clínica do adoecimento e do sofrimento, que considere a singularidade do sujeito e a complexidade do processo saúde/doença. Permite o enfrentamento da fragmentação do conhecimento e das ações de saúde e seus respectivos danos e ineficácia. Como fazer? Utilizando recursos que permitam enriquecimento dos diagnósticos (outras variáveis além do enfoque orgânico, inclusive a percepção dos afetos produzidos nas relações clínicas) e a qualificação do diálogo (tanto entre os profissionais de saúde envolvidos no tratamento quanto destes com o usuário), de modo a possibilitar decisões compartilhadas e compromissadas com a autonomia e a saúde dos usuários do SUS. Valorização do Trabalhador É importante dar visibilidade à experiência dos trabalhadores e incluí-los na tomada de decisão, apostando na sua capacidade de analisar, definir e qualificar os processos de trabalho. Como fazer? O Programa de Formação em Saúde e Trabalho e a Comunidade Ampliada de Pesquisa são possibilidades que tornam possível o diálogo, intervenção e análise do que gera sofrimento e adoecimento, do que fortalece o grupo de trabalhadores e do que propicia os acordos de como agir no serviço de saúde. É importante também assegurar a participação dos trabalhadores nos espaços coletivos de gestão. Defesa dos Direitos dos Usuários Os usuários de saúde possuem direitos garantidos por lei e os serviços de saúde devem incentivar o conhecimento desses direitos e assegurar que eles sejam cumpridos em todas as fases do cuidado, desde a recepção até a alta. Como fazer? Todo cidadão tem direito a uma equipe que cuide dele, de ser informado sobre sua saúde e também de decidir sobre compartilhar ou não sua dor e alegria com sua rede social.