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Universidade Tecnológica Federal do Paraná Cursos de engenharia civil e engenharia ambiental Projeto de Ensino: estudo dirigido em hidráulica 2020.2 Professor: Fernando O. de Andrade ESCOAMENTO LAMINAR EM CONDUTOS FORÇADOS A partir da equação de conservação de quantidade de movimento e da relação constitutiva de um fluido Newtoniano é possível obter analiticamente relações matemáticas entre variáveis de interesse no escoamento laminar: DISTRIBUIÇÃO DE VELOCIDADE NO ESCOAMENTO TURBULENTOCHAPTER 7: WALL FLOWS Turbulent Flows Stephen B. Pope Cambridge University Press, 2000 c⃝Stephen B. Pope 2000 0 10 20 30 40 50 60 70 80 0 5 10 15 y+ u+ Figure 7.6: Near-wall profiles of mean velocity: solid line, DNS data of Kim et al.: Re = 13, 750; dot-dashed line, u+ = y+; dashed line, the log law, Eqs. (7.43)–(7.44). 6 !" = $" !" = 1 & ln$ " + cte região logarítimica (y+>30) sub-camada laminar (y+<5) Aula 1: Escoamento turbulento em condutos forçados. Experiência de Nikuradse. Diagrama de Moody. ESCOAMENTO TURBULENTO EM CONDUTOS FORÇADOS ESCOAMENTO TURBULENTO EM CONDUTOS FORÇADOS Para escoamento de fluido incompressível, isotérmico e ideal (sem viscosidade), em regime permanente e ao longo de uma linha de corrente, a equação de conservação de massa (da continuidade) e de conservação de energia (eq. de Bernoulli) podem ser escritas como: EQUAÇÃO DE BERNOULLI COM PERDA DE CARGA z: energia potencial por unidade de peso (carga de elevação) p/rg: energia de pressão por unidade de peso (carga piezométrica) V2/2g: energia cinética por unidade de peso (carga cinética ou de velocidade) DH: perda de carga (transformação de energia mecânica em térmica) H: carga total no escoamento A unidade da equação escrita dessa forma é comprimento (m) CARGAS NO ESCOAMENTO EM CONDUTOS FORÇADOS PIEZÔMETRO E TUBO DE PITOT: LINHAS PIEZOMÉTRICA E DE ENERGIA DH Q=const. piezômetro LP = z + p/g tubo de Pitot LE = z + p/g + V2/2g PERDA DE CARGA CONTÍNUA Fórmula universal ou equação de Darcy-Weisbach: O fator de atrito para escoamento laminar é f=64/Re. Para escoamento turbulento não é possível deduzir uma expressão analiticamente. Por causa dessa limitação, Nikuradse realizou um estudo experimental em laboratório para a determinação do fator de atrito f em dutos circulares FATOR DE ATRITO E NÚMERO DE REYNOLDS O fator de atrito é a tensão de cisalhamento na parede adimensional: O número de Reynolds é definido como: Para escoamento em conduto de seção transversal circular: 2000 > Re Escoamento laminar 2000> Re > 4000 Escoamento em transição Re > 4000 Escoamento turbulento EXPERIÊNCIA DE NIKURADSE A experiência de Nikuradse consistiu na realização de diversos ensaios com tubos circulares lisos nos quais foram colados grãos de areia com o objetivo de produzir uma rugosidade da ordem de grandeza do diâmetro médio dos grãos. O fator de atrito foi medido como função da rugosidade relativa e do número de Reynolds, 𝑓 = 𝑓(𝜀/𝐷, 𝑅𝑒). Subcamada viscosa Subcamada viscosa Tubos Lisos d e Subcamada viscosa Tubos Rugosos d e DIAGRAMA DE MOODY DDiiaaggrraammaa ddee MMooooddyy DIAGRAMA DE MOODY Tubo hidraulicamente liso Tubo hidraulicamente semi-rugoso Tubo hidraulicamente rugoso RUGOSIDADE DE MATERIAIS TIPICAMENTE UTILIZADOS Material e (mm) Rugosidade absoluta equivalente Aço comercial novo 0,045 Aço laminado novo 0,04 a 0,10 Aço soldado novo 0,05 a 0,10 Aço soldado limpo, usado 0,15 a 0,20 Aço soldado moderadamente oxidado 0,4 Aço soldado revestido de cimento centrifugado 0,10 Material e (mm) Rugosidade absoluta equivalente Aço laminado revestido de asfalto 0,05 Aço rebitado novo 1 a 3 Aço rebitado em uso 6 Aço galvanizado, com costura 0,15 a 0,20 Aço galvanizado, sem costura 0,06 a 0,15 Ferro forjado 0,05 Material e (mm) Rugosidade absoluta equivalente Ferro fundido novo 0,25 a 0,50 Ferro fundido com leve oxidação 0,30 Ferro fundido velho 3 a 5 Ferro fundido centrifugado 0,05 Ferro fundido em uso com cimento centrifugado 0,10 Ferro fundido com revestimento asfáltico 0,12 a 0,20 Material e (mm) Rugosidade absoluta equivalente Ferro fundido oxidado 1 a 1,5 Cimento amianto novo 0,025 Concreto centrifugado novo 0,16 Concreto armado liso, vários anos de uso 0,20 a 0,30 Concreto com acabamento normal 1 a 3 Concreto protendido Freyssinet 0,04 Cobre, latão, aço revestido de epoxi, PVC, plásticos em geral, tubos extrudados 0,0015 a 0,010 PERDA DE CARGA CONTÍNUA Existem várias fórmulas empíricas de perda de carga contínua, as quais na maioria dos casos foram desenvolvidas para aplicações específicas (por exemplo, fórmula de Fair-Whipple-Hsiao, Levy-Vallot, Flamant, Lawford, Scobey, etc.) Iremos usar a fórmula empírica de Hazen-Williams: COEFICIENTE DE PERDA DE CARGA DE HAZEN-WILLIAMS Tabela 2.4 - livro Hidráulica Básica de Rodrigo de Melo Porto PERDA DE CARGA CONTÍNUA Formato geral de perda de carga contínua: Perda de carga unitária (por unidade de comprimento): Equação b n m Darcy-Weisbach 8𝑓/𝜋2𝑔 2 5 Hazen-Williams 10,646/𝐶1,852 1,852 4,87 EXEMPLO 1 Considere escoamento de água (r=1000 kg/m3 e µ=0,001 Pa.s) em regime permanente em uma tubulação retilínea de 200 m de comprimento feita de um determinado material com ½ pol. de diâmetro. Em uma seção 1, na cota 100 m, a altura de coluna de água no piezômetro é 3 m e numa seção 2 a jusante, na cota 100,5 m, a altura é de 2 m.c.a. Determine: (a) O sentido do escoamento (b) A vazão EXEMPLO 2 Água escoa em regime permanente em um conduto de seção transversal circular de 50 mm de diâmetro e rugosidade de 0,8 mm. A velocidade média no escoamento é de 3 m/s. Usando a fórmula de Darcy-Weisbach, determine a perda de carga contínua depois de 3 metros de trajeto. Adote massa específica da água r=1000 kg/m3 e viscosidade dinâmica µ=0,001 Pa.s. EXEMPLO 3 Pretende-se transportar 2,8 m3/s de água ao longo de 1500 m entre dois reservatórios de grandes dimensões abertos para a atmosfera, através de uma tubulação com f=0,015. O desnível entre a superfície da água nos dois reservatórios é 16 m. Determine o diâmetro do conduto que deve ser utilizado (despreze perdas localizadas). EXEMPLO 4 O reservatório de água A alimenta dois pontos distintos, B e C, com escoamento em regime permanente. Determine a vazão no trecho AB, sendo o fator de atrito f=0,016 para os dois trechos e a vazão retirada no ponto B igual a 50 l/s (despreze perdas de carga localizadas). EXEMPLO 5 Determine: (a) O valor de vazão de retirada no ponto B, (b) A carga de pressão no ponto B, sabendo que o reservatório R1 abastece o reservatório R2 e que as perdas de carga unitárias nos dois trechos da tubulação são iguais. Assuma condutos de aço revestido com cimento centrifugado (C=140). Despreze as perdas localizadas e as cargas de energia cinética.