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Fisiologia Geral e do Movimento

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FISIOLOGIA 
GERAL E DO 
MOVIMENTO
PROF.a SYLVIA CHEDID SEIDINGER 
“A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma 
ação integrada de suas atividades educacionais, visando à 
geração, sistematização e disseminação do conhecimento, 
para formar profissionais empreendedores que promovam 
a transformação e o desenvolvimento social, econômico e 
cultural da comunidade em que está inserida.
Missão da Faculdade Católica Paulista
 Av. Cristo Rei, 305 - Banzato, CEP 17515-200 Marília - São Paulo.
 www.uca.edu.br
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma 
sem autorização. Todos os gráficos, tabelas e elementos são creditados à autoria, 
salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a 
emissão de conceitos.
Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior
FISIOLOGIA GERAL E DO 
MOVIMENTO
PROF.a SYLVIA CHEDID SEIDINGER 
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 3
SUMÁRIO
AULA 01
AULA 02
AULA 03
AULA 04
AULA 05
AULA 06
AULA 07
AULA 08
AULA 09
AULA 10
AULA 11
AULA 12
AULA 13
AULA 14
AULA 15
05
16
27
39
52
60
76
85
93
103
113
124
134
143
153
METABOLISMO, FONTES DE ENERGIA E 
EXERCÍCIO FÍSICO
BIOENERGÉTICA
METABOLISMO NO EXERCÍCIO
SISTEMA CARDIOVASCULAR
SISTEMA RESPIRATÓRIO
SISTEMA CARDIOPULMONAR E EXERCÍCIO
SISTEMA ENDÓCRINO E EXERCÍCIO FÍSICO
EXERCÍCIO FÍSICO E O CONTROLE HORMONAL 
DA MOBILIZAÇÃO DE SUBSTRATOS
CONTROLE NERVOSO DO MOVIMENTO HUMANO
SISTEMA NEUROMUSCULAR E EXERCÍCIO I
SISTEMA NEUROMUSCULAR E EXERCÍCIO II
AVALIAÇÃO DO CONDICIONAMENTO FÍSICO E 
DO DESEMPENHO
EQUILÍBRIO ÁCIDO-BÁSICO E 
TERMORREGULAÇÃO
EXERCÍCIO FÍSICO, AMBIENTE E SISTEMA 
IMUNE
SAÚDE, CONDICIONAMENTO FÍSICO E 
DESEMPENHO
FISIOLOGIA GERAL E DO 
MOVIMENTO
PROF.a SYLVIA CHEDID SEIDINGER 
FACULDADE CATÓLICA PAULISTA | 4
INTRODUÇÃO
O tema central da disciplina é a regulação da homeostase durante o exercício físico, 
com o objetivo de fornecer um conhecimento atualizado sobre a fisiologia do exercício. 
Por meio de uma discussão detalhada sobre as vias de sinalização envolvidas na 
manutenção da homeostase corporal, bem como as principais adaptações que ocorrem 
nos diversos sistemas corporais com a prática de exercícios físicos, com um enfoque 
maior para a adaptação da musculatura esquelética ao exercício. Bons estudos!
FISIOLOGIA GERAL E DO 
MOVIMENTO
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AULA 1
METABOLISMO, FONTES DE 
ENERGIA E EXERCÍCIO FÍSICO
Objetivos da aula: aprender temas associados à bioenergética, como o conceito 
de homeostasia, a estrutura celular e os nutrientes usados como combustíveis para 
o exercício físico.
1. Introdução
Para a manutenção da vida são necessários processos que vão desde o nível 
micro até o macroscópico. Como o movimento humano faz parte desses processos 
é importante aprender os principais aspectos relacionados a ele.
1.1. A estrutura celular
ara estudar bioenergética é necessário entender um pouco a estrutura e função 
das células. O cientista inglês Robert Hooke foi quem descobriu a célula no século 
XVII, e os avanços científicos desde então possibilitaram a evolução nos conceitos 
biocelulares. A célula é como uma fábrica extremamente organizada, pois é responsável 
pela síntese de compostos necessários para todas as funções celulares e corporais.
Dessa forma, a célula é considerada como a unidade funcional básica do corpo 
humano. Nem todas as células são semelhantes ou responsáveis pelas mesmas 
funções, mas basicamente possuem a mesma estrutura. Em geral, a estrutura celular 
é dividida em três partes principais: a membrana celular, o citoplasma e o núcleo. 
Nas células musculares a membrana também pode ser chamada de sarcolema e o 
citoplasma de sarcoplasma.
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Título: Estrutura interna de uma célula animal.
Fonte: Célula Humana Membrana Celular - Foto gratuita no Pixabay
• Membrana celular: circunda todos os componentes intracelulares, atuando 
como uma barreira semipermeável responsável por separar a célula do meio 
extracelular, além de controlar a passagem de inúmeras substâncias para dentro 
e fora da célula.
• Citoplasma: é a parte líquida da célula, que se encontra entre a membrana e 
o núcleo. É constituído de várias estruturas (também chamadas de organelas) 
responsáveis por funções celulares específicas. A mitocôndria é uma organela 
bem conhecida, e participa da conversão oxidativa dos alimentos em energia 
utilizável pelas células.
• Núcleo: apresenta-se como um corpo amplo e de formato arredondado que 
está situado dentro da célula. Em seu interior estão os genes celulares, que 
são os responsáveis por regular a síntese proteica que controla a atividade e 
composição celulares. Diferentemente da maioria das células, que apresentam 
somente um núcleo, as células musculares esqueléticas apresentam vários 
núcleos em seu interior (multinucleadas).
https://pixabay.com/pt/photos/c%c3%a9lula-humana-membrana-celular-6546023/
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Título: Célula do músculo esquelético em seu formato tubular e seus vários núcleos.
Fonte: Vetores de O Músculo Esquelético De Fibras e mais imagens de Musculoso - iStock (istockphoto.com)
1.2. Homeostasia corporal e metabolismo
A palavra homeostasia se origina do conjunto das palavras gregas homoios (o 
mesmo) e stasis (ficar ou permanecer), e pode ser definida como “a manutenção de 
um ambiente interno relativamente constante” (POWERS; HOWLEY, 2014, p. 51). Então, 
a homeostase de um organismo é a habilidade em manter seu meio interno em um 
equilíbrio quase constante, independentemente das mudanças no ambiente externo. 
Para manter sua homeostasia, o corpo humano age por meio de diversos mecanismos 
complexos de controle para regular uma variável fisiológica em busca de um valor 
constante. Isso pode acontecer tanto em repouso quanto frente a estressores como 
exercícios físicos ou estresses térmicos. Quase todos os sistemas do corpo agem para 
auxiliar a manutenção da homeostasia. Um bom exemplo de mecanismo de controle 
está dentro da própria célula: os meios de controle celular trabalham produzindo 
energia, sintetizando e degradando proteínas e mantendo quantidades adequadas 
dos nutrientes armazenados.
Para a homeostasia corporal é essencial a capacidade de as células constatarem 
alterações em seu ambiente interno e responderem adequadamente a elas. Com 
isso, surge o conceito de sinalização celular que se refere à comunicação entre as 
células com o objetivo de coordenar as atividades celulares. Assim, a todo o momento 
acontecem milhares de reações bioquímicas por todo o corpo humano. Entre essas 
reações estão as reações responsáveis pela síntese de moléculas (vias anabólicas) 
ou pela degradação delas (vias catabólicas). O conjunto de todas essas reações é 
denominado metabolismo.
Essas reações bioquímicas que ocorrem no corpo são controladas por proteínas 
catalisadoras, chamadas de enzimas, que possuem o papel fundamental de regular a 
https://www.istockphoto.com/br/vetor/o-m%C3%BAsculo-esquel%C3%A9tico-de-fibras-gm499206093-42344550
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velocidade em que uma reação ocorre. Elas são assim denominadas, pois catalisam 
as reações bioquímicas, o que significa que elas são responsáveis por diminuírem a 
energia necessária para uma reação começar. As enzimas, portanto, não fazem uma 
reação bioquímica acontecer, apenas regulam a velocidade em que essa reação irá 
ocorrer. 
1.3. Nutrição e exercício
Toda energia existente na Terra advém do Sol. As plantas utilizam a energia luminosa 
do Sol para realizarem reações bioquímicas responsáveis por formar carboidratos na 
forma de açúcares simples, pelo processo denominado fotossíntese. É pela fotossínteseque as plantas sintetizam esses nutrientes a partir da interação entre gás carbônico 
(CO2), água e energia solar. O ser humano e os animais se alimentam de vegetais e 
outros animais para sobreviverem, e assim ingerem carboidratos, gorduras e proteínas.
Todas as células do corpo humano têm uma constante necessidade de energia 
e, por isso, são capazes de converter esses nutrientes dos alimentos em energia 
biologicamente utilizável. Esse processo celular que transforma os nutrientes presentes 
nos alimentos em energia utilizável pelas células é conhecido como bioenergética.
A energia se apresenta em vários tipos (química, elétrica, térmica, mecânica) e 
cada uma delas pode ser convertida em outra. A transformação dos nutrientes dos 
alimentos em energia utilizável pelo corpo somente ocorre por conta dessa capacidade 
de conversão de uma energia em outra. O corpo então utiliza os nutrientes como as 
gorduras, proteínas e carboidratos para fornecer energia necessária à manutenção 
das atividades das células, tanto em repouso quanto em exercício.
Para realizar uma atividade como pular ou correr, por exemplo, as células musculares 
esqueléticas convertem a energia química desses nutrientes ingeridos em energia 
mecânica a ser utilizada nas contrações musculares, para dar continuidade à realização 
dos movimentos. Em casos assim, as gorduras e os carboidratos são os nutrientes 
primários utilizados para a obtenção de energia durante o exercício, sendo que as 
proteínas contribuem somente com uma pequena parte da energia total utilizada.
Quando o corpo utiliza energia para realizar um trabalho, há liberação de calor. A 
produção de calor pelas células acontece por meio da bioenergética e do trabalho celular. 
A taxa de produção de calor é proporcional à taxa metabólica de um indivíduo. Nesse 
sentido, a medida da produção de calor de um indivíduo, fornece a mensuração direta 
da sua taxa metabólica. A unidade mais comumente utilizada para mensurar energia 
do calor é a caloria. A caloria é definida como a quantidade de calor necessária para 
elevar a temperatura de um grama de água em 1°C (POWERS; HOWLEY, 2014). Pelo 
fato de a caloria ser muito pequena, o termo quilocaloria (kcal) é mais utilizado para 
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designar o gasto e o valor energético dos alimentos, já que uma kcal é equivalente a 
mil calorias. 
1.4. Combustíveis para o exercício
O corpo humano é composto basicamente de quatro substâncias bioquímicas básicas: 
oxigênio (65%), carbono (18%), hidrogênio (10%) e nitrogênio (3%). Esses elementos 
compõem aproximadamente 95% do corpo humano e, entre os outros 5%, encontram-
se os elementos como o sódio, ferro, zinco, magnésio, cloreto, potássio e cálcio. Todos 
esses elementos formam moléculas ou compostos através de ligações químicas entre 
si. Aqueles compostos que contêm o elemento carbono são denominados compostos 
orgânicos e aqueles sem carbono são denominados inorgânicos. Os carboidratos, 
as proteínas e as gorduras, contêm carbono em sua composição e, portanto, são 
considerados compostos orgânicos.
1.4.1. Carboidratos
Os carboidratos são compostos por átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio. 
Um grama de carboidrato pode oferecer quatro kcal de energia. Os carboidratos se 
classificam em:
• Monossacarídeos: são carboidratos simples como a glicose, a galactose e a 
frutose. A frutose é encontrada no mel e nas frutas, a galactose no leite e a 
glicose em diversos tipos de alimentos. Todo monossacarídeo é composto de 
seis átomos de carbono, 12 de hidrogênio e seis de oxigênio, dispostos em 
estrutura anelar de seis carbonos em arranjos diversos.
 
Título: Fórmula estrutural da glicose. 
Fonte: Adaptado de Kraemer, Fleck e Deschenes (2016, p. 54).
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Dissacarídeos: são formados por dois monossacarídeos. A sacarose (também 
conhecida como açúcar de mesa) é composta por glicose e frutose, enquanto que a 
maltose é composta por duas moléculas de glicose.
Título: Fórmula estrutural da maltose, a partir de duas moléculas de glicose. 
Fonte: Adaptado de Kraemer, Fleck e Deschenes (2016, p. 55).
• Polissacarídeos: são carboidratos complexos compostos de, pelo menos, três 
monossacarídeos. Tanto os polissacarídeos quanto os dissacarídeos precisam 
ser degradados em monossacarídeos pelo trato digestivo para serem absorvidos 
pela corrente sanguínea. As formas mais comuns de polissacarídeos vegetais 
são o amido e a celulose. O amido pode ser encontrado em grãos e na batata. 
A celulose constitui parte das fibras da dieta e é excretada como matéria fecal, 
já que o corpo não tem a capacidade de utilizá-la como fonte de energia.
O glicogênio é o polissacarídeo armazenado no tecido animal. As moléculas de 
glicogênio geralmente são amplas, contendo centenas ou milhares de moléculas de 
glicose. As células podem armazenar glicogênio para suprir futuras necessidades 
de energia. As células musculares, por exemplo, transformam o glicogênio muscular 
em moléculas de glicose (processo denominado glicogenólise) para serem utilizadas 
como fonte de energia para a contração muscular. Os estoques de glicogênio totais 
no corpo são pequenos, e, portanto, em exercícios prolongados eles são depletados 
em poucas horas.
Dietas com baixa ingestão de carboidratos podem comprometer a síntese de 
glicogênio muscular (glicogênese). O fígado também possui estoques de glicogênio 
e libera glicose na circulação sanguínea (via glicogenólise) para ser transportada pelo 
corpo quando necessário. Assim, os carboidratos armazenados fornecem energia a 
ser disponibilizada de forma rápida.
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Título: Longas cadeias de glicose que formam uma molécula de glicogênio. Cada uma das estruturas vermelhas é uma molécula de glicose. 
Fonte: Adaptado de Kraemer, Fleck e Deschenes (2016, p. 55).
1.4.2. Gorduras
As gorduras também são compostas por carbono, hidrogênio e oxigênio, porém, 
a proporção de carbono:oxigênio é relativamente maior do que a encontrada nos 
carboidratos. Cada grama de gordura rende cerca de nove kcal de energia, portanto, a 
gordura corporal armazenada se torna o combustível ideal para exercícios prolongados.
Geralmente, as gorduras são encontradas em quatro formas:
• Fosfolipídios: são responsáveis pela integridade estrutural das membranas 
plasmáticas celulares e como bainha isolante que envolve fibras nervosas.
Título: Fosfolipídio da membrana plasmática.
Fonte: Banco de imagens científicas para apresentações - FCiências (fciencias.com)
https://www.fciencias.com/2015/08/18/banco-de-imagens-cientificas-para-apresentacoes/
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• Esteroides: o esteroide mais comum é o colesterol, que compõe todas as 
membranas celulares e tem importante papel na síntese de hormônios sexuais 
como a progesterona, testosterona e estrogênio.
Título: Colesterol na membrana plasmática.
Fonte: Estruturas Celulares e Organelas citoplasmáticas - Com vídeos e imagens. (planetabiologia.com)
• Ácidos graxos: tipo primário de gordura utilizado pelas células musculares para 
obtenção de energia. Cada ácido graxo apresenta em sua composição um número 
par de 4 a 24 átomos de carbono ligados em cadeia, um grupo ácido (COOH) 
e um grupo metila (CH3).
• Triglicerídeos: são compostos por três moléculas de ácidos graxos mais uma 
molécula de glicerol. São armazenados em maior quantidade nas células adiposas 
(adipócitos), mas também são encontradas na musculatura esquelética. Em 
casos de necessidade, a molécula de triglicerídeo inteira é útil como fonte de 
energia para o corpo, sendo quebrada pelo processo chamado de lipólise, e os 
três ácidos graxos são utilizados como substrato energético pelos músculos e 
tecidos e oglicerol é utilizado pelo fígado para sintetizar glicose (gliconeogênese). 
Os estoques de gordura são bem abundantes em qualquer indivíduo, e, portanto, 
não há depleção total dos estoques durante o exercício, mesmo durante eventos 
prolongados.
https://planetabiologia.com/estrutura-celular-e-organelas-citoplasmaticas/
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Título: Composição de um triglicerídeo.
Fonte: Adaptado de Kraemer, Fleck e Deschenes (2016, p. 57).
1.4.3. Proteínas
Os aminoácidos são moléculas que se unem através de ligações peptídicas para 
formar proteínas. As proteínas são compostas basicamente de carbono, hidrogênio, 
oxigênio e o que as diferenciam dos carboidratos é a presença de nitrogênio em sua 
estrutura. São necessários, pelo menos, vinte tipos de aminoácidos para formar os 
diversos tecidos corporais, as enzimas, as proteínas, e assim por diante. Entre esses 
vinte aminoácidos, nove são considerados essenciais, mas não são sintetizados pelo 
corpo, portanto devem ser ingeridos via alimentação. Os aminoácidos não essenciais 
são aqueles que o corpo sintetiza e compõem mais da metade dos aminoácidos 
existentes.
Cada grama de proteína pode oferecer cerca de quatro kcal. As proteínas podem 
ser utilizadas como substratos para energia durante o exercício por dois modos. 
No primeiro, o aminoácido chamado alanina é convertido no fígado em glicose 
que, consequentemente, pode ser utilizada para síntese de glicogênio. No segundo 
modo, alguns aminoácidos são convertidos em compostos que podem participar 
diretamente da bioenergética nas células musculares, participando de forma direta 
como combustível.
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ANOTE ISSO
• Lipólise: processo de quebra de triglicerídeos em ácidos graxos e glicerol.
• Glicogênese: as moléculas de glicose podem se combinar, no fígado ou na 
musculatura esquelética e formar glicogênio.
• Gliconeogênese: formação de glicose a partir de outras substâncias que não os 
carboidratos (lactato, glicerol, aminoácidos). Esse processo geralmente acontece 
no fígado.
• Ciclo de Cori: 
O ciclo de Cori tem início com a produção de lactato pelo músculo 
esquelético ou outros tecidos, o qual chega ao sangue e é 
transportado para o fígado, onde é usado para sintetizar glicose. 
Em seguida, a glicose recém-formada pode servir para manter os 
níveis de glicose sanguínea ou para sintetizar glicogênio hepático 
(KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016, p. 85).
• Ciclo alanina-glicose: exercícios prolongados e/ou dietas com baixa ingestão 
de nutrientes favorecem a utilização de proteínas para a produção de 
energia durante o exercício. Nesses casos, o aminoácido alanina, derivado da 
musculatura esquelética durante exercício, vai até o fígado para ser convertido 
em glicose (via gliconeogênese). Essa glicose será utilizada como fonte de 
energia pela musculatura esquelética. Além disso, esse processo ajuda a manter 
a glicemia para suprir as necessidades do sistema nervoso durante o exercício 
(MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016).
• Glicogenólise: quando há necessidade de energia para a contração muscular, 
o glicogênio muscular é quebrado em glicose. O fígado também pode realizar a 
glicogenólise, liberando glicose na circulação sanguínea para ser transportada 
pelo corpo.
Resumindo:
Título: Processos de formação e degradação da glicose.
Fonte: Adaptado de Powers e Howley (2014, p. 55).
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Todos os aminoácidos apresentam a mesma estrutura básica, composta de uma 
molécula de carbono central, um grupo amino, um grupo ácido e um grupo lateral 
único, que é o que irá diferenciar um aminoácido do outro, conforme ilustrado a seguir:
Título: Estrutura dos aminoácidos.
Fonte: Adaptado de Kraemer, Fleck e Deschenes (2016, p. 57).
CONCLUSÃO
Para sobreviver, realizar atividades e manter sua homeostasia o corpo humano 
necessita de energia. Essa energia vem da transformação da energia química dos 
alimentos (carboidratos, proteínas e gorduras) em energia mecânica, para a contração 
muscular. A produção de energia pelo corpo é um processo complexo, que envolve 
vários mecanismos e sistemas corporais que serão vistos no decorrer dos capítulos 
seguintes.
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AULA 2
BIOENERGÉTICA
Objetivos da aula: aprender sobre os fosfatos de alta energia e entender as vias 
metabólicas para produção de energia.
2. INTRODUÇÃO
Existem várias vias para a produção de energia para a contração muscular no corpo 
humano. Essas vias são responsáveis por produzirem a molécula de ATP (trifosfato 
de adenosina) aeróbia ou anaerobiamente, de forma lenta ou de forma rápida. Esse 
ATP será degradado liberando energia para a contração muscular.
2.1. A molécula da energia 
O trifosfato de adenosina, mais conhecido como ATP, não é a única, mas é a molécula 
de energia mais importante das células e, por isso, costuma ser chamada de doador 
de energia universal. O ATP é a fonte de energia imediata para a contração muscular. 
Sua estrutura é composta basicamente de adenina, ribose e três fosfatos. A adenina 
e a ribose, quando combinadas também são chamadas de molécula de adenosina, 
que juntamente com os três fosfatos formam o trifosfato de adenosina ou ATP.
Título: Fórmula estrutural do ATP.
Fonte: Banco de imagens científicas para apresentações - FCiências (fciencias.com)
https://www.fciencias.com/2015/08/18/banco-de-imagens-cientificas-para-apresentacoes/
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A formação do ATP acontece pela combinação do difosfato de adenosina (ADP) e 
um fosfato inorgânico (Pi). A junção da ADP com o Pi requer uma grande quantidade 
de energia, que é armazenada na ligação química entre esses dois elementos. Quando 
há necessidade de realização de trabalho (contração muscular, por exemplo) a enzima 
ATPase quebra essa ligação e libera essa energia para ser utilizada.
Título: Formação do ATP.
Fonte: Adaptado de Kraemer, Fleck e Deschenes (2016, p. 60).
2.2. Produção de ATP
As células musculares armazenam ATP em quantidades limitadas, e como para 
a realização do exercício físico é necessário um suprimento constante de ATP para 
fornecer a energia da contração muscular, as células devem possuir vias capazes de 
produzir ATP de forma rápida. Essa produção ocorre por meio de uma ou da combinação 
de três vias:
• Sistema fosfagênio ou ATP-CP: formação de ATP pela quebra de fosfocreatina 
(também chamada creatina fosfato);
• Glicólise anaeróbia: formação de ATP pela degradação de glicose ou glicogênio;
• Formação oxidativa de ATP, com a participação das mitocôndrias.
A formação de ATP pelas vias ATP-CP e glicólise são denominadas vias anaeróbias, 
pois não necessitam do uso de oxigênio (O2). O sistema ATP-CP, por não necessitar de 
O2 e não ter como produto final o lactato, também pode ser chamado de metabolismo 
anaeróbio alático. A glicólise também é anaeróbia, porém, tem como um dos produtos 
finais a formação de lactato e por isso pode ser chamada de metabolismo anaeróbio 
lático. Já a formação oxidativa de ATP é denominada aeróbia, pois envolve o uso de 
O2 e também pode ser chamada de metabolismo aeróbio..
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O sistema ATP-CP é utilizado para gerar ATP para substituir aquele usado durante 
o exercício físico. Nesse caso, o grupo fosfato da fosfocreatina (PC) é transferido 
para o ADP para formar ATP. Esse sistema tem a capacidade de manter um exercício 
por cerca de 30 segundos apenas. Conforme o exercício continua, a glicólise será a 
responsável por repor o ATP por, aproximadamente, três minutos.
A formação oxidativa de ATP se torna dominante para exercícioscom mais de três 
minutos. Dessa forma, as duas vias anaeróbias são as principais fontes de energia em 
atividades com duração curta e intensidades elevadas, com um sprint, por exemplo. 
A via aeróbia se torna a principal fonte de energia em atividades prolongadas, como 
uma caminhada.
ANOTE ISSO
Antes de se aprofundar nas três vias metabólicas envolvidas na produção de 
ATP, é necessário entender melhor e saber diferenciar os conceitos de potência 
e capacidade. Potência é um termo usado para “descrever quanto trabalho é 
realizado por unidade de tempo” (POWERS; HOWLEY, 2014, p. 37). Essa palavra 
descreve a velocidade em que um trabalho é realizado. A capacidade diz respeito à 
quantidade de energia disponível para ser liberada.
As vias metabólicas anaeróbias fornecem a maior parte do ATP necessário para 
realizar exercícios físicos de alta intensidade e curta duração, o que significa que 
são vias com grande potência, pois disponibilizam bastante energia em um curto 
período de tempo. Já a via aeróbia provê grande parte do ATP necessário para a 
prática de exercícios de baixa intensidade, porém com durações prolongadas, o que 
faz dessa via uma via altamente capaz, pois fornece energia por grandes períodos 
de tempo.
Exemplificando:
Título: Potência e capacidade das vias energéticas.
Fonte: Adaptado de Powers e Howley (2014, p. 55).
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2.3. Produção anaeróbia de ATP
2.3.1. Sistema ATP-CP
É o sistema mais simples e rápido para produção de ATP. Conforme o ATP é quebrado 
em ADP + Pi em decorrência do exercício, ele já é ressintetizado por meio da doação de 
um grupo fosfato da fosfocreatina e de sua energia de ligação ao ADP. Essa reação é 
catalisada pela enzima chamada creatina quinase. Essa reação vem ilustrada a seguir:
Título: Formação de ATP pela fosfocreatina.
Fonte: Adaptado de Powers e Howley (2014, p.51).
A fosfocreatina é armazenada em pequenas quantidades na célula muscular, limitando 
a formação de ATP por essa reação. Essa via fornece energia para o exercício com 
duração de cinco até 30 segundos aproximadamente. A reposição de fosfocreatina 
requer ATP e ocorre durante a recuperação ou intervalo do exercício. Essa via pode 
ser apreciada considerando-se atividades esportivas que requerem apenas poucos 
segundos para serem concluídas e, com isso, necessitam de suprimento imediato de 
ATP como o salto em altura, levantamento de peso ou um sprint no futebol.
2.3.2. Glicólise anaeróbia
É a segunda via que produz ATP rapidamente e sem a participação do O2. Por meio 
dela a energia de ligação da glicose é transferida para juntar o Pi ao ADP. Essa via 
acontece no sarcoplasma da célula muscular, e a glicose a ser utilizada advém de 
reservas sanguíneas de glicose e também dos estoques intramusculares de glicogênio.
É uma via que envolve uma série de 10 reações químicas e algumas enzimas que 
serão responsáveis pela quebra do glicogênio ou da glicose para formação de duas 
moléculas de ATP, e duas moléculas de piruvato ou lactato para cada molécula de 
glicose. A glicose é uma molécula composta de seis carbonos, enquanto o piruvato e 
o lactato são moléculas compostas por três carbonos cada, por isso, a produção de 
duas moléculas de piruvato ou lactato a partir de uma molécula de glicose. Quando 
o glicogênio é utilizado, o saldo líquido da glicólise são três ATP.
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Se considerarmos a glicólise de maneira detalhada, as reações que ocorrem entre a 
glicose até a formação do piruvato podem ser consideradas em duas fases distintas: 
uma fase de investimento de energia, e a segunda de geração de energia. A primeira 
fase, a de investimento de energia envolve cinco reações em que se utiliza ATP para 
formar fosfatos de açúcar a partir da glicose. Em dois momentos no início dessa 
via ocorre a adição de ATP para que a glicólise seja continuada. As últimas cinco 
reações da glicólise são consideradas como a fase de geração de energia, em que 
são produzidas as moléculas de ATP.
Titulo: Esquema que resume a glicólise anaeróbia. PFK: enzima fosfofrutoquinase.
Fonte: Adaptado de Kraemer, Fleck e Deschenes (2016, p. 81).
Após a divisão da cadeia de seis carbonos da glicose em duas cadeias de três 
carbonos, ocorre a remoção de hidrogênio de cada uma das cadeias de três carbonos. 
Esse processo é importante, pois são necessários hidrogênios para produzir a maioria 
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do ATP pela via aeróbia. Esses hidrogênios podem ser aceitos por uma molécula 
carreadora de hidrogênios chamada nicotinamida adenina dinucleotídeo (NAD+) 
originando uma molécula, o NADH, que transporta os hidrogênios para a mitocôndria 
para serem utilizados na via aeróbia.
Com as quantidades adequadas de O2 presentes na célula, a glicólise produz uma 
molécula chamada acetil-CoA que pode penetrar na mitocôndria e participar da produção 
aeróbia de ATP. Se o metabolismo aeróbio não entrar em ação, os hidrogênios do NADH 
se juntam ao piruvato que se transforma em lactato. O metabolismo anaeróbio fornece 
a maior parte do ATP em exercícios físicos de curta duração e elevada intensidade. Com 
o decorrer do exercício, acontece maior dependência da glicólise e do metabolismo 
aeróbio para fornecimento do ATP necessário.
Conforme a duração do exercício vai além de três minutos, a sua intensidade diminui 
e há maior dependência do metabolismo aeróbio para obtenção do ATP necessário. 
Alguns exercícios obtêm a maior parte do ATP necessário de uma via em particular, 
porém sempre há uma grande interação entre as três vias. Nenhuma fonte de produção 
de ATP é desligada, e todas as fontes suprem parte do ATP a todo o momento, o que 
acontece é que o metabolismo aeróbio ou o anaeróbio pode fornecer a maioria do 
ATP para determinado exercício.
Para exemplificar, aproximadamente 90% da energia necessária para uma corrida 
de 100 metros rasos, é fornecida por fontes anaeróbias, com grande parte da energia 
proveniente do sistema ATP-CP. Para uma corrida de 400 metros rasos, cerca de 70-
75% da energia é fornecida por fontes anaeróbias, com a glicólise suprindo a maior 
parte do ATP para essa atividade. Em um evento como uma maratona, que envolve 
correr 42 quilômetros, é a produção aeróbia de ATP que atenderá à quantidade de 
energia necessária. 
Título: Contribuições de cada via energética de acordo com a duração do exercício.
Fonte: Adaptado de Kraemer, Fleck e Keschenes (2016, p. 68).
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ISTO ACONTECE NA PRÁTICA
“O desempenho aeróbio pode ser definido como a habilidade de correr 5 km ou uma 
maratona, e a capacidade de sprint pode ser definida como aquela de realizar sprint 
repetido ou um único” (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016, p.67).
2.4. Produção aeróbia de ATP
As principais características dessa via são a existência de O2 adequado, produção 
relativamente lenta de ATP, porém, capacidade de gerar muito ATP. Isso faz com que 
dependamos do metabolismo aeróbio não somente durante exercícios de longa duração 
e intensidade leve a moderada, mas também durante o repouso. O produto final da via 
glicolítica vista anteriormente é o piruvato e o destino dele dependerá da quantidade 
de O2 existente na célula.
Quando não há O2 adequado, o piruvato é convertido em lactato, o que pode elevar 
a acidose intramuscular devido aos íons de hidrogênio produzidos. Este ambiente 
ácido pode ser limitador de desempenho e estar associado à fadiga. Com o aporte 
adequado de O2, o piruvato entrará na mitocôndria para participar do metabolismo 
aeróbio (ciclo de Krebs e cadeia de transporte de elétrons, respectivamente), o que 
previne a formação de condições ácidas na fibra muscular.
Enquanto o metabolismo anaeróbio utiliza somente carboidratos,o metabolismo 
aeróbio utiliza carboidratos, gorduras e proteínas como substrato para gerar ATP. O 
resultado final do metabolismo aeróbio é ATP, gás carbônico (CO2) e água. O ATP será 
utilizado como energia para as funções celulares corporais, o CO2 será transportado 
pelo sangue para ser expirado pelos pulmões e a água será utilizada pelo corpo para 
qualquer função que a exija.
O processo de produção aeróbia do ATP acontece no interior da mitocôndria e 
envolve a interação de duas vias: o ciclo de Krebs e a cadeia de transporte de elétrons. 
O ciclo de Krebs ou ciclo do ácido cítrico tem a função de completar a remoção de 
hidrogênio (processo chamado de oxidação) dos carboidratos, gorduras ou proteínas 
usando NAD + e FAD como transportadores de hidrogênio.
Pelo fato de os hidrogênios possuírem elétrons, eles contêm energia em potencial 
que pode ser usada na cadeia de transporte de elétrons para formar ATP com a 
junção de ADP e Pi. O oxigênio não participa do ciclo de Krebs, mas é quem vai aceitar 
o hidrogênio no fim da cadeia de transporte de elétrons, onde ocorre a formação de 
água (H2 + O = H2O).
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ANOTE ISSO
O ciclo de Krebs é assim denominado em homenagem a Hans Krebs, bioquímico 
responsável pela pesquisa pioneira que ampliou os conhecimentos sobre esse ciclo 
complexo.
Título: Ciclo de Krebs.
Fonte: Vetores de Ilustração Em Vetor Do Ciclo De Krebs Cítrico Ácido Tricarboxílico Rotulado Esquema e mais imagens de Ciclo - iStock (istockphoto.com)
Para cada molécula de glicose que entra na glicólise anaeróbia, são formadas 
duas de piruvato, e com a presença de O2 o piruvato é convertido em duas moléculas 
de acetil-CoA. O acetil-CoA é uma molécula de dois carbonos, portanto, o carbono 
remanescente é liberado na forma de CO2. A seguir, a acetil-CoA combina-se com o 
oxaloacetato, formando citrato. Conforme vai ocorrendo a remoção, no decorrer do 
ciclo de Krebs, dos hidrogênios dos diversos substratos e da energia a eles associada, 
são formadas três moléculas de NADH e uma molécula de FADH2. Além disso, após 
essa série de reações ocorre a formação de oxaloacetato novamente para o ciclo de 
Krebs se reiniciar. O NADH e o FADH2 seguirão caminho e passarão pela cadeia de 
transporte de elétrons para a produção final de ATP e água.
https://www.istockphoto.com/br/vetor/ilustra%C3%A7%C3%A3o-em-vetor-do-ciclo-de-krebs-c%C3%ADtrico-%C3%A1cido-tricarbox%C3%ADlico-rotulado-esquema-gm1034141326-276887597
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ANOTE ISSO
O oxaloacetato é a molécula que se combina com o acetil-CoA para entrar no ciclo 
de Krebs, e também é produzido na última reação desse ciclo. É por isso que o ciclo 
de Krebs é chamado de ciclo.
O ciclo de Krebs, resumidamente, termina a oxidação dos carboidratos, proteínas ou 
gorduras, produz CO2 e disponibiliza elétrons para a cadeia de transporte de elétrons que 
fornecerão energia para a produção de ATP, de forma aeróbia. A cadeia de transporte de 
elétrons pode ser chamada de cadeia respiratória ou cadeia de citocromo e tem como 
objetivo fazer os elétrons passarem por uma série de citocromos (transportadores de 
elétrons) e disponibilizar energia para impulsionar a produção de ATP na mitocôndria.
Para esse fim, cada elemento da cadeia de transporte de elétrons passa por reações 
de oxidação-redução, em que o último citocromo é oxidado pelo O2. O oxigênio (captado 
originalmente pela respiração) é responsável por aceitar dois elétrons derivados da cadeia 
de transporte de elétrons, a partir do NADH e FADH2. Com a sua molécula reduzida, o 
oxigênio se liga a dois prótons (H+) para formar água.
O rendimento total da produção aeróbia de ATP é de 32 ATP e água, quando da quebra 
da glicose, e de 33 ATP e água, quando da quebra do glicogênio. O processo de produção 
aeróbia do ATP, mais especificamente a cadeia de transporte de elétrons é chamado de 
fosforilação (adição de um grupo fosfato a outra molécula) oxidativa (remoção hidrogênios 
e elétrons).
Em resumo, o metabolismo aeróbio envolve três processos principais: as reações que 
produzem moléculas que conseguem adentrar no ciclo de Krebs, a oxidação das moléculas 
que nele adentraram (processo que produz pouco ATP), e a produção de ATP na cadeia 
de transporte de elétrons por fosforilação oxidativa (produz o restante do ATP).
Titulo: Esquema que resume a produção aeróbia de ATP dentro da mitocôndria. CTE: cadeia de transporte de elétrons.
Fonte: Adaptado de Powers e Howley (2014, p. 56).
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Durante atividades de baixa intensidade, as fibras musculares utilizam principalmente 
a glicose do sangue. Em exercícios moderados, é utilizada tanto a glicose sanguínea 
quanto o glicogênio intramuscular. Quando a glicose sanguínea está baixa, o fígado 
reduz seus estoques de glicogênio e libera glicose na corrente sanguínea (glicogenólise). 
Quando a glicose sanguínea é elevada, ou será utilizada no metabolismo ou armazenada 
na forma de glicogênio muscular ou hepático (glicogênese).
Além do glicogênio hepático e intramuscular e da glicose sanguínea, o lactato 
pode ser uma fonte para o metabolismo do carboidrato utilizado durante o exercício, 
e até mesmo durante o repouso. No ciclo de Cori, o lactato que chega ao sangue 
é transportado para o fígado e é utilizado para sintetizar glicose (gliconeogênese). 
Essa glicose pode ser utilizada para sintetizar glicogênio hepático ou para manter as 
concentrações de glicose no sangue.
Foi detalhado até agora, o papel dos carboidratos na formação do acetil-CoA para o 
ciclo de Krebs. A partir de agora, esclareceremos o papel das gorduras e das proteínas. 
As gorduras são quebradas (lipólise) formando ácidos graxos e glicerol. Os ácidos 
graxos podem passar por um processo repleto de reações chamado beta-oxidação, 
e formar acetil-CoA para entrar no ciclo de Krebs.
Os ácidos graxos podem apresentar até 24 pares de moléculas de carbono e, por 
isso, produzem mais ATP do que os carboidratos. São as reservas de triglicerídeos nos 
adipócitos que liberam os ácidos graxos a serem usados no metabolismo aeróbio. O 
glicerol não é uma fonte de combustível direta e imediata para a musculatura durante 
o exercício.
As proteínas podem contribuir somente com cerca de 2 a 15% do combustível 
durante o exercício, não sendo consideradas como uma fonte importante de 
combustível para tal. As proteínas quebram-se em aminoácidos e podem entrar 
nas vias bioenergéticas em diferentes locais, e isso vai depender dos aminoácidos 
envolvidos. Existem aminoácidos que serão convertidos em glicose ou piruvato 
enquanto outros em acetil-CoA.
Dietas hipocalóricas (ingestão calórica muito baixa) podem fazer com que 
os aminoácidos sejam captados dos tecidos, inclusive o muscular, para serem 
metabolizados e produzirem energia, o que resulta em perda de tecido muscular. Já 
as dietas com ingestão elevada, porém, não excessiva, de proteínas podem levar a 
um maior uso de proteínas para a produção de energia. 
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2.5. Controle da bioenergética
O metabolismo é regulado pela atividade enzimática. A maioria das vias metabólicas 
tem uma enzima que determina a velocidade em que essas vias ocorrerão. Essas 
enzimas, denominadas limitadoras de velocidade, são sempre encontradas nas fases 
iniciais de uma via metabólica. No sistema ATP-CP a quebra da fosfocreatina é regulada 
pela atividade da creatina quinase. Entre vários fatores que podem controlar a glicólise, 
a enzima limitadora mais importante é a fosfofrutoquinase (PFK).
Ao iniciar o processo de glicólise ela é convertida em glicose-6-fosfato e depois em 
frutose-6-fosfato. A PFK catalisará a frutose-6-fosfato em frutose-1,6-bifosfato, para 
dar continuidadeao processo de glicólise. Outras duas enzimas da glicólise estudadas 
com frequência são a glicogênio fosforilase, que catalisa a degradação de glicogênio 
intramuscular em glicose e a lactato desidrogenase (LDH) que é responsável por 
catalisar a conversão de piruvato em lactato. As enzimas limitadoras de taxa do ciclo 
de Krebs e da cadeia de transporte de elétrons são a isocitrato desidrogenase e a 
citocromo oxidase, respectivamente.
CONCLUSÃO
O metabolismo energético é essencial para a realização de exercícios físicos. 
Porém, tanto a predominância como a interação dessas vias metabólicas dependem 
da intensidade e duração do exercício, conforme será visto na próxima aula.
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AULA 3
METABOLISMO NO EXERCÍCIO
Objetivos da aula: aprender sobre as principais adaptações metabólicas ao 
treinamento e entender a relação da intensidade e duração do exercício com as vias 
mais implicadas para a produção ATP nesses casos.
3. INTRODUÇÃO
O organismo tem respostas fisiológicas diferentes quando em repouso ou em 
exercício, além de um programa de treinamento físico realizado ao longo prazo promove 
adaptações nas vias metabólicas.
3.1. Adaptações metabólicas ao treinamento 
Com relação ao sistema ATP-CP, o aumento na atividade das principais enzimas 
envolvidas nesse metabolismo (creatina quinase, por exemplo), pode resultar em uma 
regeneração mais rápida do ATP, podendo otimizar o desempenho em exercícios breves 
e intensos. Além disso, maiores concentrações de ATP e fosfocreatina intramusculares 
podem otimizar esse tipo de exercício. Essas adaptações podem ser conquistadas 
via treinamento de sprints e também de resistência (endurance).
Com relação às adaptações do treinamento na glicólise anaeróbia estão a intensificação 
da atividade de algumas enzimas, o aumento das reservas intramusculares de glicogênio 
e a elevação da capacidade de tamponamento intramuscular. O tamponamento 
muscular diz respeito ao tamponamento dos íons de hidrogênio produzidos durante 
a glicólise anaeróbia. Esse mecanismo é uma forma de melhorar o desempenho e 
também a recuperação em exercícios em que ocorre a acidez intramuscular.
Um sistema de tamponamento envolve o bicarbonato, pois este se combina com os 
íons hidrogênio formando ácido carbônico, que é um ácido mais fraco. O bicarbonato 
de sódio intracelular pode agir como tampão muscular, mas a musculatura esquelética 
possui outros tampões como as proteínas e os grupos fosfato. Tanto treinamentos de 
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endurance quanto treinamentos de sprints podem ser capazes de melhorar a capacidade 
de tamponamento. Com a capacidade de tamponamento melhorada, é possível otimizar 
o desempenho, pois mais ATP será produzido antes que a elevação na acidose reduza 
a produção de força e potência muscular.
ANOTE ISSO
O aumento da acidez interfere na produção de força e potência muscular porque, 
entre outras coisas, pode afetar a capacidade do retículo sarcoplasmático liberar 
e captar o cálcio, o que compromete a ligação do cálcio com a troponina e reduz 
a atividade da enzima ATPase da miosina e, consequentemente, a capacidade do 
músculo de contrair-se.
As adaptações aeróbias podem acontecer na atividade das enzimas, mas também na 
disponibilidade dos substratos. Os treinamentos físicos de intensidade submáxima e longa 
duração são os responsáveis por melhorar a capacidade do organismo em produzir ATP 
aerobicamente. Entre as principais adaptações aeróbias ao treinamento, estão: 
• Atividade enzimática exacerbada no ciclo de Krebs e da cadeia transportadora 
de elétrons;
• Aumento do número e/ou da densidade das mitocôndrias;
• Aumento da concentração de mioglobina (proteína responsável pelo transporte 
de oxigênio nos músculos);
• Aumento do número de capilares sanguíneos;
• Aumento dos estoques de glicogênio e lipídio intramusculares;
• Aumento da dependência do metabolismo de ácidos graxos, o que pode resultar 
em menor utilização de carboidratos e menor chance de acontecer acidez 
intramuscular.
3.2. Metabolismo em repouso e exercício
3.2.1. Principais conceitos
Segundo Powers e Howley (2014, p. 16) trabalho é “o produto da força pela distância 
em que a força atua”, onde: Trabalho = força X distância. A unidade de medida utilizada 
para a força é Newton (N), enquanto a distância é o metro (m).
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Durante um exercício é possível calcular o débito de trabalho humano e a eficiência 
do exercício realizado. Por exemplo, o cicloergômetro, um ergômetro bem popular 
em laboratórios de fisiologia do exercício, é uma bicicleta estacionária que permite 
mensurar a quantidade de trabalho realizada em um exercício. Outro exemplo é a 
esteira ergométrica.
Título: Bicicleta ergométrica.
Fonte: Bicicleta Ergométrica Treino - Foto gratuita no Pixabay
Mensurar o gasto energético de um indivíduo em repouso ou exercício possui grande 
aplicabilidade dentro da fisiologia do exercício. Uma forma de mensuração desse 
gasto é por meio da calorimetria, que nada mais é do que medir a produção de calor 
de um indivíduo. Como a taxa de produção de calor é proporcional à taxa metabólica 
de um indivíduo, medir a produção de calor equivale à mensuração direta de sua 
taxa metabólica. Existem duas técnicas utilizadas para tal: a calorimetria direta e a 
calorimetria indireta.
A calorimetria direta é um procedimento mais elaborado e caro que exige a utilização 
de uma câmara hermética denominada calorímetro. O indivíduo adentra o calorímetro, 
que é isolado do meio ambiente por meio de revestimento de água ao redor da câmara. 
O calor do corpo do indivíduo faz com que a temperatura da água que circunda a 
câmara se eleve e é possível mensurar a alteração da temperatura do indivíduo por 
unidade de tempo e, consequentemente, a quantidade de calor produzida.
https://pixabay.com/pt/photos/bicicleta-ergom%c3%a9trica-treino-6486193/
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O calor produzido pela pessoa na câmara pode ser calculado medindo 
o aumento da temperatura do compartimento de água. Conhecer o 
calor produzido possibilita o cálculo direto da taxa metabólica. O fluxo 
de ar pela câmara acontece para que a troca de oxigênio e dióxido 
de carbono possa ocorrer e os cálculos possam ser corrigidos para 
o resfriamento evaporativo do suor (KRAMER; FLECK; DESCHENES, 
2016, p. 103).
Título: Câmara de calorimetria direta.
Fonte: Kraemer, Fleck e Deschenes (2016, p.103).
A calorimetria indireta consiste na medida do consumo de oxigênio produzido, já 
que existe relação direta entre o oxigênio consumido pelo organismo e a quantidade de 
calor produzida. Dessa forma, a mensuração do consumo de oxigênio fornece estimativa 
da taxa metabólica do indivíduo. Estima-se que um indivíduo que consome dois litros 
de oxigênio por minuto durante o exercício, gaste em torno de dez quilocalorias de 
energia a cada minuto.
Nesse sentido, a mensuração mais válida do condicionamento cardiovascular é 
o consumo máximo de oxigênio ou VO2 máximo (VO2máx). O VO2máx é a “capacidade 
máxima de transporte e utilização de oxigênio durante o exercício” (POWERS; HOWLEY, 
2014, p. 76). O teste mais utilizado para mensurar o VO2máx é o teste incremental, em 
que, após realizar o aquecimento, o indivíduo é submetido a uma taxa de trabalho, 
que é aumentada geralmente a cada 1-3 minutos, até não conseguir realizar mais a 
atividade. Esse teste geralmente acontece em uma esteira ou cicloergômetro. 
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O VO2máx pode ser expresso em valores absolutos pela unidade de medida litros por 
minuto (L/min) ou em valores relativos, pela unidade mililitros de massacorporal por 
minuto (mL/Kg/min). Este último é mais adequado para exercícios como a corrida ou 
o ciclismo em ladeira, pois é preciso carregar o próprio peso corporal.
Título: Gráfico hipotético que demonstra as alterações no consumo de oxigênio durante o exercício incremental, em que o platô representa o VO2máx.
Fonte: Adaptado de Powers e Howley, (2014, p. 76).
Enquanto o VO2máx é o maior volume de oxigênio que se consegue captar, transportar 
e utilizar por unidade durante o exercício, o VO2pico é o consumo máximo de oxigênio 
atingido antes de haver estabilização da quantidade de oxigênio captado. É possível 
identificar no gráfico acima o VO2pico como o consumo máximo de oxigênio antes 
de aparecer um platô (POWERS; HOWLEY, 2014). Durante testes incrementais para 
determinar o consumo de oxigênio, atletas altamente treinados geralmente conseguem 
atingir o VO2máx, enquanto indivíduos treinados ou sedentários geralmente atingem o 
VO2pico, pois não conseguem manter a intensidade de exercício para que o consumo 
atinja o platô.
Durante as fases iniciais de um exercício incremental, grande parte do ATP produzido 
advém de fontes aeróbias e conforme a intensidade aumenta, os níveis de lactato no 
sangue começam a se elevar exponencialmente. Essa elevação é considerada como um 
ponto em que há dependência crescente da glicólise anaeróbia para produção do ATP 
necessário para a continuidade do exercício. Nesse sentido, Powers e Howley (2014, 
p. 77) se referem a limiar de lactato como a “elevação súbita dos níveis sanguíneos 
de lactato durante o exercício incremental”.
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O limiar do lactato ainda pode ser definido como “a intensidade do exercício na qual 
o ácido láctico sanguíneo começa a se acumular acima da concentração de repouso” 
(KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016, p. 94). O limiar de lactato de indivíduos sem 
treinamento geralmente acontece entre 50-60% do VO2máx. Já para indivíduos treinados 
aerobicamente o limiar de lactato pode ocorrer aproximadamente entre 65-80% do 
VO2máx. Isso quer dizer que o limiar de lactato representa “a intensidade do exercício que 
pode ser mantida por um longo período” (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016, p. 94), 
pois permite a realização de exercícios mais intensos sem elevação da concentração 
sanguínea de ácido lático. 
ANOTE ISSO
Ácido lático e lactato são moléculas relacionadas. Lactato diz respeito ao sal do 
ácido lático. Após a dissociação e liberação dos íons de hidrogênio pelos ácidos, a 
molécula que resta se chama base conjugada do ácido, portanto, lactato é a base 
conjugada do ácido lático. Em um pH corporal normal o ácido lático se dissocia e 
rapidamente o lactato é formado.
É importante lembrar que a concentração de ácido lático pode não ser a responsável 
direta pela elevação da acidez sanguínea e muscular. A degradação de ATP produz um 
íon de hidrogênio, conforme a intensidade do exercício aumenta a acidez metabólica 
também aumenta, afinal mais ATP são degradados. A acidez metabólica (redução do 
pH) interfere na capacidade do músculo de gerar força, o que pode contribuir para 
incapacidade de manutenção de determinada intensidade de exercício. 
Título: Gráfico hipotético para demonstrar concentrações de lactato durante exercício incremental.
Fonte: Adaptado de Powers e Howley (2014, p. 77).
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O limiar de lactato é quando há elevação abrupta das concentrações de lactato, 
que no caso do gráfico acima, ocorreu aproximadamente em 50% VO2máx. O limiar de 
lactato pode ser explicado por um ou pela combinação dos seguintes fatores: baixas 
concentrações de oxigênio muscular, glicólise elevada (via adrenalina e noradrenalina), 
recrutamento de fibras musculares rápidas ou ainda diminuição da taxa de remoção 
de lactato.
 
ISSO ACONTECE NA PRÁTICA
Antigamente, o limiar de lactato era chamado de limiar anaeróbio (Lan) devido à 
óbvia ligação existente entre o metabolismo anaeróbio e o surgimento do lactato. 
No entanto, argumentos a respeito da terminologia sugeriram um termo mais 
neutro, o que permitiu que limiar de lactato começasse a ser utilizado. Para mais 
informações a esse respeito consulte: Powers e Howley (2014, p. 76-79).
3.2.2. Necessidades metabólicas no repouso e exercício
3.2.2.1. Utilização da energia em repouso
O termo taxa metabólica basal (TMB) “é a taxa metabólica determinada em decúbito 
dorsal, 12 a 18 horas após uma refeição, imediatamente após acordar e em ambiente 
termoneutro” (KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016, p. 106). A TMB é responsável 
por, aproximadamente, 60-75% do total de calorias metabolizadas em um dia. Taxa 
metabólica de repouso (TMR) “é a taxa metabólica cerca de 4 horas depois de uma 
refeição leve e após aproximadamente 30 a 60 minutos de repouso sossegado” 
(KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016, p. 106).
Ambas são influenciadas por inúmeros fatores, a saber:
• Idade: a TMB diminui com a idade;
• Sexo: homens podem apresentar TMB mais alta do que mulheres devido à maior 
quantidade de massa corporal magra;
• Área de superfície corporal: quanto maior a área de superfície corporal, maior a 
perda de calor, o que resulta em uma maior TMB.
• Temperatura corporal: aumentos na temperatura corporal podem elevar a TMB;
• Estresse: elevados níveis de estresse podem elevar a TMB. 
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3.2.2.2. Utilização da energia durante exercício
As reservas intramusculares de ATP e fosfocreatina e a glicose da corrente sanguínea 
são fontes de energia anaeróbia. As proteínas e os triglicerídeos não são usados para 
produção de energia de maneira anaeróbia, o que faz com que durante uma atividade 
anaeróbia, as proteínas e os triglicerídeos não sejam metabolizados significativamente 
para produção do ATP necessário. Durante atividades aeróbias, a maior parte do ATP 
necessário é obtida do metabolismo de carboidratos ou triglicerídeos, a depender da 
duração e da intensidade do exercício.
A energia utilizada para manter as funções corporais em repouso é produzida quase 
100% pelo metabolismo aeróbio, o que significa que os níveis de lactato em repouso 
são baixos e estáveis. A mensuração do oxigênio (O2) consumido pelo corpo é um 
índice que reflete a produção aeróbia de ATP. Um indivíduo em repouso apresenta 
necessidade de energia relativamente baixa. Um homem adulto com peso corporal 
de 70 quilos consome 0,25 litros de O2 por minuto.
O exercício físico aumenta as necessidades energéticas de um indivíduo, com o 
gasto energético corporal aumentando cerca de 25 vezes acima do gasto de repouso. 
Similarmente à mensuração do consumo de O2 em repouso, a medida do consumo 
de O2 em exercício também fornece informações sobre o metabolismo aeróbio, porém 
agora em exercício. 
Considere a situação em que você está em pé, em repouso. Se você realizar apenas 
um salto e voltar à posição inicial, a fonte de energia para esse movimento será o ATP 
intramuscular. Caso você precise começar a caminhar, a cada passo, seus músculos 
aumentam a taxa de produção de ATP a partir da quantidade requerida à permanência 
em pé para a quantidade requerida para a caminhada. 
Então, ao se iniciar um exercício, quais são as alterações metabólicas necessárias 
no músculo esquelético para o fornecimento adequado de energia para a continuidade 
do exercício? Na transição repouso-exercício o consumo de O2 aumenta rapidamente 
atingindo um estado estável entre 1-4 minutos aproximadamente. Pelo fato de o 
consumo de O2 não aumentar de forma instantânea para um valor estável, significa 
que a produção geral do ATP no início do exercício vem da contribuição das fontes 
anaeróbias.
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ANOTE ISSO
Estado estável: este termo pode ser definidocomo um ambiente interno constante, 
mas não necessariamente o ambiente interno está em repouso e normal. Quando o 
organismo se encontra em estado estável, quer dizer que “foi atingido um equilíbrio 
entre as demandas impostas ao corpo e a resposta deste a essas demandas” 
(POWERS; HOWLEY, 2014, p.33).
O termo déficit de oxigênio diz respeito à “diferença entre o consumo de oxigênio 
nos primeiros minutos de exercício e um período equivalente após o estado estável 
ser alcançado” (POWERS; HOWLEY, 2014, p. 91). O fato de o consumo de O2 não 
aumentar instantaneamente ao se iniciar um exercício significa que as vias anaeróbias 
contribuem para a produção do ATP no início do exercício e somente depois que um 
estado estável é alcançado que a produção de ATP ocorre via metabolismo aeróbio.
ISSO ACONTECE NA PRÁTICA
Indivíduos treinados têm uma capacidade aeróbia mais desenvolvida, devido às 
adaptações cardiovasculares e musculares ao treinamento de endurance, o que 
permite que esses indivíduos atinjam um estado estável de VO2 mais rapidamente 
comparado a indivíduos não treinados ou sem treinamento. Nestes dois últimos, o 
déficit de oxigênio é menor.
Em termos práticos, a produção de ATP pela via aeróbia em treinados está ativa 
antes mesmo do início do exercício e acarreta uma menor produção de lactato e de 
íons de hidrogênio, em comparação ao indivíduo sem treinamento.
3.2.2.3. Recuperação do exercício
Considere agora mais uma situação: você está correndo em esteira ergométrica de 
maneira confortável há aproximadamente 30 minutos, e então resolve sair da esteira. 
O seu consumo de O2 não diminui instantaneamente para os valores de repouso, ele 
continuará alto por vários minutos imediatamente após o exercício. A magnitude e 
a duração do consumo de O2 após exercício são influenciadas pela intensidade do 
exercício realizado. 
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Nesse sentido, débito de oxigênio é o termo utilizado para o “consumo de oxigênio 
elevado (acima dos níveis de repouso), após o exercício“ (POWERS; HOWLEY, 2014, 
p.92). Vários pesquisadores argumentaram que o termo débito de oxigênio deveria 
ser eliminado da literatura, pois o consumo de O2 elevado subsequente ao exercício 
não parece ser totalmente devido a um «empréstimo» de O2 a partir das reservas 
corporais de O2. Nos últimos anos, foram sugeridos diversos termos para substituição. 
Um desses termos é o EPOC (excess post exercise oxygen consumption), que indica o 
«consumo excessivo de oxigênio pós-exercício».
Vários aspectos contribuem para o consumo excessivo de O2 pós-exercício como, 
por exemplo: 
• Um pouco do O2 utilizado no início do período de recuperação é usado para 
ressintetizar fosfocreatina no músculo e repor as reservas de O2 sanguíneas e 
musculares;
• A temperatura corporal elevada;
• A quantidade de O2 necessária na gliconeogênese (conversão do lactato em 
glicose);
• Concentração sanguínea elevada de adrenalina e noradrenalina.
Título: Déficit de oxigênio e consumo excessivo de oxigênio pós-exercício (EPOC).
Fonte: Kraemer, Fleck e Deschenes (2016, p. 100).
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3.2.3. Intensidade do exercício e seleção do combustível
As gorduras e os carboidratos são as principais fontes de energia durante o exercício 
em indivíduos saudáveis e com uma dieta equilibrada. As proteínas contribuem com 
menos de 2% em exercícios com até uma hora de duração. Porém, o papel das proteínas 
como fonte de combustível pode aumentar em até 3-5% durante exercícios prolongados, 
com duração entre 3 e 5 horas.
Vários são os fatores que determinam se a fonte primária de combustível para 
a atividade será gordura ou carboidrato, como, por exemplo: a dieta, a duração e a 
intensidade do exercício e a realização prévia de exercícios de resistência. Dietas 
pobres em carboidratos e ricas em gorduras resultam em alta taxa do metabolismo de 
gorduras. Em exercícios prolongados (30 minutos ou mais) e de intensidade moderada 
(40-59% do VO2máx) acontece um deslocamento gradual do metabolismo de carboidratos 
para um uso crescente do metabolismo de gorduras.
Título: Gráfico ilustrativo da seleção do combustível conforme a duração do exercício.
Fonte: Adaptado de Powers e Howley (2014, p. 82).
Exercícios intensos usam prioritariamente o carboidrato como combustível, enquanto 
em exercícios de baixa intensidade, a gordura é o combustível primário a ser utilizado. 
Em exercícios prolongados e de baixa intensidade (30% do VO2máx), ocorre um aumento 
progressivo da gordura utilizada pelos músculos e os carboidratos são o combustível 
durante exercícios de alta intensidade (70% VO2máx). À medida que a intensidade do 
exercício aumenta, ocorre aumento progressivo do metabolismo de carboidratos e 
uma diminuição do metabolismo de gorduras.
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Título: Gráfico ilustrativo da seleção de combustível conforme a intensidade do exercício.
Fonte: Adaptado de Powers e Howley (2014, p. 80).
CONCLUSÃO
Após compreender a integração entre as vias energéticas bem como as suas 
principais adaptações ao treinamento físico, é fundamental saber como os sistemas 
corporais respondem à realização de exercícios.
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AULA 4
SISTEMA CARDIOVASCULAR
Objetivos da aula: descrever a estrutura geral e organização do sistema cardiovascular 
bem como as suas principais funções.
4. INTRODUÇÃO
Exercícios físicos impõem grande demanda muscular de oxigênio, o que resulta em 
um desafio para a homeostase corporal. Para obter êxito nesse desafio é necessária 
a atuação dos vários sistemas corporais. A seguir, será visto como o sistema se 
constitui e suas principais funções para, posteriormente, ser possível compreender 
como esse sistema reage frente ao exercício físico.
4.1. Organização do sistema cardiovascular
O propósito principal do sistema cardiovascular é eliminar resíduos que foram 
formados nos tecidos do corpo e distribuir oxigênio e nutrientes em quantidades ideais 
para esses mesmos tecidos. Fora isso, esse sistema também ajuda no tamponamento 
da acidose e no controle da temperatura corporal, além de fazer o transporte de 
hormônios e de células do sistema imune como as plaquetas e os leucócitos.
O sistema circulatório e o respiratório (ou sistema “cardiopulmonar”) trabalham 
de forma conjunta ao atuarem para manter a homeostasia de oxigênio e dióxido 
de carbono nos tecidos. O sistema respiratório traz oxigênio para o corpo e remove 
dióxido de carbono do sangue, enquanto o circulatório distribui sangue oxigenado e 
nutrientes para os tecidos corporais conforme a necessidade.
Por meio do sistema circulatório o sangue circula pelo corpo, passando por todos os 
tecidos corporais. Esse sistema é formado pelo coração, sangue e vasos sanguíneos. O 
coração ao agir como uma bomba muscular é o responsável pela pressão hidrostática 
que faz o sangue circular pelo corpo. Ao sair do coração o sangue arterial (repleto de 
oxigênio) corre pelas artérias para ser distribuído pelo corpo e faz o caminho contrário, 
indo do corpo de volta ao coração, pelas veias. 
As artérias ramificam-se extensivamente até se tornarem microscópicas, formando 
uma árvore de vasos menores chamados arteríolas. As arteríolas se desenvolvem 
em vasos chamados capilares, que são os menores, porém mais numerosos, vasos 
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do corpo. As trocas gasosas e de nutrientes entre o sangue e os tecidos acontecem 
através dos capilares. Após isso, o sangue passa para pequenos vasos chamados 
vênulas e conforme as vênulas seguem em direção ao coração levando o sangue 
venoso (sangue com quase nenhum oxigênio e repleto de dióxido decarbono), elas 
aumentam de tamanho e transformam-se em veias.
O sangue venoso cai diretamente dentro do lado direito do coração, no átrio direito. 
O lado direito do coração bombeia o sangue venoso para dentro dos pulmões onde o 
dióxido de carbono é liberado pela expiração e o oxigênio passa para o sangue. Esse 
circuito é chamado de pequena circulação ou circulação pulmonar. O sangue oxigenado 
volta para o coração, desembocando no átrio esquerdo, e depois no ventrículo esquerdo, 
para ser bombeado para o corpo. Esse circuito é chamado de grande circulação ou 
circulação sistêmica.
Título: Circulação sistêmica e pulmonar.
Fonte: www.planetabiologia.com/sistema-circulatorio
http://www.planetabiologia.com/sistema-circulatorio
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O coração está dividido em quatro câmaras: átrio e ventrículo direitos (formando a 
bomba direita, responsável pela circulação pulmonar) e o átrio e ventrículo esquerdos 
(formando a bomba esquerda, responsável pela circulação sistêmica). Então se pode 
dizer que o coração consiste em duas bombas em uma. O que separa o lado direito 
do coração do lado esquerdo e impede que o sangue de ambos os lados se misturem 
é uma parede muscular chamada septo interventricular.
Título: Câmaras do coração.
Fonte: Heart_physiology.ppt (live.com) 
O sangue percorre o coração sempre em um único sentido, indo dos átrios para 
os ventrículos. Para evitar o movimento retrógrado do sangue para os átrios, existem 
válvulas de mão única, as valvas atrioventriculares esquerda e direita. A valva 
atrioventricular esquerda impede que o sangue retorne do ventrículo esquerdo para o 
átrio esquerdo e é denominada valva bicúspide (Conforme ilustrado na figura Sistema 
Condutor do Coração). A valva atrioventricular direita que impede que o sangue retorne 
do ventrículo direito para o átrio direito é denominada valva tricúspide (Conforme 
ilustrado na figura Sistema Condutor do Coração).
Ao sair dos ventrículos, o sangue é bombeado para dentro das artérias, para ir 
para o pulmão ou para o corpo. O fluxo de volta do sangue das artérias para dentro 
dos ventrículos é evitado pela valva semilunar pulmonar no ventrículo direito e pela 
valva semilunar aórtica no ventrículo esquerdo (Conforme ilustrado na figura Sistema 
Condutor do Coração). A parede do coração possui três camadas, sendo uma camada 
https://view.officeapps.live.com/op/view.aspx?src=https%3A%2F%2Fsmart.servier.com%2Fwp-content%2Fuploads%2F2016%2F10%2FHeart_physiology.ppt&wdOrigin=BROWSELINK
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externa (ou epicárdio), uma camada muscular média (ou miocárdio) e uma camada 
interna (ou endocárdio). 
Título: Camadas da parede do coração.
Fonte: Heart_physiology.ppt (live.com) 
O miocárdio ou músculo cardíaco é responsável por contrair e impulsionar o sangue 
para fora do coração e, por isso, apresenta alta demanda de oxigênio e nutrientes, 
mesmo durante o repouso. O seu suprimento sanguíneo é de responsabilidade das 
artérias que se ramificam da aorta e circundam o coração, que são chamadas de 
artérias coronárias esquerda e direita.
Acompanhando lateralmente essas artérias estão as veias coronarianas que drenam 
o sangue coronariano para o seio coronário que é uma veia maior que deposita o sangue 
dentro do átrio direito. As artérias e veias coronárias são encontradas na superfície 
externa do coração, para que elas não sejam comprimidas durante a contração cardíaca, 
permitindo fluxo constante de sangue para suprir o coração.
Quando uma câmara cardíaca passa pela sístole, o músculo cardíaco, 
como todos os músculos, se contrairá em todas as direções, 
comprimindo os vasos sanguíneos dentro do tecido e ocluindo, ou 
parcialmente ocluindo, o fluxo sanguíneo. Assim, o tecido cardíaco 
recebe boa parte do seu suprimento sanguíneo durante a diástole. 
Uma adaptação ao treinamento aeróbio ou cardiovascular é uma 
diminuição da frequência cardíaca durante o repouso, bem como 
durante um exercício submáximo. Com uma frequência cardíaca 
menor, a fase diastólica do ciclo cardíaco é maior. Assim, a frequência 
cardíaca menor durante um exercício submáximo ajuda a garantir 
suprimento sanguíneo suficiente para o tecido cardíaco. Essa é 
uma razão pela qual a frequência cardíaca menor é uma adaptação 
positiva ao treinamento aeróbio ou cardiovascular (KRAEMER; FLECK; 
DESCHENES, 2016, p. 216).
https://view.officeapps.live.com/op/view.aspx?src=https%3A%2F%2Fsmart.servier.com%2Fwp-content%2Fuploads%2F2016%2F10%2FHeart_physiology.ppt&wdOrigin=BROWSELINK
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Título: Artérias coronárias e veias coronarianas.
Fonte: Heart_physiology.ppt (live.com)
ANOTE ISSO
Quando o fluxo de sangue para o miocárdio é interrompido, por algum bloqueio 
sanguíneo coronariano, mesmo que por alguns poucos minutos, o coração pode 
sofrer danos permanentes. Esses danos ou lesões que culminam na morte de 
células do miocárdio são mais comumente chamados de ataque cardíaco ou 
infarto do miocárdio.
4.2. Ciclo cardíaco
Um ciclo cardíaco diz respeito ao padrão repetitivo de contração (sístole) e 
relaxamento (diástole) do coração. O coração tem ação de bombeamento em duas 
etapas: os átrios direito e esquerdo contraem-se juntos, esvaziando sangue para 
dentro dos ventrículos, que irão se contrair juntos para distribuir o sangue pulmonar 
e sistêmico. A contração atrial (ou sístole atrial) ocorre enquanto os ventrículos estão 
em diástole, e no relaxamento dos átrios, os ventrículos estão em sístole (ou sístole 
ventricular). É essa dinâmica que irá determinar a frequência cardíaca em repouso 
de um indivíduo. Uma mulher saudável de 21 anos de idade apresenta frequência 
cardíaca em torno de 75 batimentos por minuto, aproximadamente.
Quando os átrios estão relaxados o sangue advindo da circulação venosa flui para 
dentro deles. Conforme os átrios se enchem, a pressão em seu interior se eleva. 
Aproximadamente 70% do sangue que entra nos átrios relaxados flui diretamente 
para dentro dos ventrículos passando pelas valvas atrioventriculares. Na sístole atrial, 
https://view.officeapps.live.com/op/view.aspx?src=https%3A%2F%2Fsmart.servier.com%2Fwp-content%2Fuploads%2F2016%2F10%2FHeart_physiology.ppt&wdOrigin=BROWSELINK
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a pressão dentro dos átrios sobe, forçando os 30% restante do sangue ali presente 
para dentro dos ventrículos.
Durante o enchimento dos ventrículos, a pressão dentro deles é baixa. A pressão dos 
ventrículos vai sofrendo elevação discreta durante a contração dos átrios, e conforme 
os ventrículos vão se contraindo a pressão dentro deles aumenta abruptamente, o que 
faz com que as valvas atrioventriculares se fechem para evitar o refluxo de sangue 
para os átrios. Dessa forma, a pressão dentro dos ventrículos ultrapassa a pressão 
das artérias aorta e pulmonar e as suas respectivas valvas se abrem levando o sangue 
para as circulações sistêmica e pulmonar, respectivamente.
Quanto mais grossa for a parede de uma câmara cardíaca, maior será a força com 
que ela ejetará o sangue. O ventrículo esquerdo bombeia sangue para todo o corpo 
contra uma pressão arterial mais alta, e, dessa forma, certa resistência ao fluxo, por 
isso, ele tem maior espessura de parede. Durante exercícios físicos, principalmente 
os treinos de força que são realizados contra uma alta resistência, a pressão arterial 
sistêmica se eleva. A realização do treinamento físico por algumas semanas pode 
resultar em um espessamento da parede ventricular esquerda facilitando para que o 
ventrículo esquerdo supere essa elevação de pressão arterial durante realização da 
atividade mais facilmente. 
A hipertensão arterial crônica também pode aumentar a espessura da parede 
ventricular esquerda,porém muitas vezes ultrapassando um aumento que é considerado 
normal (13 mm aproximadamente), o que pode prejudicar a quantidade de sangue a 
ser ejetada pelo ventrículo. Com isso, existem diferenças na magnitude da alteração 
da espessura ventricular esquerda quando comparada a adaptação ao treinamento 
e a alteração pela hipertensão.
Com o treinamento causando a hipertrofia fisiológica no coração, a 
vasculatura coronária também se adapta, aumentando o tamanho das 
artérias principais e a capilarização do miocárdio. Entretanto, quando 
a massa ventricular esquerda aumenta em virtude da adaptação 
patológica à hipertensão crônica, as mudanças na vasculatura não 
ocorrem, demonstrando novamente que existe uma diferença entre as 
adaptações patológica e fisiológica do miocárdio (KRAEMER; FLECK; 
DESCHENES, 2016, p. 221).
4.3. Controle do ciclo cardíaco
4.3.1. Controle intrínseco
São necessários mecanismos anatômico-fisiológicos para garantir que a contração 
dos átrios aconteça antes da contração ventricular. O controle intrínseco da atividade 
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do coração, portanto, diz respeito a estruturas internas do coração que possibilitam 
que as câmaras contraiam em uma ordem específica que assegure que o sangue se 
mova na direção correta do coração em direção às circulações sistêmica e pulmonar. 
O tecido nervoso que inerva a musculatura cardíaca em conjunto com as próprias 
fibras musculares cardíacas são capazes de iniciar o impulso próprio para contração. 
Essa capacidade de contração a intervalos de tempo relativamente determinados, é 
denominada automatismo cardíaco. 
O nodo sinoatrial (nodo SA) é “uma área de tecido nervoso especializado na porção 
superior do átrio direito que tem a taxa mais rápida de automatismo” (KRAEMER; FLECK; 
DESCHENES, 2016, p. 218), atuando como um marca-passo cardíaco. O estímulo para 
contração se espalha pelos átrios, que se contraem, e com isso o impulso se espalha 
para outras áreas do tecido nervoso especializado localizado na parte inferior do átrio 
direito, chamada de nodo atrioventricular (nodo AV). A passagem do impulso pelo 
nodo AV atrasa o impulso por, aproximadamente, 1/10 de segundo antes de propagar 
o impulso para os ventrículos, e isso permite que a sístole atrial ocorra antes da sístole 
ventricular, para que os ventrículos se encham com o sangue dos átrios.
O nodo AV conecta os átrios aos ventrículos por meio de um par de vias condutoras 
denominadas feixes direito e esquerdo. Os feixes direito e esquerdo ramificam-se em 
fibras menores ao chegarem aos ventrículos, denominadas fibras de Purkinje. As 
fibras de Purkinje são responsáveis por espalharem a onda de contração por toda 
extensão dos ventrículos, de modo que todo o tecido cardíaco seja contraído durante 
cada batida, em um curto período, porém de maneira bastante sincronizada. Esse 
mecanismo garante que o sangue seja bombeado pelos ventrículos de forma muito 
eficiente, pois utiliza o mínimo possível de energia.
Um dos registros da atividade elétrica do coração durante o ciclo cardíaco é chamado 
de eletrocardiograma (ECG). O ECG registra o “movimento dos íons (ou seja, corrente 
elétrica) durante um ciclo cardíaco, e pode ser utilizado para determinar se um coração 
está funcionando normalmente ou se há uma anormalidade dentro do ciclo cardíaco” 
(KRAEMER; FLECK; DESCHENES, 2016, p. 224).
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Título: Sistema condutor do coração.
Fonte: Adaptado de Powers e Howley (2014, p. 197)
4.3.2. Controle extrínseco
No controle extrínseco (externo ao coração) do ciclo cardíaco, estão dois fatores 
principais que influenciam a frequência cardíaca em repouso ou em exercício: os 
componentes simpático e parassimpático da divisão autonômica do sistema nervoso. 
Fibras nervosas parassimpáticas que inervam os nodos SA e AV se originam no centro 
de controle cardiorrespiratório localizado no bulbo e chegam ao coração como parte 
do nervo vago.
Nos nodos SA e AV, essas fibras nervosas parassimpáticas liberam acetilcolina, que é 
responsável por diminuir a atividade de ambos os nodos, o que resulta na diminuição da 
frequência cardíaca. Dessa forma, aumentos na estimulação parassimpática diminuem 
a frequência cardíaca enquanto a inibição da estimulação parassimpática resulta em 
elevação na frequência cardíaca.
As fibras nervosas simpáticas chegam ao nodo SA e AV e ao miocárdio como parte 
dos nervos aceleradores cardíacos. Nos nodos SA e AV essas fibras simpáticas liberam 
norepinefrina, responsável por aumentar a frequência cardíaca. A norepinefrina também 
age aumentando a força de contração do coração, elevando o volume de sangue 
bombeado por ele a cada contração. Assim, um aumento na atividade simpática eleva 
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a frequência cardíaca e a remoção da estimulação simpática diminui a frequência 
cardíaca. Portanto, a frequência cardíaca, depende do balanço entre as estimulações 
simpática e parassimpática. 
Se no repouso a pressão arterial na aorta aumenta acima do normal, ocorre 
estimulação parassimpática, enquanto há diminuição na estimulação simpática, 
resultando em decréscimo na frequência cardíaca e na força contrátil do miocárdio. 
Consequentemente, há menor volume de sangue bombeado a cada batimento cardíaco 
e retorno da pressão arterial aos valores normais de repouso. Ao se iniciar um exercício, 
há redução na estimulação parassimpática, e consequente elevação da frequência 
cardíaca. Essa informação nos leva à hipótese de que a diminuição da frequência 
cardíaca de repouso como adaptação a exercícios aeróbios tem como causa o aumento 
da estimulação parassimpática e a redução da estimulação simpática. 
4.4. A pressão arterial
O sistema circulatório atua como um sistema de “alça fechada” contínua, em que o 
fluxo de sangue acontece devido a diferenças de pressão entre as duas extremidades 
do sistema. Assim, o sangue flui da região de maior pressão (artéria aorta) para a 
região de menor pressão (átrio direito) e conforme ele vai passando pela aorta, depois 
pelas artérias, capilares e, finalmente, pelas veias, a pressão diminui a cada passo 
adiante nesse ciclo. 
A contração do coração para o bombeamento do sangue cria pressão, forçando 
o sangue para as circulações pulmonar e sistêmica. O sangue então exerce pressão 
ao passar por todo o corpo, e junto às artérias essa pressão se torna mais intensa. A 
pressão arterial é classificada como a “força exercida pelo sangue contra as paredes 
arteriais e é determinada pela quantidade de sangue bombeada e intensidade da 
resistência ao fluxo sanguíneo” (POWERS; HOWLEY, 2014, p. 194).
A pressão arterial é medida e usada como indicador da condição de saúde de um 
indivíduo. O aparelho usado para aferir a pressão arterial é o esfigmomanômetro, que 
pode ser manual ou digital. Em homens adultos saudáveis a pressão arterial gira em 
torno de 120/80 milímetros de mercúrio (mmHg) e em mulheres adultas saudáveis 
em torno de 110/70 mmHg. E o que significam esses números? O número maior, que 
vem expresso primeiro, é a pressão arterial sistólica (pressão gerada nas artérias 
pelo sangue vindo do coração durante a sístole ventricular). O número menor, que 
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vem expresso depois do maior, representa a pressão arterial diastólica (durante a 
diástole ventricular a pressão nas artérias diminui).
Exemplificando, em termos práticos: na sístole do ventrículo esquerdo, a pressão 
aumenta e a válvula aórtica se abre. O sangue flui para a artéria aorta e consequentemente 
para as artérias de distribuição. A pressão nas artérias aumenta (120 mmHg). Ao final 
da sístole ventricular esquerda, a válvula aórtica se fecha e o sangue armazenado nas

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