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Fundamentos da Filosofia na Educação

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Filosofia da Educação
Unidade 1
Fundamentos da Filosofia
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial 
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico 
TIAGO DA ROCHA
Autoria 
CARMEM SILVIA DA FONSECA KUMMER LIBLIK
AUTORIA
Carmem Silvia da Fonseca Kummer Liblik
Sou formada em Bacharelado e em Licenciatura em História, com 
Mestrado e Doutorado em História, pela UFPR. Também sou formada 
em Química Ambiental pela UTFPR, com especialização em Tutoria em 
EAD pela UNINTER. Tenho experiência profissional na área de ensino e 
de produção de material didático há 14 anos. Passei por empresas como 
Uninter, PUC-PR e UFPR. Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir 
minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. 
Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de 
autores independentes. Estou muito feliz por poder ajudar você nesta fase 
de muito estudo e de muito trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
OBJETIVO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Origens e conceito da Filosofia ............................................................. 10
Sócrates – Platão – Aristóteles e seus lugares na história da 
Filosofia ........................................................................................................... 15
Conhecimento mítico e conhecimento filosófico ..........................24
A questão do saber – o conhecimento e sua tipologia ...............26
Os tipos de conhecimento .......................................................................................................27
Conhecimento empírico .........................................................................................27
Conhecimento filosófico .........................................................................................28
Conhecimento científico .........................................................................................28
Conhecimento teológico ou religioso ..........................................................29
7
UNIDADE
01
Filosofia da Educação
8
INTRODUÇÃO
Caro aluno, você, em algum momento, parou para refletir que 
as pessoas, por viverem em grupos, têm de organizar suas formas de 
pensamento, para que possam compreender-se mutuamente? Isso 
está relacionado à função da Filosofia na formação da nossa sociedade, 
sabia disso? Sendo assim, neste material, explicaremos as dimensões 
do universo da Filosofia, verificando como surgiu e os primeiros a 
influenciar o modo ocidental de pensar. Convidamos você, aluno, a 
estudar Filosofia para, por um lado, fundamentar as suas premissas 
educacionais, mas, ainda, por outro, para subsidiar as suas premissas 
de vida. Por foi, como não poderia deixar de acontecer, daremos 
atenção, ainda, a nomes famosos, como Sócrates, Platão e Aristóteles; 
e aos filósofos que se dedicaram a refletir sobre educação. Entendeu? 
Ao longo desta unidade letiva, você mergulhará nesse universo!
Filosofia da Educação
9
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso objetivo é auxiliar 
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o 
término desta etapa de estudos:
1. Explicar o conceito da Filosofia e estabelecer relação com as suas 
origens.
2. Reconhecer as bases teóricas que fundamentam a história da 
Filosofia da Educação e registrar os aspectos relevantes.
3. Identificar a diferença entre conhecimento mítico e conhecimento 
filosófico, destacando suas principais características.
4. Classificar a tipologia do conhecimento e descrever cada um dos 
tipos.
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao 
conhecimento? Ao trabalho!
Filosofia da Educação
10
Origens e conceito da Filosofia
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo você será capaz de explicar 
o conceito da Filosofia e estabelecer a relação com as 
suas origens. E então? Motivado para desenvolver esta 
competência? Então vamos lá. Avante!
A partir de seu grau de desenvolvimento, de uma perspectiva que 
considere critérios como acúmulo de riquezas e organização política, 
as sociedades, de uma maneira natural, voltam-se à prática artística, à 
prática educacional à prática filosófica e à prática científica. Conosco, do 
Ocidente, isso teve isso na Antiguidade Clássica, na Grécia, sobretudo 
desde o século VI a.C. Os primeiros passos da Filosofia estiveram 
relacionados à necessidade de explicar a realidade e os fenômenos 
naturais. Os filósofos de então, responsáveis por inaugura a Filosofia que 
conhecemos atualmente, tornam-se conhecidos como pré-socráticos. 
IMPORTANTE:
Sócrates, de quem falaremos mais adiante, teve uma 
importância enorme para a Filosofia. Por essa razão, os 
Filósofos anteriores a Sócrates são chamados de pré-
socráticos.
Entre as principais preocupações dos pré-socráticos, estava a 
compreensão do princípio subjacente ao funcionamento de todas as 
coisas, a arché, talvez o assunto mais antigo a ser debatido de que se 
tem notícia. Esse tópico, há mais de dois mil anos, gera muita discussão. 
Por exemplo, para Tales de Mileto (624-546), o mais antigo de todos os 
pré-socráticos, apostava que o princípio subjacente ao funcionamento de 
todas as coisas fosse a água.
Basicamente, Tales de Mileto e muitos de seus seguidores 
acreditavam que poderiam, com base em observações, definir a matéria 
de que o cosmo é feito (arché), reduzindo-a a um elemento mínimo – no 
Filosofia da Educação
11
seu caso, à água. Assim, essas ideias foram transformadas em um sistema 
teórico, o monismo, que consistia, justamente, em defender que o universo, 
como um todo poderia ser decomposto em uma única substância.
O ponto mais importante da discussão de Tales de Mileto está no 
seguinte fato: independentemente de sua grandeza e de sua hierarquia no 
cosmo, todos os elementos teriam água em sua composição. Atualmente, 
sabemos que nem tudo o que existe contém água, mas, por outro lado, as 
teorias científicas modernas comprovaram que o pensamento de Tales de 
Mileto, em essência, estava correto: de fato, pode-se reduzir os elementos 
naturais em partículas mínimas. Desde o surgimento do monismo, outros 
filósofos aventaram, também, a sua solução para o problema da arché: 
 • De acordo com Anaximandro (611-546), que foi seguidor de Tales 
de Mileto, a arché seria o que chamou de ápeiron, algo de caráter 
imperscrutável e infinito de que o universo derivou e ao qual 
retornaria.
 • Para Anaxímenes (586-525), de maneira semelhante a Tales de 
Mileto, a arché seria o ar, por intermédio de processos constantes 
de condensação e de desfazimento.
 • De acordo com Heráclito (535-470), a arché seria o movimento 
intrínseco ao universo, uma espécie de devir, conforme enunciou 
em uma famosa frase: “tudo se move, nada permanece imóvel e 
fixo, tudo muda”.
SAIBA MAIS:
É interessantenotar uma diferença entre Heráclito e os 
demais filósofos citados. Ao contrário dos demais, Heráclito 
acreditava que o cosmos fosse controlado por uma 
racionalidade (logos) de caráter divino, o qual definiria a 
origem do que tem existência, em busca do equilíbrio do 
universo. A garantia de um equilíbrio se expressaria pela 
dualidade da natureza (água e fogo, noite e dia, sólido e 
etéreo), processo que provocaria o constante estado de 
mudança (movimento) do universo.
Filosofia da Educação
12
 • na sequência, Demócrito (460-370) e Leucipo (século V a.C.) foram 
os primeiros a formular que o universo poderia ser decomposto 
em partes mínimas (átomos) cuja principal característica seria a 
indivisibilidade e a imutabilidade. O atomismo dos dois filósofos 
foi muito importante para que as teorias científicas modernas 
determinassem o comportamento dos elementos químicos e dos 
componentes.
Como se sabe, a Grécia é notabilizada por ser o berço da democracia. 
O principal evento que marca o estabelecimento da democracia grega é a 
vitória de Atenas sobre os persas, que aconteceu no 479 a.C. Desde então, 
a educação dos cidadãos, com a finalidade de prepará-los para atuar na 
vida pública, tornou-se uma preocupação fundamental da sociedade 
grega. Entre outros aspectos exigidos dos cidadãos, dois se destacavam: 
as capacidades de discursar e de argumentar. Os responsáveis por 
desenvolver essas habilidades dos cidadãos eram os sofistas (sábios), 
que refletiam, como os filósofos, sobre diversos temas da vida humana 
(religião, ética e política, por exemplo). Contudo, ao contrário dos filósofos, 
não interessava aos sofistas se a argumentação de seus alunos seria 
empregada para fins iníquos, desde que fossem bem remunerados por 
seu serviço.
Nesse contexto em que os sofistas aparecem como figuras de 
saber, os assuntos intelectuais deixaram de se limitar aos aristocratas. Na 
condição de professores, os sofistas rejeitaram a ideia de que as virtudes 
seriam privilégios de poucos, transmitidos, de geração a geração, entre 
membros de certas famílias. Mesmo assim, muitas das posições dos 
sofistas eram criticadas. Franklin e Pinheiro (2014) citam as seguintes:
1. Concepção de saber – para os sofistas, qualquer assunto poderia 
ser transformado em um tópico de ensino. Por essa razão, 
fizeram importantes reflexões pedagógicas e não se negavam a 
compartilhar os seus conhecimentos com seus alunos.
2. Moral aristocrática – na Grécia, até a chegada dos sofistas, o 
conhecimento estava limitado a membros da aristocracia. Como, 
normalmente, eram estrangeiros, os sofistas vendiam seus 
conhecimentos, inaugurando o que, hoje, é a função do professor.
Filosofia da Educação
13
3. Vida em sociedade – de modo geral, os sofistas não se fixavam 
em um território. Ao contrário, costumavam vagar pelas terras 
conhecidas, o que os tornava violadores das premissas das 
cidades-estado, que Platão e Aristóteles chamariam de estado 
ideal. Por essa razão, os sofistas são reconhecidos, atualmente, 
como, propagadores de costumes, de conhecimento e de ideias.
4. Liberdade – para os sofistas, os homens eram livres e não deviam, 
necessariamente, seguir as normas sociais. Sua crença era a de 
nós somos capazes de compreender quaisquer tópicos, o que nos 
faz, de certa forma, independentes.
Etimologicamente, “filosofia” é uma palavra composta pelos termos 
gregos phílos, que significa “amor”; e “sophía”, que significa “sabedoria”. 
Nesse sentido, filosofia é, literalmente, o “amor à sabedoria”, entendido 
como a busca pelo conhecimento. 
Se pensarmos nessa origem etimológica, perceberemos que a 
filosofia é uma atividade que, todos os dias, praticamos todos os dias, 
quando refletimos sobre angústias, sobre planos futuros e sobre problemas 
que temos de resolver, por exemplo. Logo, a atividade filosófica, ao 
contrário do se pensa, não está restrita aos ambientes acadêmicos.
Engana-se quem imagina que a preocupação da filosofia está 
em responder às perguntas que são propostas. Na verdade, o maior 
interesse dos filósofos está no processo de reflexão, independentemente 
de ser conclusivo. Isso deve ser entendido como um estímulo ao uso da 
racionalidade em quaisquer contextos, evitando que os conhecimentos 
sejam aceitos com base em argumentos de autoridade.
De acordo com Nagel (2001), a filosofia é uma área do conhecimento 
com características diferentes das da matemática e das ciências. Da 
matemática, a filosofia se distancia por não apresentar um método formal 
de verificação; e, das ciências, afasta-se porque não se atém apenas a 
conhecimentos que possam ser verificados empiricamente. Portanto, a 
filosofia consiste na reflexão pura e simples, na prospecção de hipóteses 
e de argumentos.
Filosofia da Educação
14
Ao longo da História, a filosofia recebeu muitas definições 
diferentes. Adotaremos, aqui, a de Luckesi (1993), de acordo qual é um 
sistema de conhecimentos coerente com origem na necessidade do 
homem de compreender o mundo que o rodeia, tornando-o inteligível. 
Nesse sentido, filosofar nos concede a capacidade de analisar questões 
de tipos muito variados, estendendo-se desde as relações interpessoais 
até a consistência da matéria do universo.
Para Luckesi (1993), não pode rotular a filosofia como uma atividade 
abstrata e desligada do mundo real. Ao contrário, segundo o autor, uma 
de suas funções é definir uma cosmovisão (um modo de enxergar e de 
interagir com a realidade) e nos conduzir à ação. Considerando essa 
perspectiva, as ações humanas, que são de muitos tipos, são o que 
conferem sentido à existência.
O pensamento ocidental se sustenta, desde a Grécia antiga, 
em dualismos (bem e mal, certo e errado, virtude e vício). Isso é o que 
mencionamos, acima, como cosmovisão: é o modo como tendemos 
pensar e avaliar as coisas e os fenômenos. Dessa preocupação grega, 
surgem muitas das questões contemporâneas de que os filósofos tratam, 
como são os casos da relação entre mente e corpo e entre liberdade 
e autoritarismo. Mais macroscopicamente, o dualismo se reflete nas 
investigações sobre o cosmos, apontando-nos questões como monismo 
e dualismo do cosmos e caos e ordem na concepção do universo.
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você 
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, 
vamos resumir algo do que vimos. Você deve ter aprendido 
a explicar o conceito da Filosofia e estabelecer a relação 
com as suas origens. 
Filosofia da Educação
15
Sócrates – Platão – Aristóteles e seus 
lugares na história da Filosofia
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo você será capaz de reconhecer 
as bases teóricas que fundamentam a história da Filosofia 
da Educação e registrar os aspectos relevantes. E então? 
Motivado para desenvolver esta competência? Então 
vamos lá. Avante!
Anteriormente, mencionamos Atenas como o berço da democracia. 
Os filósofos mais importantes da Antiguidade foram, também, atenienses. 
Falamos de Sócrates, de Platão e de Aristóteles. Embora esse último 
tenha nascido em outro território, estudou e ensinou em Atenas.
Sócrates (469-399 a.C.), que, como dissemos, representou um 
marco para a filosofia, testemunhou a vitória sobre os persas; e, ainda, 
a consolidação e o declínio da democracia. No período posterior à 
vitória, a influência de Atenas se espalhou por todo o território helênico, 
influenciando-o com seus hábitos, com suas crenças religiosas e com 
seus preceitos éticos e morais. 
O apogeu de Atenas acirrou sua rivalidade com outra cidade-estado, 
Esparta. Ao passo que Atenas se fez conhecida por sua tradição artística 
e filosófica, Esparta se tornou famosa pela qualidade de seus guerreiros. 
Em 431 a.C., estabeleceu-se, entre as duas potências, a chamada Guerra 
do Peloponeso, que durou várias décadas. 
Perto do fim da vida de Sócrates, em 404 a.C., Atenas, enfim, foi 
derrotada,e o seu regime democrático se esfaleceu. Isso se deveu, em 
grande parte, a conspirações e a problemas com corrupção. O próprio 
Sócrates foi condenado à morte por razões semelhantes, tendo sido 
acusado de corromper os jovens cidadão e de não acreditar nos deuses 
cultuados em Atenas.
No sistema filosófico socrático, está o embrião de outras escolas 
de pensamento, como estoica e a cínica. De Sócrates, os estoicos 
Filosofia da Educação
16
adotaram a virtude como a característica humana mais importante, ao 
passo que os cínicos lhe tomaram a ideia de que os bens terrenos são 
desprovidos de valor.
Existem registros, como os de Xenofonte, os de Platão e seus 
discípulos, de que teria ensinado em locais públicos e de que teria sido 
um orador leigo. Nos registros de Platão, Sócrates aparece, normalmente, 
como uma figura que busca definir conceitos éticos, como os de justiça, 
de sabedoria, de amizade e de moderação. Devemos notar, contudo, que, 
ao mesmo tempo em que busca definir tais conceitos, Sócrates nunca 
tenta fornecer conclusões imutáveis, demonstrando a importância do 
processo de reflexão.
Maiêutica é o nome dado ao método de ensino criado por 
Sócrates. Essa palavra significa, de um modo literal, “parir conhecimento”. 
Basicamente, a maiêutica, consistia em conduzir alguém, por intermédio 
de raciocínios dedutivos, a algum tipo de conhecimento. Para Sócrates, 
todos teríamos conhecimentos gravados em nossas almas (psyché), os 
quais teriam apenas de ser revelados. Essa seria a função da maiêutica. 
A maiêutica é o principal elemento do sistema de pensamento de 
Sócrates. Apesar de sua frase mais famosa afirmar que nada se sabe, o 
filósofo nunca defendeu que o conhecimento não fosse possível para os 
seres humanos. Na verdade, a frase, que se tornou sua marca, antepõe a 
busca ao conhecimento, destacando que os erros humanos derivam da 
falta de conhecimento.
Na filosofia grega, bem e conhecimento estão interligados 
estreitamente: ser bom era sinônimo de ter conhecimento. De modo geral, 
a tradição cristã mudaria esse pensamento, considerando que um sujeito 
bom e tolo vale mais do que um mau e douto (RUSSEL, 2013). 
SAIBA MAIS:
Segundo Sócrates, problemas éticos poderiam ser 
solucionados por meio de diálogos, método conhecido 
como dialética.
Filosofia da Educação
17
Com Sócrates, experimenta-se uma mudança em relação aos 
problemas de cunho moral, que deixam de ser relegados aos costumes e 
passam a ser encarados como questões que dependam de racionalidade. 
Nesse sentido, conhecimento e virtude são tratados como sinônimos, 
fazendo com o que o campo da ética emerja desse contexto. Isso acontece 
porque racionalizar problemas de cunho moral implica racionalizar e 
destacar tudo o que se apresenta como virtude sem o ser, razão pela qual 
Sócrates seria julgado por e condenado por impiedade.
Os propósitos de Sócrates foram os de questionar e de aprender, 
não os de ensinar e de doutrinar. Mas, à medida que seu sistema de 
pensamento abalava as certezas frágeis dos cidadãos atenienses, 
mostrava-lhes, também, que o pensamento deve ser coerente. Para 
isso, é necessário que adotemos algum método de investigação que 
nos permita acessar a essência do conhecimento. Em sua perspectiva, 
isso aconteceria se nos fizéssemos as perguntas certas a respeito de 
desejássemos conhecer.
Figura 1 - Busto de Platão
Fonte: Pixabay
Platão é, talvez, o mais conhecido filósofo da Antiguidade. Na 
juventude, com o intuito de se voltar à política, adotou a filosofia como 
caminho e teve, como mestres, Crátilo, Heráclito e Sócrates. Até hoje, não 
é um incomum que um sistema filosófico seja comparado ao de Platão, 
tamanha foi a sua influência sobre os mais de dois mil anos de produção 
de conhecimento que existiu desde então.
Filosofia da Educação
18
Pode-se afirmar que Platão foi responsável pela primeira 
formalização agregada à filosofia, embora nunca escrito um livro 
prototípico, visto que todas as suas obras que resistiram ao tempo têm 
forma de diálogo; e embora nunca tenha aceitado que a filosofia pudesse 
ser algo como um sistema.
As principais obras de Platão estão listadas a seguir, em função da 
época em que foram produzidas.
 • 399-387 a.C. (primeiros diálogos): Apologia, Críton, Górgias, Hípias 
maior, Mênon, Protágoras;
 • 380-360 a.C. (diálogos intermediários): Fédon, Fedro, A República, 
O banquete; e
 • 360-355 a.C. (diálogos finais): Parmênides, Sofista, Teeteto.
SAIBA MAIS:
Durante a Idade Média, por intermédio de Santo Agostinho, 
o cristianismo adotou a cultura grega, baseada no 
pensamento platônico. Santo Agostinho alcançou essa 
influência por feito uma tradução de A República tida como 
cristã, a chamada Cidade de Deus.
Com a condenação de Sócrates à morte, Platão preencheu a 
lacuna deixada pelo mestre, registrando, na forma de diálogos, os 
seus ensinamentos. A primeira vez em que Sócrates aparece em um 
diálogo platônico é, como se apontou acima, na Apologia, que consiste 
na descrição da defesa apresentada por Sócrates aos seus detratores. 
Como se tornará uma constante nos diálogos, é complexo, na Apologia, 
distinguir o que é pensamento socrático do que é pensamento platônico.
É possível que a obra mais conhecida de Platão seja A República, 
em que é apresentada a sua concepção de Estado ideal. Parte do trabalho 
consiste em uma reflexão a respeito de valores morais, como justiça e 
virtude, que apareçam, antes, na obra de Sócrates. A discussão é uma 
maneira de rejeitar a ideia sofista de que justiça e injustiça são conceitos 
definidos por convenção.
Filosofia da Educação
19
Sócrates havia discordado da concepção sofista, assumindo 
que justiça e injustiça se confundem porque os seres humanos não 
conhecem a sua essência, acessando apenas o que veem no mundo dos 
sentidos, empírico, ilusório e variável. Platão explica, em A República, que 
haverá justiça se todos os cidadãos forem responsáveis pelas próprias 
obrigações, sem se meter nos assuntos alheios, vinculando a justiça à 
ideia de harmonia entre as partes que compõem o Estado.
A partir da ideia de que os seres humanos não conheciam a essência 
da justiça e da injustiça, Platão desenvolveu o que chamou de mundo das 
ideias ou formas, que, separado do mundo empírico, seria uma espécie 
de realidade ideal, da qual a nossa seria um distorcido reflexo. Mais do que 
isso, Platão defendeu que o mundo das ideias ou formas seria, de fato, a 
realidade, ilustrando a sua concepção com o famoso mito da caverna.
Nesse mito, contado em A República, Platão descreve uma caverna 
escura em que seres humanos estão presos desde quando nasceram. 
Estão amarrados, de modo a ficar de costas para a entrada do local e de 
frente para o seu fundo. É impossível que possam olhar para os lados. 
Como há uma fogueira atrás dos homens; e, também, uma espécie de 
plataforma entre a fogueira e os homens, sombras se formam na parede 
para a qual olham sempre que pessoas, desconhecidas dos homens 
presos na caverna, andam ali e exibem objetos. Se um dia chegassem a ser 
libertos, os homens da caverna, provavelmente, se sentiriam fascinados 
e temerosos em relação ao mundo exterior e, de acordo com Platão, 
retornariam à caverna, à única realidade em que se sentem seguros.
Do mesmo modo que as sombras são tudo o que os prisioneiros 
veem do mundo fora da caverna, o mundo empírico seria tudo o que 
conseguimos ter acesso do mundo real, o mundo das ideias. Nesse 
sentido, nossas experiências, obtidas por meio de nossos sentidos, seriam 
nossas sombras. Isso resultará em uma teoria de acordo com a qual 
podemos empregar nossos sentidos para tentar apreender a realidade 
de sombras. Assim, via racionalidade, temos a capacidade obter os 
verdadeiros conhecimentos, radicados no mundo das ideias ou formas.
Filosofia da Educação
20
A postulação de dois mundos permitiu que Platão resolve o dilema 
de como apontar certezasem mundo inconstante: como o nosso mundo 
é feito somente de aparências, pode ser transformado, mas o mundo das 
ideias ou formas, não, e, por isso, obter o verdadeiro conhecimento seria 
possível.
Figura 2 - Stanza della Segnatura, de Rafael Sanzio. 
Em relação às figuras centrais, Platão está à esquerda, e Aristóteles, à direita
Fonte: Pixabay
Aristóteles nasceu em 384 a.C., em Estagira, no território macedônio 
e se tornou, entre os anos 343 a.C. e 340 a.C., tutor do jovem Alexandre, o 
Grande. Com 17 anos, foi estudar em Atenas, na Academia, escola fundada 
por Platão, que, na época, tendo por volta de sessenta anos de idade, 
havia divulgado suas teorias. Apesar dos diferentes temperamentos, 
a relação de ambos era de muito respeito, e Aristóteles se manteve na 
Academia até a morte de Platão, em 404 a.C.
SAIBA MAIS:
Como Platão, Aristóteles influenciou o pensamento cristão. 
Isso aconteceu por volta do fim da Idade Média, quando seu 
pensamento, adaptado aos preceitos cristãos, transforma-
se, por assim dizer, na doutrina da Igreja Católica.
Filosofia da Educação
21
Posteriormente, o pensamento científico, que nascerá na Idade 
Moderna, combaterá, fortemente, o aristotelismo católico. Mas a 
influência de Aristóteles vai mais além: até hoje, as suas questões lógicas 
são tematizas e discutidas por investigadores de vários campos.
Ao contrário de Platão, Aristóteles escreveu livro-texto, os quais 
denotaram preocupação com a escrita literária e foram compostos em 
forma de diálogo. No entanto, sabemos disso de maneira indireta, por 
autores como Cícero e Diógenes, visto que a parte da obra de Aristóteles 
que sobreviveu ao tempo consiste, em sua maior parte, em notas escritas 
para suas aulas. A seguir, indicamos algumas das suas obras conhecidas 
mais importantes:
 • Órganon.
 • Retórica das Paixões.
 • A poética clássica.
 • De anima (Da alma).
 • O homem de gênio e a melancolia.
 • Ética a Eudemo.
 • Física.
 • Política.
 • Sobre o Céu.
 • Metafísica.
 • Ética a Nicômano.
Ao contrário de Platão, Aristóteles não minimizou a observação 
empírica. Isso, em grande, deveu-se ao seu interesse pela natureza 
e pelos seres humanos. Por isso, tentou agregar o mundo que Platão 
chamava de mundo sensível à filosofia. Mas é importante apontar que 
Aristóteles adotou o conhecimento empírico como um ponto de partida 
para o conhecimento, não como o conhecimento em si.
Filosofia da Educação
22
Desde antes de Aristóteles, os filósofos gregos se preocupavam 
com a transformação do mundo. Por sua vez, o estagirita desenvolveu as 
noções de ato (energeia) e de potência (dynamis): enquanto o ato seria o 
estado de um ser (ingredientes de um bolo, materiais de construção), a 
potência implica tudo o que pode vir a ser (bolo, casa). Nesse sentido, o 
movimento do mundo consistiria nas transformações de potência em ato.
De acordo com essa teoria, Aristóteles rejeitou que o fundamento 
do mundo sensível fosse um mundo ideal eterno e imutável: o mundo 
sensível não seria cópia de formas perfeitas, mas conteria formas cujas 
essência lhes seria inerente. Por exemplo, não existiria nada como 
como um homem ideal do qual os homens do mundo sensível seriam 
cópias, mas, na verdade, a essência humana estaria presente em cada 
um e em todos os homens. Por essa razão, quando estudamos coisas 
particulares (o homem X) podemos obter conhecimentos universais 
(a categoria ser humano).
Aristóteles também se dedicou ao problema ético. Sua obra mais 
importante sobre o assunto é Ética a Nicômaco. Para entender como o 
problema ético é tratado em seu sistema de pensamento, é necessário 
compreender que filosofar sobre o assunto tem funções diferentes: em 
um sentido teórico, teria, como finalidade, a busca pela verdade, mas, em 
um sentido prático, teria, como finalidade, o agir. Nesse sistema ético, a 
virtude é encarada como o equilíbrio entre ações justas, de um lado, e 
impulsos, de outro. O instrumento que nos ajudará a praticar ações justas 
e a evitar os impulsos é a razão, processo conhecido como justo-meio. 
Em Ética a Nicômaco, Aristóteles aborda a conduta humana e como 
se relaciona à busca pela felicidade. Na sua perspectiva, as condutas 
humanas prospectam o que entendemos, comumente, como felicidade, 
mas essa não é a sua verdadeira natureza. Para Aristóteles, a natureza da 
felicidade está relacionada às regras do bem agir. Nesse sentido, praticar 
a honra, a razão e o prazer na medida correta é o modo de viver com 
felicidade.
A razão, para Aristóteles, é, certamente, um dos aspectos da 
natureza humana, mas existem outras. Por exemplo, a alma humana pode 
ser afetada pelos impulsos e pelos desejos, não podendo ser racional 
Filosofia da Educação
23
por completo. A ética surge, como virtude, nesse contexto, como um 
controle da parte da alma humana que não é racional, estabelecendo 
com a repetição de certas ações, até que se tornem hábitos (FRANKLIN; 
PINHEIRO, 2014).
IMPORTANTE:
No pensamento de Platão, a dialética se constitui como 
um debate entre indivíduos preocupados com a busca 
pela verdade, de modo que o homem pode alcançar o 
mundo das ideias ou formas e chegar a um conhecimento 
irrefutável. Por sua vez, no pensamento de Aristóteles, 
a dialética depende do raciocínio lógico, que, por se 
basear em ideias prováveis, sempre carrega consigo a 
possibilidade de ser refutado.
Igual a Platão, Aristóteles desenvolveu uma teoria sobre o Estado 
ideal, na qual a felicidade (eudaimonia) é adotado como o centro das 
virtudes humanas, foco de seu agir. Pode-se concluir, portanto, que o 
desejo de felicidade é a origem de todas as condutas humanas.
Concluindo esta seção, pode-se afirmar que as concepções 
Aristóteles e de Platão convergem na forma de preocupações com o 
ser humano e com as suas condutas, influenciando, cada qual à própria 
maneira, o pensamento ocidental. Suas considerações sobre cidadania, 
sobre virtude e sobre conhecimento, assim como as de Sócrates, foram 
fundamentais para a construção da relação entre filosofia e educação 
(FRANKLIN; PINHEIRO, 2014).
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu 
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de 
que você realmente entendeu o tema de estudo deste 
capítulo, vamos resumir algo do que vimos. Você deve ter 
compreendido como reconhecer as bases teóricas que 
fundamentam a história da Filosofia da Educação e registrar 
os aspectos relevantes.
Filosofia da Educação
24
Conhecimento mítico e conhecimento 
filosófico
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo você será capaz de identificar 
a diferença entre conhecimento mítico e conhecimento 
filosófico, destacando suas principais características. E 
então? Motivado para desenvolver esta competência? 
Então vamos lá. Avante!
O que é o mito? De maneira geral, pode-se afirmar não passam de 
uma construção com fantasias oriundas de nosso consciente. Trata-se de 
história criadas pelos seres humanos, ao longo dos séculos, para explicar 
o funcionamento do mundo e o sentido da existência, apresentando uma 
relação clara com crença e com fé. Nas sociedades grega e latina, os 
mitos tinham valor de dogma e eram considerados explicações reais dos 
fenômenos da natureza. Por essa razão, foram utilizados como justificativa 
para a fundação de instituições sociais de muito respeito e inspiraram as 
obras de muitos artistas, por exemplo.
Na Antiguidade, as narrativas míticas substituíam a ciência como 
método de explicação do mundo. Tudo o que pudesse provocar espanto 
e temor, fosse bom, fosse ruim, era considerado produto de ações divinas. 
De acordo com 
Compreender o conceito de mitologia, de certa forma, é conhecer 
uma concepção muito diferente da nossa, permeada de superstições e 
de explicações fabulosas para os fenômenos naturais. Como Commelin 
(2011), assumimos que a imaginação e a fantasia têm um importante papel 
nas crenças mitológicas. Cada nova geração aumentouo número de seus 
deuses, de heróis e de narrativas fantásticas.
Os mitos gregos, como a Teogonia, registrada por Hesíodo, explicam 
como o mundo resultado do caos e como foi divido em partes, até 
apresentar a forma conhecida naquela época. Para isso, adotou-se uma 
genealogia de criaturas divinas, “no ritmo dos sucessivos nascimentos, 
Filosofia da Educação
25
dos casamentos, das intrigas, misturando e opondo os seres divinos de 
gerações diferentes” (VERNANT, 1990, p. 478). 
O pensamento de base racional aparece, no universo grego, no 
século VI a.C, em cidades da Ásia menor. Com isso, nasceria o embrião 
de um pensamento científico, contestando, pela primeira vez, que as 
explicações poderiam não estar adequadas à realidade. Essa não foi 
apenas uma mudança de atitude intelectual, com a troca do mito pelo 
pensamento racional, mas consistiu, na verdade, em uma mudança 
completa de cosmovisão. As principais diferenças entre mito e pensamento 
filosófico-racional estão no Quadro 1.
Quadro 1 – Mito e pensamento filosófico racional
Mito Pensamento filosófico-racional
Explica como o mundo se formou e, 
para isso, adota a interação entre seres 
sobrenaturais.
Ao contar o passado, emprega causas 
que possam ser tomadas como causas de 
todos os acontecimentos que o afastam 
do presente.
Não evita contradições. O incompreensível 
é tomado como mistério divino.
Explica como o mundo se formou com 
base em elementos do mundo natural.
Além de investigar as causas de 
acontecimentos do passo, prevê e explica 
acontecimentos do presente e do futuro.
Fundamenta-se na razão e adota 
explicações coerentes.
Fonte: Elaborado pelo autor (2021).
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você 
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos 
resumir algo do que vimos. Você deve ter compreendido 
como identificar a diferença entre conhecimento mítico 
e conhecimento filosófico, destacando suas principais 
características.
Filosofia da Educação
26
A questão do saber – o conhecimento e 
sua tipologia
OBJETIVO:
Ao término deste capítulo você será capaz de classificar a 
tipologia do conhecimento e descrever cada um dos tipos. 
E então? Motivado para desenvolver esta competência? 
Então vamos lá. Avante!
Durante o exercício da docência, é comum que os profissionais 
não se questionem sobre o conceito de conhecimento. Com o intuito de 
ensinar adequadamente, é importante que assumamos uma teoria do 
conhecimento, “um entendimento do que vem a ser o conhecimento, seu 
processo, seu modo de ser” (LUCKESI, 1993, p. 121).
De acordo com Cyrino e Penha (1992), conhecer é um modo de 
construir uma concepção de realidade. Por isso, seriam necessários três 
elementos para a produção de conhecimento:
 • Um sujeito cognoscente.
 • Algo a ser conhecido.
 • Uma opinião sobre o algo a ser conhecido criada, mentalmente, 
pelo sujeito cognoscente.
Na medida em que o homem é racional e dotado da capacidade 
de comunicar-se por linguagem simbólica, pode transmitir seus 
conhecimentos a seus semelhantes, ao contrário de todas as outras 
espécies animais. Assim, da relação entre sujeitos e objetos a serem 
conhecidos, surgem conhecimentos, que nos ajudam a atribuir sentido a 
tudo o que nos rodeiam, incluindo a nossa própria existência.
Filosofia da Educação
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REFLITA:
De uma forma geral, podemos definir conhecimento 
como os elementos que encontramos em diversas fontes 
(livros, internet, rádio, televisão) capaz de ampliar a nossa 
concepção de realidade. Porém, o simples acesso a 
informações, como a capacidade de possuir uma enorme 
coleção de livros, por si só, não caracteriza conhecimento. 
É necessário que as informações sejam aplicadas à 
compreensão do mundo, por meio de procedimentos 
racionais, para que se tornem conhecimentos. Portanto, 
decorar e reunir informações é muito diferente de ter 
conhecimento.
Os tipos de conhecimento
De acordo com Carvalho (1997), existem quatro tipos de 
conhecimento: (1) conhecimento empírico, (2) conhecimento filosófico, (3) 
conhecimento teológico e (4) conhecimento científico. A seguir, veremos 
como esses tipos de conhecimento são caracterizados.
Conhecimento empírico
Também chamado de conhecimento vulgar ou de senso 
comum, apresenta, como aspecto mais marca, o valor de ser valorativo. 
Fundamenta-se em elementos como emoções, experiências e estados 
de ânimo, tendendo a não ser sistemático. É um tipo de conhecimento 
verificável, uma vez que surge do que é empírico, das experiências 
cotidianas.
De uma forma simples, pode ser entendido como produto das 
necessidades humanas de sobreviver às demandas diários. Isso explica, 
por um lado, o porquê de, normalmente, o sujeito colocar-se como 
espectador da realidade; e, por outro lado, o porquê do conhecimento 
empírico ser tratado como espontâneo.
Filosofia da Educação
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Conhecimento filosófico
No bojo da filosofia, conhecimento é um conjunto de concepções 
sobre a realidade que sejam coerentes entre si. É necessário porque 
os seres humanos vivem direcionados a questões específicas, como 
trabalho e relacionamento, mas isso não significa que serão, sempre, 
conhecimentos verificáveis.
De acordo com Ferrari (1974, p. 12), “as hipóteses filosóficas baseiam-
se na experiência e não da experimentação”. Essa definição retrata que as 
hipóteses filosóficas não podem nem ser confirmados nem ser refutadas, 
ao contrário das hipóteses de cunho científico, 
Apesar de ser um conhecimento infalível, porque não pode ser 
submetido a experimentos, é racional, devido ao encadeamento lógico 
de seu conteúdo, agregando-lhe coerência e sistematicidade. Nesse 
sentido, tenta ser um retrato adequado da realidade.
Conhecimento científico
Ferrari define o conhecimento científico como real, porque deriva de 
fatos, estando relacionado a toda “forma de existência que se manifesta 
de algum modo” (FERRARI, 1982, p. 14). Sendo assim, pode ser classificado 
como um contingencial: a validade de suas hipóteses, ao contrário das do 
conhecimento filosófico, não pode ser determinada somente por meio da 
razão, mas dependerá, em grande parte, da experimentação. Por outro 
lado, também adotará o encadeamento lógico de seu conteúdo, a fim de 
formar uma teoria (conjunto de conteúdos encadeados logicamente) e, 
por conseguinte um sistema de pensamentos ou ideias.
Como todos os conhecimentos que não foram sujeitos à verificação 
são descartados, o conhecimento científico é verificável. Ademais, 
retomando a discussão da seção anterior, hipóteses que não possam ser 
testadas são recusadas, o que faz desse conhecimento falível.
Gaston Bachelard (1884-1962) foi um filósofo francês que se dedicou 
à filosofia da ciência. De acordo com o autor, o conhecimento humano 
deve ser estudado historicamente, de forma que essa análise desvele 
Filosofia da Educação
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como foi construído. Assim, haveria três momentos no desenvolvimento 
da ciência ocidental:
 • O que demarca a Antiguidade, estendendo-se até a época do 
Renascimento, chamado de pré-científico (BACHELARD, 2005).
 • O que demarca o período entre os séculos XVIII e XIX, chamado 
de Estado científico (BACHELARD, 2005).
 • O que se iniciou no século XIX e vige até o presente, chamado de 
novo espírito científico (BACHELARD, 2005).
Cada momento do desenvolvimento da ciência ocidental, na 
concepção de Bachelard (2005), é fruto de uma análise do passado, tal 
como a que propõe, evitando os caminhos que foram tomados até então. 
Portanto, a ciência apresenta uma descontinuidade quanto à realidade, 
quanto às experiências imediatas e, de certa, com o seu próprio processo 
de construção.
Isso parece contraditório, mas há uma lógica muito interessante: 
caso a produção científica fosse somente linear, não seria possível 
produzir conhecimentos novos. Então, todos os procedimentos partiriam 
do mesmo raciocínio e chegariam aosmesmos resultados. Por isso, 
para que a ciência, enquanto corpo de conhecimentos, possa avançar, 
Bachelard (2005) defende que sua história seja estudada, recusando 
soluções aventadas anteriormente.
Conhecimento teológico ou religioso
O conhecimento religioso é composto por doutrinas sagradas, 
o que torna valorativa e, por ensinamentos divinos, o que o transforma 
em inspiracionais. Logo, trata-se de um conhecimento que vale como 
verdadeiro, sendo infalível e incontestável.
Uma vez que envolve a ação de entidades sobrenaturais, partilhar 
dos conhecimentos religiosos depende de fé. Mas, apesar de as suas 
concepções não serem verificáveis, tem um caráter sistemático e 
apresenta respostas para a origem do universo e para o sentido da vida.
Filosofia da Educação
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REFLITA:
A reação de teólogos à teoria da evolução das espécies, 
de Charlie Darwin, demonstra como os conhecimentos 
científicos são diferentes. De modo geral, baseando-se 
nos textos sagrados, teólogos rejeitaram que, do processo 
de seleção natural, possa ter resultado o ser humano, 
aceitando, por ato de fé, a doutrina como verdadeira. 
Enquanto isso, os cientistas, como é o caso de Darwin, 
adotam fatos para comprovar e para refutar suas hipóteses 
sobre a realidade.
É importante, ainda, destacar que, em seu processo particular de 
apreensão da realidade, o sujeito pode adotar uma, duas e, até mesmo, 
todas as segmentações de conhecimento estudadas. Adotando o 
ser humano como exemplo, pode-se estudá-lo de uma perspectiva 
empírica, observando as suas condutas em sociedade e comparando-as 
com nossas opiniões; de uma perspectiva filosófica, analisando seus 
estados internos e prospectando sua origem e seu destino; de um uma 
perspectiva científica, investigando a sua fisiologia e as suas estruturas 
biológicas; e de uma perspectiva religiosa, adotando, como verdadeiras, 
as doutrinas de uma religião.
Antes de finalizar, confira-se o Quadro 2, em que são sistematizas 
as características dos quatro tipos de conhecimento (CARVALHO, 1997).
Quadro 2 – Características dos quatro tipos de conhecimento (CARVALHO, 1997)
Empírico Filosófico Científico Religioso
valorativo valorativo real valorativo
reflexivo racional contingente inspiracional
assistemático sistemático sistemático sistemático
verificável não verificável verificável não verificável
falível infalível falível infalível
inexato exato
aproximadamente 
exato
exato
Fonte: Elaborado pelo autor (2021).
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RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você 
realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, 
vamos resumir algo do que vimos. Você deve ter aprendido 
a classificar a tipologia do conhecimento e descrever cada 
um dos tipos.
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REFERÊNCIAS
ABRÃO, B. S. História da filosofia. São Paulo: Editora Nova Cultural, 
1999.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Atlas, 2009.
BACHELARD, G. O novo espírito científico. Rio de Janeiro: Tempo 
Brasileiro, 1995.
CARVALHO, A.M.P. de. Construção do conhecimento e ensino de 
ciências. Educação e Cultura, Recife, v.1, p. 8-14, 1997.
CHARLOT, B. Da relação com o saber: elementos para uma teoria. 
Porto Alegre: Artmed, 2000.
COMMELIN, P. Mitologia grega e romana. São Paulo: Martins 
Fontes, 2011.
CYRINO, H.; PENHA, C. Filosofia hoje. Campinas: Papirus, 1992.
FRANKLIN, K. & PINHEIRO, C. de M. Filosofia da Educação. Curitiba: 
Universidade Federal do Paraná. Pró-Reitoria de Graduação. Coordenação 
de Integração de Políticas de Educação à Distância. Setor de Educação. 
Curso de Pedagogia. Magistério da Educação Infantil e Anos Iniciais do 
Ensino Fundamental, 2014.
LUCKESI, C. C. Filosofia da Educação. São Paulo: Editora Cortez, 
1993.
NAGEL, T. Uma breve introdução à filosofia. São Paulo: Martins 
Fontes, 2001.
PLATÃO. A República (ou da justiça). Bauru, SP: EDIPRO, 2006.
RUSSEL, B. História do pensamento Ocidental: a aventura dos 
pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013. 
RUTHVEN, K. K. O mito. São Paulo: Editora Perspectiva. 1997.
TRUJILLO FERRARI. A. Metodologia da pesquisa científica. São 
Paulo: McGraw-Hill do Brasil. 1982
VERNANT, J. P. Mito e pensamento entre os gregos: estudos de 
psicologia histórica. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
Filosofia da Educação
	Origens e conceito da Filosofia
	Sócrates – Platão – Aristóteles e seus lugares na história da Filosofia
	Conhecimento mítico e conhecimento filosófico
	A questão do saber – o conhecimento e sua tipologia
	Os tipos de conhecimento
	Conhecimento empírico
	Conhecimento filosófico
	Conhecimento científico
	Conhecimento teológico ou religioso

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