Prévia do material em texto
Literatura Portuguesa IV Aula 04: O Existencialismo Tópico 04: Lobo Antunes Fonte [4] António Lobo Antunes (1942) tem marcado a literatura contemporânea de Portugal com uma prosa de profundo teor psicológico e alto experimentalismo de linguagem. O fato de ter formação médica na especialidade de Psiquiatria e também de ter servido como médico militar nos últimos anos da guerra colonial certamente lhe deram uma experiência humana que lhe veio enriquecer as referências de seus romances, sobretudo os primeiros. Desde seu romance de estreia, Memória de elefante (1979), conheceu os aplausos da crítica, que o tem acompanhado com entusiasmo ao longo de uma produção de mais de dez romances. Lobo Antunes tem produzido uma ficção em que a metalinguagem é aberta. Tirando a ênfase na narrativa, que aparece fragmentada, ele prioriza a construção da história quase como um tema em si. Nesse sentido, chega a haver diálogo entre o narrador e as personagens, que devem decidir o sentido da própria experiência ficcional. Cid Ottoni Bylaardt, estudioso do autor, divide a obra de Lobo Antunes em três momentos. Primeiro momento No primeiro, vêm os sete primeiros romances, ainda caracterizados por uma estruturação relativamente tradicional em relação à disposição da narrativa e a construção das personagens. Segundo momento Num segundo momento, em que aparecem títulos como Tratado das paixões da alma, A ordem natural das coisas, a narrativa vai perdendo importância, mesclando-se as vozes narrativas. Terceiro momento Num terceiro momento, no qual se inclui Não entres tão depressa nesta noite escura e as obras mais recentes, a desnarrativização se acentua. Eis um trecho de Ontem não te vi em Babilónia (2006), com que se exemplifica a fase de maior amadurecimento de Lobo Antunes. O "António" que aparece no texto é o próprio autor. TRECHO DE ONTEM NÃO TE VI EM BABILÓNIA 46