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76 Torriani, Santos, Echer, Barros & cols. Podemos dividir em quatro grupos os fatores relacionados à adesão ao tra- tamento: 1. Fatores relacionados ao indivíduo: a decisão de usar ou não os medica- mentos faz parte de um complexo comportamento humano. Raça, sexo e fatores socioeconômicos não parecem estar associados à adesão, mas outros fatores sim, como: presença de distúrbios psicológicos, depressão, distúrbios cognitivos, tratamento de doenças assintomáticas e crença nos benefícios do tratamento. Razões como esquecimento, fatores emocionais, outras prioridades, falta de informação e, até mesmo, falta de uma razão específica são apontadas pelos próprios pacientes como justificativas para a baixa adesão. 2. Fatores relacionados ao profissional de saúde: muitas vezes, a capa- cidade dos profissionais de saúde em reconhecer a baixa adesão ao tratamento é limitada, assim como a utilização de estratégias para a promoção da adesão. 3. Fatores relacionados ao sistema de saúde: embora a cobertura de atenção básica tenha sido expandida, com maior disponibilidade de profissionais, serviços e medicamentos, o acesso ampliado não tem sido sinônimo de adesão, o que pode ser observado tanto nos países desenvolvidos, como nos em desenvolvimento. Estratégias de regulação de mercado, como controle de preços, de comercialização, de restrição de uso/divulgação, além da educação para o uso racional dos medica- mentos, fazem parte de políticas públicas que podem ter um impacto sobre a adesão ao tratamento. 4. Fatores relacionados à tecnologia da estratégia terapêutica: efeitos inde- sejados dos fármacos, desconforto, estratégias que envolvem a utilização de vários medicamentos ou várias doses durante o dia, ou complexas, que envolvem o uso do medicamento em dias alternados, diferentes doses, além do custo do tratamento, são fatores que contribuem para a baixa adesão. Esses fatores, ainda que relacionados ao medicamento, podem ter relação com a decisão do paciente em alterar a sua rotina ou em aceitar eventos adversos oriundos da terapia medicamentosa. AdESãO EM dIFErEnTES CEnárIOS Muitos portadores de doenças crônicas, como asma, hipertensão, diabete e HIV/Aids, têm dificuldade em seguir as recomendações, comprometendo o controle da doença. Estima -se que metade dos medicamentos prescritos para doenças crônicas não seja utilizada como recomendado, o que repre- senta um custo financeiro e social importante para o sistema de saúde, para o indivíduo e para a sociedade. O controle adequado das doenças crônicas é obtido por meio de abordagens integradas e multifacetadas que visam dar suporte ao paciente para o auto- controle da enfermidade. Estruturas organizacionais que promovem o acom- panhamento constante e regular dos portadores de enfermidades crônicas