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Literatura Brasileira IV Aula 01: A Poesia da Inquietação Tópico 02: Qual é a Verdade da Poesia? A poesia da década de 40 do século XX deixa transparecer uma certa descrença nos projetos modernistas de transformação da poesia e da sociedade, uma em diálogo com a outra, projetos esses em geral presididos pela noção de identidade nacional. Alguns críticos literários demonstram, por sua vez, descrença em relação aos descrentes, isto é, reivindicam a volta de uma poesia que "diz", que "afirma", que contém "verdades" que possam ser verificadas no âmbito da sociedade. Em 1950, o crítico Antonio Candido escreveu o texto "Literatura e cultura de 1900 A 1945 (panorama para estrangeiros)". Transcrevemos abaixo o trecho em que o autor fala da poesia "dos últimos anos", tomando-se como referência o ano de 1950. ANTONIO CANDIDO Fonte [2] O decênio de 1930 nos aparece agora como um momento de equilíbrio entre a pesquisa local e as aspirações cosmopolitas, já novamente dissociadas em nossos dias de sectarismo estreito acotovelando-se com o formalismo. A queda do movimento editorial, a voga avassaladora da rádio- novela e do rádio-teatro, do cinema e dos strips; o conflito entre a inteligência participante e a inteligência contemplativa, que se vão tornando, uma e outra, cada vez mais estritas e inconciliáveis; a própria mobilidade da opinião culta, sempre fascinada pela Europa e agora também pelos Estados Unidos: — eis alguns traços que ajudam a compreender as contradições literárias dos nossos dias e o afastamento em relação ao período precedente. Vivemos uma fase crítica, demasiado refinada nuns, demasiado grosseira noutros; em todo o caso, pouco criadora, embora muito engenhosa. Em poesia, as melhores vozes ainda nos vêm de antes, como a de Henriqueta Lisboa (Flor da morte, 1949) ou Vinícius de Moraes (Poemas, sonetos e baladas, 1946), para não citar Murilo Mendes e Carlos Drummond de Andrade, cujos primeiros livros são de 1930, ou Manuel Bandeira, pré-modernista e modernista da primeira hora. No romance, é significativo o êxito de um veterano, José Geraldo Vieira, cuja obra é revalorizada depois da publicação, em 1943, de A quadragésima porta. Obra de cunho cosmopolita, às voltas com problemas intemporais do destino 4