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e-Tec Brasil109 Aula 16 – Formalização dos convênios: cláusu- las necessárias, análise da assessoria jurídica e responsabilidade solidária O objetivo dessa aula é conhecer as cláusulas obrigatórias que devem constar na minuta do convênio e a apreciação dessa minuta pela asses- soria jurídica, bem como sua responsabilidade por esse ato. Essa aula foi desenvolvida a partir do contido na Lei de Licitações e Contratos, e na Portaria Interministerial nº 507/2011, no entendimento da doutrina e dos órgãos de controle. Ao final dessa aula, você saberá identificar as cláusu- las obrigatórias que devem constar no termo de convênio, a necessidade de análise da minuta do convênio pela assessoria jurídica e sua responsa- bilidade. 16.1 Cláusulas necessárias A formalização de um convênio pode acontecer para a execução de qual- quer pretensão, seja obra, serviço ou atividade, mas sempre com a conver- gência de esforços para o atendimento da finalidade pública. Os convênios são formalizados por termo escrito, com preâmbulo e texto, descrevendo o objeto, os compromissos e responsabilidades das partes con- venentes. É de fundamental importância que o objeto do convênio seja descrito de forma detalhada, objetiva, clara e precisa. Não devem restar dúvidas do que realmente será realizado pelos partícipes. O artigo 42 da Portaria Interministerial nº 507/2011 estabelece que o pre- âmbulo do instrumento do convênio deverá indicar a numeração sequencial no SICONV, a qualificação completa dos partícipes e a finalidade. Enquanto que o artigo 43, da mesma normativa, enumera as cláusulas necessárias no instrumento de convênio, entre as quais, destaca-se: o objeto e seus ele- mentos característicos; as obrigações de cada um participes; a contrapartida (quando couber); as obrigações do interveniente; a vigência; a classificação orçamentária da despesa; o cronograma de desembolso; a obrigatoriedade de o convenente incluir regularmente as informações no SICONV; a obri- gatoriedade do convenente de manter e movimentar os recursos em con- ta bancária específica; a faculdade dos partícipes rescindirem o convênio a qualquer tempo; a obrigação de prestar contas no SICONV; prazo para apresentação da prestação de contas; entre outras. Esse artigo não nos deixa dúvidas quanto à necessidade do termo de convê- nio ser previamente analisado pela assessoria jurídica dos órgãos envolvidos, conforme destacado no item anterior. A responsabilidade da assessoria jurídica é solidária, quando da má formalização de um convênio? Uma vez analisado o processo qual seria a responsabilidade dos assessores jurídicos quanto ao parecer técnico emitido? Essa questão foi levada até o Supremo Tribunal Federal (STF), por meio do Mandado de Segurança 24.584 – DF. A solução à questão foi publicada no Informativo do STF nº 475, de 06 a 10 de agosto de 2007, conforme segue: Título: Responsabilidade Solidária de Assessoria Jurídica Em conclusão de julgamento, o Tribunal, por maioria, denegou manda- do de segurança impetrado contra ato do Tribunal de Contas da União - TCU que determinara a audiência de procuradores federais, para apresentarem, como responsáveis, as respectivas razões de justificativa sobre ocorrências apuradas na fiscalização de convênio firmado pelo INSS, em virtude da emissão de pareceres técnico-jurídicos no exercício profissional — v. Informativos 328, 343, 376 e 428. Entendeu-se que a aprovação ou ratificação de termo de convênio e aditivos, a teor do que dispõe o art. 38 da Lei 8.666/93, e diferentemente do que ocorre com a simples emissão de parecer opinativo, possibilita a responsabilização solidária, já que o administrador decide apoiado na manifestação do setor técnico competente (Lei 8.666/93, art. 38, parágrafo único: “As minutas de editais de licitação, bem como as dos contratos, acordos, convênios ou ajustes devem ser previamente examinadas e aprovadas por assessoria jurídica da Administração.”). Considerou-se, ainda, a im- possibilidade do afastamento da responsabilidade dos impetrantes em sede de mandado de segurança, ficando ressalvado, contudo, o direito de acionar o Poder Judiciário, na hipótese de virem a ser declarados responsáveis quando do encerramento do processo administrativo em curso no TCU. Vencidos os Ministros Eros Grau, Gilmar Mendes e Cár- men Lúcia, que deferiam a ordem. MS 24584/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 9.8.2007. (MS-24584) O artigo 6º do Decreto Federal nº 6.170/2007 determina como cláusula ne- cessária em qualquer convênio a forma pela qual a execução do objeto será acompanhada pelo concedente. A forma de acompanhamento deverá ser suficiente para garantir a plena execução física do objeto. 16.2 Apreciação da minuta do convênio e documentos pela assessoria jurídica De acordo com o artigo 38, parágrafo único, da Lei de Licitações e Contra- tos, para a correta e regular formalização do convênio é necessário que a minuta seja previamente examinada e aprovada por assessoria jurídica da Administração. Dispõe o artigo 44 da Portaria Interministerial nº 507/2011 que a celebração do convênio seja precedida de análise e manifestação conclusiva pelos seto- res técnico e jurídico do órgão ou entidade concedente. Assim, antes da assinatura do convênio, é imprescindível a análise prévia do termo de convênio, bem como das justificativas e documentos que constam do procedimento administrativo, pela assessoria jurídica ou procuradoria do órgão ou entidade, para verificar o cumprimento de todas as determinações legais. 16.3 Responsabilidade da assessoria jurídica Diante da competência expressa de analisar e opinar quanto ao texto da minuta e preenchimento dos demais requisitos necessários à celebração dos convênios, discute-se a existência ou não de responsabilidade solidária da Assessoria Jurídica. Segue o contido no parágrafo único do artigo 38 da Lei de Licitações: Art.38. (...) Parágrafo único. As minutas de editais de licitação, bem como as dos contratos, acordos, convênios ou ajustes devem ser previamente examinados e aprovados por assessoria jurídica da Administração. Contratos e Convêniose-Tec Brasil e-Tec Brasil Aula 16 – Formalização dos convênios: Cláusulas necessárias, análise da Assessoria Jurídica e responsabilidade solidária110 111 Desta forma, o entendimento do STF é pela responsabilização solidária da Assessoria Jurídica quando da emissão de pareceres para aprovação ou rati- ficação de termo de convênio, tendo em vista que o administrador público decide apoiado em manifestação do setor técnico competente. Resumo • Os convênios são formalizados por termo escrito, com preâmbulo e tex- to, descrevendo o objeto, os compromissos e responsabilidades das par- tes convenentes. • De acordo com a Lei de Licitação para a correta e regular formalização do convênio é necessário que a minuta seja previamente examinada e aprovada por assessoria jurídica da Administração. O entendimento do STF é pela responsabilização solidária da Assessoria Ju- rídica quando da emissão de pareceres para aprovação ou ratificação de termo de convênio. Atividade de aprendizagem • O plano de trabalho pode ser dispensado quando o convênio não envol- ver recursos financeiros? Contratos e Convêniose-Tec Brasil 112