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e-Tec Brasil109 Aula 20 – Considerações finais sobre a LRF O acompanhamento e a avaliação, de forma permanente, da política e da operacionalidade da gestão fiscal serão realizados por conselho de gestão fiscal, constituído por representantes de todos os Poderes e esferas de Governo, do Ministério Público e de entidades técnicas representa- tivas da sociedade, visando a: I - harmonização e coordenação entre os entes da Federação; II - disseminação de práticas que resultem em maior eficiência na alocação e execução do gasto público, na arrecadação de receitas, no controle do endividamento e na transparência da gestão fiscal; III - adoção de normas de consolidação das contas públicas, pa- dronização das prestações de contas e dos relatórios e demons- trativos de gestão fiscal de que trata esta Lei Complementar, nor- mas e padrões mais simples para os pequenos Municípios, bem como outros, necessários ao controle social; IV - divulgação de análises, estudos e diagnósticos. 20.1 Adequação à Lei e a assistência da União A Lei de Responsabilidade Fiscal fixou alguns limites, em seu texto, que, em princípio, são válidos para todos os entes da Federação. Contudo, há possi- bilidade de lei estadual ou municipal fixar limites inferiores aos previstos na LRF para as dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito e conces- são de garantias. Quando se tratar de Município com população inferior a cinquenta mil habi- tantes, este poderá optar por verificar o cumprimento da despesa total com pessoal, bem como por apurar o montante da dívida consolidada de forma semestral, ao invés de seguir a regra geral (quadrimestral). A União ficou obrigada a prestar assistência técnica e cooperação financeira aos Municípios para a modernização das respectivas administrações tributá- ria, financeira, patrimonial e previdenciária, com vistas ao cumprimento das normas da LRF. Os prazos de adequação de dois quadrimestres para o ente que ultrapas- sou o limite com despesa de pessoal ou de três quadrimestres para aquele que infringiu o limite com dívida consolidada serão duplicados no caso de crescimento real baixo ou negativo do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, regional ou estadual por período igual ou superior a quatro trimestres, sendo entendido por baixo crescimento a taxa de variação real acumulada do Pro- duto Interno Bruto inferior a 1% (um por cento), no período correspondente aos quatro últimos trimestres. Por sua vez, a taxa de variação será a apurada pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ou outro órgão que vier a substituí-la, adotada a mesma metodologia para apuração dos PIB nacional, estadual e regional. 20.2 Crime de responsabilidade De acordo com o artigo 73 da LRF, o comportamento infrator da Lei de Responsabilidade Fiscal pode ser punido no âmbito criminal, com base no Código Penal, na Lei n° 1.0709/50 (trata do crime de responsabilidade), no Decreto-Lei n° 201/67 (trata do crime de responsabilidade de Prefeitos e Vereadores), e na Lei n° 8.429/92 (improbidade administrativa). Art. 73. As infrações dos dispositivos desta Lei Complementar serão punidas segundo o Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); a Lei n° 1.079, de 10 de abril de 1950; o Decreto-Lei n° 201, de 27 de fevereiro de 1967; a Lei n° 8.429, de 2 de junho de 1992; e demais normas da legislação pertinente. O Código Penal dedica capítulo específico para tratar dos crimes contra as finanças públicas (Capítulo IV – artigos 359-A/350-H). Caso você tenha interesse em ler as normas, acesse: http://www.planalto.gov.br/ccivil/ Decreto-Lei/Del2848compilado.htm. Lei de Responsabilidade Fiscale-Tec Brasil 110 Figura 20.1: Infrações LRF Fonte: http://www7.rio.rj.gov.br Por fim, vale destacar que a Lei Complementar n° 131/09 incluiu na LRF os artigos 73-A, 73-B e 73-C. Segundo o artigo 73-A, qualquer cidadão possui legitimidade para re- clamar junto ao Tribunal de Contas ou ao Ministério Público qualquer descumprimento da LRF. Art. 73-A. Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para denunciar ao respectivo Tribunal de Contas e ao órgão competente do Ministério Público o descumprimento das pres- crições estabelecidas nesta Lei Complementar. Já o artigo 73-B discorre acerca do prazo para os entes da Federação insta- larem as “ferramentas” da transparência na gestão fiscal, previstas no artigo 48 e 48-A, anteriormente estudadas. Para os entes federativos com mais de cem mil habitantes, por exemplo, o prazo para o cumprimento das de- terminações é de um ano, ao passo que para Municípios que tenham até cinquenta mil habitantes, o tempo é de 4 anos. Art. 73-B. Ficam estabelecidos os seguintes prazos para o cumprimen- to das determinações dispostas nos incisos II e III do parágrafo único do art. 48 e do art. 48-A: e-Tec BrasilAula 20 – Considerações finais sobre a LRF 111 I – 1 (um) ano para a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí- pios com mais de 100.000 (cem mil) habitantes; II – 2 (dois) anos para os Municípios que tenham entre 50.000 (cin- quenta mil) e 100.000 (cem mil) habitantes; III – 4 (quatro) anos para os Municípios que tenham até 50.000 (cin- quenta mil) habitantes. Parágrafo único. Os prazos estabelecidos neste artigo serão contados a partir da data de publicação da lei complementar que introduziu os dispositivos referidos no caput deste artigo. Por fim, na forma do artigo 73-C da LRF, o não atendimento pelo ente da Federação do prazo mencionado acima implica na imposição de sanção bas- tante utilizada por essa lei, qual seja, a proibição do recebimento de trans- ferências voluntárias. Anotações Lei de Responsabilidade Fiscale-Tec Brasil 112