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ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI “A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma ação integrada de suas atividades educacionais, visando à geração, sistematização e disseminação do conhecimento, para formar profissionais empreendedores que promovam a transformação e o desenvolvimento social, econômico e cultural da comunidade em que está inserida. Missão da Faculdade Católica Paulista Av. Cristo Rei, 305 - Banzato, CEP 17515-200 Marília - São Paulo. www.uca.edu.br Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. Todos os gráficos, tabelas e elementos são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 3 SUMÁRIO AULA 01 AULA 02 AULA 03 AULA 04 AULA 05 AULA 06 AULA 07 AULA 08 AULA 09 AULA 10 AULA 11 AULA 12 AULA 13 AULA 14 AULA 15 05 14 23 33 43 54 64 74 83 92 101 110 120 131 141 JOGOS COLETIVOS - POR QUE ENSINAR ESPORTES NA ESCOLA? HISTÓRIA DO BASQUETEBOL APRENDIZADO DE TÉCNICAS, TÁTICAS E METODOLOGIAS DE ENSINO DO BASQUETEBOL FUNDAMENTOS DO BASQUETEBOL ANÁLISES DOS CONCEITOS BÁSICOS DE SISTEMAS DE ATAQUE E DEFESA DO BASQUETEBOL REGRAS DO BASQUETEBOL MINI-BASQUETE BASQUETE EM CADEIRA DE RODAS HISTÓRIA DO HANDEBOL FUNDAMENTOS BÁSICOS DO HANDEBOL ELEMENTOS TÁTICOS, TÉCNICOS E SISTEMAS OFENSIVO/DEFENSIVO DO HANDEBOL APLICAÇÕES DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS DO HANDEBOL: PLANEJAMENTO, METODOLOGIAS DE ENSINO E AVALIAÇÃO REGRAS BÁSICAS DO HANDEBOL MINI-HANDEBOL E HANDEBOL DE PRAIA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR, ESPORTE E INCLUSÃO SOCIAL ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 4 INTRODUÇÃO Prezados Alunos, É com muito prazer que preparamos e apresentamos a vocês este livro destinado a subsidiar o desenvolvimento da disciplina Jogos Coletivos II: Basquete e Handebol. É importante ressaltar que, para a elaboração deste livro, tivemos uma forte preocupação em oferecer um texto de linguagem acessível que nos convida a pensar sobre as diferentes decisões que temos que tomar ao agir como professores de ensino de esportes na escola. O conteúdo que apresentamos aqui está fundamentado em bases conceituais que contribuem de alguma forma para que o ensino de esportes nas escolas possam influenciar positivamente na formação crítica e cidadã de nossos alunos. Desejamos a todos vocês, uma boa leitura e bons estudos! ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 5 AULA 1 JOGOS COLETIVOS - POR QUE ENSINAR ESPORTES NA ESCOLA? 1.1 Por que ensinar esportes nas aulas de Educação Física? Vocês já se perguntaram alguma vez na vida o porquê na escola, além dos alunos aprenderem matemática, história ou inglês, eles também aprendem a praticar esportes? Para muitos pesquisadores e educadores, o esporte está presente no nosso dia a dia, sendo caracterizado como um fenômeno sócio-cultural (BARROSO; DARIDO, 2006). Vivemos o esporte frequentando praças esportivas e clubes. Acompanhamos televisão, programas esportivos, noticiários ou rádio. Torcemos bravamente pela nossa seleção nos campeonatos mundiais em diversas modalidades. Utilizar o esporte como ferramenta formativa no ambiente de ensino auxilia no direcionamento dos estudos. Portanto, inserir o esporte especificamente nas aulas de Educação Física escolar tem como objetivo a formação do aluno como cidadão íntegro para convivência e atuação direta na sociedade (PAES, 2009; TUBINO, 2002). “O esporte é capaz de dignificar o homem, educá-lo, torná-lo uma pessoa do bem, transformá-lo em uma pessoa melhor. Na escola faz-se necessária as aulas de Educação Física para exercitar o corpo e a mente dos alunos” (OLIVEIRA, 2005, p. 11). A Educação Física Escolar é entendida como um campo da pedagogia das condutas motrizes, ou seja, uma prática de intervenção que exerce influência sobre as condutas motrizes dos participantes em função das normas educativas implícitas ou explícitas (PARLEBAS, 1999). Em outras palavras, Parlebas afirma que a Educação Física Escolar trabalha com as condutas motrizes de seus alunos e o autor entende que a conduta motriz é caracterizada por uma organização do comportamento motor carregadas de significados. ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 6 Quando assistimos a uma partida de basquete, não estamos vendo somente dez jogadores tentando fazer pontos e defendendo o seu território do adversário. Existe um sentido para tudo isso, um significado, intenção, filosofia de jogo, um motivo para a competição, história dos jogadores, enfim, uma série de fatos que dão significados a essas ações. ANOTE ISSO Esporte é um objeto de ensino!!! Na década de 1970, período em que o Brasil foi governado por militares, o esporte era visto na escola como um meio de educar ou apenas promover saúde para o cidadão. Essas ideologias acabam reduzindo a legitimidade da importância dos esportes nas aulas de Educação Física (ALMEIDA, 2012). Atualmente, pontuamos diversos princípios ou justificativas da valorização e importância do esporte na educação das crianças. Entre eles estão: • O esporte desenvolve aptidão física que, por sua vez, reflete na manutenção da saúde; • O esporte desenvolve qualidades sociais e morais com a utilização de elementos de colaboração, cooperação, capacidade de assimilar vitórias ou derrotas, respeitar regras, etc; • O esporte desenvolve futuros atletas a partir da introdução básica e iniciação esportiva na escola, possibilitando lapidar futuros profissionais que possam usufruir do esporte como sua fonte de sustento; • O esporte desenvolve hábitos saudáveis, levando a melhor qualidade de vida e opções de lazer; • O esporte desenvolve talentos nas aulas de Educação Física, criando a possibilidade de representar a escola, a cidade ou o estado em campeonatos escolares; • O esporte leva a ocupação de tempo livre, com isso, evita que os alunos se coloquem em situação de risco social, como, por exemplo, o envolvimento com drogas; ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 7 Poderíamos enumerar mais pontos positivos da importância do esporte na educação das crianças de acordo com cada experiência profissional individual, mas até aqui já nos convence da necessidade de incluir o esporte como meio de educar (GALATTI, et al 2006). Para isso, o professor deve conhecer e compreender melhor o que ensinar, no caso os jogos esportivos, atividades direcionadas, atividades didáticas, atividades livres, entre outras. O professor consegue obter auxílio no desenvolvimento do saber da Educação Física, na dimensão do “saber fazer” e do “saber sobre como realizar”, através de estruturação geral das atividades, dos tipos de interações, das características essenciais e dos processos de tomadas de decisões, entre outros conceitos (GALATTI, et al 2006). Portanto, um bom professor ao pensar no desenvolvimento do seu trabalho, que é educar, acaba se baseando em algumas perguntas que estruturam o ensino (GALATTI, et al 2006), são elas: ANOTE ISSO O professor deve sempre se perguntar: “Para quê ou por que ensinar? O que ensinar? Quando ensinar? Ou em que sequência ensinar? Como ensinar? Para quê, o quê, quando e como avaliar? 1.2 Esportes Coletivos 1.1.1 Caracterização Em meados dos anos 50, por conta do caráter esportivizado da época, o esporte coletivo foi agregado às aulas de Educação Física em ambiente de ensino no Brasil com a interferência do Professor Francês Auguste Listello (BARBOZA et al., 1992). Os esportescoletivos são uma parte de nossa cultura corporal de movimento, assim como a ginástica, as danças, as lutas, etc. O ensino dos esportes coletivos nas aulas de Educação Física escolar tem sido discutido por diversos estudiosos de Educação Física nos últimos tempos e seu objetivo é proporcionar aos alunos a vivência de conceitos primordiais como a importância do trabalho em equipe, aprender mais sobre a história dos esportes e desenvolver habilidades e técnicas de várias modalidades esportivas (COUTINHO; SILVA, 2009). ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 8 Os esportes coletivos são compostos por regras e lógicas internas de cada jogo, podendo ser adaptadas e modificadas em qualquer contexto, seja em ambiente escolar, de iniciação esportiva ou então alto rendimento. Naturalmente, os jogos esportivos podem ser compreendidos como um duelo entre duas equipes, que disputam o terreno de jogo e se movem de forma particular, com o objetivo de ganhar, alternando-se em situações de ataque e defesa (GARGANTA, 1998). Além disso, os jogos coletivos proporcionam aos alunos maior acesso à modalidade esportiva, desenvolvendo habilidades e competências técnicas e táticas, maior socialização e habilidade de se relacionar com outros alunos em jogos em geral, além de solucionar situações-problema mais complicadas. Estes também podem ser trabalhados com alunos de diferentes faixas etárias, sendo importante fazer adaptações preventivas, gerando uma maior evolução das crianças ao longo do tempo, para manter o nível motivacional (JAVIER, 2005). Título: Jogo coletivo Fonte: http://pt.freeimages.com/ Segundo Bayer, as modalidades esportivas coletivas podem ser agrupadas em uma única categoria, pelo fato de todas possuírem seis características invariantes: • uma bola (ou implemento similar); • um espaço de jogo; • parceiros com os quais se joga; • adversários; • um alvo a atacar (e de forma complementar, um alvo a defender); • regras específicas; ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 9 São essas invariantes que definem a categoria Esporte Coletivo ou Jogo Esportivo Coletivo e que permitem visualizar uma mesma estrutura de jogo. 1.1.2 Jogos de invasão De acordo com Riera (1989) os esportes coletivos em que ocorre a interação com o oponente são constituídos por atividades nas quais os sujeitos colaboram com seus companheiros de equipe de forma combinada, enfrentam-se diretamente com a equipe adversária, tentam, em cada ato, atingir os objetivos do jogo, além de evitar ao mesmo tempo que os adversários façam o mesmo. Modalidades como o basquetebol, handebol, rugby, futebol, entre outros, são exemplos de modalidades esportivas coletivas em que ocorre a interação com o oponente e mais especificamente são caracterizados como esportes de invasão. Os esportes de invasão são constituídos por aqueles que têm o objetivo de invadir o setor defendido pelo adversário, pontuar para atingir uma meta e, ao mesmo tempo, defender simultaneamente sua meta. A pedagogia do esporte é um dos principais métodos de ensino que contempla as peculiaridades dos jogos esportivos coletivos, como destacado por Oliveira e Paes, 2004. Cabe ao professor de Educação Física organizar, sistematizar, aplicar e avaliar os procedimentos pedagógicos em suas aulas, proporcionando aos alunos formação como jogadores inteligentes e habilidosos (GALATTI, 2006). O que esses esportes têm em comum? Título: Jogo de Basquete (à esquerda) e Jogo de Handebol (à direita) Fonte: http://pt.freeimages.com/ ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 10 Tradicionalmente, os esportes coletivos foram ensinados a partir de seus elementos técnicos, também chamados fundamentos do jogo como o drible, o passe, o arremesso, etc. De modo que seu ensino era fragmentado em elementos técnicos, e seguia hierarquicamente as partes do jogo, que deveriam ser reunidas ao final do processo. A dimensão técnica é necessária para se praticar uma modalidade esportiva, mas não garante uma ação inteligente. Portanto, é condição necessária, mas não suficiente. A questão principal não é realizar de forma padronizada um arremesso com precisão. O mais importante é saber para que, quando e como executar determinada ação com maior probabilidade de êxito, uma vez que nas modalidades esportivas coletivas há situações imprevisíveis e são necessárias constantes adaptações (GARGANTA, 1998). Assim, a dimensão tática nada mais é que a coerência construtiva dos comportamentos e interações entre jogadores, conectando-os com as outras dimensões do jogo e desenvolvendo uma dinâmica coletiva. Por exemplo, quando o jogador é colocado em situação de resolução de problemas através da modificação e adaptação aos jogos (modificação de tamanho do espaço, do alvo, dos jogadores, etc), provocando maior utilização do seu acervo de habilidades. Ou seja, experiências autênticas e significativas em situações de jogo promovem aprendizagem e motivação, pois os jogadores estão buscando soluções e não apenas imitando gestos obrigados e estereotipados (GARGANTA, 1998). Portanto, qual o objetivo da Educação Física escolar no ensino de esportes coletivos? O objetivo da Educação Física escolar é propiciar o conhecimento dos princípios gerais de algumas modalidades e a capacidade de praticá-las nas aulas e também nos momentos de lazer durante toda a vida. Se compreenderem o jogo na sua estrutura, todos poderão praticá-lo de uma forma melhor. Além disso, o melhor conhecimento do esporte permitirá ao aluno assistir às transmissões esportivas realizadas pelos veículos midiáticos e compreendê-las (SILVA; ARAUJO; SOARES, 2012). 1.1.3 Princípios de ataque e defesa São seis princípios operacionais dos esportes coletivos, sendo divididos em três de ataque e três de defesa (GRECO et al., 2012). O que caracteriza uma situação de ataque? Em situação de ataque podemos pontuar 3 situações: • conservação da posse de bola; • progressão da bola e da equipe em direção ao alvo adversário; • finalização em direção ao alvo. ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 11 E em situação de defesa? Em situação de defesa podemos pontuar outras 3 situações: • recuperação da posse de bola; • contenção de bola e da equipe adversária em direção ao próprio alvo; • proteção ao alvo. 1.1.4 Fases de compreensão do jogo As fases de compreensão do jogo são representadas pelas fases anárquica, de descentração, de estruturação (compreensão propriamente dita) e elaboração. Na fase anárquica podemos identificar características e comportamentos sem usar a inteligência ou raciocínio por parte dos alunos durante o jogo (GRECO et al., 2012), entre eles estão listados: • aglutinação de jogadores próximos a bola; • ações com bola centradas em um jogo individual; • ausência de movimentações para procurar espaços e facilitar o passe do companheiro que está com a bola; • não defende seu jogo; • a comunicação verbal é exagerada para pedir bola e/ou criticar os companheiros de equipe. ANOTE ISSO Para vocês, quais seriam as principais diferenças que encontramos entre um jogo de iniciação esportiva e uma partida profissional? Como estão organizados os jogadores? Qual o papel do professor em compreender as fases do jogo a serem desenvolvidas no ambiente escolar? Neste caso, os professores devem propor e estimular atividades com que possam desenvolver as habilidades básicas e tomadas de decisões que podem antecipar as jogadas ou até mesmo dar continuidade com sua equipe. O desenvolvimento de exercícios básicos, jogadas ensaiadas, modelo de mini jogo, assistir vídeos de exercícios educativos ou de jogos de alto rendimento são algumas das várias metodologias que o professor de Educação Física pode levar paraexperiência em sala de aula ao propor o ensino dos Esportes Coletivos na escola (GRECO et al., 2012). ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 12 A partir daí, os alunos terão mais vivência e autonomia para elaborar e desenvolver os jogos com mais precisão. Podemos identificar esta fase como de elaboração, em que são apresentadas características no jogo como, segundo Paes et al., 2009: • movimentação de bola através de passes precisos; • busca de espaços vazios no sentido de receber a bola; • movimentação para criar linha de passe após ter passado a bola; • buscar espaço adequado na organização da equipe, afastando-se do companheiro que tem a posse de bola e criando nova possibilidade de jogada; • comunicação deixa de ser verbal para textual, criando dificuldade para o adversário. Título: Fases de ensino aprendizagem - Iniciação esportiva Fonte: (MORAES, ANSELMO e REIS, 2013). Título: Fases de ensino aprendizagem - Aperfeiçoamento Fonte: (MORAES, ANSELMO e REIS, 2013). ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 13 1.1.5 Princípios do Jogo Para Bayer (1994) e Garganta e Pinto (1994), os princípios do jogo são divididos em dois grupos: princípios globais e princípios específicos: • princípios globais: aqueles divididos em operacionais (ofensivo e defensivo) e fundamentais, sendo constituídos por referências funcionais comuns à todos os jogos coletivos de invasão, com o intuito de orientar a equipe do cumprimento da lógica do jogo; • princípios específicos: aqueles desenvolvidos especificamente nos diferentes momentos do jogo, como, por exemplo, organização e transição ofensiva/ defensiva; 1.1.6 Modelos de Jogo Já é bem discutido por pesquisadores que modelos de jogos buscam desenvolver um processo coerente e específico de treino, com a preocupação de criar uma determinada forma de jogar, orientada por padrões comportamentais (princípios de jogo) em seus quatro momentos específicos: organização ofensiva, transição defensiva, organização defensiva e transição ofensiva. Resumidamente, o modelo de jogo nada mais é do que estratégias ou táticas que um time cria para ter um desempenho bom durante uma partida (GRECO et al., 2012). ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 14 AULA 2 HISTÓRIA DO BASQUETEBOL 2.1 Aspecto histórico-cultural do Basquetebol Podemos dizer que a história do Basquete teve início durante o inverno rigoroso de Massachussets nos Estados Unidos em 1891, em que o professor de Educação Física canadense James Naismith foi desafiado por Luther Halsey Gullick, diretor do Springfield College - Colégio internacional da Associação Cristã de Moços (ACM) , a inventar uma nova modalidade esportiva a ser praticada em lugares cobertos, já que o tempo úmido e frio impedia a prática esportiva ao ar livre. Como as práticas esportivas se limitavam a esses locais fechados, na maioria das vezes, a ginástica acabava sendo a modalidade esportiva mais escolhida e praticada pelos indivíduos, provocando grande descontentamento e desmotivação entre os homens (DAIUTU, 1991). Por esse aspecto, a principal condição que Luther impôs para Naismith era que ele precisava pensar em um jogo sem violência que iria estimular seus alunos a praticar durante o inverno, mas que pudesse também ser praticado no verão em áreas abertas. Para ele não foi nada fácil desenvolver uma prática atraente para suprir as lacunas entre as opções esportivas, uma vez que encontrava barreiras e dificuldades de caráter técnico e pedagógico para criar um novo esporte e introduzi-lo no cotidiano dos alunos (CBB, 2020). Autores afirmam que o professor Naismith influenciado pelos esportes já praticados na época (futebol, futebol americano, entre outros), seguiu com as primeiras ideias sobre o jogo: deveria ser jogado com uma bola maior que a de futebol; que tivesse o objetivo de alcançar um alvo fixo; mas que não pudesse conter agressividade, evitando conflitos entre os alunos; e propondo maior interação entre o grupo no sentido coletivo (FERREIRA, 2001). Segundo Ferreira (2001), o professor decidiu que o jogo deveria ser jogado com as mãos, mas a bola não poderia ficar retida por muito tempo com o jogador e nem ser batida com o punho fechado, para evitar socos acidentais nas disputas de lances. ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 15 Além disso, o alvo deveria ficar a 3,05m de altura, onde nenhum jogador da defesa seria capaz de parar a bola que fosse arremessada para este alvo. Para isso, utilizou dois cestos de colheitas de pêssegos (CBB, 2020). Título: Primeira cesta de basquete Fonte: https://www.efdeportes.com/efd180/james-naismith-o-criador-do-basquetebol.htm Segundo a Confederação Brasileira de Basquete (2020), Naismith inventou mais algumas regras e aplicou o jogo em sua aula, que foi composto por nove jogadores em cada equipe e a bola utilizada era de futebol. O primeiro jogo foi marcado por muitas faltas, que eram punidas colocando seu autor na linha lateral da quadra até que a próxima cesta fosse feita. Logo Naismith percebeu uma limitação que dizia respeito à própria cesta: a cada vez que um arremesso era convertido, um jogador tinha que subir até a cesta para apanhar a bola. Alguns meses depois, a solução encontrada foi cortar a base do cesto, o que permitiu a rápida continuação do jogo. A primeira partida oficial do esporte recém-criado aconteceu no ginásio Armony Hill, no dia 11 de março de 1892, em que os alunos venceram os professores pelo placar de 5 a 1, na presença de cerca de 200 pessoas, com regras bem diferentes das praticadas atualmente. Para as mulheres, o basquete veio um ano mais tarde, iniciou em 1892. Naquela época, a professora de educação física do Smith College, Senda Berenson, fez algumas adaptações às regras criadas por Naismith (CBB, 2020). A primeira bola de basquete foi criada pela A. C. Spalding & Brothers, de Chicopee Falls (Massachussets) ainda em 1891, e seu diâmetro era ligeiramente maior do que https://www.efdeportes.com/efd180/james-naismith-o-criador-do-basquetebol.htm https://www.resumoescolar.com.br/educacao-fisica/resumo-futebol/ ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 16 uma bola de futebol. As primeiras cestas foram feitas com cilindros de madeira com borda de metal e somente em 1895 as tabelas foram oficialmente introduzidas. Com o passar dos anos, o basquete se tornou mais popular e sofreu algumas transformações, sendo oficializado como esporte e não mais apenas como forma de lazer e condicionamento físico. Por volta de 1897-1898, as equipes de cinco pessoas passaram a ser o padrão. Naismith nem imaginaria a proporção que a invenção do seu jogo iria tomar e, no ano de 1936, teve o seu ápice: tornou-se esporte olímpico com os Jogos Olímpicos de Verão na cidade de Berlim. Conhecido como um dos esportes mais populares do mundo, o basquete é praticado nos dias de hoje por mais de 300 milhões de pessoas no mundo inteiro, entre amadores e profissionais, nos mais de 170 países filiados à FIBA (IBF, 2013). 2.1.1 Bibliografia de James Naismith (criador do Basquete) • 1861 - Nasceu em Almonte, a 60 km de Ottawa (Canadá), no dia 06 de novembro. • 1875 - Ingressa no Almonte Institute. • 1881 - Ingressa na Universidade McGill, em Montreal. • 1883 - Forma-se em Artes pela Universidade de McGill. • 1884 – Casou-se com Maude Shermann, com quem teve cinco filhos (3 meninas e 2 meninos). • 1887 - Começa a estudar na Escola Presbiteriana de Teologia. • 1890 - Consegue o título de pastor e começa a trabalhar como instrutor de Educação Física na Universidade McGill. Momentaneamente, renuncia às suas funções de pastor e ingressa na Associação Cristã deMoços (ACM), trabalhando como professor de Educação Física na Internacional Coaching School, em Springfield. • 1891 - Cria o basquetebol. • 1898- É convidado pela Universidade Lawrence, no Kansas, para ser diretor da Faculdade de Educação Física e se muda pra lá com sua família. Inicia sua carreira como técnico de basquete. • 1909 - Começa a lecionar Medicina na Universidade do Kansas. • 1910 - Consegue o diploma de professor de Educação Física. • 1911 - Publica “A Escola Moderna”, um livro sobre Educação Física. • 1912 - Encerra sua carreira de técnico de basquete, com o retrospecto de 53 vitórias e 58 derrotas. ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 17 • 1917 - É designado Secretário da ACM e se muda para Paris, onde reside por 19 meses. Publica o livro “Les baises de la saine”. • 1919 - É nomeado diretor da Universidade do Kansas. • 1927 - Obtém a cidadania norte-americana. • 1936 - No dia 7 de agosto, inicia o primeiro jogo de basquete em Olimpíadas, nos Jogos Olímpicos de Berlim, entre França e Estônia. • 1937 - É nomeado professor emérito da Universidade do Kansas. • 1938 - É nomeado Doutor Honoris Causa da Escola de Teologia de Montreal. • 1939 - Em 11 de novembro, casa-se com Florence Kincaid. • 1940 - Em 28 de novembro, morre de ataque cardíaco, aos 79 anos. Título: Professor James Naismith, criador do Basquete Fonte: https://www.efdeportes.com/efd180/james-naismith-o-criador-do-basquetebol.htm 2.1.2 Primeiras regras ANOTE ISSO Antes de chegarmos aos dias de hoje, com regras mais maduras e aperfeiçoadas que são marcadas por um tipo de jogo mais inteligente, com maior técnica e criações de jogadas de ataque e defesa, os primeiros jogos de basquete seguiam as seguintes regras (CBB, 2020): https://www.efdeportes.com/efd180/james-naismith-o-criador-do-basquetebol.htm ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 18 1) A Bola pode ser arremessada em qualquer direção com uma ou ambas as mãos; 2) A Bola pode ser tapeada para qualquer direção com uma ou com ambas as mãos (nunca usando os punhos); 3) Um jogador não pode correr com a bola. O jogador deve arremessá-la do ponto onde pegá-la. Exceção será feita ao jogador que receba a bola quando estiver correndo a uma boa velocidade; 4) A bola deve ser segurada nas mãos ou entre as mãos. Os braços ou corpo não podem ser usados para tal propósito; 5) Não será permitido sob hipótese alguma puxar, empurrar, segurar ou derrubar um adversário. A primeira infração desta regra contará como uma falta, a segunda desqualifica o jogador até que nova cesta seja convertida e, se houver intenção evidente de machucar o jogador pelo resto do jogo, não será permitida a substituição do infrator; 6) Uma falta consiste em bater na bola com o punho ou numa violação das regras 3,4 e 5; 7) Se uma equipe fizer três faltas consecutivas, será marcado um ponto a mais para o adversário; 8) Um ponto é marcado quando a bola é arremessada ou tapeada para dentro da cesta e lá permanece não sendo permitido que nenhum defensor toque na cesta. Se a bola tiver na borda e um adversário move a cesta, o ponto será marcado para o lado que arremessou; 9) Quando a bola sai da quadra, deve ser jogada de volta à quadra pelo jogador que primeiro a tocou. Em caso de disputa, o fiscal deve jogá-la diretamente de volta à quadra. O arremesso da bola de volta à quadra é permitido no tempo máximo de 5 segundos. Se demorar mais do que isto, a bola passará para o adversário. Se algum dos lados persistirem em retardar o jogo, o fiscal poderá marcar uma falta contra ele; 10) O Fiscal deve ser o juiz dos jogadores e deverá observar as faltas e avisar ao árbitro quando 3 faltas consecutivas forem marcadas. Ele deve ter o poder de desqualificar jogadores; 11) O Árbitro deve ser o juiz da bola e deve decidir quando a bola está em jogo, a que lado pertence a sua posse e deve controlar o tempo. Deve decidir quando um ponto foi marcado e controlar os pontos já marcados, além dos poderes normalmente utilizados por um árbitro; ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 19 12) O tempo de jogo deve ser de dois meio-tempos de 15 minutos cada, com 5 minutos de descanso entre eles; 13) A equipe que marcar mais pontos dentro deste tempo será declarada vencedora. Em caso de empate, o jogo pode, mediante acordo entre os capitães, ser continuado até que o outro ponto seja marcado. 2.2 Basquetebol no Brasil O Brasil foi o quinto país do mundo a receber o novo esporte e o primeiro da América do Sul. O responsável por trazer o esporte ao país foi o professor norte- americano Augusto Shaw, que teve contato com o basquete em 1892. Dois anos mais tarde, Augusto Shaw recebeu um convite para lecionar no Mackenzie College, muito tradicional em São Paulo (COUTINHO et al., 2003). Título: Primeira seleção de basquete do Colégio Mackenzie Fonte: https://www.cbb.com.br/basquete Porém, demorou algum tempo para ele conseguir implementar o esporte no país. As mulheres aprovaram quase que imediatamente, mas os homens tiveram maior resistência, movidos pelo forte machismo da época. Para piorar, havia a forte concorrência do futebol, trazido em 1894 por Charles Miller, e que se tornou a grande atração da época. Então, o professor foi, aos poucos, convencendo os seus alunos de que o basquete não era um jogo apenas de mulheres. E finalmente, em 1896, montou a primeira equipe do colégio (CBB, 2020). https://www.cbb.com.br/basquete https://www.resumoescolar.com.br/fisica/resistencia-constante-ou-resistencia-variavel/ ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 20 O professor Shaw viveu no Brasil até 1914, onde teve a chance de acompanhar a difusão do basquete no país. Em 10 de Outubro de 1939 aos 74 anos faleceu nos Estados Unidos. 2.2.1 Histórico da seleção brasileira de Basquete • Em 1922, a seleção brasileira foi convocada pela primeira vez para os Jogos Latino-Americanos, em que consagrou-se campeã, sob a direção de Fred Brown; • Em 1930, a seleção brasileira participou do primeiro Campeonato Sul-Americano de Basquete, em Montevidéu; • Em 1933, foi fundada a Federação Brasileira de Basketball. • Em 1941, passou a ser chamada Confederação Brasileira de Basketball; • No final da década de 50 e início da década de 60, o Brasil foi considerado uma potência mundial no Basquete, sendo bicampeão masculino em 1959 (Montevidéu) e 1963 (Rio de Janeiro). • Apenas em 1987, foi conquistado um novo título importante pan-americano de Indianápolis; • Em 1991, a evolução do basquetebol feminino surge com o aparecimento das Atletas Hortência e Paula recebendo o título de campeãs pan-americanas; • Em 1994, a equipe feminina conquistou o mundial na Austrália; • Em 1996, a equipe feminina foi vice-campeã olímpica em Atlanta; Segundo a Confederação Brasileira de Basquete (2020), o basquete feminino passou por sua mudança no ano de 1991. As atletas brasileiras comandadas por Hortência e Paula, diante de Fidel Castro incrédulo e muito simpático, venceram as equipe dos Estados Unidos e Cuba, voltando ao Brasil com o título de Campeã Pan-americana. A partir deste torneio o mundo começou a perceber a importância dessas duas atletas para esta modalidade. ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 21 Título: Paula (esquerda) e Hortência (direita), jogadoras da seleção brasileira feminina de Basquete. Fonte: https://www.cbb.com.br/basquete No basquetebol masculino, um dos maiores nomes da história brasileira foi o atleta Oscar Schimidt com as marcas de: • 7.693 pontos marcados em 326 jogos pela Seleção Brasileira durante 20 anos de participação (recorde na seleção); • 49.737 pontos marcados na carreiraem 1.615 jogos (recorde mundial); • Jogou 5 Olimpíadas onde marcou 1.093 pontos (recorde olímpico); Título: Oscar Schmidt, jogador da seleção brasileira masculina de basquete. Fonte: https://www.cbb.com.br/basquete https://www.cbb.com.br/basquete https://www.cbb.com.br/basquete ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 22 2.3 Basquete profissional De acordo com Teixeira (1999), o basquetebol profissional surgiu em 1986 nos EUA. Jogadores que não podiam participar dos jogos entre amadores organizaram e venderam ingressos para uma partida a ser realizada no Masonic Temple Auditorium, alugado por eles. Como a arrecadação foi superior à esperada, retirada as despesas, cada jogador recebeu 15 dólares. Algum tempo depois, era fundada a primeira liga profissional (National Basketball League) com equipes de Nova Jersen, Brooklin e da cidade de Nova York. A atualmente poderosa National Basketball Association (NBA), fundada entre os anos de 1949 e 1950, reunindo 17 equipes profissionais, nasceu da necessidade de se dar uma estrutura unificada às inúmeras ligas já existentes no basquetebol profissional norte- americano, esporte que se tornava cada vez mais apreciado entre todas as camadas da população. É a NBA que o basquetebol teve hoje sua divulgação por todo planeta. Em 1992, em Barcelona, pela primeira vez na história dos Jogos Olímpicos, uma seleção da NBA representou os EUA, com sucesso absoluto: o Dream Team (literalmente “Time dos Sonhos”). ISTO ESTÁ NA REDE Vale a pena assistir ao filme “Estrada para a glória” como conteúdo complementar deste capítulo que retrata o contexto histórico cultural do basquetebol e questões raciais em 1966. Don Haskins (protagonista) é indicado para ser treinador do Texas Miners. Don, por sua vez, convoca diversos jogadores afrodescendentes para a formação do time e, com isso, acaba enfrentando tensões causadas pelo conflito racial da época. Título: Filme “Estrada para a glória” Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Glory_Road ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 23 AULA 3 APRENDIZADO DE TÉCNICAS, TÁTICAS E METODOLOGIAS DE ENSINO DO BASQUETEBOL 3.1 Principais características do Basquetebol Até então, vocês já poderiam definir melhor quais as principais características do jogo/esporte Basquete? Podemos dizer que é um jogo que consiste na sucessão de esforços intensos e breves em ritmos diferentes, por meio de conjunto de saltos e lançamentos. Através do basquete, conseguimos desenvolver em nossos alunos aspectos físicos, técnicos, táticos, psicológicos, morais e sociais. Podemos então considerar o basquete como uma disciplina esportiva na qual elementos próprios dos âmbitos cognitivos, físicos, táticos e técnicos se relacionam de forma dinâmica e complexa. Para De Rose Jr. e Tricoli (2005), as principais características do jogo no basquete estariam baseadas na: • interação ataque – defesa, em que se desenvolve a relação espaço – temporal; • relação entre colegas, adversários e bola; • e regras definidas, limitando e condicionando essa interação de jogo; Outros autores, afirmam que o basquete, do ponto de vista das capacidades e habilidades motoras, é constituído por uma soma de habilidades específicas ou fundamentos de jogo. Essas habilidades ou fundamentos se empregam conforme as diferentes situações do jogo, sendo essas de tipo ofensivo ou defensivo (FERREIRA e DE ROSE Jr, 2003). Portanto, o basquete exige movimentos humanos básicos já vivenciados anteriormente em determinadas tarefas diárias, como, por exemplo, corrida, salto e lançamento. Esses movimentos são realizados tanto na execução dos diferentes fundamentos do jogo, bem como na sua combinação, por exemplo: deslocamentos com mudanças de direção, saltar para pegar um rebote, passar ou executar um arremesso à cesta (DE ROSE Jr. e TRICOLI, 2005). ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 24 Neste contexto, pode-se dizer que para proporcionar vivência de uma partida de basquete, o professor deve saber desenvolver os fundamentos táticos e técnicos por meio de metodologias adequadas diante seu público. O processo de ensino aprendizagem deve ser desenvolvido por meios didáticos e metodológicos que devem respeitar, tanto o coletivo quanto o individual, de cada grupo. Por isso, é necessário compreender as subdivisões do basquete como modalidade esportiva para que o professor saiba escolher a melhor metodologia aplicável ao ambiente que o esporte está inserido. 3.1.1 Basquete como competição Nessa categoria, os indivíduos que praticam a modalidade já alcançaram o estado de plena formação e mediante um processo de treinamento, atingem “forma” ou “máxima perfeição física e técnica”. É considerado esporte de elite e de alto rendimento, com o objetivo de buscar o título de campeão nas competições. 3.1.2 Basquete como recreação Nessa categoria, os indivíduos que praticam a modalidade tem como objeto satisfação pessoal com predomínio do lúdico. A prática é suficientemente técnica, podendo haver participação em competições, mas sem objetivo de medalhas. O indivíduo não é submetido a treinamentos exaustivos e nem concentra todas suas energias para obtenção de conquistas de títulos. 3.1.3 Basquete como trabalho Nessa categoria, os indivíduos que praticam a modalidade o fazem de forma profissional, como forma direta de fonte de renda financeira. 3.1.4 Basquete como ensino-educação escolar Nessa categoria, o basquete tem a finalidade de ser acessível para todos nas aulas de Educação Física escolar, sendo praticado na condição “esporte-jogo”. Tem finalidade educativa, desregrada de qualquer esporte, sem considerações de idade, sexo e capacidades orgânicas. ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 25 3.2 Etapas de aprendizado Modelos de planejamento de aprendizagem do basquetebol são desenvolvidos considerando diferentes tipos de níveis de alunos/jogadores e aplicados conforme a realidade do ambiente e espaço a serem inseridos. Geralmente, são consolidados modelos de planejamento que envolvem os aspectos técnicos e táticos da modalidade, organizados nas seguintes fases (ROSE Jr. e TRICOLI., 2005). • Fase de aprendizagem esportiva global (6 a 8 anos). • Fase de desenvolvimento e fixação da técnica e das situações de jogo (9 a 11 anos). • Fase de aperfeiçoamento da técnica e tática (a partir de 11 anos). 3.2.1 Fase de aprendizagem Esta fase permite ao aluno a execução do movimento com relativa facilidade; promove a aptidão para executar determinado movimento (apresentação dos movimentos). O papel do professor é diversificar movimentos básicos e materiais esportivos, propondo atividades com ou sem bola sem se preocupar com regras específicas do basquetebol (ROSE Jr. e TRICOLI., 2005). Portanto, durante essa fase são realizadas diversas atividades que buscam: aprimorar o desenvolvimento do jogo que incluem a diferenciação do manejo e tamanhos de bolas, estimulando a percepção de quicar, rolar, conduzir, etc; atividades de atletismo e ginástica artística para desenvolver futuramente a execução de fundamentos; brincadeiras ou desafios que estimulem o pré-jogo; jogos reduzidos (jogadores = 2 a 2, 3 a 3 ou 4 a 4); entre outras. ANOTE ISSO Nesta fase, os professores devem priorizar a participação geral dos alunos e não focar em correções de gestos e interrupção de jogadas. 3.2.2 Fase de desenvolvimento/fixação Nesta fase ocorre a integração dos movimentos aprendidos anteriormente, causando segurança na realização destes em situações variadas. A repetição monótona não ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 26 aumenta a aptidão. A repetição é necessária, mas com motivação, na qualvariam os tipos de exercícios e, na medida do possível, existam novidades. O papel do professor é continuar com propostas de movimentos básicos, introduzindo a execução de fundamentos em pontos mais relevantes (ROSE Jr. e TRICOLI., 2005). Portanto, durante essa fase são realizadas diversas atividades que buscam: utilizar exercícios combinados com situações simples, em duplas, em trios, etc; utilizar pré- jogos mais simples que sinalizem algumas regras dos jogos; introduzir noções de defesa e ataque; entre outras. ANOTE ISSO Lembrem-se: repetições sempre nas mesmas condições provocam o desinteresse do aluno! 3.2.3 Fase de aperfeiçoamento Nesta fase ocorre o aumento da habilidade de execução do movimento até o ponto que poderíamos denominar “execução perfeita” (ROSE Jr. e TRICOLI., 2005). ANOTE ISSO O professor deve sempre incentivar a participação de meninos e meninas numa mesma turma, pelo menos, nas duas primeiras fases de aprendizagem. 3.3 Divisão do processo de ensino-aprendizagem ou iniciação esportiva em faixas etárias Iniciante I - 6 e 7 anos Nesta idade, as crianças ainda estão em fase final de formação das habilidades básicas, sendo importante à diversificação das experiências, reforçando as habilidades inespecíficas e não as específicas do basquete. As atividades desenvolvidas devem ser lúdicas, cujo objetivo da aula é fazer com que as crianças aprendam a gostar de ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 27 brincar de basquete. Quanto mais nova a criança, maior a necessidade de experiências diversificadas e prazerosas. Iniciante II - 7 a 9 anos Nesta fase, as crianças, além de continuarem aprendendo a construir regras, aprenderão também a discuti-las e até modificá-las. Aprenderão as noções básicas dos grandes espaços da quadra, atuando em todas as posições, discutindo e compreendendo-as. Básico I - 9 a 11 anos Partindo do ponto que as crianças já sabem construir, adaptar e modificar as regras, poderão jogar seguindo as regras oficiais, cabendo ao professor continuar a promover jogos adaptados, objetivando o desenvolvimento da sociabilidade do grupo. Uma vez conhecendo os espaços da quadra, poderá vivenciar, em forma de rodízios, as posições específicas do basquete. Nesta fase, ainda há predomínio de atividades lúdicas, com maior dedicação à aprendizagem dos fundamentos técnicos. Básico II - 11 e 12 anos Nesta fase, os alunos têm a possibilidade de vivenciar com maior intensidade, as diversas posições do basquete, iniciando a definição de suas posições nos grandes espaços. Neste nível serão introduzidos os primeiros princípios de tática (elemento inteligente e aspecto coletivo do jogo), sendo em torno deste princípio que os jogadores se integram para superar os adversários. As atividades lúdicas passam a perder espaço para as correções técnicas. Especial I - 13 a 15 anos Nesta fase, os alunos deverão aprender a realizar com velocidade a transição entre os grandes espaços da quadra. Uma bola perdida no ataque, obriga a equipe a se reorganizar na defesa, onde os jogadores se auto transformam de atacantes em defensores, e vice-versa, em curto espaço de tempo. As atividades lúdicas continuam ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 28 exercendo um papel fundamental. No entanto, serão escolhidas aquelas atividades que orientem mais especificamente a técnica dos fundamentos do basquete. As aulas devem prever um aumento do conhecimento teórico dos alunos sobre o basquetebol. Especial II - 15 a 17 anos Nesta fase, o ensino ocorre por meio da ênfase ao aperfeiçoamento das habilidades técnicas. Mais do que ensaiar jogadas, os alunos devem exercitar a criatividade dentro das situações previamente delimitadas. Todo o preparo técnico deverá ser realizado em função de cumprir as definições táticas. Além dos sistemas conhecidos (1-3-1, 2-1-2, zona, etc) muitos subsistemas devem ser criados, complicando a marcação dos adversários. 3.4 Metodologia de ensino do basquetebol Existem inúmeras possibilidades pedagógicas de aplicar o ensino do esporte no contexto da Educação Física escolar. Sabe-se que é de extrema importância que o profissional de Educação Física saiba as principais diferenças entre ensinar o esporte no contexto escolar, ou por exemplo, ensinar o esporte em clubes que visam objetivos que envolvem competições. Atualmente, o esporte se desenvolve em três perspectivas fundamentais: o esporte-educação, o esporte–participação e o esporte–performance (ou esporte–rendimento) (TUBINO, 2002). Portanto, em cada espaço ou ambiente social, o basquetebol se apresenta com especificidades e objetivos diferentes. A intenção de um profissional de Educação Física em conduzir um aluno por meio do seu trabalho, pautado por planos, estratégias e fins específicos se caracteriza como uma prática pedagógica (GREENVILLE e FERNANDES, 2007). O planejamento e o desenvolvimento pedagógico de propostas de iniciação esportiva devem estar baseados em quatro aspectos fundamentais: diversidade, inclusão, cooperação e autonomia (PAES e BALBINO, 2005). Portanto, entre as diferentes abordagens pedagógicas podemos dizer que são divididas em: ensino da técnica de forma isolada ao jogo ou ensino por situações imprevisíveis em jogo. ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 29 ISTO ACONTECE NA PRÁTICA Na época do governo militar no Brasil, o esporte era bastante utilizado como forma de demonstrar a prosperidade e o desenvolvimento de um país. Portanto, o ensino dos esportes passou a pautar as aulas de educação física escolar. Bayer (1994), Garganta (1998) e Greco (1998) acreditam que a abordagem pedagógica que consiste no ensino da técnica isoladamente, preconiza a decomposição dos elementos do jogo. Por exemplo, os alunos aprendem arremessos, dribles e passes de forma individualizada, sem uma aplicação prática no jogo. Essa metodologia está ancorada na repetição e na memorização de movimentos, facilitando a “modelagem” dos movimentos corporais dos alunos ao desejo do professor. Buscam fazer evoluir os fundamentos técnicos de forma hierárquica (do menos complexo em habilidades motoras ao mais complexo), assim como a evolução da própria execução do movimento em si. Estas abordagens são denominadas como métodos tradicionais, centradas na técnica analítico-sintética. Ainda para Bayer (1994), Garganta (1998) e Greco (1998), outra abordagem pedagógica do ensino de esportes na Educação Física é criar situações de imprevisibilidade de situações já vividas, de modo que o aluno busque possibilidades de resolver problemas a partir de iniciativa, reflexão e criatividade. As atividades não se ancoram apenas nos movimentos repetitivos planejados pelo professor, mas partem do interesse dos alunos. Estas abordagens são denominadas como métodos ativos e global-funcional (situacional). Outros pesquisadores afirmaram que desenvolver fundamentos técnicos de forma isolada devem ser somados à exercícios voltados para a situação prática dos jogos, indicando um modelo misto de abordagens pedagógicas (XAVIER, 1986). Nesse aspecto, teríamos um modelo que privilegia as duas formas de aprendizagem do basquete. Cabe ao professor de Educação Física escolher a abordagem metodológica que permite a todos os alunos experimentar o jogo de basquete e seus elementos, respeitando as formas de desenvolvimento e performance individual, sempre valorizando os aspectos coletivos que o esporte pode proporcionar. Além disso, o professor deve guiar suas aulas contextualizando o conhecimento a ser ensinado com as expectativas que os alunos trazem consigo e que foram constituídas historicamente a partir de outros esportes e vivências. ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 30 Comoo basquete na escola não visa a competição ou a condução dos alunos ao profissionalismo, mas propõe uma nova forma de cultura e expressão, que ocorre predominantemente no jogo, o professor deve pautar o ensino do basquete a partir desses modelos, de modo que os alunos saibam praticar a modalidade, mesmo que não executem todas as técnicas com alto grau de aperfeiçoamento. Na escola, a Educação Física se manifesta como uma possibilidade de enriquecer as experiências dos estudantes, tornando possível o seu acesso ao universo cultural que constitui as sociedades, como, por exemplo, com o basquetebol que se encontra presente na cultura brasileira. Segundo Brasil (2017), os conteúdos que os professores devem abordar na aula de Educação Física devem tornar os alunos aptos ao convívio social e atendendo a competências específicas, como: • Compreender a origem da cultura corporal de movimento e seus vínculos com a organização da vida coletiva e individual; • Planejar e empregar estratégias para resolver desafios e aumentar as possibilidades de aprendizagem das práticas corporais, além de se envolver no processo de ampliação do acervo cultural nesse campo; • Refletir criticamente sobre as relações entre a realização das práticas corporais e os processos de saúde/doença, inclusive no contexto das atividades laborais; • Identificar a multiplicidade de padrões de desempenho, saúde, beleza e estética corporal, analisando criticamente os modelos disseminados na mídia, além de discutir posturas consumistas e preconceituosas; • Identificar as formas de produção dos preconceitos, compreender seus efeitos e combater posicionamentos discriminatórios em relação às práticas corporais e aos seus participantes; • Interpretar e recriar os valores, os sentidos e os significados atribuídos às diferentes práticas corporais, bem como aos sujeitos que delas participam; • Reconhecer as práticas corporais como elementos constitutivos da identidade cultural dos povos e grupos; • Usufruir das práticas corporais de forma autônoma para potencializar o envolvimento em contextos de lazer, ampliar as redes de sociabilidade e a promoção da saúde; • Reconhecer o acesso às práticas corporais como direito do cidadão, propondo e produzindo alternativas para sua realização no contexto comunitário; ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 31 • Experimentar, desfrutar, apreciar e criar diferentes brincadeiras, jogos, danças, ginásticas, esportes, lutas e práticas corporais de aventura, valorizando o trabalho coletivo e o protagonismo. 3.5 Condutas didáticas e pedagógicas do Professor para o desenvolvimento do basquetebol na escola Segundo João Batista Freire (1991), o papel do professor vai muito além do que simplesmente educar. Sua missão é se aproximar dos alunos e transformar a sala de aula em uma comunidade. Os princípios do papel do professor enquanto educador são: • Se aproximar dos alunos e transformar a sala de aula em comunidade; • Vitalizar o ensino atualizando conteúdos e relacionando com a realidade do meio; • Vitalizar o ensino, inovando-o e não recebê-lo pronto e apenas passar para os alunos; • Propor dificuldades adequadas; • Assistir cada um em suas dificuldades específicas; • Reconhecer e estimular os esforços; • Propiciar a participação discente em todas as atividades escolares; • Estar mais atento aos aspectos positivos do que aos negativos; • Respeitar a personalidade de cada e auxiliar em seu destino; • Crer no educando como ser humano e como promessa futura; • Educar. Cabe ao professor vitalizar o ensino através da atualização dos conteúdos específicos e aproximá-los da realidade existente. Do saber transmitir, inovando e refletindo sobre nossa atual sociedade. Para João Batista Freire (1991), o desenvolvimento do ensino- aprendizagem do basquete na escola deve seguir as seguintes condutas: • Todo profissional deverá ter permanente formação pedagógica, além de formação técnica em Basquete; • O profissional deverá participar ativamente das aulas, seja jogando, apitando ou apenas observando. Com freqüência deverá interromper o jogo para correção de possíveis falhas; • Toda aula deverá ser planejada antecipadamente; ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 32 • Diante de atitudes ofensivas de alunos, o profissional deverá conversar com ele ao final da aula e em particular; • O profissional deverá promover rodas de conversas rápidas no início e final de cada aula • Sempre que o profissional sentir a necessidade de conversar com os alunos, deverá fazê-lo em círculo e sentados; • Jogos envolvendo criança de pouca idade devem ser feitas adaptações para que as crianças possam fazer muitos gols; • Durante as aulas, as atividades devem ser diversificadas e lúdicas; • Dar preferência a jogos em pequenos grupos, principalmente para os mais novos; • Levar em conta as necessidades e interesses dos alunos, de acordo com a faixa etária; • O profissional deverá promover entre seus alunos rodízios de posicionamentos; • O aluno deverá ser permanentemente avaliado; • O profissional deve ser flexível em suas condutas com os alunos, mas tem que estabelecer limites a eles, sempre preservando o respeito para com o profissional e para com os outros colegas; • Até o início da adolescência, não deve haver especialização dos alunos em posições. ISTO ESTÁ NA REDE No link a seguir, você terá acesso à Base Nacional Comum Curricular, o documento que orienta o currículo de todas as instituições de educação básica brasileiras. Nela, você poderá ler, na íntegra, as propostas da Educação Física para a educação infantil e o ensino fundamental. http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/ http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/ ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 33 AULA 4 FUNDAMENTOS DO BASQUETEBOL Desde o início da história do basquetebol, há mais de um século atrás, o surgimento de diversas equipes, o avanço da ciência com pesquisas nesta modalidade e a alta performance para competições têm contribuído cada vez mais para o desenvolvimento de avanços técnicos de seus movimentos primordiais. O basquetebol é considerado um esporte de cooperação e oposição, caracterizado com ocupação de espaço comum e participação simultânea dos jogadores nos dois sistemas, tanto de defesa quanto de ataque (Parlebas et al., 1999). Para sua realização, sabemos que estão envolvidas diferentes capacidades motoras físicas e seus elementos constitutivos, que irão atuar em função dos movimentos aplicados às situações de jogo (BARBANTI et al 1986). Esse esporte é caracterizado pela união de elementos táticos e técnicos associados com as diversas habilidades motoras e funcionais, em consequência das percepções de jogo e estratégias mentais (GONÇALVES e ROMÃO, 2019). O jogo de basquete, visto por si só, parece algo muito simples de se dizer. Mas, na verdade, para o seu desenvolvimento por completo, é necessário uma complexidade de fatores em diferentes dimensões e níveis, que permite o desenvolvimento integral de um indivíduo (OLIVEIRA, 2013). ISTO ACONTECE NA PRÁTICA O professor deve insistir na execução dos fundamentos específicos para desenvolver a técnica, que é a estrutura racional de um ato motor para atingir determinado objetivo. Neste capítulo, serão identificados os fundamentos do basquetebol e os elementos constitutivos necessários para promover compreensão do jogo e integração social, cultural e esportiva, bem como desenvolver aspectos psicomotores. ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 34 4.1 Fundamentos do Basquetebol e elementos constitutivos O objetivo principal do basquetebol é somar mais pontos que a equipe adversária e para isso acontecer, sabemos que requer açõese técnicas individuais e coletivas, por parte dos jogadores. As técnicas individuais são aquelas que não requerem a participação de outro jogador e as técnicas coletivas são aquelas que dependem da participação de outro jogador para sequência de movimentos (DE ROSE JR e TRICOLLI, 2010). A representação técnica em cada esporte acontece por meio da execução dos fundamentos específicos. Os fundamentos são os gestos básicos do jogo que podem ser executados isoladamente ou combinado com outros fundamentos, dependendo da capacidade motora e de coordenação do jogador/aluno. A seguir, discutiremos especificamente cada fundamento do Basquetebol. O controle de corpo, manejo de bola, deslocamento, passe, drible, bandeja, arremesso e posição básica de defesa são exemplos de fundamentos básicos do Basquetebol que requerem ações individuais e coletivas (DE ROSE JR e TRICOLLI, 2010). 4.1.1 Controle de corpo O controle de corpo representa o domínio de execução de fundamentos específicos do Basquetebol com características tanto do sistema de ataque quanto de defesa. São caracterizados por deslocamentos em corridas para frente, trás, lateral e com mudanças de direção; fintas e giros como tentativa de enganar o defensor; paradas bruscas e saídas rápidas para dificultar a defesa; saltos com impulso com uma ou ambas as pernas. Em virtude da movimentação defensiva do basquetebol ser em sua grande parte lateralmente, como obrigação de melhor visualização de quadra e de seus adversários, recomenda-se que o professor enfatize esse fundamento. Nesse momento, o professor deve identificar alguns erros de coordenação como, por exemplo, passos arrastados, cruzamento de pernas, passos muito largos (DE ROSE JR e TRICOLLI, 2010). ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 35 ANOTE ISSO PROPOSTA DE EXERCÍCIO PARA REALIZAÇÃO DO FUNDAMENTO Ex: O professor deve deixar os alunos dispostos e livres pela quadra, correndo à vontade e procurando desviar um dos outros. Ao comando do professor, os alunos devem tocar com as duas mãos o maior número de linhas da quadra, provocando o deslocamento em diversas direções. Ao novo comando do professor, devem voltar a correr pela quadra naturalmente. 4.1.2 Manejo de bola O manejo de bola representa o domínio no manuseio da bola relacionado com todos os outros fundamentos do basquetebol. O modo adequado de segurar a bola com ambas as mãos e com os dedos bem separados, direcionados para cima e os polegares quase se unindo, formando o desenho de um funil. Os cotovelos se posicionam juntamente ao corpo à altura da cintura e com antebraço formando ângulo de 45, segurando a bola com as mãos (DE ROSE JR e TRICOLLI, 2010). Em posse de bola, o jogador/aluno deve conservar a bola próxima ao corpo empurrando-a ao solo, de modo que o movimento seja feito da cintura para baixo. As recomendações de atividades que devem ser feitas com muita insistência, é de variação do ritmo de batidas da bola ao solo; da alternância do trabalho das mãos coordenado com a movimentação dos pés; das partidas e paradas bruscas; do hábito de não olhar para a bola ou solo durante a execução do movimento (DE ROSE JR e TRICOLLI, 2010). Cabe ao professor, provocar e insistir na melhora da habilidade do aluno/jogador no manejo de bola nas várias situações de jogo, tanto na forma de segurar quanto na de recepcionar a bola, para que haja um melhor aproveitamento dos fundamentos do basquetebol. Nesse momento, o professor deve identificar erros comuns de execução, por exemplo, o aluno mantém a bola à frente do corpo, ultrapassando a altura da cintura no retorno da batida ao solo (DE ROSE JR e TRICOLLI, 2010). Título: Fundamento do basquetebol - Manejo e recepção de bola. Fonte: vladmark/Shutterstock.com ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 36 ANOTE ISSO PROPOSTA DE EXERCÍCIO PARA REALIZAÇÃO DO FUNDAMENTO Ex: O professor deve comandar essa atividade no sentido dos alunos segurarem a bola de diversas formas, sentindo o peso e tamanho, rolando, quicando e lançando em diversos alvos e direções. O professor deve enfatizar o controle de bola constante sem deixar que ela fuja. 4.1.3 Drible O drible é caracterizado por movimentos coordenados entre membros superiores, inferiores e tronco, representando um fundamento de ataque com a bola. Driblar é o ato de conduzir a bola quicando ao solo junto ao corpo. Devemos nos lembrar que o drible deve ser um movimento limpo, sem características de infrações, enfatizando essa condição aos jogadores (DE ROSE JR e TRICOLLI, 2010). Título: Fundamento do basquetebol - Drible. Fonte: vladmark/Shutterstock.com ANOTE ISSO PROPOSTA DE EXERCÍCIO PARA REALIZAÇÃO DO FUNDAMENTO Ex: O professor deve deixar os alunos dispostos livremente na quadra, com uma ou duas bolas para cada. Os alunos iniciam esta atividade parados e ao comando do professor, devem realizar o drible de modo que a bola não ultrapasse a linha da cintura, trocando de mão ao comando do professor. ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 37 4.1.4 Passe Para que o processo de ensino-aprendizagem dos passes se inicie, é necessário identificar se o jogador é destro ou canhoto, a fim de estabelecer seu “pé de apoio” que é o ponto de partida para a construção desse processo. Neste caso, nós como professores, devemos identificar e ressaltar que, quando o aluno for destro, o seu pé de apoio será o pé da esquerda, ou seja, sempre será o seu pé contrário (DE ROSE JR e TRICOLLI, 2010). Os passes são caracterizados pelo envio de bola (lançamento) aos jogadores da mesma equipe, que tem por objetivo dar continuidade ao jogo e facilitar a cesta. É um fundamento de ataque com a bola, sendo realizado como forma de deslocamento do jogador de um lado para o outro da quadra, sem cometer infrações. Os passes podem ser executados com uma mão ou duas mãos, divididos em curta, média e longa distância (DE ROSE JR e TRICOLLI, 2010). Passe de peito com ambas as mãos (curta distância) • o jogador deve segurar a bola sempre com as duas mãos espalmadas em suas laterais, na altura do peito e com os cotovelos fechados próximos ao tronco; • o jogador deve projetar o tronco à frente, trocando a base em um passo, sem tirar o pé de apoio do solo; • ao mesmo tempo, o jogador deve estender os cotovelos girando a palma da mão para fora e lançando a bola na altura do peito do jogador/dupla; • o jogador pode realizar este tipo de passo reto ou quicado no solo. Passe com uma das mãos (curta/média distância) • o jogador está sendo marcado por seu adversário de perto, assim utiliza um braço para proteção da bola e o outro para o passe em si; • o jogador pode realizar este tipo de passe por cima do ombro ou lateralmente, quando o jogador quer passar a bola ao pivô quando este estiver sendo marcado por trás. ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 38 Passes especiais (média/longa distância) • o jogador tem como objetivo lançar a bola para outro jogador que esteja mais distante, mas que esteja infiltrado ou em posição de arremesso; • o jogador deve aplicar velocidade no passe; • o jogador pode realizar este tipo de passe sobre a cabeça ou sobre o ombro, pegando a defesa em um momento de desatenção. Título: Fundamento do basquetebol - Passe de peito e passe com uma das mãos. Fonte: vladmark/Shutterstock.com ANOTE ISSO PROPOSTA DE EXERCÍCIO PARA REALIZAÇÃO DO FUNDAMENTO Ex: O professor deve organizar os alunos em grupos ou em duplas (uma bola por grupo ou dupla, respectivamente) e propor as diferentes atividades para o desenvolvimento dos passes, procurando corrigir posicionamento de braços e pernas. Nesse momento, deve ser levada em consideração a escolha das duplas com equivalência de altura, força,nível de aprendizagem e aptidão. 4.1.5 Arremesso O arremesso tem por objetivo final fazer a cesta, portanto, é um fundamento de ataque com a bola. Esse fundamento para ser realizado deve estar de acordo com o posicionamento do aluno/jogador na quadra, do posicionamento do oponente, da velocidade no deslocamento e da precisão da jogada. Podem ser realizados de curta distância, geralmente próximos ou dentro do garrafão; de média distância, geralmente fora das linhas restritas mas ainda dentro da zona de dois pontos; de longa distância, ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 39 realizados após a linha de 3 pontos. Existe também o arremesso de lance-livre, que por sua particularidade acontece quando a equipe adversária comete infração à regra (DE ROSE JR e TRICOLLI, 2010). Os arremessos são divididos em bandeja, arremesso com uma das mãos, jump e gancho. Bandeja A bandeja é o único fundamento que o jogador/aluno pode se locomover em posse de bola em duas passadas rítmicas, sem ter que quicá-la no solo. Caracterizado como arremesso em movimento, após essas passadas rítmicas, o jogador/aluno é obrigado a arremessar ou passar para outro companheiro de equipe. A bandeja pode ser realizada pelo lado direito da quadra e também pelo lado esquerdo. Além disso, a bola deverá ser sempre arremessada na tabela (próximo à marcação do quadrado menor) e não diretamente ao aro (DE ROSE JR e TRICOLLI, 2010). Com uma das mãos O arremesso com uma das mãos é iniciado a partir de posições básicas de pé dominante pouco à frente e peso do corpo distribuído entre as duas pernas. O arremesso com uma das mãos é finalizado com forte impulsão da bola com o punho, de cima para baixo e para o lado. Neste momento, o professor deve identificar as principais dificuldades e erros de execução comuns, como, por exemplo, falta de coordenação dos movimentos, perna de apoio invertida, falta de movimento de punho. Propostas de exercícios educativos e atividades em grupos para aprimorar e melhorar a execução do movimento devem ser inseridas neste contexto (DE ROSE JR e TRICOLLI, 2010). Jump O jump difere do arremesso com uma das mãos, porque ao final da impulsão no ponto mais do salto, a bola é arremessada com as duas mãos. Para realizar o jump, os jogadores/alunos devem posicionar os pés afastados na linha do ombro, dividindo o peso do corpo. Antes de iniciar o arremesso, devemos sempre lembrar de semi flexionar os joelhos, quadril e cotovelos (DE ROSE JR e TRICOLLI, 2010). ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 40 Gancho O gancho é o arremesso realizado com a mão dominante acima e atrás da cabeça, impulsionado pela perna contrária da mão. Título: Fundamento do basquetebol - Arremesso, jump e bandeja. Fonte: vladmark/Shutterstock.com ANOTE ISSO PROPOSTA DE EXERCÍCIO PARA REALIZAÇÃO DO FUNDAMENTO Ex: O professor deverá posicionar os alunos em duplas com uma bola, dispostos um de frente para o outro. O aluno que iniciar a atividade deve segurar a bola na posição de arremesso (determinado arremesso escolhido para aquele momento) e colocar a mão de apoio atrás do corpo (intenção de dificultar). Assim, deverá realizar o movimento de arremesso para o outro aluno da dupla. Essa atividade deverá ser repetida inúmeras vezes para enfatizar a qualidade de movimento. 4.1.6 Posição básica de defesa A posição básica de defesa é um elemento defensivo que permite que o jogador/ aluno consiga se deslocar rapidamente em várias direções, dificultando o drible, o arremesso e o passe. Através do posicionamento adequado dos jogadores em quadra, pode-se estimular o aumento da complexidade das jogadas que tem por objetivo impedir a pontuação da equipe adversária (DE ROSE JR e TRICOLLI, 2010). ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 41 ANOTE ISSO PROPOSTA DE EXERCÍCIO PARA REALIZAÇÃO DO FUNDAMENTO Ex: O professor deverá deixar os alunos dispostos livremente pela quadra e, ao comando, deverão se preparar para posição defensiva sem se desequilibrar. 4.1.7 Rebote O rebote ou ganho de posse de bola de um arremesso não convertido é um fundamento tanto ofensivo quanto defensivo. Enquanto um jogador/aluno arremessa a bola à cesta, o restante dos jogadores devem se posicionar de maneira vantajosa para sua equipe “pegar” o rebote. O professor deve insistir em jogadas ensaiadas, criando situações e possibilidades dos alunos vivenciarem ambas as posições (ofensiva e defensiva) em quadra (DE ROSE JR e TRICOLLI, 2010). ANOTE ISSO PROPOSTA DE EXERCÍCIO PARA REALIZAÇÃO DO FUNDAMENTO Ex: O professor deverá dividir os alunos em duplas, posicionando-as de frente umas para as outras, em uma determinada distância. O aluno que estiver em posse de bola deverá arremessar para seu companheiro em uma altura de aproximadamente 3 a 4 metros. O aluno que irá recepcionar a bola, deverá saltar para recuperá-la no ponto mais alto do arremesso, sem deixá-la cair no chão. 4.1.8 Giro Os giros são os movimentos necessários que o jogador/aluno deve fazer para proteger a bola e se esquivar do adversário. É um fundamento que é utilizado tanto na defesa, mudando a posição corporal a fim de bloquear a passagem do adversário, quanto no ataque, se esquivando da marcação do jogador adversário. Além disso, os giros podem ser realizados para concluir fintas durante o passe de bola (DE ROSE JR e TRICOLLI, 2010). ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 42 ANOTE ISSO PROPOSTA DE EXERCÍCIO PARA REALIZAÇÃO DO FUNDAMENTO Ex: O professor deverá separar os alunos em duplas, indicando que o jogador em posse de bola deverá utilizar a mão esquerda para bater a bola ao solo e colocar o pé direito à frente, tendo como apoio de defesa o braço direito no adversário. Ao comando do professor, o aluno deverá trocar a bola de mão de domínio executando o giro, protegendo a bola do adversário com o braço esquerdo ao final do movimento. Não podemos esquecer de utilizar a mesma sequência trocando o lado de domínio da bola e giro do corpo. Título: Fundamento do basquetebol - Giro Fonte: vladmark/Shutterstock.com ISTO ESTÁ NA REDE DICA: Querem saber mais sobre os fundamentos do basquetebol, seus subtipos e maiores descrições técnicas? Saibam mais nas obras: Basquetebol: técnicas e táticas - uma abordagem didático-pedagógica, de Aluísio E. X. Ferreira e Dante R. Junior, 2010. Metodologia do Basquetebol, de Patrick da S. Gonçalves e Mariluce F. Romão, 2019. ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 43 AULA 5 ANÁLISES DOS CONCEITOS BÁSICOS DE SISTEMAS DE ATAQUE E DEFESA DO BASQUETEBOL O basquetebol, assim como outros esportes coletivos, requer envolvimento da equipe com ações individuais e coletivas em diversas situações de jogo. Todo aluno deve aprender a desenvolver organização de jogadas de ataque e defesa (COUTINHO, 2009). O basquetebol, em particular, destaca-se pela transição contínua no jogo de situações ofensivas e defensivas, sendo muito importante o papel de um bom professor no processo de ensino-aprendizagem visando atingir os objetivos do jogo. Para isso, são necessários intervenção do professor com pontos chaves para esse processo acontecer: didática apropriada; repertório de atividades que estimulam o desenvolvimento do jogo; provocar situações de jogos reais, entre outros (FERREIRA e DE ROSE Jr, 2010). Ou seja, para que os alunos consigam fixar os fundamentos individuais de ataque e defesa é preciso praticá-los! Os fundamentos individuais de ataque e defesa representam os movimentos ou gestos básicos do basquetebol e podem ser classificados conforme suas características: ataque e defesa, bem como com bola e sem bola (DE ROSE Jr e TRICOLLI, 2005).Em situações de jogo, os alunos devem vivenciar níveis de complexidade cada vez maiores, respeitando a evolução e individualidade de cada um. Portanto, o professor deve promover situações de um contra um (1x1), dois contra dois (2x2), três contra três (3x3), e assim sucessivamente (FERREIRA e DE ROSE Jr, 2010). 5.1 Situações de jogo Um contra um (1x1) Nesta situação de jogo, o atacante em posse de bola busca vencer o defensor, realizando diversos fundamentos na tentativa de arremessar à cesta, como drible, finta, ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 44 giro, mudança de direção, entre outros. O defensor, por sua vez, segue tentando impedir o avanço do atacante em atingir seu objetivo, realizando outros fundamentos, tais como bloqueio, salto, posicionamento do corpo, etc (FERREIRA e DE ROSE Jr, 2010). ISTO ACONTECE NA PRÁTICA O professor deve propor exercícios em situações de jogo, como, por exemplo: os alunos devem ser divididos em duplas e se posicionar na linha central da quadra em colunas. O aluno com bola passa para o seu companheiro da outra coluna, corre e se posiciona na linha de lance livre em posição defensiva. O aluno/jogador com bola atacará tentando a cesta. Após a execução (cesta ou tomada de bola pelo defensor), deve-se trocar as colunas para desempenhar outro papel. Dois contra dois (2x2) Nesta situação de jogo, a proposta é mais complexa uma vez que envolve a participação de outros jogadores, tanto companheiros quanto adversários. Uma alternativa mais ampla quando a equipe está atacando com posse de bola, é que o jogador deverá passar a bola para um companheiro (servir) e se posicionar para uma nova recepção de bola (ir), a fim de arremessar à cesta. Outra alternativa que envolve a participação de mais jogadores, é quando a equipe está atacando com posse de bola ou não, e o jogador se posiciona na quadra de maneira que dificulte os movimentos dos defensores (corta-luz) e beneficie os companheiros. Portanto, o professor deve propor exercícios em situações de jogo que irão estimular o desenvolvimento de jogadas com movimentos mais refinados (FERREIRA e DE ROSE Jr, 2010). ISTO ACONTECE NA PRÁTICA O sistema de defesa deve manter a marcação no jogador adversário e a bola em seu campo de visão a todo momento, durante ação corta-luz realizada pela equipe oponente. ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 45 Três contra três (3x3) Nesta situação de jogo, o professor deve visar a progressão do processo ensino- aprendizagem, aumentando a complexidade dos exercícios e trazendo mais similaridade ao jogo propriamente dito. Neste caso, alternativas mais amplas de ataque seriam o cruzamento e o corta-luz, que podem ser executados do lado oposto à bola (FERREIRA e DE ROSE Jr, 2010). 5.2 Posicionamento dos jogadores em quadra Armador - nº 1 Este jogador tem como características ser bom driblador e arremessador, principalmente na linha de 3 pontos. Além disso, tem uma visão superior de jogo e é geralmente o jogador que melhor controla os fundamentos básicos do basquetebol. Outra característica é ter a habilidade de criar situações de cesta para os companheiros. Suas principais tarefas são: receber o primeiro passe e ocupar a via de acesso pelo meio da quadra (FERREIRA e DE ROSE Jr, 2010). Ala/armador - nº 2 Este jogador tem como características bom controle de bola, passador e arremessador, principalmente na linha de 3 pontos. Além disso, é hábil na conclusão de contra ataques, em penetração para a cesta e tem facilidade de usar drible. Uma das suas funções é ocupar a via de acesso à cesta pelo lado direito do ataque (FERREIRA e DE ROSE Jr, 2010). Ala/pivô - nº 3 Este jogador tem como característica principal um excelente arremesso, especialmente de fora do garrafão e da linha de 3 pontos. Além disso, tem habilidade de penetração, pegar rebote, jogar de frente e de costas para a cesta na posição de pivô baixo, se necessário. Outra característica é ter a tarefa de ocupar a via de acesso pelo lado esquerdo do ataque (FERREIRA e DE ROSE Jr, 2010). ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 46 Pivô leve - nº 4 Este jogador tem como característica excelente arremesso de curta distância, além de jogar a um drible de distância da cesta passando, penetrando ou arremessando nela. Além disso, sabe usar a tabela como ajuda constante em seus arremessos. Sua principal função é se atentar na obrigação de pegar os rebotes defensivos e ofensivos. Outra característica é ocupar a via de acesso do lado oposto ao pivô pesado (FERREIRA e DE ROSE Jr, 2010). Pivô pesado - nº 5 Este jogador tem a mesma característica do nº 4. Porém, é considerado o jogador de segurança no garrafão em virtude de seu porte atlético. Possui habilidade e coordenação para jogar de costas para a tabela, usando a penetração sem utilização de muito espaço e posse de bola. Tem como obrigação os rebotes defensivos e ofensivos. Outra característica é ocupar a via de acesso do lado oposto ao pivô leve (FERREIRA e DE ROSE Jr, 2010). 5.3 Sistema ofensivo O sistema ofensivo é caracterizado pela situação de ataque da equipe. O melhor ataque é aquele que tem uma continuação do contra-ataque incluindo movimentos, cortes e bloqueios contínuos com a finalidade de isolar jogadores em alguns setores da quadra e criar espaços/situações de arremesso de alta porcentagem de aproveitamento (GONÇALVES e ROMÃO, 2019). O objetivo desta filosofia de ataque é conseguir fazer a cesta dentro do contra-ataque primário ou secundário. Se isto não for possível e esta situação de cesta não for criada, a equipe deve fluir naturalmente em um sistema de movimentos contínuos tentando isolar dois ou três jogadores em situação de cesta (GONÇALVES e ROMÃO, 2019). Título: Sistema ofensivo - exemplos de ataque Fonte: http://pt.freeimages.com/ ESPORTES COLETIVOS II: BASQUETE E HANDEBOL PROF. LIDIELI PAZIN TARDELLI FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 47 Contra-ataque O contra-ataque é caracterizado pelo domínio do rebote ou da retomada de posse de bola, em que os jogadores devem reagir rapidamente, em tempo e espaço apropriado, preenchendo os espaços em suas respectivas vias de acesso à cesta. Pode-se dizer que é um elemento surpresa contra as defesas, devido a sua rapidez de movimentação (GONÇALVES e ROMÃO, 2019). Contra-ataque primário O contra-ataque primário se dá pela transição rápida de defesa para o ataque, com o objetivo de criar situações de vantagem numérica e de cesta de alta porcentagem de aproveitamento. Os elementos essenciais para esta situação ocorrer são o bloqueio no rebote defensivo, primeiro passe rápido, eficiência após o domínio do rebote e ocupação das cinco vias de acesso à cesta por cada jogador. É importante neste tipo de contra ataque ter mais de um jogador disponível para receber o primeiro passe, tornando assim a defesa mais vulnerável. Em outra situação, como no arremesso de 3 pontos, o marcador deverá tentar impedir o arremesso de primeiro momento, porém, não terá responsabilidade de bloqueio de rebote, uma vez que o primeiro passe após o arremesso será em sua direção para a saída em contra- ataque (GONÇALVES e ROMÃO, 2019). Contra-ataque secundário O contra-ataque secundário tem como objetivo criar situações de cesta que fluam naturalmente como continuação do contra ataque primário. O exemplo mais claro se dá após um rebote defensivo, onde o pivô que consegue este passa a bola para o armador ou lateral armador em busca do contra ataque primário. Uma vez que não consiga, este deverá abrir próximo à lateral da quadra e esperar o pivô que não conseguiu o rebote defensivo chegar. Caso este também não consiga receber esta bola, o armador ou lateral armador deverá esperar o segundo pivô chegar para o devido contra ataque ser concluído