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Ebook de aula sobre o meio ambiente

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Filosofia da Educação
Pensamentos e correntes 
filosóficas da Educação
Unidade 2
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
ALESSANDRA VANESSA FERREIRA DOS SANTOS
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autoria 
CARMEM SILVIA DA FONSECA KUMMER LIBLIK
AUTORIA
Carmem Silvia da Fonseca Kummer Liblik
Sou formada em Bacharelado e em Licenciatura em História, com 
Mestrado e Doutorado em História, pela UFPR. Também sou formada 
em Química Ambiental pela UTFPR, com especialização em Tutoria em 
EAD pela UNINTER. Tenho experiência profissional na área de ensino e 
de produção de material didático há 14 anos. Passei por empresas como 
Uninter, PUC-PR e UFPR. Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir 
minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. 
Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de 
autores independentes. Estou muito feliz por poder ajudar você nesta fase 
de muito estudo e de muito trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
OBJETIVO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Filosofia e pensamento educacional na Modernidade ............... 12
Educação e filósofos da Modernidade ............................................... 15
René Descartes ................................................................................................................................. 15
Jean Jacques Rousseau ............................................................................................................. 17
Immanuel Kant ..................................................................................................................................18
Georg Hegel ........................................................................................................................................ 19
Tendências e correntes filosóficas do século XIX e do início do 
século XX ........................................................................................................22
Correntes filosóficas do século XIX e do início do século XX ... 25
Positivismo ...........................................................................................................................................25
Utilitarismo ...........................................................................................................................................26
Pragmatismo .......................................................................................................................................27
Materialismo ........................................................................................................................................28
Fenomenologia ................................................................................................................................ 30
Existencialismo .................................................................................................................................32
9
UNIDADE
02
Filosofia da Educação
10
INTRODUÇÃO
Nesta unidade, focaremos os sistemas filosóficos desenvolvidos 
desde o século XVI. Destacaremos, especialmente, os pensamentos 
de René Descartes, de Immanuel Kant, de Georg Hegel e de Jean-
Jacques Rousseau, mas faremos isso com um olhar mais atento à sua 
relação com o conhecimento e com a educação.
Filosofia da Educação
11
OBJETIVOS
Olá, aluno! Seja muito bem-vindo à Unidade 2. Nosso objetivo 
é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências 
profissionais até o término desta etapa de estudos:
1. Interpretar as características e o contexto histórico em que foi 
gestada a filosofia e o pensamento educacional na modernidade.
2. Identificar e diferenciar os filósofos da modernidade e suas 
concepções sobre a educação.
3. Explicar as características e o contexto histórico das tendências e 
correntes filosóficas do século XIX e início do XX.
4. Identificar e diferenciar as correntes filosóficas do século XIX e 
início do XX. 
Filosofia da Educação
12
Filosofia e pensamento educacional na 
Modernidade
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo você será capaz de interpretar as 
características e o contexto histórico em que foi gestada a 
filosofia e o pensamento educacional na modernidade. E 
então? Motivado para desenvolver esta competência? Então 
vamos lá. Avante!
A concepção de mundo medieval se enfraqueceu durante o 
século XVI. Assim, aos poucos, as características da Idade Moderna 
se consolidaram. A transição entre a Idade Média e a Idade Moderna é 
marcada, principalmente, pelos seguintes acontecimentos:
 • Renascimento italiano.
 • Reforma Luterana.
 • estabelecimento do método científico.
 • filosofia humanista.
 • Absolutismo francês.
 • Iluminismo.
Desenvolve-se, então, o pensamento moderno, que rejeita 
dogmas religiosas e adota a razão humana como método de desenvolver 
conhecimentos. Portanto, a razão recebe a tarefa de, no lugar dos dogmas 
religiosos, atribuir sentido e representar o mundo, evitando explicações 
míticas e sobrenaturais. De maneira geral, considera-se que René 
Descartes tenha sido o precursor da filosofia moderna, no século XVII. O 
seu pensamento foi um dos mais influentes do período e dos períodos 
seguintes. Porém, Franklin e Pinheiro (2014) afirmam que outros filósofos, 
um pouco anteriores a Descartes, são, por vezes, incluídos na filosofia 
moderna, como Montaigne e Francis Bacon.
Filosofia da Educação
13
Pode-se afirmar que, na filosofia moderna, não vigorou uma escola 
de pensamento específica. Antes, a unidade pensamento moderno é 
encontrada no modo de propor as questões filosóficas e nas hipóteses 
comuns aos autores. As áreas do conhecimento de maior interesse do 
período foram metafísica, epistemologia e filosofia da mente.
Por não ter existido uma escola de pensamento predominante 
na filosofia moderna, costuma-se abordá-la com base em correntes 
filosóficas. Basicamente, os filósofos se então se dividiam entre 
racionalistas e empiristas, embora não se identificasse desse modo.
DEFINIÇÃO:
Epistemologia é mesmo que teoria do conhecimento. 
Trata-se conhecimento sobre o conhecimento.
A premissa básica dos racionalistas é a origem inata dos 
conhecimentos. Alguns, de forma mais branda, afirmaram que parte dos 
conhecimentos seria inata, aceitando que a experiência também cumpre 
o seu papel. Entre os principais racionalistas, estão René Descartes e 
Baruch Spinoza. 
Por outro lado, o empirismo se opunha ao racionalismo. A sua 
principal premissa era a da tábula rasa, segundo a qual a mente humana 
nasceria vazia e receberia conhecimentos a partir das nossas experiências. 
Portanto, não há espaço para conhecimentos inatos. Entre os principais 
empiristas, estão filósofos britânicos John Locke e David Hume.
Nesse contexto, o Iluminismo abordou a educação de uma 
perspectiva epistemológicade base empirista, o que implica que as 
experiências dos indivíduos desempenharão um papel importante nos 
processos de ensino-aprendizagem. Para Novelli (2001), no âmbito do 
Iluminismo, a educação se livra dos antigos vícios e desacredita que o 
conhecimento é um privilégio de uns poucos escolhidos.
Filosofia da Educação
14
Quadro 1 – Características do racionalismo e do empirismo
Pontos em comum Pontos de discordância
Racionalismo
Buscam uma solução para os 
problemas do conhecimento e 
do pensamento.
Supõe a existência de conhecimentos 
inatos (a priori, da experiência). Isso 
significa que o conhecimento pode 
estar por trás da experiência imediata.
Empirismo
Preocupam-se com questões 
relacionadas à representação 
mental de conteúdos e ao 
estudado da realidade.
Nega os princípios inatos e a 
possibilidade de conhecer a priori. Isso 
significa que o conhecimento é obtido 
por meio da experiência imediata.
Fonte: Franklin e Pinheiro (2014, p. 72).
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você 
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos 
resumir algo do que vimos. Você deve ter compreendido 
como interpretar as características e o contexto histórico 
em que foi gestada a filosofia e o pensamento educacional 
na modernidade.
Filosofia da Educação
15
Educação e filósofos da Modernidade
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo você será capaz de identificar e 
diferenciar os filósofos da modernidade e suas concepções 
sobre a educação. E então? Motivado para desenvolver 
esta competência? Então vamos lá. Avante!
Na Idade Moderna, o ideal de liberdade se espalhou pela Europa, 
apontando que uma sociedade justa e adequada depende de indivíduos livres 
e autônomos. Nesta seção, conheceremos os pensamentos de autores que 
contribuíram para que isso acontecesse.
René Descartes
Como afirmamos, René Descartes foi uma personagem importante 
da filosofia moderna. Suas contribuições influenciaram, além da filosofia, a 
física e a matemática. Também impulsou a Revolução Científica. Uma das 
suas principais premissas era a de que a razão é meio pelo qual obtemos 
conhecimento.
Figura 1 – René Descartes
Fonte: Wikimedia Commons.
Filosofia da Educação
16
A epistemologia de René Descartes tem, como meta, um fundamento 
irrefutável para a busca da verdade. Sem isso, para o filósofo, não haveria 
modo de se progredir, razão pela qual definiu a chamada dúvida metódica 
– reflexão que abandona elementos que ou não sejam verdadeiros ou 
possam ser contestados. Com a dúvida metódica, Descartes tentou 
demonstrar que é viável produzir conhecimentos a partir de uma postura 
cética. Nesse caso, as dúvidas podem e são encaradas como ferramentas 
de reflexão filosófica. O método de Descartes apresenta quatro etapas ou 
regras fundamentais:
 • Verificar as evidências dos fenômenos e determinar se são reais e 
indubitáveis.
 • Analisar os fenômenos, escandindo-o em seus componentes 
mínimos.
 • Sintetizar as observações.
 • Enumerar os princípios utilizados na investigação dos fenômenos 
e as conclusões obtidas, garantindo a coerência do pensamento.
De acordo com Descartes, todo e qualquer tipo de conhecimento 
deve ser submetido à dúvida, exceto um: a certeza de que existimos. Essa 
certeza está sintetizada em sua mais famosa frase, “Se penso, logo existo”, 
presente na obra Discurso sobre o método. Mas o que essa certeza tem de 
especial? Acontece que, a partir disso, a consciência humana passou a ser 
considerada, com seriedade, pelas teorias epistemológicas.
Embora possa parecer que Descates visava a certezas inabaláveis, 
isso não é verdadeiro. Em seu sistema de pensamento, a certeza de 
que existimos funcionava como um esteio a partir do qual se pudesse 
estabelecer outras verdades. É como se fosse o elemento mais primitivo 
de seu sistema e, por isso, não cabia ser contestado.
Outro aspecto relevante do sistema de pensamento cartesiano 
é o dualismo, de acordo com o qual, apesar de interagirem o tempo 
todo, corpo e mente seriam substâncias diferentes. Para o autor, as 
relações entre corpo e mente, para serem viabilizadas, dependeriam de 
intervenção divina.
Filosofia da Educação
17
Jean Jacques Rousseau
Jean-Jacques Rousseau é adotado, até hoje, como uma referência 
de peso da filosofia da educação. Estabeleceu-se como um expoente da 
filosofia moderna, sobretudo da produzida durante o Iluminismo. Além de 
ter sido filósofo, atuou como escritor, como teórico político e, até mesmo, 
como compositor, embora não tivesse recebido instrução formal em 
música. 
Figura 2 – Jean Jacques Rousseau
Fonte: Wikimedia Commons.
O movimento romântico foi uma das grandes influências de 
Rosseau. De acordo com Novelli (2001), esse movimento se contrapôs 
à insensibilidade do racionalismo iluminista, propondo a valorização 
de temas como a vida e a natureza. O romantismo teria um papel 
preponderante sobre a educação, sobretudo por adotar uma concepção 
de homem repleta de potencialidades.
Como o que nos interessa é a filosofia da educação, não podemos 
evitar mencionar a obra Emílio, ou, da Educação, que, pela primeira vez, 
tratou de filosofia da educação no mundo ocidental. De uma maneira 
geral, o texto defende que o homem é capaz de se manter bom em 
sociedade, apesar de a corrupção ser inerente à sociedade. Vale lembrar 
Filosofia da Educação
18
que uma das teses mais importantes de Rosseau é a de que o homem é 
um ser bom por natureza.
Nessa obra, entre outras coisas, Rousseau demonstra que a 
educação é um meio de criar as condições necessários ao adequado 
desenvolvimento dos indivíduos. Nesse sentido, a infância teria um papel 
essencial na vida de todos os sujeitos e, por isso, não deveria receber 
tratamentos autoritários por parte dos adultos.
Para Rousseau, como a sociedade faz, as escolas e outras instituições 
de ensinam subvertem o caráter do homem e cassam a sua liberdade. 
Nesse sentido, se quisermos que a sociedade se transforme, seria uma 
condição de base a transformação dos métodos de ensino, direcionando-
os à capacidade das crianças de analisar de julgar o mundo. Isso tem 
o intuito de, paulatinamente, garantir que as crianças se habilitassem ao 
uso da razão, garantindo a própria liberdade. Portanto, pode-se afirmar 
que o principal objetivo do projeto pedagógico de Rousseau é preparar 
os indivíduos para conviver com os seus semelhantes em sociedade, 
utilizando a educação como ferramenta. Logo, a educação é considerada 
em um sentido amplo, para além dos muros das instituições de ensino.
Immanuel Kant
Immanuel Kant foi outro dos filósofos mais importantes da 
modernidade, responsável pela chamada filosofia crítica. As suas reflexões 
se pautaram, sobretudo, em temas como a vontade, a objetividade e o 
saber. De maneira geral, a sua filosofia crítica assumia que as relações 
entre sujeito e objeto, em que se incluem o conhecimento, poderiam ser 
estabelecidas em âmbitos outros que não o da fé e o da crença.
IMPORTANTE:
Para Kant, “crítica” é sinônimo de análise, e não de 
reprovação. Assim, seria um modo de ir além do que 
os objetos significam, compreendendo, de fato, o 
conhecimento que revelam.
Filosofia da Educação
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Figura 3 – Immanuel Kant
Fonte: Wikimedia Commons.
Como aconteceu com Rousseau, a educação foi um tema importante 
para o pensamento kantiano. De acordo com o autor, a finalidade da 
educação seria conduzir o homem rumo à perfeição, de acordo com os 
preceitos assumidos em suas reflexões sobre moral e sobre ética. Assim, 
a educação deveria visar à formação de homens morais.
Porém, ao contrário de Rousseau, a coação e a obediência deveriam 
caracterizar os processos pedagógicos, visto que, de outro modo, 
não haveria como garantir a formação de indivíduos de bom caráter e 
conscientes dos conceitos de liberdade e de moral. Além disso, a coação 
e a obediência seriamas formas de ensinar aos indivíduos o uso da razão, 
permitindo que possam ser autônomos.
Georg Hegel
Georg Hegel foi um destacado filósofo alemão. A principal meta de 
seu sistema filosófico era explicar os acontecimentos do presente com 
base na sucessão de acontecimentos passados. 
Filosofia da Educação
20
Figura 4 – Georg Hegel
Fonte: Wikimedia Commons.
De modo geral, o sistema filosófico de Hegel é marcado pelo respeito 
à realidade, mas à realidade encarada de uma perspectiva específica: a 
de que é mutável de muitas formas diferentes, principalmente quando se 
considera a sua historicidade. 
Antes de Hegel, as transformações da realidade – o devir, para usar 
o jargão filosófico – eram analisadas do ponto de vistas da sua concretude, 
dos seus resultados. Desde Hegel, existe a preocupação de verificar se os 
sistemas filosóficos representam as transformações da realidade.
As preocupações de Hegel com a liberdade do homem o conduziram 
às reflexões sobre educação. Nessa parte do seu pensamento, há uma 
preocupação notável com a natureza do homem. Como a realidade, o 
homem é considerado fruto do que aconteceu e do que acontecerá, 
radicando-se em seu próprio tempo. 
A ideia de uma pedagogia hegeliana é controversa, porque não há 
algo como uma concepção pedagógica em sua obra. Isso não significa, 
contudo, que suas ideias não tenham influenciado a filosofia da educação. 
Nesse sentido, vejamos algumas ideias importantes.
Filosofia da Educação
21
 • O processo de aprender depende da intervenção de alguém. 
Portanto, é um processo mediado.
 • Na medida em que contribui com a autonomia dos indivíduos, 
é como se a educação provocasse o seu nascimento (ou um 
segundo nascimento).
 • Os indivíduos devem aprender o que lhes ensinado. Assim, terão 
acesso à cultura de sua época é a cultura compartilhada por todos 
os povos.
 • A formação dos indivíduos se constitui de muitas e diferentes 
etapas.
Na obra de Hegel, as possibilidades que o acúmulo de conhecimento 
pode proporcionar aos indivíduos são muito marcantes: se, por um lado, 
existe algo que possa ser conhecido, deve existir, por outro, alguém com 
o direito de conhecer. Então, mais do que repassar conhecimentos, é 
necessário, segundo Hegel, ter certeza de que os conhecimentos foram 
aprendidos.
Embora não tenha sido um entusiasta das questões metodológicas, 
Hegel destacou o conteúdo no contexto das práticas docentes. Como 
jamais se sentiu confortável com a proposição de formalismos e de 
técnicas, o filósofo defendeu que o elemento determinante das relações 
de ensino é o conteúdo, que perpetuará os conhecimentos desenvolvidos 
pelo homem.
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu 
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de 
que você realmente entendeu o tema de estudo deste 
capítulo, vamos resumir algo do que vimos. Você deve ter 
compreendido como identificar e diferenciar os filósofos da 
modernidade e suas concepções sobre a educação.
Filosofia da Educação
22
Tendências e correntes filosóficas do 
século XIX e do início do século XX
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo você será capaz de explicar 
as características e o contexto histórico das tendências e 
correntes filosóficas do século XIX e início do XX. E então? 
Motivado para desenvolver esta competência? Então 
vamos lá. Avante!
A Idade Contemporânea e, portanto, a filosofia contemporânea se 
estende do século XIX, com o advento da Revolução Industrial, até hoje. 
Tudo o que há de diferente na filosofia ocidental atual veio de obras de 
filósofos do século XIX, como Auguste Comte, Friedrich Nietzsche, Søren 
Kierkegaard, Arthur Schopenhauer e Karl Marx.
No século XIX, Auguste Comte desenvolveu o que ficou conhecido 
como positivismo, movimento que expandiu o ideal iluminista de que o 
avanço do conhecimento promoveria o desenvolvimento das sociedades. 
Mais especificamente, o positivismo assumiu que o conhecimento científico 
e a ordem social seriam os elementos básicos do desenvolvimento das 
sociedades.
O materialismo dialético, de Karl Marx, defendia que a História teria 
de ser analisada com base na produção material dos seres humanos. 
De modo geral, isso significa que o contexto europeu do século XIX, 
repleto de desigualdade social, não poderia ser explicado sem considerar 
as revoluções políticas e sociais de épocas anteriores, culminando em 
Revolução Industrial e em desenvolvimento econômico.
Contrariamente ao romantismo e ao idealismo característicos da 
Idade Moderna, Arthur Schopenhauer propôs que a natureza humana não 
seria composta somente pela faculdade da razão. Segundo ele, a vontade 
seria uma das forças que compõem a natureza e não teria relação com 
entidades sobrenaturais.
Filosofia da Educação
23
Com Kierkegaard, a filosofia passa a se interessar pela vida dos 
indivíduos, para que nos tornemos capazes de compreender a nossa 
própria condição e a angústia que a preenche.
Apesar de todos os filósofos citados terem sido muito importantes, 
é possível que Friedrich Nietzsche seja ainda mais relevante. Costumam 
ser-lhes creditadas a maior das rupturas com a filosofia moderna e um 
prenuncia dos temas da filosofia do século XX. 
Entre outras coisas, Nietzsche criticou o objetivo de se determinar 
uma única verdade (racional e objetiva) para os fatos do mundo. Além 
disso, foi um ferrenho opositor dos sistemas morais, cuja pretensão de 
definir valores resulta no desprezo à origem dos costumes.
O início do século XX, por conseguinte, traz a suspeita de que as 
teorias iluministas e modernas talvez não fossem tão certas. A Primeira 
Guerra Mundial foi um desses fatores e o Holocausto engendrou o 
começo do pessimismo contemporâneo em relação à ciência e à técnica. 
Theodor Adorno e Max Horkheimer, no livro Dialética do Esclarecimento, 
classificam o holocausto como o ápice da barbárie que a humanidade 
chegou devido ao que eles chamaram de “razão instrumental”. A razão 
instrumental é a utilização não reflexiva da ciência e das técnicas 
visando a uma finalidade. 
Desde o século XVIII o capitalismo já vinha se utilizando da 
racionalidade como instrumento de poder, e o nazismo, por meio da 
câmara de gás e dos experimentos científico cruéis que utilizavam 
prisioneiros de campos de concentração como cobaias, marcaram a 
contemporaneidade como uma época em que o avanço científico não 
garantiu o avanço moral humano.
Nesse contexto, uma dificuldade que aparece a partir de agora no 
estudo da Filosofia é o surgimento de correntes filosóficas. No período 
contemporâneo, as correntes passam a ser mais exatas e claras, isto 
é, há uma classificação mais detalhada de cada posição e abordagem 
filosófica. Busca-se, nesse sentido, aproximar ou distanciar os filósofos 
conforme as principais ideias contidas nelas. A seguir nos debruçaremos 
nessas correntes, quais sejam: Positivismo, Utilitarismo, Pragmatismo, 
Materialismo, Fenomenologia e Existencialismo.
Filosofia da Educação
24
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu 
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de 
que você realmente entendeu o tema de estudo deste 
capítulo, vamos resumir algo do que vimos. Você deve 
ter compreendido como explicar as características e o 
contexto histórico das tendências e correntes filosóficas do 
século XIX e início do XX.
Filosofia da Educação
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Correntes filosóficas do século XIX e do 
início do século XX
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo você será capaz de identificar e 
diferenciar as correntes filosóficas do século XIX e início do 
XX. E então? Motivado para desenvolver esta competência? 
Então vamos lá. Avante!
Positivismo
O processo de industrialização desencadeado no século XIX, o 
desenvolvimento de grandes cidades, e o desenvolvimento das ciências 
e das técnicas fazem parte do contexto em que o positivismo surgiu. Essa 
corrente influenciou um sem-número de áreas do conhecimento e, ainda,os âmbitos político e social de todo o mundo, principalmente dos países 
europeus. De acordo com Comte, três estágios comporiam o progresso 
humana: o teológico, o metafísico e o positivista: 
 • o teológico, que apostava em explicações sobrenaturais e divinas 
para os fenômenos naturais, prenominou até a Idade Média.
 • por sua vez, o metafísico, que se seguiu ao teológico, experimentou 
a mudança das concepções religiosas para concepções mais 
baseadas no homem e no exercício da razão.
 • por fim, o positivista, proposto por ele, teria o objetivo de criar 
uma ordem social, adotando, para isso, como ferramenta, o 
conhecimento científico.
Para Comte, a filosofia teria um caráter enciclopédico. Isso significa 
que era encarada como se não contivesse o próprio saber, devendo cuidar 
da classificação e da hierarquização dos conhecimentos. Então, como 
tudo o mais, a filosofia deveria submeter-se às conclusões dos métodos 
científicos, considerado capaz de produzir progresso e de resolver os 
problemas sociais.
Filosofia da Educação
26
Comte apontou que a figura do cientista desempenha um papel 
muito importante, visto, no âmbito do positivismo, política e moral são 
indissociáveis da lógica e das ciências. Por exemplo, um projeto lógico 
não pode prescindir de princípios políticos e morais. Radicalizando 
suas ideias de ordem social e de progresso, Comte chegou a propor a 
chamada “Religião da Humanidade”, cujos aspectos principais eram o 
culto à racionalidade e a grandes personagens do progresso humano.
Muitas foram as críticas feitas às ideias de Comte, sobretudo à 
sua Religião da Humanidade. Apesar disso, a influência do positivismo 
é sentida até s dias de hoje. ainda na contemporaneidade percebemos 
sinais do positivismo nas sociedades ocidentais, como a crença de que a 
ciência concentra o progresso da humanidade.
Utilitarismo
O utilitarismo remonta a Francis Hutcheson, teólogo e filósofo que 
que defendeu a tese de que o prazer representa o bem, enquanto, a dor 
representa o mal. Por isso, o melhor estado para um ser humano é aquele em 
que o prazer é maior do que a dor.
Jeremiah Bentham adotou essa teoria e a tornou conhecida como 
utilitarismo. Portanto, esse é um rótulo que reúne várias teorias éticas. A 
máxima utilitarista, um pouco diferente da tese de Francis Hutcheson, é 
a de a que a felicidade mais profunda tem que ser alcançada pelo maior 
número de pessoas que for possível. Como se pode perceber, é um 
sistema de pensamento eudemonista, mas, contrariamente ao que faz o 
egoísmo. 
Um dos grandes interesses de Benthan foi a jurisprudência, visto 
que considerava que a ética fosse essencial para os mecanismos legais 
de promoção de bem-estar. Por outro lado, compôs os chamados 
“radiciais filosóficos”, que, entre outras coisas, focavam a educação, as 
reformas sociais, os privilégios das classes dominantes e autoridade da 
Igreja Católica.
A educação de qualidade foi considerada por Bentham uma 
das mais eficientes soluções para os problemas sociais. Isso acontece 
Filosofia da Educação
27
porque grande parte dos problemas sociais não pode ser sanada sem a 
compreensão real de sua dimensão, o que depende, em grande parte, de 
educação.
Outro importante filósofo utilitarista foi John Stuart Mill, que defendia 
que podemos julgar se ações são corretas somente de uma perspectiva 
que considere se conduzem à felicidade. Assim, os resultados das 
ações variam quanto ao grau de felicidade, o que é conhecido como 
consequencialismo.
De acordo com Mill, a totalidade dos conhecimentos humanos 
é empírica, mesmo as proposições de ciências como a geometria, 
cujo caráter é dedutivo. Mas o que nos interessa, realmente, é saber 
como como via a educação: para ele, a educação está no entremeio 
de processos indutivos e de processos dedutivos relacionados aos 
conhecimentos, porque o método lógico é empregado em teorias 
sustentadas empiricamente, com o intuito de formalizá-las.
Pode-se afirmar que a principal diferente entre as teorias de Benthan 
e as de Mill é a concepção de felicidade que adotam: para Mill, tudo o 
que conduz ao prazer corresponde a algum grau na escola abstrata de 
felicidade, ao passo que, para Bentham, a felicidade se resume à presença 
de prazer e à ausência de dor.
Pragmatismo
Trata-se da primeira corrente filosófica estadunidense. Surgiu no fim 
do século XIX e tinha, como máxima, a ideia de um conceito equivale 
ao efeito sensorial provocado por seu objeto. Isso equivale a afirmar, por 
exemplo, que o conceito de “verdade” é uma descrição exata da realidade.
Um dos filósofos mais representativos do pragmatismo foi Charles 
Sanders Peirce, entre cujas preocupações estava a de demonstrar que 
ciência, filosofia e teologia não teriam motivos para promover embates. 
Para Peirce, debater está muito ligado às escolhas de palavras do que à 
realidade em si. Por isso, ao adotar essa via, tais áreas do conhecimento 
não alcançariam efeitos práticos sobre os sentidos humanos.
Filosofia da Educação
28
Considerando o pragmatismo peirceano, não seria possível que nós 
desenvolvêssemos conhecimento somente com base em observações. 
Em vez disso, adquirimos conhecimentos quando percebemos a sua 
utilidade. Então, quando um conhecimento se tornar obsoleto, será 
substituído por concepções mais adequadas.
Há pouco tempo, a relação entre pessoas do mesmo sexo biológico 
era tratada como doença. Porém, com o avanço das ciências da saúde, 
isso foi corrigido: atualmente, a homossexualidade é encarada como um 
comportamento natural do ser humano.
Tendo em vista que as ideias de Peirce mantêm relação com o 
modo como compreendemos o mundo, podemos perceber que são 
importantes para a educação. 
Outro filósofo de grande expressividade do pragmatismo foi William 
James, segundo o qual a vericondicionalidade de uma ideia é proporcional 
à sua utilidade. Assim sendo, se determinada ideia está de acordo com os 
fatos do mundo, terá, necessariamente, de ser considerada verdadeira. 
Então, a verdade é algo inerente às ideias, mas decorre de um processo 
de associação em que os fatos do mundo têm especial relevância.
Ademais, James reconhece que a crença em uma ideia é um dos 
fatores que a torna verdadeira. Isso significa que, se funcionarem, quase 
qualquer crença poderá ser respeitada e considerada verdadeira, embora 
o conceito de “funcionar” seja complexo no pensamento do autor.
Materialismo
Karl Marx e Friedrich Engels, inspirados por Hegel e por outros 
filósofos, questionaram as reflexões sobre a natureza humana que 
desconsideravam fatores políticos, sociais e históricos. Para ambos, 
nenhuma análise sobre o ser humana poderia apartar-se das suas 
condições de existência reais.
Basicamente, pode-se afirmar que o materialismo é um tipo de 
concepção da História. Desenvolvido por Marx, tem o objetivo de investigar 
os acontecimentos que provocam as mudanças sociais, adotando a 
luta de classes como uma variável com grande influência sobre tais 
Filosofia da Educação
29
acontecimentos. Por exemplo, todas as transformações sofridas pelas 
forças produtivas de uma sociedade resultaram e resultarão em conflitos 
sociais de alguma espécie, ao mesmo tempo em que as diferentes 
estruturas sociais existiram e existirão devido a determinada estruturação 
dos meios de produção.
Interessado nos comportamentos e nas transições de 
comportamentos das sociedades humanas, Marx toma o método dialético 
de Hegel, baseado no poder de contradição. A esse método, incorpora a a 
matéria, a única concepção de realidade que julga possível. Dessa forma, 
surgem, em Teses sobre Feurbach (1845) e em Ideologia Alemã (1846), as 
suas primeiras incursões no materialismo histórico, as quais apontam que 
as evoluções de uma sociedade são respostas às lutas de classes.
Marx nunca adotou a educação como objeto de estudo central 
de suas obras, mas esse é um tema que aparece, secundariamente,em 
sua teoria, elaborada como uma crítica à economia de base capitalista. 
Portanto, alguns dos princípios de Marx devem ser avaliados por nós, para 
que prática educacional capaz de transformar o contexto social em que 
atuarmos seja possível. 
1. A educação deve identificar e explicar todas as relações sociais, 
que tendem a ser reguladas por processos de dominação e de 
exploração. Desse modo, fará com que todos os indivíduos 
conheçam a realidade da sociedade em que vivem.
2. A educação deve visar à erradicação da desigualdade social e dos 
processos de dominação e de exploração
3. A educação deve assumir, como função social, a erradicação da 
alienação e a desumanização.
Para que a educação apresente essas três características, segundo 
Marx os educadores dependem de compreende tanto o mundo físico 
quanto o social em que vivem e lecionam.
Filosofia da Educação
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Uma das preocupações de Marx em relação às instituições 
escolares e aos profissionais de educação residia no ensino de questões 
de interesse de partidos e de classes específicos. Em sua opinião, por 
exemplo, a gratuidade do ensino deve ser garantida pelo Estado, que 
jamais poderia, em troca, acrescentar suas pautas políticas aos currículos.
De acordo com Marx, a educação teria de se apresentar em três 
dimensões: a intelectual, a física e a técnica. Isso não é o mesmo que 
educação integral. Na educação integral, existe uma preocupação 
com questões morais e afetivas. Na proposta de Marx, uma concepção 
chamada de onilateral (múltipla), questões morais e afetivas não seriam 
de responsabilidade da escola, mas, sim, da família e de outros adultos.
A dimensão técnica da educação foi aventada porque Marx 
encontrou, nas fábricas capitalistas, qualidades que poderiam ser úteis ao 
desenvolvimento de um sistema de ensino transformador. Uma dessas 
qualidades, em sua opinião, é a aplicação da aprendizagem ao trabalho. 
No entanto, isso não o impediu de ir contra a ideia de que as escolas 
reduzissem o ensino ao exercício das funções fabris.
Fenomenologia
O termo fenomenologia apareceu, no século, nas obras Immanuel 
Kant e de Johann Heinrich Lambert. Nessa época, referia-se à descrição 
da consciência e da experiência, sem, no entanto, acionar conteúdos 
intencionais. No pensamento hegeliano, o termo assumiu o sentido 
de investigação da autoconsciência e da sua evolução. Para Hegel, a 
autoconsciência se inicia com uma experiência sensorial simples e pode 
chegar a processos ou movimentos de pensamento racionais e livres, 
produzindo conhecimento.
No século XX, o termo foi adotado e, mais uma vez, ressignificado 
por Edmund Husserl, que o utilizou para nomear a sua escola de 
pensamento. Para o autor, a característica mais importante da consciência 
humana é intencionalidade, percepção que poderia ajudá-los a desfazer 
a antiga oposição entre mente e corpo.
Filosofia da Educação
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Mas como isso poderia ser feito? Husserl apontou que, quando 
tentamos compreender e definir o conceito de pensamento, enfrentamos 
o desafio de explicar a relação entre conteúdo intencional e as operações 
mentais (pensamentos). Para evitar esse desafio, devemos assumir que as 
operações mentais são tão baseadas nos sentidos quanto qualquer outra 
ação humana.
Na prática, Husserl abandona a noção de representação, presente, 
há muito, na filosofia, rejeitando que a relação entre conteúdo intencional 
e as operações mentais (pensamentos) seja representacional. Logo, como 
a consciência humana tem caráter intencional, temos total consciência da 
realidade, independentemente de quais forem as nossas crenças quanto 
à veracidade das coisas (ABRÃO, 1999).
É um fato que as teorias científicas se baseiam em experiências. 
Contudo, Husserl defendeu que as experiências, isoladamente, não 
poderiam ser consideradas científicas. Isso acontece porque estão 
repletas de suposições e de equívocos, indo contra o caráter da ciência. 
Então, quais seriam as bases da ciência?
A proposta de Husserl visa à adoção de uma atitude científica durante 
nossas reflexões sobre as experiências. Então, devemos abandonar todas 
as nossas crenças – mesmo as mais comuns, como a de que um mundo 
material existe e nos engloba –, para, somente assim, filosofarmos. 
Portanto, a filosofia deve estar liberta de quaisquer inferências.
Costumeiramente, a fenomenologia de Husserl é assumida como 
um método de investigação científica. Mas é importante notar que, 
seguindo o método de Husserl, diferentes pesquisadores chegarem a 
resultados distintos para o mesmo objeto de estudo. Isso não deve ser 
possível em uma abordagem científica.
Ainda que Husserl não nos tenha fornecido um método consistente 
de abordagem científica da experiência, suas ideias gestaram uma das 
correntes filosóficas mais influentes do século XX: o existencialismo. 
Filosofia da Educação
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Existencialismo
No século XX, sobretudo após a fenomenologia de Husserl, as 
reflexões sobre as experiências individuais atribuíram mais valor ao 
sentido que se atribui aos fatos do que à ideia de que existem verdades 
imutáveis. Sendo assim, a origem do existencialismo tem, como foco, a 
liberdade, a existência e as escolhas individuais. Ao contrário de outras 
correntes filosóficas, inclui, em seu sistema, temas muito diversos.
A tradição platônica sustenta que o conceito de bem moral é 
igual para toda a humanidade. Isso foi contestado muitos séculos, por 
Søren Kierkegaard, o primeiro filósofo da tradição existencialista. Para 
Kierkegaard, os conceitos morais não teriam uma base universal e não 
seriam objetivos. Por isso, o sentido da vida humana está na descoberta 
de vocações, e não em supostos critérios universais.
O pensamento de Kierkegaard combateu, principalmente, 
o idealismo alemão e às ideias de Georg Hegel, em cujo sistema 
filosófico, como vimos, a humanidade seria apenas uma parte de um 
desenvolvimento histórico irrefreável. O interesse de Kierkegaard era 
outro: o de definir o que ser um indivíduo humano significa, sem que, 
para isso, seja necessário considerar qualquer outra coisa além de um 
indivíduo autônomo.
No pensamento de Kierkegaard, há uma relação entre destino, 
ações e escolhas: o destino dos homens é construído por ações, as quais, 
por sua vez, dependem de escolhas. De tudo isso, o mais importante é o 
modo como escolhemos. 
Apesar de concordar com Hegel de que as escolhas morais 
gravitam em torno do que é hedônico e do que é ético, Kierkegaard se 
recusou a considerar que fatores históricos pudessem condicioná-las. 
Nesse sentido, as escolhas seriam livres. Como consequência, em vez de 
nos proporcionarem felicidade, nossas escolham nos causam angústia.
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Depois de Kierkegaard, Friedrich Nietzsche foi um dos filósofos 
mais da tradição existencialista mais influentes. No contexto histórico 
de Nietzsche, o pensamento ocidental questionava se os critérios que 
fundamentavam a civilização teriam valor absoluto ou universal. A 
Nietzsche foi apontar o quanto as supostas certezas ocidentais eram 
frágeis.
Moral, arte, religião e ciência são temas muito presentes nas obras 
de Nietzsche e muito caros à civilização ocidental. De acordo com o 
filósofo, compreender a civilização ocidental representaria atingir a 
educação superior de toda a humanidade. Mas esse não poderia ser um 
projeto apenas de cunho pedagógico. Mais do que isso, deveria ser um 
projeto filosófico.
Comumente, a obra de Nietzsche é dividida em três partes. No 
entanto, interessa-nos que, na parte conhecida como “metafísica de 
artista”, o filósofo foi um radical crítico de métodos de educação baseados 
em controle. Segundo ele, esses métodos pregavam a importância da 
cultura e chegavam, até mesmo, a incentivá-la, enquanto, por outro lado, 
submetiam seus alunos a interesses do mercado e a interesses do Estado. 
No que tange à cultura, a educação controladora, para Nietzsche,incentivava o acesso das pessoas a esse elemento, submetendo-as, 
porém, a interesses de vários tipos. Logo, conforme a civilização atingisse 
um estágio máximo de cultura, atingiria, também, um estágio máximo de 
produção de necessidades, transformando a utilidade no fim primeiro da 
educação (NIETZSCHE, 2003).
Nietzsche fez, também, severas críticas ao sistema educacional 
de seu tempo, que tentava fazer com que os indivíduos introjetassem o 
que chamou de virtudes do rebanho. Em especial, as críticas tinham à 
vista os estilos de vida igualitários, que seria responsável por eliminar as 
características próprias das nações e dos indivíduos, na medida em que 
as ideias se tornam coletivas.
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RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você 
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos 
resumir algo do que vimos. Você deve ter compreendido 
como Identificar e diferenciar as correntes filosóficas do 
século XIX e início do XX.
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REFERÊNCIAS
ABRÃO, B. S. História da filosofia. São Paulo: Editora Nova Cultural, 
1999.
BLACKBURN, S. Dicionário Oxford de Filosofia. Rio de Janeiro: 
Jorge Zahar Editora, 1997.
FARIA FILHO, L. M. de. Pensadores Sociais e História da Educação. 
Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2008.
KIERKEGAARD, S. O desespero humano. São Paulo: editora Martin 
Claret, 2003.
NIETZSCHE, F. Sobre os nossos estabelecimentos de ensino. São 
Paulo: Ed. Loyola, 2003.
OLIVEIRA, M. A. S. Sujeição, costume e sentimento como 
manutenção da servidão feminina. Stuart mill e a sujeição das mulheres. 
Sapere Aude. Belo Horizonte, v. 4, n. 7, p. 494-500, 2013.
RUSSEAU, J. J. Emílio, ou, Da Educação. São Paulo: Martins Fontes, 
1999.
RUSSEL, B. História do pensamento Ocidental: a aventura dos 
pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013.
Filosofia da Educação
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