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Título da disciplinaDireitos do Consumidor Conciliação e repactuação compulsória Ao final deste módulo, você será capaz de analisar a conciliação e a repactuação compulsória. 3 Prevenção e tratamento do superendividamento • O principal mecanismo de tratamento do superendividamento é a conciliação em bloco das dívidas de consumo a que se refere o art. 54-A do CDC. • Com efeito, a conciliação é a fase inicial e obrigatória do processo de repactuação, em coerência com a tendência do processo contemporâneo, que valoriza a autocomposição na solução de conflitos. • A conciliação, vale repisar, é fase indispensável do processo de repactuação, o que não significa que terá êxito necessariamente. Conciliação Na recuperação judicial, o pedido deverá conter informações necessárias à verificação, pelo juízo, do preenchimento dos requisitos legais do superendividamento, tais como: • Informações do consumidor, com indicação do valor disponível para pagamento das dívidas. • Os motivos do superendividamento (desemprego, redução de renda, divórcio, doença etc.) • Valores dos gastos mensais com a sua subsistência (a fim de que que o juízo identifique o mínimo existencial relativo àquele consumidor específico). • Informações sobre os credores (lista nominal dos credores, valor de cada crédito, forma de pagamento e encargos) (LIMA; VIAL, 2021). Plano judicial compulsório Conciliação administrativa Atenção! No intuito de facilitar a composição de interesses entre o consumidor e seus credores, a Lei nº 14.181/2021 prevê a atuação dos órgãos públicos que compõem o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC), tanto na conciliação como na prevenção ao superendividamento. Ônus da prova no Código de Defesa do Consumidor Ao final deste módulo, você será capaz de analisar os conceitos, as características e as regras da inversão do ônus da prova nas ações de consumo. 1 Defesa do consumidor em juízo • A Lei 8.078/1990 (Código de Defesa do Consumidor) criou uma série de direitos básicos do consumidor em seu artigo 6º, considerando o reconhecimento de sua vulnerabilidade no mercado de consumo (art. 4º, I). • Entre esses direitos básicos, estabeleceu o Código de Defesa do Consumidor, no inciso VIII do artigo 6º, “a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências”. • No entanto, para entender mais sobre o instituto da inversão do ônus da prova, torna-se imprescindível conhecer melhor o próprio instituto do ônus da prova. Aspectos gerais do ônus da prova no CDC Ônus da prova subjetivo e ônus da prova objetivo Aspectos gerais do ônus da prova no CDC • O ônus subjetivo da prova está relacionado a saber quem será o responsável pela produção da prova de acordo com a previsão legal, isto é, sobre quem recairá o ônus de comprovar determinado fato. • o ônus subjetivo da prova compete ao autor, quanto aos fatos constitutivos de seu direito, e, ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Regras de distribuição do ônus da prova • No artigo 373 do Código de Processo Civil (CPC) estabelece um padrão a respeito das regras sobre o ônus subjetivo da prova, competindo ao autor fazer prova quanto aos fatos constitutivos de seu direito e ao réu, comprovar a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Trata-se da regra ou da teoria estática da distribuição do ônus da prova. • Ocorre que, algumas vezes, o autor, por exemplo, poderia se deparar com situações em que a produção da prova fosse extremamente difícil ou mesmo impossível. Isso acabaria prejudicando o seu direito, já que ele não conseguiria comprovar a existência do fato constitutivo nos termos do artigo 373, I, do CPC, sendo que, nessa mesma situação, o réu poderia se desincumbir desse encargo com facilidade. Existem três espécies de inversão do ônus da prova: • Inversão convencional • Inversão legal • Inversão judicial Inversão do ônus da prova • Uma questão extremamente relevante refere-se ao momento adequado para a inversão do ônus da prova. Para uma parcela da doutrina, o momento adequado para que o juiz o inverta é na própria sentença, já que, sendo o ônus da prova uma regra de julgamento, não faria sentido fazer essa inversão em momento anterior. • Se o juiz inverter o ônus da prova no momento da sentença, acabará ferindo o princípio do contraditório e da ampla defesa, pois pegará de surpresa a parte contra a qual foi invertido esse ônus, a qual não poderá se desincumbir do respectivo encargo. • O CPC estipula uma regra a respeito do ônus da prova, uma eventual modificação dela, atribuindo o encargo a uma parte distinta da originalmente prevista na lei, deverá ser acompanhada do direito de a parte se desincumbir desse novo encargo, sob pena de cerceamento de defesa. • Outra parcela significativa da doutrina defende que a decisão de inversão do ônus da prova deve ocorrer no momento de saneamento do processo, permitindo, em tempo, que a parte contra a qual ele foi invertido se desincumba do novo encargo. Momento da inversão do ônus da prova Ações coletivas de consumo Ao final deste módulo, você será capaz de identificar as características das ações coletivas de consumo. 2 Defesa do consumidor em juízo Artigo 90 Código de Defesa do Consumidor Art. 90. Aplicam-se às ações previstas neste título as normas do Código de Processo Civil e da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985, inclusive no que respeita ao inquérito civil, naquilo que não contrariar suas disposições. Artigo 21 Lei de Ação Civil Pública Art. 21. Aplicam-se à defesa dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais, no que for cabível, os dispositivos do Título III da lei que instituiu o Código de Defesa do Consumidor. Microssistema de proteção de direitos coletivos de consumo A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: I - Interesses ou direitos difusos II - Interesses ou direitos coletivos III - Interesses ou direitos individuais homogêneos Direitos protegidos coletivamente O artigo 82 do CDC trata da legitimidade para a propositura das ações coletivas dos consumidores: São legitimados concorrentes: I - o Ministério Público, II - a União, os estados, os municípios e o Distrito Federal. III - as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, ainda que sem personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos protegidos por este código. IV - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este código, dispensada a autorização assemblear. Legitimidade Sobre o conceito de necessitado “O Superior Tribunal de Justiça, ao interpretar os requisitos legais para a atuação coletiva da Defensoria Pública, adota exegese ampliativa da condição jurídica de ‘necessitado’, de modo a possibilitar sua atuação em relação aos necessitados jurídicos em geral, não apenas aos hipossuficientes sob o aspecto econômico” (AgInt nos EDcl no REsp n. 1.529.933/CE, relator Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 20/5/2019, DJe de 22/5/2019.). Sobre a legitimidade do Ministério Público Cumpre lembrar que, segundo o artigo 129, III, da Constituição, incumbe ao Ministério Público promover o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos. Legitimidade Competência Procedimento das ações coletivas Atenção! Caso o dano seja de nível regional (mais de uma comarca), será competente o foro da capital do estado. Se ele for de âmbito nacional, “a competência será concorrente da capital do estado ou do Distrito Federal, a critériodo autor” (AgInt no AREsp n. 944.829/DF, relator Ministro Gurgel de Faria, Primeira Turma, julgado em 14/5/2019, DJe de 12/6/2019). Publicação de editais • Dispõe o artigo 94 do CDC que, “proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim de que os interessados possam intervir no processo como litisconsortes, sem prejuízo de ampla divulgação pelos meios de comunicação social por parte dos órgãos de defesa do consumidor”. • Trata-se de mecanismo que visa a permitir a intervenção dos interessados individuais como litisconsortes facultativos unitários, uma vez que a sentença decidirá a questão de maneira uniforme para todos os litisconsortes. • Nesse caso, se estiver em discussão um direito individual homogêneo, a sentença vinculará esse interessado que interveio no processo, seja em caso de procedência, seja em caso de improcedência, conforme dispõe o §3º do artigo 103 do CDC. Procedimento das ações coletivas • Fase decisória • Fase executória Aspectos do processo coletivo Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada: I - erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento valendo-se de nova prova, na hipótese do inciso I do parágrafo único do art. 81; II - ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo improcedência por insuficiência de provas, nos termos do inciso anterior, quando se tratar da hipótese prevista no inciso II do parágrafo único do art. 81; III - erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar todas as vítimas e seus sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo único do art. 81. Coisa julgada Bibliografia • BESSA, Leonardo Roscoe. Código de defesa do consumidor comentado. Rio de Janeiro: F orense, 2020. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788530992132/. • TARTUCE, Flávio. Manual de Direito do Consumidor - Direito Material e Processual. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2020. Vol. Único. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788530989712 • THEODORO JUNIOR, Humberto. Direitos do consumidor. 10. Rio de Janeiro: Forense, 202 1. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788530992941/.