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ENDOCRINOLOGIA 09/11/2023 – Conferência: Nódulo de Tireóide NÓDULO DE TIREÓIDE: lesão na tireóide radiologicamente/histologicamente distinta do tecido tireoidiano normal. DIFERENCIAR DE BÓCIO: - Bócio: aumento de volume da glândula (pontual ou difuso) de tireóide não associada a processo inflamatório ou neoplásico; - Bócio pode contar um nódulo e ser um bócio nodular; - NÓDULO: pode se apresentar na tireóide independente da presença de bócio ou não. PREVALÊNCIA: - Comum na população geral; - Varia conforme a população estudada; - 10% dos adultos: nódulos palpáveis no Brasil; - Nódulos à US: prevalência 60% da população adulta – 1 ou mais nódulos (NÃO SOLICITAR COMO ROTINA); - 5% malignidade; - PET-SCAN: 1-2%; - MAIS INCIDENTE EM MULHERES, MAS MAIS GRAVE EM HOMENS; - Maior frequência de MICROCARCINOMAS: menor gravidade, repercussão clínica duvidosa, expectativa de vida boa e overdiagnosis (normalmente não precisa fazer nada para MICRO). ETIOPATOGENIA Receptor de TSH (regulador mais importante de fusão e crescimento das células tireoidianas) → TSH se liga ao receptor → esse receptor vai fazer com que haja função aumentada da glândula tireóide e um crescimento dos FOLÍCULOS TIREOIDIANOS. Há, junto com o TSH, outros fatores de crescimento que vão interferir na expressão da diferenciação na ativação na função e crescimento da glândula. *** Fator de crescimento levando ao surgimento de bócio = TSH (estimula função e crescimento). - Outros fatores também estimulam esse crescimento. ETIOLOGIA - Influência genética e hormonal (IGF-1, DM, obesidade e síndrome metabólica); - Fator ambiental: áreas com deficiência de iodo ou tabagismo + radiação ionizante e consumo de álcool. APRESENTAÇÕES - Bócios multinodulares (BMN); - Bócios uninodulares (BUN); - Dx. diferenciais: cistos simples, cistos hemorrágicos, tireoidites, adenoma folicular de tireoide e carcinoma de tireoide. BMN: - Cronicidade da doença: aumento da glândula tireóide por proliferação multifocal de tecidos (hiperplasia difusa da glândula); - Acúmulo de colóide: distensão folicular – não capta iodo e não sintetiza hormônio; - Bócio nodular – causa persistente → Neogênese folicular: grupos de folículos de tamanho variável. - Podem ser: nódulos atróficos (sem captação de iodo) ou regiões hiperfuncionantes (autônomas). - Maior ocorrências em áreas endêmicas; - Segunda maior causa de hipertireoidismo; - 2-6% dos indivíduos com dieta normal de iodo tem BMN – aumenta a prevalência em zonas iodo-deficientes; - Acomete 5 mulheres para cada 1 homem; - Comum na adolescência e gestação. BNU: - Mutações somáticas em alguns componentes do sistema de sinalização (receptor TSH-TSHR) → estimulação crônica de AMPc → produção de células com vantagem de crescimento → adenomas autônomos; - Nódulos não funcionantes: NÃO desenvolvem autonomia; - Incidência nódulos: 0,1%/ano; - Prevalência maior em mulheres (4M:1H) e idosos (5% aparece após os 60 anos); - 10% podem apresentar autonomia (e levar ao hipotireoidismo); - A grande maioria não ultrapassa 3 cm de tamanho. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: - Tireoidite focal; - Porção dominante de um BMN; - Agenesia de um lobo tireoidiano; - Hiperplasia remanescente pós-cirúrgico; - Hiperplasia de remanescentes pós-iodo 121; - Adenomas benignos – grande maioria. PREVALÊNCIA: - Maior ocorrência em áreas endêmicas; - EUA: prevalência de 4-7% na população adulta; - Incidências de nódulos = 0,1% ao ano; - Aproximadamente 10% dos adultos → nódulos palpáveis no Brasil; - Nódulos a US = prevalência entre 60% na população adulta → 1 ou mais nódulos; - Nódulos – PET-SCAN = 1-2% de ocorrência de incidentaloma de tireoide (quando avalia qualquer metástase de outro tipo de tumor e aponta presença de nódulos de tireóide). PROPENSÃO: - Idosos; - Iodo deficiência; - Mulheres; - HMP → radiação de cabeça e pescoço. IMPORTÂNCIA: - Excluir carcinoma de tireóide (5-10% dos casos); - Dependente da idade, sexo, exposição a radiação, dentre outros fatores. CLÍNICA: - Podem ser assintomáticos – achado incidental/incidentalomas; - Bócio; - Sintomas de disfunção (uso de drogas, amiodarona, lítio, furosemida, estrogênio, propranolol e glicocorticóide – interferem na fisiologia da glândula, acarretando em aumento de volume); - Compressão: disfagia, dispneia; - Compressão venosa, tontura e síncope; - Rouquidão. FATORES DE RISCO DE CÂNCER DE TIREÓIDE – HX CLÍNICA E EXAME FÍSICO: - Irradiação ou radiação ionizante na infância e adolescência; - Hx familiar de CDT; - Síndromes associadas ao carcinoma de tireóide NEM (neoplasia endócrina múltipla); - Hx prévia de CDT; - Sexo masculino; - Nódulo de crescimento rápido; - Rouquidão e disfagia de início recente; - Nódulo duro e aderido a estruturas adjacentes; - Linfadenopatia cervical com linfonodos suspeitos; - Paralisia de cordas vocais; - Presença de outras neoplasias. *** Entender a origem do paciente – deficiência de iodo. BMN e BUM – DIAGNÓSTICO: - TSH alterado, pede T4 livre e AAT (anticorpos antitireoidianos – ligação com doença autoimune de tireóide) → função; - Ecografia – melhor exame para avaliar morfologia; - PAAF (se necessário): característica de malignidade; - TAC/RMN – procura de metástase e avaliação de bócio intratorácico (mergulhante, muito grande); - RX tórax; - Cintilografia → reservar para casos com TSH suprimido – DX DIFERENCIAL DE HIPERGUNÇÃO; - A dosagem de tireoglobulina pode estar elevada em algumas doenças tireoidianas – inespecífico e de baixa sensibilidade para detecção de CA de tireóide → solicitado apenas para SEGUIMENTO de CA de tireóide; - Não se recomenda a dosagem de calcitonina em pacientes com nódulos de tireóide. US de tireóide – EXCELENTE método para detecção de nódulos tireoidianos → método de avaliação nodular e nunca de RASTREIO de nódulos tireoidianos. - Sensibilidade de aprox. 95%; - Tamanho do nódulo; - Composição; - Características; - Linfonodos suspeitos na região cervical; - Compressão ou invasão de estruturas adjacentes a tireóide; - Procedimentos diagnósticos (PAAF dirigida); - Procedimentos terapêuticos (aspiração de cisto, injeção de etanol, terapia com laser); - Monitoramento do crescimento do nódulo; - Avaliação da elasticidade do nódulo (elastografia). CRITÉRIOS ECOGRÁFICOS DE BENIGNIDADE: - Presença de halo hipoecogênico (escuro, nódulo mais clarinho dentro); - Microcistos; - Textura hiperecóica (textura “branca”, clarinha); - Macrocalcificações periféricas (MICROCALCIFICAÇÃO É DE MALIGNIDADE). CRITÉRIOS ECOGRÁFICOS DE MALIGNIDADE: - Ausência de halo; - Margens irregulares; - Textura hipoecoide (escuro – mais risco); - Microcalcificações (finais e puntiformes); - Sinais tardios (invasão local, nódulos regionais, linfonodos). SCREENING: O uso crescente de exames de imagem e procedimentos de biópsia + melhores acessos aos cuidados de saúde facilitou a detecção de CPTs pequenos e subclínicos. - O excesso de diagnóstico e o tratamento excessivo são consequências prováveis do rastreamento. MANEJO DO NÓDULO TIREOIDIANO: PROBABILIDADE DE MALIGNIDADE DO NÓDULO – TI-RADS: TR1 e TR2: NÃO faz punção. TR3: - Nódulo > ou = 2,5 cm: FAZ punção. TR4: nódulo > OU = 1,5 cm: FAZ punção. Dividido em: - 4A: nenhum dos aspectos altamente suspeitos (rosa) e moderadamente hipoecogênico → 2-10% de malignidade; - 4B: 1 sinal e sem adenopatias → 10-50% de malignidade; - 4C: 3 sinais ou + e sem adenopatias → 50-90% de malignidade. TR5: - Nódulo > ou = 1 cm→ faz punção; - 3 sinais ou mais + adenopatias → 90% de malignidade. ASPECTOS ALTAMENTE SUSPEITOS DE MALIGNIDADE: - Marcadamente hipoecogênico; - Microcalcificações; - Margem irregular ou microlobulada; - Diâmetro transversal maior que ântero-posterior (mais alto do que largo); - Elastografia positiva. PAAF – SISTEMA BETHESDA: - Classe I: amostra insatisfatória – RM 1-4% → conduta: repetir PAAF em 90 dias; - Classe II: nódulo benigno – RM 0-3% → conduta: repetir US a cada 1-2 anos, se suspeito, repetir 6-12m, se alteração de características (achados suspeitos, aumento 50% ou > 20% em 2 dimensões); - ClasseIII: atipia de significado indeterminado ou lesão folicular de significado indeterminado – RM 5-15% → conduta: avaliar fatores de risco e achados suspeitos (testes moleculares, repetir PAAF [a cada 90 dias], Cx, acompanhamento com vigilância ativa); - Classe IV: neoplasia folicular ou nódulo suspeito de neoplasia folicular – RM 15-30% → conduta: TT (tireoidectomia total) ou lobectomia, testes moleculares; - Classe V: lesão suspeita de malignidade – RM 60-75%; - Classe VI: nódulo maligno RM 97-99% → conduta: TT. TRATAMENTO BMN: Levotiroxina NÃO É RECOMENDADO → leva a risco CV e perda óssea em pacientes em uso. - Se hiperfunção: antitireoidianos; - Cirurgia: PRIMEIRA ESCOLHA (maioria dos casos) → tireoidectomia total (tireoidectomia subtotal leva ao risco de recorrência); - Radiiodoterapia: altas doses quando baixa captação; - I131 após TSH recombinante: para aumentar a captação – permite dose menor e mais efetiva (0,1 mg por dois dias e a captação de iodo aumenta em até 4x pela tireóide). TRATAMENTO BUN: Nódulo de tireóide → se TSH baixo⇒ fazer cintilografia de tireóide: - Nódulo não funcionante: fazer US e avaliar características e necessidade de punção – posterior CX; - Nódulo hiperfuncionante: uso de antitireoidianos e posterior terapia definitiva (cirurgia ou radiiodoterapia) ou 131 pós TSH-recombinante (aumento da captação de iodo, para posterior ablação). Outras possibilidade de tratamento: - LT4: não utilizar rotineiramente, pensar apenas em áreas iodo insuficientes (CI: nódulos autônomos, idosos, risco CV e ósseo); - Aspiração: se nódulo cístico; - Aspiração mais substâncias esclerosantes (etanol → provoca desidratação celular, desnaturação proteica e necrose de coagulação); - Ablação à laser; - Ablação por radiofrequência; - Ablação por eletrocoagulação. RESUMO: - Nódulos de tireóide são muito comuns; - Doença nodular de tireóide pode ser hiper, hipo ou normofuncionante; - O melhor exame para investigar um nódulo tireoidiano é a ecografia de tireóide; - NÃO realizar screening para nódulo; - Nem todo nódulo precisa ser puncionado. 09/11/2023 – Conferência: CA de Tireóide Mutação inicial de algum gene envolvido na regulação da proliferação e/ou diferenciação celular⇒ expansão clonal e diferenciação celular. A maioria tem origem EPITELIAL ou de células parafoliculares. CA endócrino mais comum. 80% dos pacientes têm 25-65 anos. 80-90% são DIFERENCIADOS. O prognóstico é MUITO variável. - Incidência vem aumentando nas últimas décadas; - Acomete mais o sexo feminino – 3M:1H; - Mortalidade 0,47M; - Maiores taxas em grupos etários mais avançados ou mais novos. FREQUÊNCIA: 75-85% → Carcinoma PAPILÍFERO; 10-20% → Carcinoma FOLICULAR. Pouco diferenciado: tem prognóstico RUIM. CARCINOMA PAPILÍFERO - Nódulo: firme, solitário e frio ao radioisótopo, sólido ao US/diferente do resto da glândula e sem cápsula; - Achado ocasional; - Raramente se torna anaplásico; - Histologia: padrão completo, VIDRO FOSCO (50% dos núcleos), CORPÚSCULOS PSAMOMATOSOS (PATOG!!!!!!!). CARCINOMA FOLICULAR - Difícil distinguir dos adenomas; - Mais agressivos que o papilífero; - Invasão de cápsula. TRATAMENTO - Vigilância ativa: seguimento com US; - Cirúrgico: lobectomia ou tireoidectomia (a depender do tamanho do nódulo e da citologia). Seguimento baixo risco: - Seguimento semestral: TSH, T4L; - Se tireoidectomia total: tireoglobulina e AC tireoglobulina; - Ecografia. Risco intermediário-alto: - TT total; - 30-40 dias após cirurgia ou TSH-recombinante: ablação com I131; - Pesquisa corpo interno (PCI) pós-ablação; - LT4 supressivo: TSH <0,1; - Seguimento com tireoglobulina, AATg, TSH e T4 livre a cada 6 meses. NEOPLASIA TIREOIDIANA FOLICULAR NÃO INVASIVA COM NÚCLEOS PAPILARES - Sem significado clínico importante; - TT subtotal. CARCINOMA MEDULAR - Avaliar tireóide e suprarrenal; - Screening genético: familiar – identificação proto-onco gen RET; - Sobrevida maior que 5 anos; - Seguimento: calcitonina; - Tratamento cirúrgico. CARCINOMA ANAPLÁSICO Idosos, muito agressivo, óbito 6-36 meses. LINFOMAS - Idosos e feminino; - Crescimento rápido.