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A pesquisadora gaúcha propõe que a escola exerce três tipos de vigilância: “repressora, 
disciplinadora e tecnológica” (Itálico no original). Embora, para formular tais conceitos, ela tenha se 
inspirado nas escolas que pesquisou, a autora declara que essa reflexão precisa ser ampliada para o 
cenário social mais amplo, considerando que “outros locais públicos e privados de convivência social” têm 
sido contemplados com medidas que visam ao controle (ROCHA, 2000, p. 145-146).
No início da escolarização de massa, dadas as peculiaridades das primeiras escolas – ligadas 
ao clero, com rígidas regras e hierarquias a serem seguidas –, mas também o perfil do aluno a 
que se destinavam – poucos e nobres homens que deveriam aprender como melhor governar 
outros homens e que, portanto, deveriam saber exercer o controle de si e dos outros para obter 
de todos o máximo proveito possível (sem discórdias nem insatisfações) – tínhamos um tipo 
de vigilância repressora: coativa, coercitiva, que usava a força física para impedir, impor limites, 
regrar, regular, normalizar. (ROCHA, 2000a, p. 145) (Itálico no original).
O crescimento e a diversidade da clientela, a ampliação das instâncias responsáveis pela Educação e 
as novas organizações socioeconômicas e culturais contribuíram para a mudança no padrão de vigilância 
exercido, que passou a ser menos direta: “disciplinadora (que disciplina por ‘convencimento’, explicando, 
argumentando, assujeitando o outro através do saber socialmente aceito, pois ir à escola dizem ser um 
bem universal a que todos têm direito)”. (ROCHA, 2000, p. 145) (Itálico no original).
Recentemente, temos “a vigilância tecnológica (que disciplina por ‘impedimento’, que impede sem 
violentar, através de meios invisíveis, de alta tecnologia, ampla cobertura, grande velocidade e acumulação 
de informações)”. (ROCHA, 2000, p. 145) (Itálico no original).
A vigilância, seja ela qual for, transforma a perspectiva que o Homem tem do espaço, pois seu acesso 
e uso são limitados, controlados, com a formatação de quadrículos físicos ou imaginários. A escola, 
também, tem seu espaço transformado, porque:
(...) quanto mais organizado, distribuído, delimitado, previsto, quanto 
melhor determinadas suas ocupações e funções, menor será o exercício do 
controle externo, arbitrário, totalitário, único e unilateral. (ROCHA, 2000, p. 146).
Por isso, ela assevera que a tipologia do espaço escolar reflete uma forma de exercício de vigilância:
As escolas que necessitam de controles mais ostensivos constroem determinados espaços 
físicos (fechados, fortemente hierárquicos, complexos, delimitados). As escolas que ensinam 
seus alunos a ocuparem os espaços que lhes são permitidos, que lhes ensinam a tomar as 
melhores decisões, a viver com sabedoria, justiça, paz, fraternidade, igualdade, democracia (e 
todos os demais valores universais tão constantemente inculcados nesta e por esta sociedade) 
geralmente constroem espaços físicos onde os próprios alunos sabem o quê e quando fazer. 
As escolas que exercem o controle de forma anônima (identificável ou não), constroem seus 
espaços prevendo este tipo de vigilância, dispondo instrumentos tecnológicos em locais 
estratégicos, dispondo móveis, utensílios, paredes, muros e cercas de outras maneiras. 
(ROCHA, 2000, p. 146).
Conforme vimos durante esta aula, a crise educacional é complexa e requer que o professor esteja 
atento a inúmeros aspectos, embora, em sua grande maioria, ele pouco possa fazer. 
Refletir coletivamente sobre a realidade é uma contribuição importante 
que os profissionais da Educação devem empreender com afinco, 
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