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2018 Unidade 2 2. SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 2.1. Organização anatômica e funcional dos principais músculos da face: origem, inserção e função. 2.2. Características morfológicas dos músculos da face. 2.3. Vascularização e inervação dos músculos da face. 2018 Prezados alunos, Nesta segunda unidade de Anatomofisiologia vocês recordarão brevemente alguns conhecimentos vistos durante a graduação, em relação à organização anatômica e funcional dos principais músculos da face, bem como suas características morfológicas, vascularização e inervação. Os conteúdos vistos na Unidade 1 objetivaram recordar a estrutura do tegumento e de seus anexos, a fim de proporcionar aos alunos conhecimentos que auxiliarão na compreensão dos mecanismos que envolvem a barreira da pele e aspectos estruturais e imunológicos do tegumento, os quais estão diretamente envolvidos em todos os tratamentos estéticos abordados no decorrer do curso. Já os conteúdos abordados na Unidade 2 buscam relembrar fundamentos anatômicos dos músculos da face, pescoço e cabeça, os quais são essenciais para a compreensão futura de alguns procedimentos nos quais estes tecidos são alvos, como a aplicação de toxina botulínica, ativos intramusculares, estimulação muscular por equipamentos, entre outros. Em todas as unidades de Anatomofisiologia são passados artigos e links complementares úteis para ampliação dos conhecimentos e correlação com os procedimentos estéticos. Boa aula!!! 2 SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO 2.1 Organização anatômica e funcional dos principais músculos da face: origem, inserção e função Os músculos da face estão localizados logo abaixo do tegumento e constituem quase que uma camada única, sendo até mesmo difícil o preparo de uma peça anatômica para a individualização dos mesmos. A camada muscular facial é delgada e compreendem o grupo de músculos mais delicados do corpo. Não possuem fáscia muscular individual. Muitas vezes os feixes de fibras de um músculo são unidos aos de outro e nos locais de inserção é comum estarem entrelaçados. Inserem-se em sua maioria na pele, na mucosa ou ainda em fáscias musculares, e somente uma pequena parte no esqueleto. As fixações cutâneas dos músculos faciais são frouxas, sendo assim quando ocorrem traumas locais, a frouxidão da fáscia superficial possibilita um acúmulo de líquido e sangue no tecido conjuntivo frouxo, deixando o tecido roxo ou preto e produzindo um edema (aumento de volume). Esta inserção na pele causa ainda as chamadas rugas, disfunções de grande importância na área estética, pois quando estes músculos se movimentam tracionam a pele gerando as ,arcas de expressão e depois as rugas. Assim o conhecimento da localização, função, origem e inserção dos músculos é fundamental para a compreensão dos mecanismos envolvidos na formação e tratamentos estéticos para prevenir e tratar as rugas. Além disso, os músculos exercem funções cruciais para a sobrevivência que estão relacionadas com os processos fisiológicos de alimentação, mastigação, fonação e piscar de olhos. Os músculos da mímica facial são subdivididos em: - Músculos cutâneos da face: Prócero, Nasal (região nasal); Corrugador do supercílio; Orbicular do olho (região orbitária); Orbicular da boca (região da boca); Levantador do lábio superior e asa do nariz; Levantador do lábio superior; Zigomático menor; Zigomático maior; Levantador do ângulo da boca; Risório; Depressor do ângulo da boca; Depressor do lábio inferior; Mentoniano; Bucinador; Platisma (região peribucal). - Músculos cutâneos do crânio: Occipitofrontal e Auriculares. Alguns músculos cutâneos da face são conhecidos como Músculos Peribucais, pois se encontram próximos à boca e alteram o formato da boca e dos lábios. A grande maioria é considerada dilatadores e irradiam-se dos lábios, com exceção do músculo orbicular da boca que atua como um esfíncter. São eles: Orbicular da boca; Levantador do lábio superior e asa do nariz; Levantador do lábio superior; Zigomático menor; Zigomático maior; Levantador do ângulo da boca; Risório; Depressor do ângulo da boca; Depressor do lábio inferior; Mentoniano e Bucinador. Outros são chamados de Músculos Periorbitais, uma vez que se localizam próximos aos olhos e alteram o formato dos olhos. São eles: Prócero, Orbicular do olho e Corrugador do supercílio. Figura 1: Músculos da face (vista lateral). Fonte: Netter, 2001. Figura 2: Músculos da face (vista anterior). Fonte: Modificado de Netter, 2001. MÚSCULO ORBICULAR DA BOCA É o músculo que circunda a boca; Origem: pele e mucosa dos lábios, fóveas incisivas; Inserção: pele e mucosa dos lábios, septo nasal; Ação: fechar os lábios, comprimir os lábios contra os dentes, protruir os lábios; (assobiar, sugar e beijar), fonação. MÚSCULO LEVANTADOR DO LÁBIO SUPERIOR Origem: abaixo do rebordo infraorbitário; Inserção: pele do lábio superior; Ação: eleva e verte o lábio superior; aprofunda o sulco nasolabial; Expressão: desaprovação, insulto e riso. Nas pessoas que possuem sorriso gengival aplicamos toxina botulínica neste músculo para correção. Figura 4: Músculo levantador do lábio superior. Fonte: Modificado de Netter, 2003. Figura 3: Músculo Orbicular da boca. Fonte: Modificado de Netter, 2003. LEVANTADOR DO LÁBIO SUPERIOR E DA ASA DO NARIZ Origem: processo frontal do maxilar; Inserção: pele da asa do nariz e do lábio superior; Ação: elevar e verter o lábio superior e dilatar a asa do nariz; Expressão: desaprovação. Figura 5: Músculo levantador do lábio superior e asa do nariz. Fonte: Modificado de Netter, 2003. ZIGOMÁTICO MENOR Origem: osso zigomático; Inserção: pele da região orbicular superior; Ação: traciona o lábio superior súpero-lateralmente aprofundando o sulco nasolabial; Expressão: descontentamento. Figura 6: Músculo zigomático menor. Fonte: Modificado de Netter, 2003. ZIGOMÁTICO MAIOR Origem: osso zigomático; Inserção: no ângulo da boca; Ação: levanta o ângulo da boca para cima e lateralmente; Expressão: sorriso, alegria. Figura 7: Músculo zigomático maior. Fonte: Modificado de Netter, 2003. MÚSCULO LEVANTADOR DO ÂNGULO DA BOCA Origem: fossa canina (maxila); Inserção: pele do ângulo da boca; Ação: elevar o ângulo da boca; Expressão: riso. Figura 8: Músculo levantador do ângulo da boca. Fonte: Modificado Netter, 2003. MÚSCULO RISÓRIO Origem: pele e bochecha e fáscia massetérica; Inserção: pele do ângulo da boca; Ação: retração lateral do ângulo da boca; Expressão: sorriso. Figura 9: Músculo risório. Fonte: Modificado de Netter, 2003. BUCINADOR Origem: processos alveolares da região de molares (maxila e mandíbula) e no ligamento pterigomandibular; Inserção: pele do ângulo da boca; Ação: retrai o ângulo da boca, mantem a bochecha distendida durante abertura e fechamento da boca, auxilia na mastigação, age no sopro, assovio e a sucção. Expressão: sorriso, sopro, assobio e sucção. Figura 10: Músculo Bucinador. Fonte: Modificado de Netter, 2003. DEPRESSOR DO ÂNGULO DA BOCA Origem: região anterior da linha oblíqua (mandíbula); Inserção: ângulo da boca; Ação: puxar para baixo o ângulo da boca; quando muito forte origina o sorriso triste ou linha de marionete, a qual pode ser corrigido pela aplicação da toxina botulínica. Expressão: sofrimento, tristeza e choro. DEPRESSOR DO LÁBIO INFERIOR Origem: base da mandíbula; Inserção: pele do lábio inferior; Ação: abaixar o lábio inferior e puxar o lábio para baixo e para o lado; Expressão: impaciência. Figura 12: Músculo depressor do lábio inferior. Fonte: Modificado de Netter, 2003. Figura 11: Músculo depressor do ângulo da boca. Fonte: Modificado de Netter, 2003. MENTONIANO Origem: fossetas incisivas da mandíbula (mentual); Inserção: pele do mento; Ação: enruga e eleva a pele do mento e verte o lábio inferior; Expressão: dúvida e choro. Gera em algumas pessoas marcas de expressão no queixo, que podem ser corrigidas com a aplicaçãoda toxina botulínica. MÚSCULO ORBICULAR DO OLHO Origem: cutânea, ligamentos palpebrais; Inserção: pálpebras e pele da região periorbital; Ação: fechar os olhos e favorecer o escoamento das lágrimas evitando assim o ressecamento da córnea; possui ação de esfíncter sendo, portanto responsável pela formação dos “pés de galinha”, os quais podem ser tratados com a aplicação da toxina botulínica. Figura 14: Músculo orbicular do olho. Fonte: Modificado de Netter, 2003. Figura 13: Músculo Mentoniano. Fonte: Modificado de Netter, 2003. MÚSCULO PRÓCERO Origem: ossos nasais e cartilagem lateral do nariz; Inserção: pele da região da glabela; Ação: puxar a pele da região da glabela para baixo e contrair sempre quando há luz solar excessiva. Leva a formação de linhas transversais na região entre as sombracelhas (glabela), que podem ser corrigidas com a aplicação de toxina botulínica. MÚSCULO CORRUGADOR DO SUPERCÍLIO Origem: acima da porção medial do rebordo supraorbitário; Inserção: parte lateral da pele do supercílio; Ação: tracionar medialmente a pele do supercílio; produz rugas verticais na glabela; Expressões: reflexão e sofrimento. Leva a formação de linhas verticais na região entre as sombracelhas (glabela), que podem ser corrigidas com a aplicação de toxina botulínica. Figura 16: Músculo Corrugador do supercílio. Fonte: Modificado de Netter, 2003. Figura 15: Músculo Prócero. Fonte: Modificado de Netter, 2003. MÚSCULOS AURICULARES Geralmente são atrofiados; Divisão: anterior, superior e posterior; Ação: movimentação do pavilhão auricular; Origem: Anterior (na fáscia temporal e inserção na raiz da orelha externa); Superior (na gálea aponeurótica); Posterior (no processo mastóideo); Inserção: Anterior (na raiz da orelha externa); Superior (na raiz da orelha); Posterior (na raiz do pavilhão); MÚSCULO OCCIPITOFRONTAL Origem frontal: aponeurose epicrâniana; Inserção: pele do supercílio e raiz do nariz; Origem occipital: linha nucal superior e base do processo mastoide; Inserção: aponeurose epicrâniana; Ação: elevar a pele da região dos supercílios provocando sulcos horizontais; Expressões: surpresa e espanto. Leva a formação de linhas horizontais na testa, que podem ser corrigidas com a aplicação de toxina botulínica. Ventre Occipital Ventre frontal Figura 17: Músculo Occipitofrontal. Fonte: Modificado de Netter, 2003. Aponeurose Epicrânica MÚSCULO NASAL Origem: Processo alveolar da maxila e narina; Inserção: transversa (dorso do nariz) e alar (narinas); Ação: comprime o nariz e dilata as narinas. Leva a formação de linhas transversais no ápice e região lateral do nariz, que podem ser corrigidas com a aplicação de toxina botulínica. Figura 19: Músculo nasal. Fonte: Modificado de Netter, 2003. Posterior Anterior Ação: Anterior e Superior (movimentar do pavilhão da orelha para frente e para cima); Superior (movimentação da orelha para cima); Posterior (movimentar o pavilhão da orelha para trás). Transversa Alar Transversa Superior Figura 18: Músculos Auriculares superiores e inferiores. Fonte: Modificado de Netter, 2003. PLATISMA Origem: tela subcutânea do ombro e tórax; Inserção: mandíbula e músculos da boca; Ação: elevar e tracionar a pele do pescoço e do ombro. Leva a formação de linhas transversais no pescoço, que podem ser corrigidas com a aplicação de toxina botulínica. Figura 20: Músculo Platisma. Fonte: Modificado de Netter, 2003. Tratamento de rugas periorbitais por terapia de indução de colágeno Periorbital wrinkles treatment using collagen induction therapy Leitura Complementar Artigos (material em anexo): PALERMO, E. C. Anatomy of the periorbital region. Surg Cosmet Dermatol. v. 5, n.3, p. 245-56, 2013. CUNHA, M. G; PARAVIC, F. D; MACHADO, C. A. Histological changes of collagen types after different modalities of dermal remodeling treatment: a literature review. Surg Cosmet Dermatol. v. 7, n. 4, p.285-92, 2015. FEROLLA, A. C; TAMURA, B; CUCÉ, L. C. Rejuvenescimento com terapia fotodinâmica: melhora clínica e análise do colágeno e das fibras elásticas. Surg Cosmet Dermatol, v. 2, n. 1, p. 87-92, 2010. 2.2 Características morfológicas dos músculos da face Os músculos da face possuem conexões íntimas com a pele, se inserindo nela diretamente por meio de feixes isolados. Não possuem tendões como na musculatura esquelética em sim fibras, as quais são planas, finas e mal delimitadas. Grande parte destes músculos não tem aponeurose (membrana de tecido conjuntivo que envolve alguns grupos musculares) e são dependentes dos neurotransmissores liberados na junção neuromuscular. As características das fibras dos músculos faciais quanto à distribuição das placas motoras são: Áreas pequenas, numerosas, providas de placas motoras; Uma área de placas motoras predominante, associada a duas ou três outras espalhadas sem padrão de distribuição; Duas a quatro áreas de placas motoras distribuídas padronizadamente. Nos pequenos músculos do complexo orofacial, apenas oito a dez feixes de fibras participam de cada unidade motora, garantindo um mecanismo diferenciado que reponde pela precisão do movimento muscular. Todos os músculos faciais são inervados pelo nervo facial (NF), exceto o músculo levantador da pálpebra superior, inervado pelo nervo óculo-motor. Condições que afetam este nervo levam a enfermidades como distonias, espasmos hemo-faciais, espasticidades, blefaroespasmo e estrabismo. As alterações no Técnicas histoquímicas mostraram três grupos distintos de músculos da mímica facial, segundo a proporção de fibras: Músculos fásicos: apresentam pequena concentração de mioglobina, têm grande potência e velocidade de contração e entram em fadiga rapidamente. Têm 14 a 15% de fibras tipo I; Músculos intermediários: apresentam dois tipos de fibras musculares, fásicas e tônicas, com 28 a 37% de fibras tipo I; Músculos tônicos: são também chamados de vermelhos, devido ao grande teor de mioglobina. São resistentes à fadiga e contém de 41 a 67% de fibras tipo I. As fibras musculares tipo I, isoladamente, são encontradas em três grupos musculares: orbicular dos olhos (5%); zigomático, levantador dos lábios, levantador do ângulo labial, depressor do ângulo labial e platisma (27 a 38 %); Occipitofrontal e bucinador (53 a 77 %). Enquanto o músculo bucinador é composto de mais de 53% de fibras tipo I, no músculo orbicular oral tem-se 71% de fibras tipo II. As diferenças específicas quanto à composição das fibras de miosina entre os músculos orofaciais e os músculos esqueléticos de membros caracterizam a especialização funcional dos músculos humanos. A quantidade de mioglobina de alguns músculos faciais como o orbicular do olho faz com que escureça a região de pálpebras devido ao afinamento da derme próprio do processo de envelhecimento, uma vez que este músculo localiza-se abaixo da derme e passa a ser mais aparente resultando em um dos tipos de olheiras. 2.3 Vascularização e inervação dos músculos da face Os vasos sanguíneos da cabeça e do pescoço se originam do coração. Ao coração chegam vasos que fazem a drenagem que são as veias, e do coração saem vasos responsáveis pela irrigação, às artérias. Os vasos arteriais partem das artérias subclávias e carótida comum, e estas últimas da artéria principal, a aorta. Da artéria subclávia saem ramos ascendentes para irrigar estruturas na base do pescoço e ramos descendentes que penetram no tórax e que irrigam a região torácica e o abdominal. A artéria carótida comum tem trajeto ascendente para o pescoço e lateral da traquéia. Só passa a emitir ramos a partir da região da 4ª vertebra cervical dividindo-se em carótida interna e externa. A artéria carótida interna irriga a maior parte do hemisfério cerebral e a carótida externa é responsável por irrigar a maior parte da cabeça externamente, com exceção do encéfalo e da órbita. Possui ainda ramos que irrigam a parte superior do pescoço. Apósum trajeto curto no pescoço, a artéria facial, que é um ramo da carótida externa, passa em torno da borda inferior da mandíbula, da borda anterior do masseter, e prossegue em direção superior e para frente, sobre a face. Ela termina no ângulo medial do olho, anastomosando-se com ramos da artéria oftálmica. A artéria facial é muito tortuosa e toma parte em numerosas anastomoses, incluindo algumas através do plano mediano. A artéria facial irriga os lábios e o nariz externo através dos seguintes ramos: artéria labial inferior, artéria labial superior, ramo nasal lateral e artéria angular. As veias da cabeça, pescoço, tórax e abdome levam o sangue para o coração em sentido aferente e ajudam a formar a veia cava superior. As veias jugulares (interna e externa) drenam para as veias braquiocefálicas direita e esquerda e estas últimas para a veia cava superior, responsável por drenar o sangue da região do pescoço e cabeça. A jugular externa drena o sangue do pescoço, face e o couro cabeludo, passando anterior ao músculo esternocleidomastóideo. Ela desemboca na jugular interna ou subclávia e tem a veia jugular anterior como tributária. A veia jugular interna é responsável pela irrigação do encéfalo, pescoço e a face. Ela se junta a veia subcláviapara ajudar a formar a veia braquiocefálica e mais adiante a veia cava superior. Figura 21: Artérias e veias da região do pescoço. Fonte: Modificado de Netter, 2003. É de extrema importância o conhecimento do trajeto das veias e artérias faciais, uma vez que lidamos com procedimentos minimamente invasivos ou injetáveis como os preenchedores nesta região e que se for aplicado dentro de um vaso importante pode causar intercorrências sérias. Além disso, os pequenos vasos podem ser comprimidos por quantidades desses preenchedores levando a perda da irrigação de órgãos vitais. Preste muita atenção nos ramos das veias e artérias em regiões próximas aos olhos e nariz, principalmente: angular, supra-orbital, supratroclear e oftálmica, estes vasos são os mais perigosos e se localizam em regiões ditas “de perigo”., ou seja, regiões que não devemos colocar produtos que podem ocluir ou formar êmbolo. O trajeto das veias da face é retificado e inicia-se com a veia facial localizada atrás da artéria facial. A veia facial é considerada a principal veia responsável pela drenagem venosa da face. Começa no ângulo medial de um olho, como veia angular, pela união das veias supra-orbital e supratroclear. Recebe afluentes da oftálmica superior, palpebral e nasal externa. A veia facial comunica-se com a veia oftálmica superior e com o seio cavernoso, vai da região infraorbitária até próxima a comissura labial, onde nela desemboca as veias labiais superior e inferior. Figura 22: Artérias da região da face, cabeça e pescoço. Fonte: Modificado de Netter, 2003. Na bochecha, a veia facial recebe a veia facial profunda a partir do plexo pterigóideo e também recebe a afluência da veia submentoniana. Depois desce atrás da artéria facial e frequentemente termina, direta ou indiretamente, na veia jugular interna. Figura 23: Veias e artérias da região da face, cabeça e pescoço. Fonte: Modificado de Netter, 2003. Os nervos cranianos possuem nomenclatura específica, sendo numerados em algarismos romanos, de acordo com a sua origem no sentido rostrocaudal e podem ser classificados em motores, sensitivos e mistos com relação a seus componentes funcionais. Nervos motores movimentam o olho, a língua e assessoram os movimentos dos músculos latero-posteriores do pescoço. São eles: Nervo III ou Oculomotor; Nervo IV ou Troclear; Nervo VI ou Abducente; Nervo XI ou Acessório e Nervo XII ou Hipoglosso. Os nervos sensitivos inervam aos órgãos dos sentidos e são também chamados de sensoriais. São eles: Nervo I ou Olfatório; Nervo II ou óptico e Nervo VIII ou Vestibulococlear. Os nervos mistos são aqueles com funções motoras e sensitivas. São eles: Nervo V ou Trigêmeo; Nervo VII ou Facial; Nervo IX ou Glossofaríngeo e Nervo X ou Vago. Os nervos cranianos fazem conexão com o encéfalo através de fibras motoras ou eferentes que descendem de grupos de neurônios do encéfalo. Estão ligados com o córtex cerebral através de fibras corticonucleares vindas dos neurônios das áreas motoras do córtex e que descem até o tronco do encefálico. Já as fibras dos nervos cranianos sensitivos ou aferentes originam-se dos neurônios situados fora do encéfalo os quais se encontram agrupados para formar gânglios ou em órgãos periféricos dos sentidos. Dez dos doze pares de nervos cranianos apresentam núcleos de origem em colunas verticais no tronco do encefálico e corresponde a substância cinzenta da medula espinhal. Os nervos cutâneos do pescoço cobrem os da face. Os ramos cutâneos dos nervoscervicais estendem-se sobre a orelha, a região posterior do pescoço e grande área da região parotídea da face. O nervo trigêmeo (5º par de nervos craniano) é o nervo sensitivo da face e é o nervo motor para os músculos da mastigação e diversos pequenos músculos. Os processos periféricos do gânglio trigeminal constituem o nervo oftálmico, o nervo maxilar e o nervo mandibular. Os nervos motores da face são o nervo facial, para os movimentos da expressão facial, e a raiz motora do nervo mandibular para os músculos da mastigação. O nervo trigêmeo é um nervo misto, sendo o componente sensitivo consideravelmente maior que o motor. A raiz sensitiva é formada pelos prolongamentos centrais dos neurônios sensitivos, situados no gânglio trigeminal. Os prolongamentos periféricos dos neurônios sensitivos do gânglio trigeminal formam distalmente ao gânglio os três ramos ou divisões do trigêmeo: a divisão oftálmica (V1), divisão maxilar (V2) e a divisão mandibular (V3). A divisão oftálmica (V1) penetra na órbita pela fissura orbital superior e recebe inervações aferentes sensoriais da região frontal e parte da região nasal e também responde ao reflexo córneo palpebral. A divisão maxilar (V2) deixa a fossa média pelo forame redondo, cruza a fossa pterigopalatina e entra na órbita pela fissura orbital inferior, essa divisão recebe aferências nervosas da região maxilar. A divisão mandibular (V3) sai da fossa média via forame oval e inerva a região homônima. Este ramo ainda subdivide-se em ramo lingual que caminha entre os músculos pterigóideo medial e lateral para inervar os 2/3 anteriores da língua, a parte lingual da gengiva inferior e mucosa do assoalho bucal, e ramo alveolar inferior responsável pelo restante. O nervo facial possui raízes motoras e sensitivas. A raiz motora supre os músculos da expressão facial, incluindo o músculo superficial do pescoço, músculos auriculares, músculos do escalpo e diversos outros músculos derivados do mesênquima situado no segundo arco faríngeo. À medida que o nervo facial corre anteriormente, dentro da substância da glândula parótida, ele se divide em cinco ramos terminais; ramo temporal, ramo zigomático, ramo bucal, ramo marginal da mandíbula e ramo do pescoço. Todos os músculos faciais são inervados pelo nervo facial, exceto o músculo levantador da pálpebra superior, inervado pelo nervo óculo-motor. Figura 24: Nervos cutâneos da região da face, cabeça e pescoço. Fonte: Modificado de Netter, 2003. Curiosidade Clínica: Anestesia facial Os procedimentos cirúrgicos e cosmiátricos, como laser para depilação, remoção de tatuagem e rejuvenescimento, eletrocoagulação, crioterapia, preenchimentos injetáveis, aplicação de toxina botulínica, escleroterapia, "peelings" químicos, entre outros, requerem muitas vezes o uso de anestésicos locais ou injetáveis para o conforto do paciente. Normalmente, o agente anestésico de escolha é a lidocaína injetável. Embora seja muito eficaz na produção de anestesia local total, a injeção causa dor. Há vários anestésicos tópicos disponíveis que podem aliviar o desconforto causado por esses procedimentos, sem a necessidade de injeções. Os anestésicos tópicos impedem a transmissão dos impulsos nervosos,promovendo analgesia cutânea pela atuação nas terminações nervosas livres dérmicas. Atuam bloqueando a condução do impulso nervoso pela inibição do influxo de sódio, o limiar para a excitação do nervo aumenta até que ocorra a perda da capacidade de gerar um potencial de ação. O anestésico tópico ideal é aquele que promove anestesia total em curto período de tempo, atua na pele íntegra sem causar efeitos adversos sistêmicos e não causa dor ou desconforto. A busca de agente com essas características persiste, pois há dificuldade em encontrar um anestésico que consiga fazer a difusão e distribuição adequadas através da pele. A camada córnea é a principal barreira para a distribuição do anestésico tópico. Há na pele dois modos de absorção, cutâneo e percutâneo. A absorção cutânea é dada pela penetração do anestésico entre as várias camadas, enquanto que a percutânea é a passagem através da pele e para o interior dos vasos. O anestésico local ideal deve penetrar eficazmente na camada córnea e atuar nas terminações nervosas sem difundir- se para a circulação sanguínea. As vias para o transporte das moléculas através da pele são: a epiderme, intracelular ou intercelularmente; anexos da pele (côndulas sudoríparas, folículos pilosos e glândulas sebáceas) e espaços microscópicos na camada córnea. Em pacientesque possuem locais sem número adequado de anexos cutâneos e sem espaços microscópicos, a via de entrada de substâncias se restringe à epiderme. Embora nem todo profissional da Pós-graduação em Estética possa fazer a anestesia por bloqueio de nervos com injeção, pois depende do que foi estabelecido pelo Conselho que rege cada classe de profissional, segue um exemplo de ponto anestésicos praticado no procedimento de preenchimento dos sulcos orbital inferior e naso- jugal com ácido hialurônico de baixa concentração. Figura 25: Pontos anestésicos em procedimento de preenchimento dos sulcos orbital inferior e naso- jugal com ácido hialurônico de baixa concentração. Fonte: Modificado de Coimbra, 2010. 1. AGUERO ORGAZ, D; CUBERO SOBRADOS, M.C.; MARTIN GORDO, O. Eritema nodoso, a propósito de um caso. Rev Pediatr Aten Primaria, v. 11, n. 43, 2009. 2. AIRES, M. M. Fisiologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. 3. COIMBRA, D. D. Filling of the orbital inferior area and nasojugal groove with low concentration hyaluronic acid: a new application technique. Surg Cosmet Dermatol. v. 2, n.1, p. 67-70, 2010. 4. CUNHA, M. G; PARAVIC, F. D; MACHADO, C. A. Histological changes of collagen types after different modalities of dermal remodeling treatment: a literature review. Surg Cosmet Dermatol. v. 7, n. 4, p.285-92, 2015. 5. FEROLLA, A. C; TAMURA, B; CUCÉ, L. C. Rejuvenescimento com terapia fotodinâmica: melhora clínica e análise do colágeno e das fibras elásticas. Surg Cosmet Dermatol, v. 2, n. 1, p. 87-92, 2010. 6. FRIEDMAN, P. M; FOGELMAN, J. P; NOURI, K; LEVINE, V. J; ASHINOFF, R. Comparative study of the Kundu S, Achar S. Principles of office anesthesia: part II. 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Corpo humano: fundamentos de anatomia e fisiologia. São Paulo: Artmed, 2007. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Número do slide 1 Número do slide 2 Unidade 2 Número do slide 4 Número do slide 5 Número do slide 6 Número do slide 7 Número do slide 8 Número do slide 9 Número do slide 10 Número do slide 11 Número do slide 12 Número do slide 13 Número do slide 14 Número do slide 15 Número do slide 16 Número do slide 17 Número do slide 18 Número do slide 19 Número do slide 20 Número do slide 21 Número do slide 22 Número do slide 23 Número do slide 24 Número do slide 25 Número do slide 26 Número do slide 27 Número do slide 28 Número do slide 29