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CASOS CLINICOS EM NEUROLOGIA-414

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414 TOY, SIMPSON & TINTNER
Embora nesse caso o paciente tenha voltado ao seu estado basal normal, a idade 
do paciente, o quadro clínico e a história familiar de episódios similares em seu pai 
são altamente sugestivos de ERB (ver também Caso 44).
ABORDAGEM ÀS
Crises rolândicas benignas
Quanto a uma classificação inicial, as crises são generalizadas se envolverem am-
bos os hemisférios cerebrais no início. Crises parciais, também conhecidas como 
focais ou relacionadas à localização, começam em uma parte de um dos hemisfé-
rios. Crises parciais podem, ainda, ser classificadas como aquelas que não com-
prometem a consciência – crises parciais simples – e aquelas que comprometem a 
consciência – crises parciais complexas. É comum que as crises parciais se dissemi-
nem e envolvam uma região cortical maior, à medida que a crise progride. Quando 
essa atividade anormal se dissemina para o hemisférico contralateral, fala-se em 
uma generalização secundária. Isso parece acontecer no caso em análise, porque 
inicialmente a criança apresentou manifestações focais (parou de falar e apresen-
tou clônus hemifacial à direita), seguidas de atividade motora generalizada (crise 
tônico-clônica generalizada).
Por definição, a crise parcial é a manifestação de uma anomalia fisiológica fo-
cal no córtex. Frequentemente isso está associado à uma anormalidade anatômica 
observada em uma ressonância magnética (RM). Exemplos de causas comuns desse 
tipo de lesão são traumatismos, acidentes vasculares encefálicos, infecção, tumor ou 
malformação congênita do desenvolvimento cortical. Quando um substrato anatô-
mico é encontrado em associação com a região de início da crise (foco epiléptico), 
o distúrbio é classificado como sintomático. Como alternativa, um foco epiléptico 
pode existir sem qualquer achado evidente nos exames de neuroimagem. Nesse caso, 
o distúrbio será considerado criptogênico (indicando que a causa permanece obscura). 
A terceira categoria das epilepsias é a idiopática, que se refere a condições nas quais 
existe uma etiologia genética conhecida ou suspeita. A epilepsia focal mais comum 
na infância, ERB, é um exemplo de epilepsia idiopática relacionada à localização, 
embora seu modo de hereditariedade permaneça obscuro.
As manifestações comportamentais ou a semiologia das crises focais refletem 
a função normal da região cerebral a partir da qual as crises são originadas. Por 
exemplo, um foco no lobo occipital pode produzir manifestações visuais, enquan-
to um foco no córtex motor primário pode gerar atividade tônica e/ou atividade 
clônica contralateral. Nesse paciente, a incapacidade de falar e o clônus hemifacial 
à direita sugerem um foco epiléptico próximo da região facial da faixa motora es-
querda, bem como de regiões próximas, responsáveis pela expressão da linguagem. 
Isso é consistente com uma localização perirrolândica, envolvendo a região lateral 
do hemisfério cerebral esquerdo, próximo ao sulco central (antes designado como 
fissura rolândica). As informações sobre a apresentação da crise estão combinadas 
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