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ESPORTES COLETIVOS: HANDEBOL E BASQUETEBOL PROFESSORES Dr. Claudio Kravchychyn Dra. Luciane Cristina Arantes da Costa Quando identificar o ícone QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos online. O download do aplicativo está disponível nas plataformas: Acesse o seu livro também disponível na versão digital. Google Play App Store 2 ESPORTES COLETIVOS: HANDEBOL E BASQUETEBOL NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação Cep 87050-900 - Maringá - Paraná - Brasil www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; KRAVCHYCHYN, Claudio; COSTA, Luciane Cristina Arantes. Esportes Coletivos: Handebol e Basquetebol. Claudio Kravchychyn; Luciane Cristina Arantes da Costa. Maringá - PR.:Unicesumar, 2019. Reimpressão 2021. 168 p. “Graduação em Educação Física - EaD”. 1. Esportes coletivos. 2. Handebol. 3. Basquetebol. 4. EaD. I. Título. CDD - 22ª Ed.701.1 CIP - NBR 12899 - AACR/2 ISBN 978-85-459-1901-8 Impresso por: Ficha Catalográfica Elaborada pelo Bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon, Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho, Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima, Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey, Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira, Supervisão de Produção de Conteúdo Nádila Toledo. Coordenador(a) de Conteúdo Mara Cecília Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Victor Augusto Thomazini, Designer Educacional Kaio Vinicius Cardoso Gomes, Revisão Textual Meyre Barbosa da Silva, Ilustração Bruno Pardinho, Marta Sayuri Kakitani, Marcelo Yukio Goto, Fotos Shutterstock. Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Wilson Matos da Silva Reitor da Unicesumar boas-vindas Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informação e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desafiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Willian V. K. de Matos Silva Pró-Reitor da Unicesumar EaD Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. boas-vindas Débora do Nascimento Leite Diretoria de Design Educacional Janes Fidélis Tomelin Pró-Reitor de Ensino de EAD Kátia Solange Coelho Diretoria de Graduação e Pós-graduação Leonardo Spaine Diretoria de Permanência autores Dr. Claudio Kravchychyn Licenciatura em Educação Física pela Escola de EducaçãoFísica de Assis (1985). Especializa- ção (lato-sensu) em Musculação e Preparação Física pela Universidade Gama Filho (1993) e em Educação Física Escolar pela Universidade Estadual de Maringá (1987). Mestrado em Educação pela Universidade do Oeste Paulista (2006). Doutorado em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá - Programa Associado de Pós-Graduação UEM/UEL (2014). Professor Adjunto do Departamento de Educação Física da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e consultor do Ministério do Esporte - Secretaria Nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social (SNELIS/ME). Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Políticas Públicas para Educação Física e Esporte (GEPPEFE/UEM). Áreas de atuação: Políticas Públicas para Educação Física e Esporte, Formação Profissional em Educação Física, Pedagogia do Esporte e Educação Física Escolar. <http://lattes.cnpq.br/1541630939742895>. Dra. Luciane Cristina Arantes da Costa Graduação em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá (1992). Mestrado em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Catarina (2005). Doutorado em Educação Física realizado pelo Programa Associado de Pós-Graduação UEM/UEL. Atual- mente é professora adjunta do Curso de Educação Física da Universidade Estadual de Maringá. Áreas de atuação: Educação Física Escolar, Formação Profissional, Pedagogia do Esporte e Psicologia Educacional. <http://lattes.cnpq.br/4373667750972554>. apresentação do material ESPORTES COLETIVOS: HANDEBOL E BASQUETEBOL Claudio Kravchychyn; Luciane Cristina Arantes da Costa Olá, caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) ao livro de Esportes Coletivos: Handebol e Basquetebol. Nos últimos anos, os pesquisadores de nossa área têm insistido na necessidade de os acadêmicos e professores compreenderem o processo de ensino dos esportes coletivos para que possam ensinar o esporte numa perspectiva inovadora. É iminente a necessidade de superar o ensino dos es- portes coletivos numa perspectiva tradicional que privilegia formas de ensino marcadas pela prática mecanizada (tendência tecnicista). Tais formas, na maioria das vezes, são descontextualizadas e não possuem relação com o jogo formal. O que isto significa? Que os alunos aprendem os gestos técnicos, mas não con- seguem transferir este aprendizado para o jogo, ou seja, não conseguem jogar. Outro aspecto que se perpetuou no ensino dos esportes coletivos ao lon- go dos anos é chamado, informalmente, de “rola-bola”. Nesta perspectiva, o professor ou treinador deixa os alunos jogarem livremente, e são eles que escolhem seus times e como desejam jogar. A consequência é que os alunos com dificuldades acabam sendo excluídos, e o professor torna-se apenas um monitor ou árbitro e organizador das atividades. O nosso objetivo, neste livro, é apontar possíveis caminhos para o ensino dos esportes coletivos, que possam levar à sua compreensão das modalidades aqui apresentadas, o basquetebol e o handebol. Ainda desejamos mostrar o porquê de essas modalidades serem denominadas esportes de invasão, mo- tivo pelo qual foram propostas em conjunto nesta obra. Além disso, é muito importante que você compreenda a necessidade de reavaliar as metodologias ou modelos de ensino, ou seja, as formas de ensinar os esportes e suas dife- rentes possibilidades. Sabemos o quanto o esporte é necessário pois o gosto e o prazer dos alunos em sua prática, mesmo com tantas dificuldades na aprendizagem, ainda estão presentes. O esporte é parte integrante da cultura mundial, promovendo be- nefícios físicos, psicológicos e sociais. Entretanto, deve ser ensinado de forma gratificante e prazerosa, respeitando a individualidade e o interesse dos alunos. sumário UNIDADE I INTRODUÇÃO AOS ESPORTES COLETIVOS – BASQUETEBOL E HANDEBOL 14 Esportes Coletivos de Invasão ou Jogos de Invasão 16 Metodologias de Ensino dos Esportes Coletivos 22 Modelos Alternativos para o Ensino dos Esportes Coletivos de Invasão 36 Referências 39 Gabarito UNIDADE II CONHECENDO O BASQUETEBOL 44 Conhecendo o Basquetebol: Histórico 46 Fundamentos Técnicos do Basquetebol 58 Regras Básicas do Basquetebol 66 Modelos de Exercícios na Iniciação ao Ensino do Basquetebol 76 Referências 77 Gabarito UNIDADE III SISTEMAS TÁTICOS NO BASQUETEBOL 82 Introdução às Ações Táticas 86 Sistemas Táticos Ofensivos do Basquetebol 88 Sistemas Táticos Defensivos do Basquetebol 94 Planos de Aula 108 Referências 109 Gabarito UNIDADE IV CONHECENDO O HANDEBOL 114 Conhecendo o Handebol: Histórico 116 Fundamentos Técnicos do Handebol 124 Regras Básicas do Handebol 130 Modelos de Exercícios na Iniciação ao Ensino do Handebol 140 Referências 141 Gabarito UNIDADE V SISTEMAS TÁTICOS NO HANDEBOL 146 Introdução às Ações Táticas Ofensivas 148 Sistemas Táticos Ofensivos do Handebol 150 Sistemas Táticos Defensivos do Handebol 154 Planos de Aula 167 Referências 167 Gabarito 168 CONCLUSÃO GERAL Professor Dr. Claudio Kravchychyn Professora Dra. Luciane Cristina Arantes da Costa Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Esportes coletivos de invasão ou jogos de invasão • Metodologias de ensino dos esportes coletivos • Modelos alternativos para o ensino dos esportes coletivos de invasão Objetivos de Aprendizagem • Entender as características dos esportes de invasão. • Estudar as metodologias de ensino dos esportes coletivos. • Compreender os modelos alternativos para o ensino dos esportes coletivos de invasão e sua relação com o ensino do basquetebol e handebol. INTRODUÇÃO AOS ESPORTES COLETIVOS – BASQUETEBOL E HANDEBOL unidade I INTRODUÇÃO C aro(a) aluno(a), o basquetebol e o handebol são parte integrante da matriz curricular da Educação Física e se caracterizam como esportes coletivos de invasão, sendo esta a temática da Unidade 1 deste livro. Os esportes coletivos de invasão constituem uma classe de modalidades esportivas em que a disputa é baseada na oposição entre duas equipes. Neles existe um espaço comum de disputa, com o objetivo principal de pontuar e impedir o adversário de atingir sua meta. Uma equipe consegue atuar de forma adequada no sentido coletivo quan- do as estratégias utilizadas contribuem para a aprendizagem da tática. Investigações na área do esporte buscam descrever as ações táticas de cada jogador. Elas funcionam como um manual teórico que descreve aquilo que cada jogador deve fazer e em que momento deve fazer. Nesta unidade, buscamos evidenciar estes aspectos a partir de subsídios teóri- cos, para que você possa compreender as características dos esportes de invasão e as metodologias utilizadas atualmente para o ensino dos espor- tes coletivos, especificamente o basquetebol e o handebol. Ao entender determinados aspectos e os relacionar com a prática pedagógica, tais conhecimentos poderão facilitar o processo de ensino e aprendizagem. Assim, por exemplo, ao ensinar por que um aluno ou atleta dribla com a mão direita - e não com a esquerda - em algumas situ- ações e posicionamentos em quadra, você será capaz de explicar os mo- tivos desta escolha. Observe que o exemplo do drible (ato de empurrar repetidamente a bola contra o solo) vale para ambos os esportes tratados neste capítulo, ou seja, os esportes de invasão possuem conceitos e carac- terísticas semelhantes. Acreditamos que este é um dos caminhos para que você possa explicar a seus futuros alunos ou atletas a necessidade do aprendizado de cada con- teúdo, para que o ensino não esteja vinculado apenas a fundamentos técni- cos dissociados das situações de jogo. Esta é nossa proposta na Unidade 1. Esportes Coletivos de Invasão ou Jogos de Invasão EDUCAÇÃO FÍSICA 15 Olá, caro(a) aluno(a), antes de tratar das especifi- cidades de métodos alternativos que priorizam o ensino da tática, cabe evidenciar as características dos esportes coletivos de invasão ou jogos de in- vasão. São, essencialmente, modalidades esporti- vas cuja disputaé baseada na oposição entre duas equipes, em um espaço comum e com o objetivo principal de pontuar e impedir que o adversário pontue, por meio de táticas ofensivas e defensivas (LAMAS et al., 2012). Desta forma, os jogos coletivos de invasão pos- suem ações específicas de ataque e defesa, em que prevalecem as relações de cooperação e oposição, com tentativas de finalização e organização do ataque e defesa cujo campo de jogo não é separa- do, como ocorre no voleibol ou no tênis de campo (MESQUITA; GRAÇA, 2006). Outros esportes considerados de invasão fazem parte da realidade brasileira, tais como o futebol e o futsal. Outros estão menos presentes em nossa cultura, mas vêm ganhando espaço, por exemplo, o polo aquático, o rúgbi e o futebol americano. Para aprender tais modalidades, quando o aluno recebe a bola, não pode simplesmente sair correndo com ela. É necessário, inicialmente, que ele compreenda as regras de cada modalidade. A partir desta com- preensão, sua primeira ação, ao receber uma bola durante o jogo, é levantar a cabeça a fim de observar os colegas de equipe, os adversários, a sua meta (ces- ta ou gol) e os espaços livres. Se você observar com cuidado o parágrafo ante- rior, verá todas as características e ações apresenta- das sobre as possibilidades de ação de seu aluno ao receber a bola. Verá, também, que não se referem a um esporte em específico. Isto acontece porque nos esportes de invasão é comum a semelhança nas deci- sões. Por isso, podemos dizer que a aprendizagem de um esporte pode ser transferida para outro (trans- fer). Nos esportes coletivos de invasão, os adversá- rios interagem diretamente entre si, com a existência de muitos contatos físicos. Assim, tanto no basque- tebol quanto no handebol, a necessidade de coope- rar com os companheiros para marcar cestas e gols determina a mesma lógica de funcionamento, sob a qual o principal objetivo é invadir o espaço defendi- do pelo adversário para marcar pontos. Para Gallatti (2006), as regras de ação mais im- portantes para os esportes de invasão estão defini- das da seguinte forma: comportar-se, taticamente, em jogos de equipe, a partir da estrutura e lógica comum, ocupar os espaços da quadra, posicio- nar-se para receber a bola de um companheiro e se posicionar para pressionar um adversário com posse da bola. Durante o processo de ensino e aprendizagem dos esportes de invasão, é necessário que o professor se preocupe com a aprendizagem dos aspectos táti- cos (o que e quando fazer) e dos aspectos técnicos (como fazer) de forma articulada, como veremos no próximo tópico desta unidade. Metodologias de Ensino dos Esportes Coletivos EDUCAÇÃO FÍSICA 17 Desde a década de 60, o ensino dos esportes tem a es- truturação da técnica como prioridade inicial (GAR- GANTA, 1998), ou seja, os professores ou técnicos ensinam a técnica da modalidade para, em seguida, ensinar aspectos táticos. O objetivo do ensino da téc- nica é realizar a ação mais econômica e efetiva dos movimentos, melhorando os resultados alcançados. Neste sentido, o ensino consiste, inicialmente, na ex- plicação e demonstração dos exercícios. Na sequên- cia, por meio do desmembramento do exercício, deve-se evidenciar a execução prática pelos meios técnicos de ensino. Neste entendimento, a técnica é meramente uma etapa da preparação, sendo uma das formas de obtenção de rendimento. Esta metodologia é denominada “método parcial”, ou “método analíti- co-sintético”. A principal crítica a esta forma de en- sinar o esporte é a descontextualização. Mas qual é a consequência dessa descontextualização no processo de ensino e aprendizagem dos esportes coletivos? Apesar de os alunos conseguirem realizar os exercícios técnicos de forma apropriada, caso o en- sino priorize apenas o ensino da técnica, eles podem não compreender sua necessidade de utilização du- rante o jogo. Essa forma de ensino, usualmente, re- cebe a denominação de modelo tecnicista, sob o qual o professor acredita ser necessário o ensino da técni- ca antes de se ensinar conceitos táticos. A utilização destas abordagens tradicionais é bastante comum tanto nos treinamentos esportivos quanto em aulas do componente curricular Educação Física. Desta forma, segundo Costa e Nascimento (2004), o método parcial, cujos movimentos são realizados em partes e somente depois articulados pelos alunos, é considerado um método tradicional. Uma aula ou sessão de treinamento utilizando o mé- todo tradicional pode ser exemplificada da seguinte forma: aquecimento, exercícios para a aprendiza- gem da técnica e jogo formal. Como direcionamen- tos pedagógicos, temos: primeiro, execução do exer- cício conhecido, depois, do desconhecido; execução dos exercícios realizados em partes e, em seguida, de forma completa; e execução de exercícios mais fáceis, seguidos de outros mais complexos. Nos es- portes individuais, tal método ainda é bastante utili- zado, podendo ser muito útil no processo de ensino e aprendizagem. Nos esportes de invasão, entretanto, sob essa abordagem que privilegia o gesto técnico, a aprendi- zagem do jogo somente acontecerá quando as habi- lidades motoras alcançarem o rendimento desejado (GARGANTA et al., 2013). Apesar da vantagem de a habilidade motora ser realizada de forma apropria- da e da facilidade de implementação da abordagem tradicional, algumas desvantagens devem ser consi- deradas (GAMA FILHO, 2001): • Processos de tomada de decisão são deixados para um segundo momento do processo de ensino e aprendizagem, com a justificativa de que o aluno necessita de conhecimento ante- cipado do movimento a ser realizado. • Exercícios repetitivos podem não estimular ou motivar os participantes. • Na maioria das vezes, os alunos não sabem em que momento os movimentos aprendidos devem ser realizados no contexto do jogo, havendo pouca transferência do que o aluno realiza nos exercícios para a situação de jogo. Para ocorrer o transfer, situações de jogo devem ser experimentadas pelo aluno desde o início do pro- cesso de ensino-aprendizagem, partindo das mais simples, com aumento gradativo de complexidade. Por isto, as tarefas ou exercícios devem ser realiza- dos mediante a apresentação de sua utilização du- rante o jogo. 18 ESPORTES COLETIVOS: HANDEBOL E BASQUETEBOL Vamos a um exemplo: ao ensinar a bandeja - progressão de dois passos com a posse da bola, em direção à cesta - no basquetebol, deve-se considerar que o aluno arremesse a bola tanto com a mão direita quanto com a mão esquerda, dependendo da neces- sidade. A escolha da mão utilizada depende de diver- sos fatores, como o posicionamento na quadra em relação à tabela ou em relação ao defensor. Assim, o professor não deve apenas ensinar os movimentos que compõem a bandeja, mas suas especificidades, para que o aluno as considere no momento do jogo. As habilidades técnicas dos esportes de invasão estão relacionadas às características do jogo formal. Nos esportes coletivos, as situações que ocorrem du- rante o jogo modificam-se a cada ataque, fazendo com que as habilidades técnicas estejam sujeitas a variações de ritmo, intensidade e amplitude (COSTA; NASCI- MENTO, 2004). As experiências práticas nos fizeram acreditar que os movimentos realizados priorizando o ensino da técnica perdem o sentido se não estiverem contextualizadas com o que ocorre durante o jogo. As- sim, ensinar a arremessar no basquetebol, por exem- plo, requer muito mais do que a repetição sistemática. Para Garganta (1998), um dos problemas evidentes no método parcial é que, ao utilizar, prioritariamente, esta abordagem, os professores retardam a abordagem do jogo até que os alunos consigam realizar o funda- mento técnico. É preciso salientar que muitos alunos não conseguirão executar, satisfatoriamente, todos os gestos técnicos de determinada modalidade em um curto espaço de tempo. Assim, ao insistir na aplicação desse método, o professor poderá não oportunizar ou- tras formasgratificantes de aprendizagem. Em contraposição encontra-se o método glo- bal, no qual “[...] a aprendizagem é encarada como a apreensão do todo, durante o jogo” (MESQUITA, 2000, p. 74). Entretanto muito professores confun- diram o método global com o “rola-bola”, prática já mencionada no início desta unidade, deixando os alu- nos jogarem sem nenhuma preocupação pedagógica. Em suma, o método parcial difere do global pela apresentação de uma situação de jogo cujos elemen- tos técnicos e táticos são evidenciados. Os alunos aprendem o intuito de realizar cada movimento, proporcionando elevado nível de motivação, mas podem ter dificuldade na assimilação dos funda- mentos (COSTA; NASCIMENTO, 2004). Apresen- tadas tais características, você deve estar perguntan- do: Diante disso tudo, como devemos ensinar? Algumas metodologias de ensino, alternativas às duas já citadas, propõem o ensino contextualizado. Em primeiro lugar, não priorizam o ensino da téc- nica. Nessas metodologias, o ensino da tática deve acontecer em conjunto com o ensino da técnica, prio- rizando a primeira. Assim, devemos ensinar o porquê e quando realizar determinado fundamento ou gesto técnico. No contexto americano, o método denomi- nado Teaching Games for Understanding (TGfU), des- de a década de 80, tem apresentado as vantagens de os alunos compreenderem os movimentos que realizam, bem como em que momento é adequado realizá-los no contexto do jogo (BUNKER; THORPE, 1982). No TGfU, o aluno está no centro do processo de ensino e aprendizagem, e seu desenvolvimento ocorre a partir de sua própria consciência tática. No Modelo Desenvolvimentista (Direct Instruc- tion), proposto por Rink (2010), o ensino das habi- lidades no contexto do jogo é ponto fundamental durante o ensino. Sob esse modelo, os professores trabalham com atividades que proporcionam a compreensão do jogo, mas, assim que eles percebem que os alunos não conseguem realizar algum funda- mento (drible, passe, arremesso), voltam a realizar exercícios que evidenciam o ensino do gesto técni- EDUCAÇÃO FÍSICA 19 co, retomando a aprendizagem dos fundamentos da modalidade esportiva. No Método Situacional, Gre- co (1998) evidencia o ensino da tática e da capaci- dade de jogo no ensino dos esportes coletivos por meio de estruturas funcionais, que são constituídas a partir das ações de jogo. Todos esses métodos priorizam o ensino da táti- ca, além de demonstrar o “sentido” do ensino da téc- nica para o aluno (COSTA; NASCIMENTO, 2004). Segundo Rink (2010), esses modelos têm a preocu- pação de ensinar “o que”, “por quê” e “quando” fazer (tática), para depois ensinar “como” fazer (técnica), tendo como principal objetivo a compreensão da modalidade. Nesta perspectiva, o objetivo do ensino dos esportes coletivos é desenvolver a inteligência tática para que seja estimulada a tomada de decisão por parte dos alunos. O que fazer, por que fazer e quando fazer determinado movimento. Questionamentos como os exemplificados não devem ser aprendidos com o tempo de prática, mas evidenciados a cada aula ou sessão de treinamento. De acordo com a metodologia que escolhemos uti- lizar em nossas aulas, podemos instigar os alunos a buscarem as diferentes respostas possíveis. Estas são de fundamental importância para o processo de en- sino-aprendizagem em qualquer metodologia de en- sino, pois facilitam o processo de tomada de decisão, necessário nas diferentes situações que ocorrem du- rante o jogo (COSTA, 2012). As metodologias de ensino que priorizam o en- sino da tática têm sido apontadas como aquelas que possibilitam a compreensão da modalidade e, como consequência, tornam a prática mais prazerosa. To- memos como exemplo de objetivo de uma aula ou ses- são de treinamento que prioriza o ensino da tática, es- tabelecido e documentado por Costa (2012): realizar situações de contra-ataque por meio de formas modi- ficadas de jogo. Esse objetivo foi estabelecido median- te a verificação de que, durante o jogo formal (5x5), os alunos não conseguiam manter a superioridade numérica (necessária no contra-ataque), ou seja, os defensores têm conseguido voltar ao posicionamento defensivo adequado muito mais em função dos erros de ataque do que da efetividade da defesa. O exercício realizado foi o de 2x1 (dois atacantes e um defensor), utilizando a quadra inteira. Logo após a recuperação da bola, o aluno deveria procurar o companheiro para trocar passes rápidos até a meta (cesta ou gol). Ensinando a arremessar O arremesso é um fundamento importante no ensino do basquetebol e no handebol. Arremessar, além de ser um dos objetivos do jogo, também é um dos fundamentos mais motivadores para a prática das modalidades. Uma aula sem nenhuma atividade que envol- va o arremesso pode gerar críticas de seus alunos. Mas, para exemplificar, antes gosta- ríamos de apontar alguns questionamentos que podem ser realizados aos alunos quando você estiver ensinando basquetebol: Por que, em algumas situações, é mais ade- quado arremessar saltando (jump)? Quando você deve realizar a bandeja? Por que aprender o arremesso com as mãos direita e esquerda é importante? Quando se utiliza um ou outro? Por que devo executar a bandeja iniciando a primeira passada com a perna direita do lado direito da quadra? Mas não posso iniciar a pas- sada com a perna esquerda do lado direito? Assim, ao ensinar o(a) aluno(a) a arremessar, a prioridade é fazer com que ele compreenda as ações que desenvolve, priorizando o ensino da tática. Fonte: adaptado de Costa (2012). SAIBA MAIS 20 ESPORTES COLETIVOS: HANDEBOL E BASQUETEBOL Sabemos que, neste exercício, os alunos executam diversos fundamentos técnicos, como drible, passe, arremesso e outros. Mas como o objetivo é priorizar o ensino da tática, é preciso que os alunos com- preendam o que fazer (ou não fazer) quan- do ocorrer uma situação de contra-ataque (superioridade numérica). Evitar dribles e trocar passes rápidos, buscando a cesta ou o gol o mais rápido possível é a alternativa mais eficiente, mas ela precisa ser pensada e compreendida pelos alunos. Algumas ques- tões podem estimular o pensamento tático durante o contra-ataque (COSTA, 2012): • Driblar para a lateral da quadra é uma decisão adequada? Na maioria das vezes, não é. Se o aluno faz isso, ele pode ficar “preso/encurralado” nessa lateral. • Durante a realização de um contra- -ataque, é prioridade a realização de dribles ou passes? A prioridade é a realização de passes, que são mais rápidos, desde que sejam realizados corretamente. • Quando ocorrem situações de con- tra-ataque durante um jogo? Após bolas recuperadas, erros dos adver- sários e uma saída rápida dos ata- cantes. Assim, o contra-ataque é ga- rantia de realização de cesta ou gol fácil, e deve ser estimulado durante as aulas. Neste exercício (2x1), o professor poderá estabelecer alguns critérios de execução para que os alunos realizem situações mui- to semelhantes às que acontecem num jogo (COSTA, 2012): • Somente driblar em condições de definição, ou seja, aquele aluno que driblar deve fazer a tentativa da ces- ta ou do gol. • A distância entre os atacantes deve ser a maior possível, dificultando a ação dos defensores (dependendo da faixa etária dos alunos, podemos usar bolas mais leves ou reduzir o espaço de jogo). • O arremesso deve ser realizado no espaço definido pelo professor ou pelos alunos, pois a superioridade numérica dificulta a ação dos defen- sores. EDUCAÇÃO FÍSICA 21 22 ESPORTES COLETIVOS: HANDEBOL E BASQUETEBOL Modelos Alternativos para o Ensino dos Esportes Coletivos de Invasão Apresentaremos dois modelos que podem ser traba- lhados em conjunto (que formam o modelo híbrido): o Modelo Desenvolvimentista (Direct Instruction/ Developmental Model) e o Modelo de Educação Es- portiva (Sport Education). A justificativa desta esco- lha refere-se aos estudos realizados em uma revisão sistemática (ARAÚJO et al.,2014), que aponta a im- portância de modelos híbridos que proporcionam a compreensão da complexidade do processo de ensi- no-aprendizagem. Os modelos em evidência a serem trabalhados em conjunto são educacionais, como o Modelo de Educação Esportiva, e de instrução, como o Modelo Desenvolvimentista. Você sabia que muitos professores ensinam os esportes coletivos de invasão (basquete- bol, handebol, futebol, rúgbi, futsal) utilizando ainda o método parcial, também denominado analítico? REFLITA EDUCAÇÃO FÍSICA 23 MODELO DESENVOLVIMENTISTA (DIRECT INSTRUCTION/DEVELOPMENTAL MODEL) Preocupa-se com habilidades individuais. Capacidade de controlar a bola. Ações – direcionar a bola com eficiência (com for- ça e direção), parado e em movimento. Exemplos de exercícios: • Simples – passar a bola estendendo os braços. • Complexo – passar a bola na direita ou na es- querda, dependendo do posicionamento do jogador receptor. Receber ações – obter a posse do objeto indo em sua direção, de qualquer nível, direção ou veloci- dade, parado e em movimento. • Simples – receber a bola do jogador de uma curta distância. • Complexo – receber a bola do jogador de uma distância maior, na direita ou na esquerda. Estágio 1 - Exercício Tipo 1 Combinação de habilidades motoras. Movimentos realizados em cooperação. Exemplos de exercícios: • Simples – driblar e realizar um arremesso. • Complexo – driblar e trocar passes até a meta (cesta ou gol) com variedade de movimentos. Estágio 2 - Exercício Tipo 2 Estratégias básicas de defesa e ataque. Exemplos de exercícios: • Simples – um contra um, sem arremesso. • Complexo – 5x5, com arremesso. Estágio 3 - Exercício Tipo 3 Jogos com regras modificadas. Jogo propriamente dito. Exemplos de exercícios: • Simples – introdução das posições dos jogadores. • Complexo – jogo completo com regras especí- ficas. Estágio 4 - Exercício Tipo 4 O Modelo Desenvolvimentista (MD) para o ensino dos esportes coletivos foi elaborado pela professora Judith Rink, na década de 90, nos Estados Unidos da América. O modelo foi divulgado em diversos países, principalmente por Mesquita e Graça (2006). Esse modelo preconiza uma progressão de tarefas tratadas, didaticamente, pelo professor. A seguir, po- demos observar os quatro estágios dos jogos esporti- vos (tipos de exercícios) elaborados por Rink (2010): 24 ESPORTES COLETIVOS: HANDEBOL E BASQUETEBOL Conforme vimos, no MD, as atividades são realizadas em quatro estágios. No exercício tipo 1, representado pelas Figuras 1 e 2, o professor deve trabalhar ativi- dades em que os alunos realizam uma habilidade/um fundamento sem oposição, ou seja, são exercícios de controle de bola (jogar a bola para o alto, manuseio desta, drible), executando as atividades com metas, como número de execuções em um determinado tempo ou número de execuções consecutivas. No exercício tipo 2, representado pela Figura 3, as atividades devem ser realizadas combinando habilida- des/fundamentos. Assim, os alunos podem, por exem- plo, trocar passes e executar os arremessos. No exercício tipo 3, representado pelas Figuras 4, 5 e 6, as atividades são realizadas em situações semelhantes àquelas que ocorrem durante o jogo. Com esta perspectiva, os pro- fessores devem realizar exercícios que utilizem o jogo: 5x5, no basquetebol, e 7x7, no handebol. O exercício tipo 4 é a forma mais simples para compreensão, pois equivale à prática do jogo formal, no basquete, 5x5 e, no handebol, 7x7. Podem, ainda, ser utilizadas, neste tipo de exercício, adaptações para que os alunos consigam realizar o jogo, como diminui- ção do espaço ou alteração do número de jogadores. O exercício apresentado oferece a oportunidade da prática do fundamento e o reconhecimento de espaços da quadra, incluindo ângulos de arremesso diferenciados, com e sem o auxílio da tabela. Embora sem oposição real, os cones oferecem a possibilidade de simulação de situação de jogo, com mudanças de direção e finalização. A Figura 3 é um exemplo que demonstra a transfe- rência de uma modalidade de invasão para outra (Figu- ra 2: basquetebol; Figura 3: handebol). As mudanças de direção com posse de bola visam a superar o adversário, a criar superioridade numérica e a finalizar, característi- cas comuns presentes nos diversos esportes de invasão. Figura 1 - Exercício tipo 1: os alunos arremessam de diferentes posições ao redor do garrafão Fonte: González et al. (2014). Figura 2 - Exercício tipo 1: drible entre os cones Fonte: Oliveira (2013). Figura 3 - Exercício tipo 2: drible entre os cones e arremesso ao gol Fonte: Pedagogia do handebol ([2017], on-line)1. EDUCAÇÃO FÍSICA 25 Legenda: Atacantes Defensores Coringas Figura 4 - Exercício tipo 3: 3x3 com a presença de um coringa (que participa do ataque, mas não deverá tentar o gol) Fonte: González et al. (2014). Legenda: Atacantes Defensores Deslocamentos dos jogadores Figura 5 - Exercício tipo 3: 2x1 realizado em meia quadra com defensor Fonte: González et al. (2014). Legenda: Atacantes Defensores Deslocamentos dos jogadores Trajetória da bola Figura 6 - Exercício tipo 3: 2x1 com desmarcação para receber a bola Fonte: González et al. (2014). O coringa favorece a simulação de uma situação de jogo frequentemente buscada nos esportes de inva- são: a superioridade numérica. Situações de 2x1, frequentemente ocorrem em contra-ataques e após a ultrapassagem de um defen- sor por um atacante. A possibilidade de recepção - preferencialmente para uma possibilidade de finalização - é facilitada quando o jogador receptor procura se deslocar para um local da quadra onde o atacante com bola possa visualizá-lo. A estruturação da instrução e a didáti- ca empregada nas tarefas são elementos fundamen- tais para a aquisição de novas habilidades motoras pelos(as) alunos(as), facilitando a organização da sequência dos exercícios ao longo das aulas. Além disso, no MD existe a preocupação de que esta abordagem assuma a responsabilidade nos diferen- tes domínios da aprendizagem (psicomotor, afetivo e cognitivo). No domínio psicomotor, a preocupação é o ensino de habilidades motoras, como saltos, arre- messos e rolamentos, e também incluem atividades como exercícios de força, flexibilidade e melhora cardiorrespiratória. O domínio cognitivo assimila a compreensão dos movimentos, princípios, estra- tégias e táticas realizadas durante a aprendizagem. Nessa abordagem, a preocupação é que o aluno compreenda os motivos pelos quais realiza qual- quer atividade. No domínio afetivo, os professores devem ter como objetivo trabalhar o sentimento dos alunos, suas atitudes, seus valores e comporta- mentos sociais (RINK, 2010). Ao valorizar a estruturação do processo de ins- trução, decorrente do entrelaçamento da matéria de ensino com os princípios didáticos, o tratamento di- dático é crucial para o desenvolvimento instrucional e eficaz do conteúdo. 26 ESPORTES COLETIVOS: HANDEBOL E BASQUETEBOL O MD apresenta uma tipologia de tarefas em complexidade crescente e cujo objetivo primordial é que os alunos possam adquirir novas habilidades motoras. Segundo Rink (2010), para que os objetivos no processo de ensino e aprendizagem sejam alcançados, os professores devem: Identificar os objetivos da aprendizagem. A Apresentar as atividades aos alunos de forma compreensível, de modo a favorecer a motivação de todos. C Realizar avaliação e feedback durante o processo de ensino e aprendizagem. E Avaliar se os objetivos estão sendo alcançados, bem como a efetividade do processo de ensino. G Realizar o planejamento adequado, escolhendo as tarefas mais apropriadas para atingir os objetivos. B Proporcionar a motivação aos alunos por meio da organização adequada das atividades. D Modificar os exercícios de acordo com as respostas dos alunos. F EDUCAÇÃO FÍSICA 27 Assim, os alunos precisam ser conduzidos ao cen- tro do processo de ensino-aprendizagem por meiode tarefas em equipes, com o objetivo de desen- volver o sentimento de inclusão e pertencimento, desempenhando as diversas funções peculiares aos eventos esportivos (jogadores, técnicos, árbitros, jornalistas etc.). As tradicionais unidades didáti- cas são transformadas em épocas esportivas, e, no final de cada época, são realizados eventos culmi- nantes. Tais eventos envolvem festividades espor- tivas em que são entregues prêmios, entre os quais se destacam o de rendimento esportivo, o de fair- -play, o de cooperação e participação, entre outros definidos pelo professor. O MED é um modelo que privilegia o potencial educativo, buscando formar alunos autônomos para a prática das modalidades esportivas, considerando os aspectos técnicos, táticos, psicológicos e afetivos des- sa prática (MESQUITA, 2012; MESQUITA; GRAÇA, 2009; SIEDENTOP, 1994; 2002). Nesse modelo, os alunos realizam as tarefas em equipes com o objetivo de, no final de cada época desportiva, realizar festi- vais no fim de cada conteúdo ou bimestre. Os estudos realizados com o MED revelaram a sua importância na humanização do desporto, per- mitindo que os alunos assumam, gradativamente, responsabilidades no processo de ensino-aprendi- zagem (SIEDENTOP, 2012). Entretanto as investi- gações sobre o impacto do MED nos resultados de aprendizagem motora dos alunos ainda são escassos (HASTIE; CALDERÓN; PALAO; ORTEGA, 2011). Segundo Mesquita (2012), apesar da importância dos valores efetivados pelo MED, a Educação Física alcança o seu significado educacional ao desenvolver a competência e o desempenho motor dos alunos. MODELO DE EDUCAÇÃO ESPORTIVA (SPORT EDUCATION MODEL) No Modelo de Educação Esportiva (MED), o prin- cipal objetivo do processo de ensino e aprendizagem é investir no potencial educativo do esporte, na for- mação de jovens desportivamente competentes, cul- tos e entusiastas (SIEDENTOP, 1994; SIEDENTOP, 2002). O MED procura oferecer aspectos de reno- vação no ensino dos jogos, investindo em seu po- tencial educativo (MESQUITA, 2012; MESQUITA; FARIAS; HASTIE, 2012). O MED busca reorganizar o ensino com um con- texto que reproduza as situações que ocorrem no es- porte, principalmente aquelas que nos apresentam fair-play e oportunidades de aprendizado educacio- nal, por meio da substituição de unidades didáticas de curta duração pelo conceito de época desportiva. Os procedimentos metodológicos utilizados no MED são importantes para que os alunos possam vivenciar a competição e sua organização sistemática, o registro de resultados e estatísticas dos desempenhos de seu grupo, a atribuição de funções que compõem o envol- vimento no esporte com os diferentes papéis, como o de capitão ou técnico de seu grupo, exercendo a função de árbitros, diretores e jornalistas (GRAÇA; MESQUI- TA, 2013). Neste sentido, o ensino da competição é: [...] fundada numa ética de respeito pelo espírito de jogo, num clima que favoreça a participação, o de- senvolvimento individual, que equilibre as oportu- nidades de aprender e de jogar de todos os partici- pantes. Perfilhando uma orientação inclusiva, não elitista, o modelo de educação desportiva tem que lidar criteriosamente com a tensão inevitável entre vetores relativamente divergentes: por um lado, os interesses imediatos e pragmáticos da competição, isto é, garantir o melhor resultado possível e, por outro, os interesses individuais de cada um, ou seja, garantir a oportunidade de participação efetiva no jogo (GRAÇA; MESQUITA, 2013, p. 15). 28 considerações finais C aro(a) aluno(a), chegamos ao final de nossa primeira unidade. Nela, apren- demos a necessidade de superar o ensino dos esportes coletivos numa pers- pectiva tradicional, que privilegia formas de ensino marcadas pela prática mecanizada (tendência tecnicista e método parcial). Buscamos enfatizar a importância de priorizar o ensino da tática, em que os alu- nos sempre aprendem a necessidade de cada movimento realizado. Quando o aluno entende o porquê de realizar um arremesso e em que momento ele deve ser realiza- do, o ensino da técnica é uma consequência, uma necessidade. Observe que, nesta última frase, não apresentamos a modalidade (esporte) com a qual você está traba- lhando. Esse esporte pode ser qualquer um que possua características semelhantes (esportes de invasão), como o basquetebol e o handebol, pois ambos possuem duas equipes, atacam uma meta e defendem a outra. Essas metas, por sua vez, encon- tram-se em espaços diferenciados, os quais as equipes tentam invadir quando estão atacando. Nesta perspectiva, utiliza-se as mãos, os pés ou um bastão para jogar. Buscamos enfatizar que em, todos os esportes de invasão, as decisões táticas são semelhantes e, por isto, podemos dizer que o ensino desses esportes é parecido nas diferentes modalidades. Em outras palavras, a aprendizagem de um esporte pode ser transferida para outro (transfer), por exemplo, ao passar a bola ao companheiro e decidir o momento mais apropriado para realizar esta habilidade. Desta forma, o que aprendemos para o handebol pode ser utilizado para o basquete ou o futebol, modalidades que exigem pensamento estratégico e tomada de decisão semelhantes. Destacamos, ainda, a necessidade de compreender os modelos alternativos para o ensino dos esportes de invasão, apontando a literatura nacional e internacional que justificam a utilização de tais modelos. 29 atividades de estudo 1. O processo de ensino e aprendizagem dos esportes de invasão tem por objetivo a sua compreensão de que, ao ensinar o basquetebol e handebol, poderá aplicar elementos desse ensino também em outras modalidades. Assim, nos esportes de invasão: a) Ocorre a oposição entre duas equipes, em um espaço comum, divididas por uma rede ou outro objeto que impeça o contato físico. b) Ocorre em um espaço comum, com o objetivo principal de jogar em espaços que imponham a divisão entre os adversários. c) A disputa esportiva é baseada na oposição entre duas equipes, em um espaço comum, com o objetivo principal de pontuar e impedir que o adversário pon- tue por meio de táticas ofensivas e defensivas. d) As equipes trabalham em conjunto em um espaço comum, com objetivo de pontuar por meio de táticas ofensivas. e) São praticados jogos considerados, em alguns momentos, coletivos, e, em ou- tros momentos, individuais. 2. O objetivo do ensino da técnica é realizar a ação mais econômica e efetiva dos movimentos, melhorando os resultados alcançados. Para tanto, o ensino inicia-se com o método verbal, que consiste na explicação e demonstração dos exercícios; a seguir, faz-se o desmembramento dos exercícios, repetindo-os. Em relação aos conhecimentos do ensino da técnica (fundamentos técnicos) descritos, leia as assertivas seguintes: I - A técnica é, meramente, uma etapa da preparação, sendo uma das formas de obter rendimento imediato. II - Esta metodologia também é denominada método parcial. A principal crítica dessa forma de ensinar o esporte é a sua descontextualização. III - Apesar de os alunos conseguirem realizar os exercícios técnicos de forma apropriada, caso o ensino priorize apenas a técnica, o professor pode dificul- tar a compreensão da modalidade esportiva. IV - Essa forma de ensino é também denominada modelo tecnicista, em que o professor acredita que é necessário apenas ensinar a técnica. Com base nas assertivas apresentadas, assinale a alternativa correta: a) I e II, apenas. b) I e IV, apenas. c) II, III e IV, apenas. d) I, II e III, apenas. e) Todas as afirmações são verdadeiras. 30 atividades de estudo 3. No Modelo Desenvolvimentista (MD), proposto por Rink (2010), o ensino das ha- bilidades no contexto do jogo é ponto fundamental durante o processo de ensi- no e aprendizagem. Sobre esse modelo, podemos afirmar: a) Nesse modelo (MD), os professores trabalham com atividades que visam a compreensão do jogo, mas assim que percebem que os alunos não conse- guem realizar algum fundamento (drible, passe,arremesso), voltam a realizar exercícios que evidenciam o ensino do gesto técnico, retomando a aprendiza- gem dos fundamentos da modalidade esportiva. b) O Modelo Desenvolvimentista (MD) para o ensino dos esportes coletivos pre- coniza a progressão de tarefas tratadas, as quais os alunos escolhem e direcio- nam as atividades a serem realizadas na aula com a orientação do professor. c) O tratamento didático dos conteúdos não é prioridade no ensino dos espor- tes a partir do ensino no Modelo Desenvolvimentista (MD). d) No início do processo de ensino e aprendizagem do Modelo Desenvolvimen- tista (estágio 1), o professor deve trabalhar atividades em que os alunos reali- zam uma habilidade com oposição (marcação). e) No Modelo Desenvolvimentista (MD), as atividades são realizadas em quatro estágios. Somente no final do processo de ensino e aprendizagem, estágio quatro, é que o professor deve trabalhar atividades em que os alunos rea- lizem uma habilidade/fundamento sem oposição, ou seja, são exercícios de controle de bola (jogar a bola para o alto, manuseio desta, drible). 4. No Modelo de Educação Desportiva (MED), o principal objetivo do processo de ensino e aprendizagem é investir no potencial educativo do esporte, na formação de estudantes desportivamente competentes, cultos e entusiastas. Sobre o MED, leia as assertivas a seguir: I - Procura oferecer aspectos de renovação no ensino dos jogos, investindo em seu potencial educativo. II - O MED busca reorganizar o ensino com um contexto que reproduza as situ- ações que ocorrem no esporte, principalmente aquelas que nos apresentam fair-play e oportunidades de aprendizado educacional por meio da substitui- ção de unidades didáticas de curta duração pelo conceito de época desportiva. III - Os procedimentos metodológicos são utilizados para que os alunos vivenciem a competição e sua organização sistemática, o registro de resultados e estatísti- cas dos desempenhos de seu grupo, a atribuição de papéis e funções que com- põem o envolvimento no esporte, como o de capitão ou técnico de seu grupo, exercendo a função de árbitros, diretores e jornalistas. IV - Os alunos são o centro do processo de ensino-aprendizagem, realizando as tarefas em equipes com objetivo de desenvolver o sentimento de afiliação, de- sempenhando diferentes papéis (jogadores, árbitros, jornalistas e dirigentes). 31 atividades de estudo Com base nas assertivas apresentadas, assinale a alternativa correta: a) I e II, apenas. b) I e IV, apenas. c) II, III e IV, apenas. d) III e IV, apenas. e) Todas as afirmações estão corretas. 5. Os procedimentos metodológicos utilizados no MED são importantes para que os alunos: I - Possam vivenciar a competição e sua organização sistemática. II - Aprender a realizar o registro de resultados e estatísticas dos desempenhos de seu grupo. III - Consigam atribuir papéis e funções que compõem o envolvimento no espor- te, como o de capitão ou técnico de seu grupo, exercendo a função de árbi- tros, diretores e jornalistas. De acordo com as assertivas apresentadas, assinale a alternativa correta: a) Somente a afirmação I. b) Somente as afirmações I e II. c) Somente as afirmações II e III. d) Somente as afirmações I e III. e) Todas as afirmações estão corretas. 32 LEITURA COMPLEMENTAR O ENSINO DA TÉCNICA [...] Atualmente muitos estudantes de Educação Física buscam a formação inicial com o intuito de melhorar suas próprias habilidades. A diferença é que principalmente até a década de 1980, essa busca era legitimada na realidade brasileira. Aulas sob abordagens tradicionais eram ministradas ao futuro professor para enfatizar a técnica como prioridade no ensino dos esportes. Segundo Garganta (1998), desde a década de 1960 o ensino das modalidades esportivas baseia-se na estruturação da técnica como prioridade no ensino dos esportes. Na estruturação do treinamento técnico algumas variáveis devem ser consideradas: a es- trutura temporal, quando se realiza o ensino da técnica, a frequência, como se apresentam os exercícios e a precisão (GRECO, 1988). Segundo Filin (1996), o objetivo da técnica é melhorar o resultado, permitindo uma ação mais econômica e efetiva dos movimentos. Para tanto, segundo o autor, inicia-se com o mé- todo verbal, que consiste na explicação e demonstração dos exercícios. A seguir, através do desmembramento do exercício, deve-se evidenciar a execução prática através dos meios técnicos de ensino. Nesse entendimento, a técnica é meramente uma etapa da preparação, sendo uma das formas de obtenção de rendimento. A descontextualização, característica da tendência tecnicista, poderia dificultar o entendimento da modalidade esportiva. A utilização de abordagens tradicionais para o ensino da técnica é bastante comum tanto nos treinamentos quanto na realidade educacional. Durante os estágios iniciais do proces- so ensino-aprendizagem, a atividade motora dos alunos é bastante imprecisa, possuindo muitas vezes a aparência rígida. Talvez a necessidade do professor em transformar esses movimentos rapidamente numa ação motora mais eficiente justifique a opção pela repro- dução de movimentos considerados perfeitos, numa análise biomecânica. Dessa forma, deve-se considerar que o ensino da técnica através do método parcial poderia de fato obter resultados consideráveis. Para Weineck (1999), o método de ensino parcial é utilizado na execução de movimentos complexos, sendo treinados em partes, que serão articuladas quando forem dominadas. 33 LEITURA COMPLEMENTAR Segundo Garganta (2002), neste método, em que o gesto técnico é privilegiado, a aborda- gem do jogo é retardada até que as habilidades alcancem o rendimento desejado. Outras desvantagens, segundo Gama Filho (2001), é que não ocorrem os processos de tomada de decisão, pois o aluno possui conhecimento antecipado do movimento a ser realizado. Além disso, os exercícios repetitivos não estimulam a motivação dos participantes. Por ou- tro lado, o mecanismo de execução é altamente evidenciado, possibilitando o domínio do movimento. A facilidade de implantação da abordagem tradicional e a possibilidade da execução per- feita dos movimentos justificam a implantação desse modelo. Como aspecto negativo, há pouca transferência do que o aluno realiza para a situação de jogo. Para que essa transfe- rência de fato ocorra, deve-se valorizar novos aspectos no ensino da técnica, principalmen- te no sentido da qualidade de sua implantação. O ENSINO DA TÁTICA Em contrapartida à tendência tecnicista, surge a preocupação com o processo de ensino da tática nos esportes. Segundo Garganta (2000, p. 51), “a tática é entendida como algo que se refere à forma como os jogadores e as equipes gerem os momentos do jogo”. Para o autor, as experiências táticas devem ser orientadas inicialmente a partir da análise da es- trutura do jogo, para configurar a especificidade de cada esporte e dessa forma realizar o planejamento de acordo com os objetivos. Desse modo, o objetivo da aprendizagem tática, segundo Greco (1997), é que o aluno aprenda a tomar decisões e resolver problemas que ocorrem durante o processo. Os esportes coletivos possuem características que não são totalmente previsíveis. Os acon- tecimentos não se repetem sempre na mesma ordem cronológica, fazendo com que ati- tudes tático-estratégicas sejam requeridas ao jogador (GARGANTA, 2000). Dessa forma, a estruturação de um modelo de jogo previamente estabelecido pode facilitar o processo de tomada de decisão. 34 LEITURA COMPLEMENTAR O processo da tomada de decisão é caracterizado pela capacidade de resolver com sucesso as tarefas ou problemas que as atividades apresentam (GRECO, 2001). Segundo Paula et al. (2000), todo processo de tomada de decisão é uma decisão tática, que pressupõe uma atitude cognitiva do aluno e uma participação efetiva do professor como elo entre o conhe- cimento e o desenvolvimento do aluno. Os processos cognitivosinerentes à tomada de de- cisão tática se revelam importantes no contexto dos esportes coletivos. Segundo Schmidt e Wrisberg (2001), a seleção da resposta (decisão) depende inicialmente da identificação do estímulo, para que a seguir a resposta ou ação possa ser programada. Mesmo que a dimensão tática não tenha sido totalmente efetivada, principalmente nas aulas de Educação Física, estudos realizados evidenciam a importância da interação entre a técnica e a tática no ensino dos esportes coletivos. Entretanto, quais seriam então as me- todologias que dariam conta desses objetivos? [...] Fonte: Costa e Nascimento (2004). 35 material complementar Um sonho possível 2009 Sinopse: Michael Oher (Quinton Aaron), um jovem negro, não tinha onde mo- rar. Um dia, ele foi avistado pela família de Leigh Anne Tuohy (Sandra Bullock) andando em direção ao estádio da escola para dormir longe da chuva. Foi con- vidado para passar uma noite na casa dos milionários. Aquele dia mudaria para sempre a sua vida, e ele se tornou, mais tarde, um astro do futebol americano. Indicação para Assistir 36 referências ARAÚJO R.; MESQUITA I.; HASTIE, P. A. Review of the status of learning in re- search on sport education: Future research and practice. 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CONHECENDO O BASQUETEBOL unidade II INTRODUÇÃO C aro(a) aluno(a), como esporte institucionalizado e olímpico, com regras internacionais, o basquetebol é um dos esportes mais praticados e assistidos no mundo. Além da Federação In- ternacional de Basquetebol (FIBA) e das confederações nacio- nais, que promovem o esporte a nível mundial - especialmente por meio dos campeonatos mundiais e jogos olímpicos -, também existe a National Basketball Association (NBA), a liga profissional norte-americana, que promove forte difusão midiática do esporte. O basquetebol é um importante elemento da cultura corporal do mo- vimento, integrando o currículo da Educação Física escolar brasileira. Nesse sentido, o professor ou treinador é responsável por incorporar as dimensões conceitual (o que se deve saber), procedimental (o que se deve saber fazer) e atitudinal (como se deve ser) durante aulas ou sessões de treinamento. A prática do basquetebol pode ser oferecida na forma de lazer, exercício físico regular ou competição (escolar, em nível recreativo ou, para alguns, em alto rendimento). Na Unidade 2, você deverá adquirir conhecimentos e vivenciar esse esporte, entendendo sua origem e seu desenvolvimento pelo mundo e no Brasil, bem como suas características gerais, regras básicas e seus funda- mentos técnicos e táticos, entendendo que ambos os aspectos precisam ser trabalhados de forma conjunta. Desejamos que o conteúdo desta unidade instrumentalize você para o ensino seguro e eficiente da modalidade, bem como forneça os conhe- cimentos básicos que possibilitem seu avanço na direção dos conheci- mentos sobre a modalidade futuramente, se assim desejar. Bem-vindo(a) ao mundo do basquetebol! 44 Conhecendo o Basquetebol: Histórico Olá, caro(a) aluno(a), aqui conheceremos um pouco da história do basquetebol. Sua criação deu-se em 1891, no Colégio Internacional da Associação Cristã de Moços (ACM) de Springfield,Massachu- setts, Estados Unidos da América (EUA). Nesta região, com invernos rigorosos e longos períodos de incidência de neve, a prática de esportes coletivos - especial- mente o beisebol e o futebol americano, que, naquela época, eram praticados ex- clusivamente ao ar livre - restringia-se a um curto período de verão. Assim, as aulas de inverno eram compostas, exclu- sivamente, de conteúdos ginásticos, que não satisfaziam plenamente os alunos. EDUCAÇÃO FÍSICA 45 puxar, empurrar, segurar ou derrubar um adversá- rio, além da limitação de faltas individuais (CON- FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE BASQUETEBOL, [2018], on-line)1. A partir daí, o novo esporte foi tomando corpo e ganhando em competitividade e motivação. A prática popularizou-se rapidamen- te, nos EUA e, em 1896, apenas cinco anos após a criação do esporte, foi constituída a primeira liga profissional de basquetebol no país (VIEIRA; FREITAS, 2006). O Brasil foi um dos primeiros países a conhecer a novidade, por meio do professor de Artes norte-a- mericano Augusto Shaw, que veio lecionar no tradi- cional Mackenzie College, em São Paulo, trazendo, na bagagem, uma bola de basquetebol. Ele conseguiu montar a primeira equipe brasileira da modalidade no próprio Mackenzie, em 1896 (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE BASQUETEBOL, [2018], on-line)1. Os primeiros anos do século XX foram marcados pela criação de federações em diversos países, entre elas a brasileira, fundada em 1933. Este movimen- to de internacionalização culminou com a inclusão da modalidade nos Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936. Na ocasião, James Naismith lançou a bola ao alto, simbolicamente, no primeiro jogo olímpico de basquetebol (KRAVCHYCHYN et al., 2011). Segun- do a Confederação Brasileira de Basquetebol ([2018], on-line)1, o esporte é praticado, atualmente, por mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo. Com o objetivo principal de sanar este inconve- niente, James Naismith, professor de Educação Físi- ca canadense que lecionava na ACM, dedicou-se a elaborar um jogo que deveria ser praticado por um grande número de alunos, que fosse prazeroso e capaz de se adaptar a espaços fechados (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE BASQUETEBOL, [2018], on-line)1. Inicialmente, a maior preocupação de James Naismith foi a segurança. Deveria ser um jogo mo- tivante, mas que não tivesse embates físicos similares aos do futebol americano. Assim, os contatos físicos foram restringidos e a condução da bola só poderia ser feita quicando ou rolando. Tais normas estimu- laram o jogo coletivo pela necessidade de se passar, constantemente, a bola, que deveria ser maior do que a de futebol (soccer) e quicar com regularidade. O alvo também não poderia ser no chão, pois as paredes próximas poderiam provocar acidentes. Desta forma, foram colocados dois cestos de colher pêssegos, um de cada lado do salão onde Naismith ministrava suas aulas, a uma altura de 3,05 m do chão (essa altura permanece até hoje), o que dava certa dificuldade ao jogo (KRAVCHYCHYN et al., 2011). A primeira aula de basquetebol foi ministra- da para 18 alunos, que foram separados em duas equipes de nove jogadores. Inicialmente, o jogo foi disputado sob treze regras simples. Algumas delas perduram até os dias atuais, como a impossibili- dade de correr com a bola nas mãos, socar a bola, Como você conheceu e praticou o basquetebol? Como você ensinará a modalidade? Lembre-se de considerar interesses, necessidades e possibilidades de seus alunos em sua prática pedagógica! REFLITA 46 Fundamentos Técnicos do Basquetebol EDUCAÇÃO FÍSICA 47 A partir dos embates e das transformações que en- volveram a Educação Física, a partir da década de 80, observou-se a desvalorização da aprendizagem técnica ou de aprofundamento dos conhecimentos e das habilidades dos fundamentos dos esportes nas aulas da disciplina. Atualmente, no entanto, verifica- -se um movimento de resgate do ensino das técnicas esportivas, favorecendo a aquisição de conhecimen- tos e habilidades necessárias ao desenvolvimento da autonomia e competência para a prática esportiva (VIANNA; LOVISOLO, 2009). Neste sentido, entendemos que a identificação, a compreensão e o domínio da técnica e da tática do basquetebol são fatores essenciais para uma prática autônoma e permanente. Portanto, desenvolver as ha- bilidades técnicas envolvidas no jogo é condição fun- damental para a prática cotidiana tanto sob a forma de lazer quanto de exercício físico regular, ou, ainda, como prática competitiva. De forma ampla, os fundamentos do basquetebol podem ser subdivididos em domínio de corpo, manejo de bola, drible, passes, arremessos e rebotes (BÔAS, 2008; KRAVCHYCHYN et al., 2011). DOMÍNIO DE CORPO É a capacidade de realizar os movimentos do basque- tebol, “[...] controlando o corpo no tempo e espaço exigidos pela dinâmica do jogo” (OLIVEIRA; PAES, 2012, p. 76). Os elementos principais do domínio de corpo são: posição básica (em equilíbrio simétrico ou assimétrico), pé de pivô e paradas bruscas (em um ou dois tempos) (KRAVCHYCHYN et al., 2011). Posição básica em equilíbrio simétrico Pés fixados ao solo, paralelamente, distanciados pouco mais que a largura dos ombros; pernas semi- -flexionadas; tronco ligeiramente inclinado à frente; peso igualmente distribuído sobre as pernas; cabe- ça na posição vertical, campo visual dominando a maior área de jogo possível; braços ligeiramente fle- xionados; palmas das mãos e antebraços dirigidos à frente e para dentro. Posição básica em equilíbrio assimétrico Igual a posição anterior, mas com um pé à frente do outro. A posição dos braços e mãos acompanha a das pernas e dos pés, ou seja, se a perna esquerda estiver à frente, o braço esquerdo também deverá estar. O jogador de basquetebol com posse da bola somente poderá se movimentar quicando-a, su- cessivamente, contra o solo, com uma das mãos (drible). Não poderá, portanto, correr com a bola sob seu domínio. Desta forma, o domínio de corpo é importante nas situações de posse de bola para evitar uma violação às regras comuns no jogo: an- dar com a bola. O pé de pivô e as paradas de um e dois tempos são itens de controle de corpo de suma importância. Figura 1 - Posição básica 48 Figura 3 - Parada bruscaFigura 2 - Pé de pivô Pé de pivô Com a posse da bola, o jogador utiliza este funda- mento para protegê-la, ocupar um espaço, girar o corpo ou mesmo procurar uma posição melhor de passe, drible ou arremesso, fundamentos que vere- mos a seguir. Consiste em manter um dos pés fixos no chão, podendo tirar o outro em qualquer direção, quantas vezes for necessário. Parada brusca de um tempo Recebendo um passe ou parando um drible, após a fase aérea de corrida (momento em que nenhum dos pés está tocando o solo), o jogador para com os dois pés ao mesmo tempo. Neste caso, qualquer um dos dois pés poderá ser o pé de pivô (pé de apoio). Parada brusca de dois tempos Após a fase aérea da corrida, o jogador para com um pé, depois com o outro. Neste caso, somente o pri- meiro pé que tocar o solo poderá ser o de pivô. EDUCAÇÃO FÍSICA 49 MANEJO DE BOLA O basquetebol é um esporte reconhecido por suas jogadas de habilidade. Para que isto ocorra, é neces- sário que o jogador execute a correta empunhadura, base para a recepção da bola e a execução do drible e de passes e arremessos. Empunhadura As mãos devem esperar e/ou segurar a bola como um cone imaginário ou em forma de concha, com as pontas dos dedos e as partes calosas das mãos em contato com a bola. Figura 4 - Empunhadura DRIBLE É o domínio do corpo e da bola quicando. Empurra- se a bola com apenas uma das mãos de encontro ao solo, amortecendo-a de baixo para cima, repetindo, em seguida, o ato de empurrar, com movimentos que podem ser lentos ou rápidos, estando o jogador parado ou em corridas e paradas bruscas, sempre visando o deslocamento eficiente e a proteção da bola. A movimentação dos braços, dos antebraçose das mãos deve ser suave, harmoniosa e cadenciada. Com a prática regular, o jogador passa a executar o drible sem olhar para a bola, condição ideal para o jogo coletivo. Pode ser executado alto ou baixo. Drible baixo Realizado com o tronco mais inclinado à frente, com a bola subindo, aproximadamente, até a altura do joelho, geralmente, em situações de marcação próxima, que exigem do jogador maior proteção da bola e agilidade. Figura 5 - Drible baixo 50 Drible alto Realizado na linha da cintura ou um pouco acima, geralmente, em situações que exigem velocidade, como contra-ataques ou momentos em que o joga- dor não é marcado de perto. Figura 6 - Drible alto PASSE Como vimos no histórico da modalidade, desde sua concepção, o basquetebol priorizou o passe como fundamento essencial ao jogo coletivo pretendido por seu criador. É realizado com a intenção de al- cançar as melhores condições possíveis de transição da defesa ao ataque, bem como de arremesso à ces- ta (OLIVEIRA; PAES, 2012). O passe para um(a) companheiro(a) que finalize a cesta em condições favoráveis é denominado assistência, ação cada vez mais valorizada não só no basquetebol, mas em to- dos os esportes de invasão. Os diversos tipos de passes podem ser executa- dos em equilíbrio simétrico ou assimétrico, em mo- vimento ou saltando. Os passes mais utilizados no basquetebol são: passe de peito (com uma ou com as duas mãos), acima da cabeça, de ombro, de gancho e quicado. Passes especiais - de costas, por trás do cor- po e entre as pernas, por exemplo - também fazem parte do repertório dos jogadores, sendo utilizados como recursos técnicos. Passe de peito com as duas mãos Com a empunhadura correta e com o olhar à frente, é executado partindo da flexão dos braços, seguida de extensão e soltura da bola. No momento da sol- tura, o tronco se projeta levemente à frente, e os pu- nhos são levemente abduzidos a fim de proporcio- nar melhor direcionamento da bola. Pode também ser realizado com uma das mãos, quando esta vai à frente na fase final do movimento. Figura 7 - Passe de peito EDUCAÇÃO FÍSICA 51 Passe de peito com uma das mãos É uma variação do passe de peito com as duas mãos. Até a fase da soltura da bola, a movimentação é idêntica. Nesta fase, uma das mãos é destacada, com extensão do braço do passe e leve flexão do punho, dando direção e força ao passe. Passe de ombro Passe forte e longo, como o próprio nome sugere, é executado com uma das mãos à altura do ombro. Com a bola segura nas duas mãos, o referido pas- se é realizado seguindo as etapas de empunhadu- ra, flexão e extensão dos braços, com a soltura da bola. Pé contrário ao da mão do passe à frente e uma leve rotação do tronco dão mais segurança e velocidade ao passe. Figura 9 - Passe de ombro Figura 8 - Passe de peito com uma das mãos 52 Passe acima da cabeça Passe de curta ou média distância, executado com as duas mãos, com empunhadura alta. Impulsiona-se a bola com um leve movimento de antebraço, flexão do punho e tronco à frente. Deve-se tomar o cuida- do de, no impulso da bola acima da cabeça, não pro- jetá-la excessivamente para trás, o que ocasionaria uma desproteção dela. Passe de gancho Também é um passe longo cujo movimento é exe- cutado com uma das mãos, lateralmente à direção do passe. Pode ser efetuado com os dois pés fixos no chão ou com a elevação do joelho correspondente à mão que executa o passe. A finalização ocorre acima da cabeça, com leve flexão do punho, e, geralmente, a trajetória da bola é parabólica. Figura 10 - Passe acima da cabeça Figura 11 - Passe de gancho EDUCAÇÃO FÍSICA 53 Passe quicado Nesse tipo de passe, a bola toca o chão antes da re- cepção. Em geral, é utilizado em condições espe- ciais, sob marcação rígida, podendo ser executado como uma variação do passe de peito com as duas ou com uma das mãos, dificultando a interceptação pelo jogador adversário. Passes especiais Por baixo, laterais, por trás do corpo e/ou da cabe- ça, de costas, entre as pernas, entre outras variações. São recursos utilizados durante o jogo, geralmente em assistência a um companheiro em condição de finalizar e exigem maior tempo de treinamento e aperfeiçoamento por parte dos praticantes. Figura 12 - Passe quicado Figura 13 - Passe especial (assistência) 54 ARREMESSO Ato de finalização de uma situação de ataque, o arremesso é o fundamento técnico do basquete- bol que requer maior concentração e precisão em sua execução (KRAVCHYCHYN et al., 2011). Os tipos de arremesso mais executados são: parado com uma mão, com salto (jump shot), bandeja e gancho. Arremesso parado com uma mão Em equilíbrio assimétrico (perna da frente cor- respondente à mão do arremesso), empunhadura básica, olhar fixo no alvo, leve flexão e, em segui- da, extensão simultânea das pernas e do tronco. Neste momento, o cotovelo da mão do arremesso precisa ser posicionado embaixo da bola, o bra- ço se estende e finaliza o movimento com a fle- xão do punho e o dedo indicador na direção da cesta. A mão contrária faz o apoio, lateralmente. Esse tipo de arremesso é utilizado pela maior par- te dos jogadores de basquetebol no momento do lance livre. Contudo há jogadores que o utilizam também nas tentativas de cesta de campo (jogo em andamento). Arremesso com salto/jump shot Após a parada de um ou dois tempos, o jogador salta de frente para a cesta, realizando movimento idêntico ao arremesso anterior, soltando a bola no ponto máximo do salto. Dependendo da circuns- tância, o salto poderá ser realizado para frente, para trás ou lateralmente. No Brasil, esse tipo de arremesso é denominado popularmente apenas como jump. Figura 14 - Arremesso parado com uma mão Figura 15 - Arremesso com salto (jump shot) EDUCAÇÃO FÍSICA 55 Bandeja É a única ação de jogo em que o jogador pode andar com a bola em mãos. Assim como o jump, a bandeja conjuga o salto e o arremesso, porém antecedidos de dois passos, dados em tempos rítmicos e em direção à cesta. Fundamento muito utilizado em contra-ata- ques e infiltrações na área restritiva (garrafão). Gancho A mecânica desse tipo de arremesso é a mesma do passe de gancho, com a diferença de a finalização ser feita em direção à cesta. O gancho pode ser realizado após o movimento do pé de pivô ou como finaliza- ção de uma bandeja. Figura 16 - Bandeja Figura 17 - Gancho 56 REBOTE Recuperação da posse de bola, após uma finalização (arremesso) não convertida. Classificam-se em re- bote defensivo e rebote ofensivo (KRAVCHYCHYN et al., 2011). Rebote defensivo Quando o arremesso do adversário é realizado, o de- fensor assume a posição básica, procurando tomar a frente do atacante em relação à cesta (bloqueio defensivo). Após a bola tocar o aro ou a tabela, o jogador salta, procurando apanhar a bola no ponto mais alto possível, trazendo-a junto ao corpo, apro- ximadamente à altura da cintura, para a proteção da posse de bola. Rebote ofensivo Igual ao anterior, com diferença na fase final. Na recuperação da bola, o atacante deverá mantê-la o mais alto possível, finalizando à cesta com um jump. Outro tipo de rebote ofensivo é o tapinha, quando o jogador toca na bola com a ponta dos dedos, devol- vendo a bola à cesta. Figura 18 - Rebote EDUCAÇÃO FÍSICA 57 58 Regras Básicas do Basquetebol A expressão regras básicas remete à ne- cessidade de estudo das regras essenciais para a prática do basquetebol. Trata-se de um esporte dinâmico quanto ao aper- feiçoamento de suas regras, que passam, constantemente, por processos de revisão pela Federação Internacional de Basque- tebol (FIBA). Dificilmente veremos dois Jogos Olímpicos seguidos sem mudanças normativas, mas, certamente, a maioria das regras se manterá – conforme já cita- do, algumas vigoram desde a criação do esporte –, por serem intimamente rela- cionadas à técnica e à tática do jogo. Estas serão o foco deste estudo.
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