Prévia do material em texto
Para entendermos o que é intertextualidade, partimos da definição de Koch, (2000 p. 46) de que “a intertextualidade diz respeito aos modos como a produção e recepção de um texto dependem do conhecimento que se tenha de outros textos com os quais ele, de alguma forma, se relaciona”. ORIGENS DO CONCEITO A crítica literária Kristeva, com base no postulado de dialogismo de Bakhtin, em um trabalho publicado na década de 60, introduz o conceito de intertextualidade definindo-o a partir da ideia de que todo texto se constrói como um "mosaico de citações". Dita definição acarreta a consideração de que a intertextualidade é um fenômeno que se encontra na base do próprio texto literário, imbricada com a inserção deste num múltiplo conjunto de práticas sociais relevantes. Outro crítico literário, Barthes, nos anos 70, levou as implicações da intertextualidade para ainda mais além do que a dissolução da autoria proposta por Kristeva, chegando à desestabilização do próprio texto, uma vez que o texto apoia-se na evocação de tantos outros textos. Riffaterre, nos anos 80, procurou estabelecer uma base para o sentido e para a interpretação textuais no ambiente linguístico, ou intertextos, dentro do qual o texto é lido, ou seja, para o autor, você só consegue construir sentido de um texto com base em seu conhecimento enciclopédico adquirido por meio de outros textos. Os três críticos literários, anteriormente mencionados, levantaram questões amplas e anti-históricas acerca do status do autor e da originalidade da interpretação. A base do conceito de intertextualidade está na Literatura, como pudemos observar nos trabalhos mencionados de Kristeva, Barthes e Riffaterre, por exemplo. Somente nos anos 90, os estudiosos da Linguística de Texto começaram a dedicar-se a esse fenômeno, uma vez que se verificou que a sua ocorrência extrapola em muito a literatura, estando presente em todo e qualquer contexto comunicativo. Nos tópicos seguintes, discutiremos algumas formas mais representativas de relação intertextual estudadas no âmbito da Literatura e da Linguística de Texto, relativas à intertextualidade stricto sensu, que está dividida em relações por copresença e por derivação. Organizamos nos tópicos 2, 3 e 4 a classificação proposta por nós com base nas tipologias de Genette (1982), Piégay-Gros (1996), Bazerman (2006) e Koch et al (2007). Representamos as categorias de relação intertextual que serão abordadas nesta aula a partir dos esquemas a seguir: Tópico 02 e 03 33