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Litisconsórcio e Intervenção de Terceiros

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SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 2 
1. LITISCONSÓRCIO ......................................................................................... 3 
1.1. Litisconsórcio facultativo ................................................................................. 5 
1.1.1. Limitando o número de litisconsortes ............................................................. 7 
1.2. Litisconsórcio necessário .............................................................................. 10 
1.2.1. Consequências processuais da não formação do litisconsórcio necessário 12 
1.3. Litisconsórcio simples ................................................................................... 14 
1.4. Litisconsórcio unitário ................................................................................... 15 
1.5. A posição dos litisconsortes em relação uns aos outros .............................. 17 
2. INTERVENÇÃO DE TERCEIROS ................................................................ 19 
2.1. Formas de intervenção de terceiros ............................................................. 21 
2.1.1. Assistência ................................................................................................... 21 
2.1.2. Denunciação da lide ..................................................................................... 30 
2.1.3. Chamamento ao processo ............................................................................ 36 
2.1.4. Desconsideração da personalidade jurídica ................................................. 38 
2.1.5. Do amicus curiae .......................................................................................... 42 
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 44 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
Prezado aluno, 
 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da 
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à 
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana 
e a hora que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
3 
 
 
1. LITISCONSÓRCIO 
 
 
Com base no princípio da economia processual, o litisconsórcio é definido 
como um fenômeno processual o qual se caracteriza pela existência de duas ou mais 
pessoas tanto no polo ativo, quanto no passivo, ou até mesmo em ambos os polos da 
relação processual jurídica. Vejamos alguns conceitos na doutrina: 
 
 
O litisconsórcio é a pluralidade de partes no polo ativo, no passivo, ou em 
ambos, do mesmo processo. Daí falar-se, respectivamente, em litisconsórcio 
ativo, passivo e misto (ou bilateral). Haverá um único processo, com mais de 
um autor ou de um réu. Trata-se de fenômeno bastante comum no processo 
civil, que ocorre talvez na maior parte dos processos.1 
 
 
Além da economia processual, o litisconsórcio se baseia em alguns princípios: 
 
 
Litisconsórcio é a existência de mais de uma parte em pelo menos um dos 
polos do mesmo processo. Mais de um autor, mais de um réu, ou, ainda, mais 
de um autor ou mais de um réu concomitantemente. A pluralidade de partes 
em um mesmo processo quer realizar a eficiência processual prevista no art. 
5º, LXXVIII, da CF (replicado no art. 4º do CPC de 2015) e é também forma 
de viabilizar o atingimento da isonomia, princípio fundante do Estado 
brasileiro (arts. 3º, IV, e 5º, caput e I, da CF). Sim, porque o litígio conjunto 
favorece a prática de atos processuais tendentes a afetar um maior número 
de sujeitos com maior eficiência e viabilizar, até mesmo, o proferimento de 
decisão desejavelmente uniforme (se não igual) para todos os envolvidos. Há 
casos, como o prezado leitor verá abaixo, em que a decisão deverá ser igual 
para todos os litisconsortes.2 
 
 
 
 
 
1 Gonçalves, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado. 8. ed. – São Paulo : 
Saraiva, 2017. Pag 277. 
2 Bueno, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil : inteiramente estruturado à luz do 
novo CPC, de acordo com a Lei n. 13.256, de 4-2-2016. 2. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo : 
Saraiva, 2016. Pag. 171. 
 
4 
 
 
Gonçalves fundamenta a autorização da norma para que haja o litisconsórcio 
em dois princípios: 
 
 
São duas as razões fundamentais para que a lei autorize e, de certa forma, 
estimule e facilite a formação do litisconsórcio: a economia processual e a 
harmonização dos julgados. É inequívoco que, do ponto de vista econômico, 
é mais vantajoso que haja um processo só, com uma única instrução e uma 
só sentença, abrangendo mais de um autor ou mais de um réu, do que vários 
processos. Mas a razão principal é mesmo a harmonização dos julgados. 
Para que se forme o litisconsórcio, é preciso que os vários autores ou réus 
tenham, pelo menos, afinidades por um ponto comum, estejam em situação 
semelhante. Ora, se fossem propostas várias ações individuais, haveria o 
risco de que cada qual fosse distribuída a um diferente juízo. Com o que, 
haveria juízes diferentes julgando situações que têm semelhança, com o risco 
de resultados conflitantes, risco evitado com o litisconsórcio, em que haverá 
um só processo e sentença única3 
 
 
Vejamos a definição doutrinária e suas classificações a respeito do 
litisconsórcio: 
 
 
Litisconsórcio é a reunião de duas ou mais pessoas no polo ativo ou no polo 
passivo da ação. Ele pode ser: 
a) Ativo, passivo ou misto: ativo é o litisconsórcio de autores; passivo é o 
de réus; e misto é o que ocorre nos dois polos. 
b) Inicial ou ulterior: inicial é o que se forma com a formação do processo; 
ulterior é o que se forma posteriormente. 
c) Unitário ou simples: Unitário é aquele em que o provimento jurisdicional 
tem que decidir de modo uniforme a situação jurídica dos litisconsortes, não 
se admitindo, para eles, julgamento diferente; simples é aquele que a decisão 
não precisa ser igual para os litisconsortes. 
d) Necessário e facultativo: necessário é o litisconsórcio quando a presença 
conjunta de todos os litisconsortes é indispensável; facultativo é quando a 
sua formação fica a critério exclusivo do autor.4 
 
 
 
 
 
3 Gonçalves, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado. 8. ed. – São Paulo : 
Saraiva, 2017. Pag 277. 
4 AUGUSTO, Fernando. Manual de Direito Processual Civil. 2.ed. São Paulo: Rideel, 2018, p.95 
 
5 
 
 
Uma informação interessante sobre o litisconsórcio é que as partes gozarão 
de prazo dobrado em caso de litisconsortes que possuam advogados diferentes e 
escritórios diferentes conforme o art. 229 do CPC “ Os litisconsortes que tiverem 
diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos, terão prazos contados 
em dobro para todas as suas manifestações, em qualquer juízo ou tribunal, 
independentemente de requerimento. ”5 
 
 
1.1. Litisconsórcio facultativo 
 
 
O litisconsórcio facultativo, denominado dessa forma pois cabe 
exclusivamente ao autor formá-lo manifestando sua vontade e presentes um dos os 
requisitos previstos no art. 113: 
 
 
Art. 113. Duas ou mais
pessoas podem litigar, no mesmo processo, em 
conjunto, ativa ou passivamente, quando: 
I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à 
lide; 
II - entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir; 
III - ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito. 
§ 1º O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de 
litigantes na fase de conhecimento, na liquidação de sentença ou na 
execução, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar 
a defesa ou o cumprimento da sentença. 
§ 2º O requerimento de limitação interrompe o prazo para manifestação ou 
resposta, que recomeçará da intimação da decisão que o solucionar.6 
 
 
 
 
 
 
 
5 BRASIL. LEI Nº 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em 05/04/2021. 
6 BRASIL. LEI Nº 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em 05/04/2021. 
 
6 
 
 
Para facilitar nosso entendimento vamos recorrer à doutrina para ilustrar 
exemplos referentes aos requisitos para que possa ocorrer o litisconsórcio facultativo 
iniciando pelo exemplo referente ao inciso I: 
 
 
De acordo com o inc. I deste artigo, é possível que duas ou mais pessoas 
litiguem em juízo, se entre elas houver comunhão de direitos ou obrigações 
relativas à mesma lide, como exemplifica Celso agrícola Barbi: comunhão de 
obrigações existirá quando os vários devedores o sejam em conjunto, quer 
solidariamente, quer em partes definidas. Temos o exemplo de várias 
pessoas que adquiriram uma coisa a prazo, responsabilizando-se cada uma 
por uma parte do preço ou mesmo assumindo a posição de devedores 
solidários. Existe aí uma obrigação comum, que pode ser exigida pelo credor. 
Se não houver uma obrigação comum que pode ser exigida pelo credor. Se 
não houver solidariedade, o credor poderá cobrar de cada um a sua parte, 
em ações distintas; mas pode preferir cobrar de todos, reunindo suas diversas 
ações num só processo. Da mesma forma, se houver solidariedade naquela 
dívida, tanto poderá o credor acionar cada um separadamente como propor 
suas várias ações contra todos ou alguns em um só processo”. (SARRO, Luís 
Antônio. CAMARGO, Luiz Henrique. LUCON, Paulo Henrique. Apud BARBI. 
1998. P. 201)7 
 
 
Para dar continuidade a fixação de nosso conteúdo, seguiremos com o 
exemplo referente ao inciso II: 
 
 
De acordo com o inc. II do art. 113, o litisconsórcio poderá se formar se entre 
as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir. Leva-se em 
consideração aqui os elementos objetivos da demanda (pedido mediato e 
causa de pedir remota). Esse dispositivo pode ser interpretado em 
consonância com o Art. 55, § 3º, do CPC que autoriza a reunião de demandas 
mesmo quando não houver conexão em sentido estrito entre elas, mas sim 
risco de decisões conflitantes ou contraditórias.8 
 
 
 
 
 
 
7 SARRO, Luís Antônio. CAMARGO, Luiz Henrique. LUCON, Paulo Henrique. Código de Processo 
Civil Anotado e Comentado. 1.ed. São Paulo: Rideel, 2020, p.83 
8 SARRO, Luís Antônio. CAMARGO, Luiz Henrique. LUCON, Paulo Henrique. Código de Processo 
Civil Anotado e Comentado. 1.ed. São Paulo: Rideel, 2020, p.83 
 
7 
 
 
E por fim, seguimos ao exemplo do inciso III: 
 
 
O inc. III do art. 113, por sua vez, permite a formação do litisconsórcio nas 
hipóteses em que “ocorrer afinidade de questões por ponto comum ou fato 
de direito”. Trata-se de figura genérica e abrangente, já que nos casos de 
afinidade a relação entre as demandas é tênue, bastando, portanto, para a 
formação do litisconsórcio com base neste inciso mera identidade entre 
litisconsortes com relação a um ponto de fato ou de direito.9 
 
 
Atenção: “Litisconsórcio ativo, sempre será facultativo.”10 
 
 
1.1.1. Limitando o número de litisconsortes 
 
 
Devido à falta de limitação no litisconsórcio, antes não prevista no CPC de 73, 
gerava a problemática de um número exacerbado de litisconsortes, conforme nos 
ensina Gonçalves: 
 
 
O CPC de 1973 não fazia nenhuma restrição quanto ao número de 
litisconsortes num ou noutro polo da ação, nem dava ao juiz poderes para 
reduzir o número de participantes, mesmo no caso em que o reputasse 
excessivo. Em razão disso, alguns abusos acabaram ocorrendo, com 
milhares de pessoas que se agrupavam para propor uma única demanda, ou 
em que uma só pessoa demandava contra centenas ou milhares. O 
litisconsórcio acabava tendo a sua finalidade desvirtuada, pois o que tinha 
sido criado para facilitar acabava ensejando a formação de processos 
infindáveis, que se arrastavam por tempo intolerável. Foi então que o 
legislador editou a Lei n. 8.952, de 13 de dezembro de 1994, que acrescentou 
ao art. 46 um parágrafo único, com a seguinte redação: “O juiz poderá limitar 
o litisconsórcio quanto ao número de litigantes, quando este comprometer a 
rápida solução do litígio ou dificultar a defesa. O pedido de limitação 
interrompe o prazo para resposta, que recomeça da intimação da decisão”. 
O CPC atual manteve a regra no art. 113, § 1º.11 
 
9 SARRO, Luís Antônio. CAMARGO, Luiz Henrique. LUCON, Paulo Henrique. Código de Processo 
Civil Anotado e Comentado. 1.ed. São Paulo: Rideel, 2020, p.83 
10 AUGUSTO, Fernando. Manual de Direito Processual Civil. 2.ed. São Paulo: Rideel, 2018, p.96 
11 Gonçalves, Marcus Vinicius Rios Direito processual civil esquematizado. 8. ed. – São Paulo : Saraiva, 
2017. Pág. 278. 
 
8 
 
 
 O juiz poderá limitar o número de litisconsortes quando este for facultativo 
(ativo ou passivo) sempre que entender que o alto número de partes pode 
comprometer a solução rápida do litígio, conforme prevê o art. 113 §1º do CPC, 
vejamos um exemplo prático com a seguinte decisão do STJ/DF: 
 
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DECLARATÓRIA. LITISCONSÓRCIO 
ATIVO FACULTATIVO. LIMITAÇÃO. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO. 
MANUTENÇÃO. RECURSO DESPROVIDO. Agravo de instrumento 
interposto contra r. decisão que, em ação declaratória, indeferiu o pleito de 
limitação do litisconsórcio ativo multitudinário. Quando ocorrer afinidade de 
questões por ponto comum de fato ou de direito, duas ou mais pessoas 
podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, 
conforme previsto no art. 113, inc. II, do Código de Processo Civil. O juiz 
poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de 
litigantes na fase de conhecimento, na liquidação de sentença ou na 
execução, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou 
dificultar a defesa ou o cumprimento da sentença. No caso, não se 
observa a ocorrência de tumulto processual ou de óbice ao exercício do 
direito de defesa que justifique a limitação do litisconsórcio facultativo - 
mormente porquanto todos os autores encontram-se patrocinados pelo 
mesmo causídico. Recurso conhecido e desprovido.12 
 
 
Vale ressaltar que conforme prevê o art. 113 §1º a limitação ocorre apenas no 
litisconsórcio facultativo quando houver presente um dos requisitos; comprometer a 
rápida solução do litígio; dificultar a defesa; dificultar o cumprimento da sentença. 
Presente qualquer dos requisitos será requerido o desmembramento do processo 
podendo ser feito pelo réu ou de ofício pelo juiz. 
 
 
 
 
 
12 (Acórdão 1062434, 07119613220178070000, Relator: CESAR LOYOLA, 2ª Turma Cível, data de 
julgamento: 22/11/2017, publicado no DJE: 6/12/2017. 
<https://pesquisajuris.tjdft.jus.br/IndexadorAcordaos-
web/sistj?visaoId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&contr
oladorId=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.ControladorBuscaAcordao&visaoAn
terior=tjdf.sistj.acordaoeletronico.buscaindexada.apresentacao.VisaoBuscaAcordao&nomeDaPagina=
resultado&comando=abrirDadosDoAcordao&enderecoDoServlet=sistj&historicoDePaginas=buscaLivr
e&quantidadeDeRegistros=20&baseSelecionada=BASE_ACORDAOS&numeroDaUltimaPagina=1&b
uscaIndexada=1&mostrarPaginaSelecaoTipoResultado=false&totalHits=1&internet=1&numeroDoDoc
umento=1062434>. Acesso em 05/04/2021. 
 
9 
 
 
O pedido de exclusão de litisconsorte deve ser realizado no prazo da resposta 
e caberá agravo de instrumento, também caberá o recurso na decisão do juiz que 
rejeitar o pedido da limitação do litisconsórcio conforme o art. 1015, VII e VIII do CPC: 
“Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: 
[...] VII - exclusão de litisconsorte; VIII - rejeição do pedido de limitação do 
litisconsórcio[...]”13. Também devemos nos atentar pois o requerimento de exclusão 
interrompe o prazo conforme mencionado no art. 113 §2º “O requerimento de limitação 
interrompe o prazo para manifestação ou resposta, que recomeçará da intimação da 
decisão que o solucionar. ”14 
A doutrina nos explica de forma mais objetiva e exemplar os requisitos para 
pedido de exclusão: 
 
 
Requisitos para que haja o desmembramento São dois: que o litisconsórcio 
seja facultativo e não necessário. Este, como o nome sugere, exige a 
presença de todos para que o processo possa ter regular seguimento, o que 
torna impossível dividi-lo. Além disso, uma das três situações seguintes há 
de estar presente: que o número seja tal que comprometa a rápida solução 
do litígio; que dificulte a defesa ou ainda que dificulte o cumprimento de 
sentença. Ao determinar o desmembramento, o juiz deverá fundamentar a 
sua decisão em uma dessas três circunstâncias. Um dos princípios 
constitucionais do processo civil é o da duração razoável do processo. Um 
número excessivo de participantes, sobretudo no polo passivo, pode trazer 
demoras inaceitáveis. Se a demanda for ajuizada, por exemplo, em face de 
um grande número de réus, haverá delongas para concluir o ciclo citatório, 
sendo que o prazo de contestação para todos só passa a fluir depois que 
todos estiverem citados. Também haverá desmembramento quando houver 
dificuldade de defesa. É o que ocorrerá, por exemplo, se muitos autores, cada 
qual em uma situação particular, ajuizarem demanda em face de um único 
réu. Citado, ele terá de se defender no prazo de quinze dias, o que pode ser 
insuficiente para que consiga examinar a situação de cada autor, munindo-se 
do necessário para apresentar defesa específica. Por fim, se o juiz verificar 
que o número excessivo de participantes poderá trazer dificuldades ou 
embaraços ao cumprimento da sentença, também estará autorizado a 
proceder ao desmembramento. 15 
 
 
 
13 BRASIL. LEI Nº 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em 05/04/2021. 
14 BRASIL. LEI Nº 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em 05/04/2021 
15 Gonçalves, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado. 8. ed. – São Paulo : 
Saraiva, 2017. Pag 278 
 
10 
 
 
1.2. Litisconsórcio necessário 
 
 
Conforme já trabalhamos na introdução ao conteúdo, litisconsórcio necessário 
é aquele que surgirá advindo de força de lei ou relação jurídica, sendo indispensável 
a formação com todos os envolvidos para garantir a eficácia da sentença. Vejamos 
um exemplo de litisconsórcio necessário: 
 
 
Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação 
que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime 
de separação absoluta de bens. 
§ 1º Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a ação: 
I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime 
de separação absoluta de bens; 
II - resultante de fato que diga respeito a ambos os cônjuges ou de ato 
praticado por eles; 
III - fundada em dívida contraída por um dos cônjuges a bem da família;16 
 
 
Observa-se que em caso de direito real imobiliário quando a parte possuir 
união matrimonial é necessária a anuência do cônjuge. Segue outro exemplo: 
 
 
Mas há uma segunda hipótese de necessariedade, mesmo não havendo lei 
que imponha a sua formação: quando no processo, discute-se uma relação 
jurídica de direito material que seja unitária — isto é, única e incindível — que 
tenha mais um titular. O direito material prevê relações jurídicas dessa 
espécie. Uma delas, por exemplo, é o casamento. O matrimônio é uma 
relação única e incindível. Não se quer dizer com isso que não possa ser 
desfeita. Por incindível, deve-se entender a relação que não pode ser 
desconstituída para um, sem que o seja para o outro, como ocorre no 
casamento. Não é possível que o juiz, por exemplo, decrete uma separação 
apenas para um dos cônjuges: ou ambos estarão separados, ou 
permanecerão casados. Além disso, o casamento forçosamente tem sempre 
dois titulares: o marido e a mulher. Outro exemplo é o dos contratos. Quando 
há o acordo de vontades de duas ou mais pessoas, haverá um contrato, 
relação incindível, que tem sempre mais de um titular. A relação é incindível, 
porque, por exemplo, não é possível desfazer a compra e venda apenas para 
o comprador ou para o vendedor. Desfeito o negócio, ambos serão atingidos, 
afetados, porque a relação diz respeito aos dois. Em todas as demandas em 
 
16 BRASIL. LEI Nº 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em 05/04/2021. 
 
11 
 
 
que se busca desconstituir, ou, de qualquer forma, atingir relações jurídicas 
dessa espécie, haverá necessidade de participação de todos aqueles a quem 
tal relação jurídica diz respeito, porque todos serão atingidos.17 
 
 
O litisconsórcio necessário possui a característica de que sempre será 
passivo, conforme sumulado pelo TST: 
 
 
I - O litisconsórcio, na ação rescisória, é necessário em relação ao pólo 
passivo da demanda, porque supõe uma comunidade de direitos ou de 
obrigações que não admite solução díspar para os litisconsortes, em face da 
indivisibilidade do objeto. Já em relação ao pólo ativo, o litisconsórcio é 
facultativo, uma vez que a aglutinação de autores se faz por conveniência e 
não pela necessidade decorrente da natureza do litígio, pois não se pode 
condicionar o exercício do direito individual de um dos litigantes no processo 
originário à anuência dos demais para retomar a lide. (ex-OJ nº 82 da SBDI-
2 - inserida em 13.03.2002) 
II - O Sindicato, substituto processual e autor da reclamação trabalhista, em 
cujos autos fora proferida a decisão rescindenda, possui legitimidade para 
figurar como réu na ação rescisória, sendo descabida a exigência de citação 
de todos os empregados substituídos, porquanto inexistente litisconsórcio 
passivo necessário. (ex-OJ nº 110 da SBDI-2 - DJ 29.04.2003)18 
 
https://images.unsplash.com/photo-1423592707957-
3b212afa6733?ixid=MnwxMjA3fDB8MHxwaG90by1wYWdlfHx8fGVufDB8fHx8&ixlib=rb-
1.2.1&auto=format&fit=crop&w=1189&q=80 
 
17 Gonçalves, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado. 8. ed. – São Paulo : 
Saraiva, 2017. Pag 281-282 
18TST. Súmula 406. 
<https://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_401_450.html#SUM-406> 
acesso em 05/04/2021. 
 
12 
 
 
1.2.1. Consequências processuais da não formação do litisconsórcio 
necessário 
 
 
Cabe ao autor requerer a citação dos litisconsortes necessários, caso não 
faça, o juiz determinará o prazo para que o autor requeira as citações indispensáveis, 
decorrido o prazo determinado pelo juiz caso o autor não tenha requerido as devidas 
citações, o juiz extinguirá o processo sem resolução do mérito. Vejamos a súmula 631 
do STF “Extingue-se o processo de mandado de segurança
se o impetrante não 
promove, no prazo assinado, a citação do litisconsorte passivo necessário.”.19. 
Ademais, devemos destacar o art. 115 do CPC: 
 
 
Art. 115. A sentença de mérito, quando proferida sem a integração do 
contraditório, será: 
I - nula, se a decisão deveria ser uniforme em relação a todos que deveriam 
ter integrado o processo; 
II - ineficaz, nos outros casos, apenas para os que não foram citados. 
Parágrafo único. Nos casos de litisconsórcio passivo necessário, o juiz 
determinará ao autor que requeira a citação de todos que devam ser 
litisconsortes, dentro do prazo que assinar, sob pena de extinção do 
processo. 
 
 
De forma mais sucinta para ilustrar o que acabamos de ler no art. 115, caso 
não haja a citação dos litisconsortes necessários: 
 
 
 Litisconsórcio unitário = A sentença será nula. 
 Litisconsórcio simples = A sentença proferida se torna ineficaz aos que 
não foram citados. 
 
 
 
19 STF. Súmula nº 631. < https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search/seq-sumula631/false > acesso 
em 05/04/2021. 
 
13 
 
 
Seguindo com a fixação, vejamos um breve comentário acerca do art. 115 do 
CPC: 
 
 
O art. 115 combina dois critérios classificatórios, o relativo à obrigatoriedade 
do litisconsórcio (facultativo ou necessário) e o relativo ao resultado do 
processo (simples ou unitário), tendo presente, para mitigá-la, a regra 
constante da segunda parte do art. 114, de que, nos casos de litisconsórcio 
necessário, a eficácia da sentença depende da citação de todos os que 
devam ser litisconsortes. Se, a despeito da obrigatoriedade, todos os 
litisconsortes necessários não tiverem integrado o processo (no sentido de 
não terem sido citados), a decisão de mérito será nula quando o litisconsórcio 
for também unitário (art. 115, I). A decisão de mérito será, contudo, ineficaz 
com relação aos litisconsortes não citados quando se tratar de litisconsórcio 
necessário e simples (art. 115, II). Para obviar tais situações, o parágrafo 
único dispõe que “Nos casos de litisconsórcio passivo necessário, o juiz 
determinará ao autor que requeira a citação de todos que devam ser 
litisconsortes, dentro do prazo que assinar, sob pena de extinção do 
processo”. A intervenção litisconsorcial, em tais casos, é exemplo seguro de 
litisconsórcio ulterior, isto é, formado ao longo do processo. E o que dizer 
acerca do litisconsórcio ativo necessário? O CPC de 2015 não se refere a ele 
de maneira expressa, embora não seja errado entender aplicável à hipótese 
o regime do próprio art. 115. É que “citação” não é, coerentemente com o que 
se lê do art. 238, apenas convocação do réu ou do executado, mas também 
do interessado “para integrar a relação processual” (isto é, o processo). É 
irrecusável que o litisconsorte faltante, mesmo quando no polo ativo mereça 
ser tratado como interessado para aquela finalidade. Seria, contudo, 
constitucional a figura? Alguém pode ser obrigado a litigar? Supondo que 
alguma relação de direito material imponha o litígio conjunto, as respostas 
devem ser no sentido de que não há qualquer agressão ao “modelo 
constitucional” justamente porque não se trata de obrigar alguém a litigar. 
Menos que isso, é bastante dar ciência ao “interessado” para que, querendo, 
atue no processo. O CPC de 2015 também não se refere expressamente à 
intervenção litisconsorcial. Não no sentido do parágrafo único do art. 115 (por 
vezes denominada pela doutrina brasileira de iussu iudicis), que trata do 
litisconsórcio necessário, mas na perspectiva do litisconsórcio facultativo. A 
figura não deve ser descartada aprioristicamente, cabendo ao magistrado, 
diante das peculiaridades do caso concreto, admiti-la ou não. Não se trata – 
é esta a crítica usual – de viabilizar ao litisconsorte “escolher” o órgão 
jurisdicional perante o qual litigará. Trata-se, mais do que isso, de concretizar 
outros princípios processuais, inclusive o da isonomia e o da eficiência em 
um mesmo processo.20 
 
 
 
 
20 Bueno, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil : inteiramente estruturado à luz do 
novo CPC, de acordo com a Lei n. 13.256, de 4-2-2016. 2. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo : Saraiva, 
2016. Pag.173-174. 
 
14 
 
 
1.3. Litisconsórcio simples 
 
 
O litisconsórcio simples é aquele que mesmo que exista litisconsórcio a 
sentença proferida pode ser diferente para as partes no que se refere a seus efeitos 
produzidos. Seguimos para uma definição doutrinária: 
 
 
Quanto às possíveis soluções a serem reconhecidas aos litisconsortes, o 
litisconsórcio pode ser simples ou unitário. Será simples quando, ao menos 
em tese, embora não desejável, é possível que cada litisconsorte receba uma 
solução diversa da do outro no plano do processo. (...) Quando cada 
litisconsorte for sujeito de sua própria situação de direito material, a hipótese 
é de litisconsórcio simples. 21 
 
 
Vejamos na doutrina um exemplo de como isso pode ocorrer: 
 
 
É o caso, por exemplo, de uma ação de despejo por falta de pagamento 
cumulada com cobrança de alugueres, movida em face do inquilino e do 
fiador, em litisconsórcio passivo. Procedente a ação, decretar-se-ão o 
despejo e o pagamento da obrigação locatícia inadimplida, na mesma 
sentença. Todavia os seus efeitos, em relação aos litisconsortes, não serão 
os mesmos: do despejo, apenas o inquilino será atingido, ao passo que, do 
pagamento dos alugueres, ambo os litisconsortes serão condenados.22 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 Bueno, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil : inteiramente estruturado à luz do 
novo CPC, de acordo com a Lei n. 13.256, de 4-2-2016. 2. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo : Saraiva, 
2016. Pag.173. 
22 AUGUSTO, Fernando. Manual de Direito Processual Civil. 2.ed. São Paulo: Rideel, 2018, p.97 
 
15 
 
 
1.4. Litisconsórcio unitário 
 
 
O art. 116 prevê o chamado litisconsórcio unitário, “o litisconsórcio será 
unitário quando, pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir o mérito de 
modo uniforme para todos os litisconsortes. ”23. Conforme previsto no art. em comento 
a sentença deverá produzir efeitos iguais aos litisconsortes, Augusto ainda 
acrescenta, “Mas nem todo litisconsórcio necessário será unitário, como é o caso, por 
exemplo, da ação de usucapião, em que há litisconsórcio necessário, mas simples. 
”24. 
 
 
O litisconsórcio será unitário: 
 
 
(...)quando a solução for igual (ou uniforme, como se lê do art. 116) a todos 
os litisconsortes. O que acaba se mostrando decisivo para discernir essas 
duas classes é a constatação de haver uma ou mais de uma situação de 
direito material subjacente ao processo. Quando a situação for uma só, 
embora relativa a diversos sujeitos (vários contratantes de um mesmo 
contrato em relação a um só contratado, por exemplo), a hipótese é de 
litisconsórcio unitário. (...) É mais corriqueiro, de qualquer sorte, que o 
litisconsórcio necessário sejam também unitário e que o litisconsórcio 
facultativo seja também simples justamente pela unidade da relação de direito 
material no primeiro caso e a pluralidade no segundo. Embora 
excepcionalmente, contudo, há casos em que o litisconsórcio necessário será 
simples (como se dá, por exemplo, na “ação popular”, na “ação de 
improbidade administrativa” ou quando o pedido de tutela jurisdicional for de 
usucapião) e em que o litisconsórcio facultativo será unitário, que é o que 
ocorre sempre que houver a possibilidade de atuação de um legitimado 
extraordinário ou substituto processual em juízo ao lado do substituído.25 
 
 
 
 
23 BRASIL. LEI Nº 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em 05/04/2021. 
24 AUGUSTO, Fernando. Manual de Direito Processual Civil. 2.ed. São Paulo:
Rideel, 2018, p.98 
25 Bueno, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil : inteiramente estruturado à luz 
do novo CPC, de acordo com a Lei n. 13.256, de 4-2-2016. 2. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo : 
Saraiva, 2016. Pag.173. 
 
16 
 
 
Gonçalves destaca a necessidade da sentença ser uma em seus efeitos para 
os litisconsortes unitários: 
 
 
É aquele em que a sentença forçosamente há de ser a mesma para todos os 
litisconsortes, sendo juridicamente impossível que venha a ser diferente. Só 
existe quando, no processo, discute-se uma relação jurídica una e incindível, 
como o contrato e o casamento, que não pode desconstituir-se para um dos 
participantes, e não para outro. Em regra, quando o litisconsórcio é unitário 
será também necessário, já que todos os titulares da relação terão de 
participar, pois serão afetados pela sentença. Só haverá litisconsórcio 
facultativo e unitário nas hipóteses de legitimidade extraordinária26 
 
 
https://images.unsplash.com/photo-1571844305128-244233caa679?ixlib=rb-
1.2.1&ixid=MnwxMjA3fDB8MHxwaG90by1wYWdlfHx8fGVufDB8fHx8&auto=format&fit=crop&w=1051
&q=80 
 
 
 
26Gonçalves, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado. 8. ed. – São Paulo : 
Saraiva, 2017. Pag. 286-287 
 
17 
 
 
1.5. A posição dos litisconsortes em relação uns aos outros 
 
 
Para tratarmos das relações dos litisconsortes iniciaremos com a leitura dos 
artigos 117 e 118 do CPC: 
 
 
Art. 117. Os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a parte 
adversa, como litigantes distintos, exceto no litisconsórcio unitário, caso em 
que os atos e as omissões de um não prejudicarão os outros, mas os poderão 
beneficiar. 
 Art. 118. Cada litisconsorte tem o direito de promover o andamento do 
processo, e todos devem ser intimados dos respectivos atos.27 
 
 
Ambos os litigantes são considerados distintos em relação a parte adversa 
promovendo os atos que lhe competem, sendo totalmente independentes na prática 
dos atos, devido a essa distinção, todos devem ser intimados individualmente dos atos 
processuais, pois a falta da intimação causará a nulidade. Augusto explica: 
 
 
Como são distintos, os atos praticados por um não devem interferir nos 
praticados pelo outro. Assim, seja qual for o tipo de litisconsórcio que se 
estabelecer no processo, a regra geral é que a conduta determinante de 
um não pode prejudicar os demais. Todavia se tratando de litisconsórcio 
unitário (art. 166 do CPC) os atos praticados por um dos litisconsortes 
poderão beneficiar os demais. “TST, Súm. Nº 128 (...) III - Havendo 
condenação solidária de duas ou mais empresas, o depósito recursal 
efetuado por uma delas aproveita as demais, quando a empresa que efetuou 
o depósito não pleiteia sua exclusão da lide.”. De se observar, 
exemplarmente, a regra definida no art. 345, I, do CPC de que não haverá 
revelia se havendo litisconsórcio, um ou alguns dos réus contestarem a 
ação.28 
 
 
 
 
 
27 BRASIL. LEI Nº 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em 05/04/2021. 
28 AUGUSTO, Fernando. Manual de Direito Processual Civil. 2.ed. São Paulo: Rideel, 2018, p.98 
 
18 
 
 
Bueno também comenta: 
 
 
A ressalva feita pelo dispositivo quando se tratar de litisconsórcio unitário – 
“exceto no litisconsórcio unitário, caso em que os atos e as omissões de um 
não prejudicarão os outros, mas os poderão beneficiar” – é coerente com o 
que sempre foi sustentado para aquela espécie litisconsorcial. Nesse caso, 
justamente pela unidade da relação de direito material subjacente ao 
processo, não há como conceber dualidade de resultados para os diversos 
litisconsortes individualmente considerados. A regra, contudo, limita-se a 
mitigar os impactos processuais dos atos e das omissões dos litisconsortes: 
eles só podem beneficiar, não prejudicar os demais. No plano material, é 
correto o entendimento de que os atos e as omissões tendem a surtir seus 
efeitos plenos, inclusive, se for o caso, os eventualmente prejudiciais. Tanto 
assim que os atos e as omissões de um litisconsorte podem beneficiar os 
demais, não prejudicá-los, o que não deixa de ganhar ainda maior relevo, 
ainda que em perspectiva diversa, diante da opção feita pelo CPC de 2015 
sobre a coisa julgada não poder prejudicar terceiros, como se verifica do art. 
506. Se, por qualquer razão, os litisconsortes concordarem com eventuais 
atos dispositivos praticados por um deles, é irrecusável que seus efeitos, 
mesmo os prejudiciais, podem alcançar o processo. O entendimento, de 
qualquer sorte, vai além da previsão literal do art. 117, cuja incidência 
pressupõe a falta de concordância entre os litisconsortes a justificar a 
vedação nele imposta. A regra do art. 117 é harmônica com outras dispersas 
no CPC de 2015: a do inciso I do art. 345, que afasta a presunção de 
veracidade dos fatos alegados pelo autor quando pelo menos um dos 
litisconsortes apresentar contestação; a do caput do art. 391, segundo a qual 
a confissão judicial faz prova contra o confitente mas não prejudica os 
litisconsortes (trata-se de ato dispositivo de direito) e, por fim, a do art. 1.005 
(o recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se 
distintos ou opostos os seus interesses sendo que se se tratar de 
solidariedade passiva o recurso interposto por um dos devedores aproveitará 
aos outros se as defesas opostas ao credor lhes forem comuns. Em qualquer 
caso, contudo, cada litisconsorte – e isto é pertinente para todas as suas 
espécies – tem o direito de promover o andamento do processo, devendo 
todos ser intimados dos respectivos atos (art. 118). O prazo para qualquer 
manifestação dos litisconsortes, em qualquer grau de jurisdição, é dobrado 
quando representados por procuradores diversos e, em se tratando de 
advogados privados, pertencentes a escritórios de advocacia diversos. Isso 
independentemente de prévio deferimento judicial (art. 229, caput).29 
 
 
 
 
 
 
 
29 Bueno, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil : inteiramente estruturado à luz 
do novo CPC, de acordo com a Lei n. 13.256, de 4-2-2016. 2. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo : 
Saraiva, 2016. Pag.175-176. 
 
19 
 
 
2. INTERVENÇÃO DE TERCEIROS 
 
 
Antes de conhecermos os tipos de intervenção, vejamos como a doutrina 
conceitua a intervenção de terceiros Augusto nos traz uma breve definição: 
 
 
Intervenção de terceiros é o ingresso, no processo, de pessoas estranhas a 
ele. “Autorizados por lei, terceiros que, originalmente, eram estranhos à 
relação jurídica, poderão, em determinadas situações, ingressar no processo, 
seja no polo ativo, seja no polo passivo”. [...] A intervenção de terceiros é, 
pois, uma maneira de trazer para dentro do processo quem dele não é parte, 
ampliando, subjetivamente, a relação processual (as hipóteses de 
intervenção de terceiros previstas no novo Código de Processo Civil são 
todas de ampliação subjetiva, não havendo mais hipóteses de substituição 
processual).30 
 
 
Nas palavras de Bueno: 
 
 
O Título III do Livro III da Parte Geral do CPC de 2015 reúne cinco institutos 
sob o rótulo “intervenção de terceiros”, bastante diversos entre si, já que em 
duas dessas situações o terceiro interveniente continuará a sê-lo para todos 
os fins do processo (assistência e amicus curiae) enquanto nas demais, o 
terceiro passará a ser parte (denunciação da lide, chamamento ao processo 
e desconsideração da personalidade jurídica).31 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 AUGUSTO, Fernando. Manual de Direito Processual Civil. 2.ed. São Paulo: Rideel, 2018, p.97 
31 Bueno, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil : inteiramente estruturado à luz 
do novo CPC, de acordo com a Lei
n. 13.256, de 4-2-2016. 2. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo : 
Saraiva, 2016. 
 
20 
 
 
O terceiro deve possuir interesse jurídico, exceto no caso de amicus curiae: 
 
 
a intervenção implicará que aquele que não figurava até então no processo 
passe a figurar. Em qualquer caso, porém, só se justifica a intervenção do 
terceiro que possa, em razão do processo em andamento, ter sua esfera 
jurídica atingida pela decisão judicial. Não se admite ingresso de um terceiro 
absolutamente alheio ao processo, cujos interesses não possam, de qualquer 
maneira, ser afetados. Ressalva-se a posição do amicus curiae, cujo papel 
será o de manifestar-se sobre questão jurídica relevante, específica ou que 
possa ter grande repercussão social.32 
 
 
Mello pontua algumas questões presentes na intervenção de terceiros: 
 
 
As intervenções de terceiros possibilitam também uma maior otimização da 
prestação jurisdicional, além de resolver as questões fáticas mais complexas 
de forma isonômica com maior coerência nas decisões judiciais. Vale lembrar 
que as decisões interlocutórias que admitirem ou não o ingresso de terceiro 
(salvo no caso de amicus curiae) na relação jurídica processual estão sujeitas 
a agravo de instrumento de acordo com o artigo 1.015, inciso IX do CPC. Vale 
destacar que em sede de juizados especiais não cabe qualquer forma de 
intervenção de terceiros. “não se admitirá, no processo, qualquer forma de 
intervenção de terceiro nem de assistência. Admitir-se-á o litisconsórcio”, 
salvo o incidente de desconsideração da personalidade jurídica que aplica-se 
ao processo de competência dos juizados especiais (artigo 1.062, CPC). 33 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 Gonçalves, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado. 8. ed. – São Paulo : 
Saraiva, 2017. Pag. 298 
33 MELLO, Cleyson de Moraes. Teoria Geral do Processo. 1.ed. Rio de Janeiro: Editora Processo, 
2019. Pag. 187-188. 
 
21 
 
 
2.1. Formas de intervenção de terceiros 
 
 
2.1.1. Assistência 
 
 
 A assistência é a modalidade utilizada por um terceiro, pessoa estranha ao 
processo (que não se caracteriza parte), que por algum motivo possua interesse 
jurídico que a sentença seja favorável a uma das partes podendo assisti-la. Sendo 
assim vejamos o que é o interesse jurídico: 
 
 
Interesse jurídico é aquele “decorrente de uma potencialidade da sentença a 
ser proferida em repercutir sobre a sua esfera jurídica, afetando, assim, uma 
relação material que não foi deduzida a do terceiro”. Já Didier Jr. Explica que 
“o interesse jurídico é pressuposto da intervenção. Não se autoriza quando o 
interesse for meramente econômico ou afetivo. Seja pelo fato de manter 
relação jurídica vinculada à que está deduzida, seja por ser ela própria que 
está deduzida”. (AUGUSTO, 2018, p.100. Apud MACHADO. P.59. 
AUGUSTO, 2018, p.100. Apud DIDIER JR. P. 305)34 
 
 
A norma prevê dois tipos de assistência, sendo elas, simples e litisconsorcial 
que serão melhores abordadas no decorrer dos tópicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 AUGUSTO, Fernando. Manual de Direito Processual Civil. 2.ed. São Paulo: Rideel, 2018, p. 99-
100. 
 
22 
 
 
2.1.1.1 Procedimento de assistência 
 
 
Para intervir no processo, o terceiro interessado que possuir interesse jurídico 
irá recebe-lo no estado em que se encontra, o pedido de intervenção poderá ser 
impugnado no prazo de 15 dias, na falta de impugnação o juiz deferirá o pedido, salvo 
se houver rejeição liminar, se alguma parte alegar que não há interesse jurídico do 
requerente, caberá ao juiz decidir sem suspensão dos autos, conforme prevê a 
redação do art. 119 e 120 que trata das disposições gerais: 
 
 
Art. 119. Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro 
juridicamente interessado em que a sentença seja favorável a uma delas 
poderá intervir no processo para assisti-la. Parágrafo único. A assistência 
será admitida em qualquer procedimento e em todos os graus de jurisdição, 
recebendo o assistente o processo no estado em que se encontre. 
Art. 120. Não havendo impugnação no prazo de 15 (quinze) dias, o pedido do 
assistente será deferido, salvo se for caso de rejeição liminar. 
Parágrafo único. Se qualquer parte alegar que falta ao requerente interesse 
jurídico para intervir, o juiz decidirá o incidente, sem suspensão do 
processo.35 
 
 
O recurso cabível contra a decisão que defere ou não o pedido de intervenção 
será o Agravo de instrumento conforme previsão legal no art. 1015, IX do CPC. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
35 BRASIL. LEI Nº 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em 05/04/2021. 
 
23 
 
 
2.1.1.2 Assistência simples 
 
 
A assistência simples ocorre quando um terceiro ingressa ao processo devido 
ao interesse jurídico de beneficiar alguma das partes, visto que o resultado da ação 
gerará reflexos em outra relação jurídica material que o terceiro mantém com o 
assistido, vejamos o exemplo reproduzido por MELLO: 
 
 
É o caso, por exemplo, da relação jurídica de direito material entre o 
sublocatário e o locatário, no caso de eventual ação de despejo entre o 
locador e o locatário (inquilino). A decisão judicial proferida na ação de 
despejo vai influenciar a relação jurídica entre o sublocatário (assistente) e o 
locatário (assistido). Ora, o sublocatário possui um interesse jurídico indireto 
no resultado da demanda. O assistente é, pois, um auxiliar.36 
 
 
Diante o exemplo é correto afirmar que o terceiro ao ingressar como assistente 
não possui relação jurídica direta alguma com outra parte que não seja o assistido. O 
assistente conforme previsto no art. 121 do CPC será um auxiliar da parte que assiste, 
exercendo os mesmos poderes e se sujeitando aos mesmos ônus que o assistido. 
 
 
Se o assistido for revel, ou for omisso de qualquer outra forma, o assistente 
será considerado seu subtítulo processual, de sorte que poderá dar 
continuidade ao processo no lugar daquele, inclusive apresentando 
contestação, afastando os efeitos da revelia.37 
 
 
 
 
 
 
 
36 MELLO, Cleyson de Moraes. Teoria Geral do Processo. 1.ed. Rio de Janeiro: Editora Processo, 
2019. Pag. 187-188. 
37 AUGUSTO, Fernando. Manual de Direito Processual Civil. 2.ed. São Paulo: Rideel, 2018, p.100 
 
24 
 
 
A assistência simples é meramente auxiliar, sendo assim, não impede que a 
parte principal “(...)reconheça a procedência do pedido, desista da ação, renuncie ao 
direito sobre o que se funda a ação ou transija sobre direitos controvertidos. ” (art. 122 
CPC). 38 
 
 
Sobre a assistência simples Gonçalves explica: 
 
 
É o mecanismo pelo qual se admite que um terceiro, que tenha interesse 
jurídico em que a sentença seja favorável a uma das partes, possa requerer 
o seu ingresso, para auxiliar aquele a quem deseja que vença. O requisito 
indispensável é que o terceiro tenha interesse jurídico na vitória de um dos 
litigantes. É fundamental, pois, que se identifique quando o terceiro tem 
interesse e quando pode ser considerado jurídico. O terceiro pode ter 
interesse de vários tipos sobre determinada causa: econômico, porque um 
dos litigantes é seu devedor, e se vier a perder a causa, empobrecerá e terá 
menos recursos para pagá-lo; afetivo, por ligação com uma das partes, a 
quem deseja a vitória. Esses tipos de interesse não podem justificar a 
intervenção do terceiro no processo. Somente o interesse jurídico. Como 
identificá-lo? Terá interesse jurídico aquele que tiver uma relação jurídica com 
uma das partes, diferente daquela sobre a qual versa o processo, mas que 
poderá ser afetada pelo resultado.39 
 
 
 
 
https://image.freepik.com/vetores-gratis/conceito-de-propriedade-intelectual-
ilustrado_52683-48609.jpg
38 BRASIL. LEI Nº 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em 05/04/2021. 
39 Gonçalves, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado. 8. ed. – São Paulo : 
Saraiva, 2017. Pag. 302-303. 
 
25 
 
 
2.1.1.3 Coisa julgada na assistência simples e na litisconsorcial. 
 
 
Para tratarmos dos efeitos da sentença em caso de assistência simples 
faremos uma breve análise do art. 123 do CPC: 
 
 
 Art. 123. Transitada em julgado a sentença no processo em que interveio o 
assistente, este não poderá, em processo posterior, discutir a justiça da 
decisão, salvo se alegar e provar que: 
I - pelo estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e pelos atos 
do assistido, foi impedido de produzir provas suscetíveis de influir na 
sentença; 
II - desconhecia a existência de alegações ou de provas das quais o assistido, 
por dolo ou culpa, não se valeu. 
 
 
Como regra geral a sentença transitada em julgado proveniente da ação que 
o assistente interveio não pode ser rediscutida em outra ação, salvo exceções tratadas 
nos incisos I e II explicadas a seguir por Augusto: 
 
 
a) ficou impedido de produzir prova capaz de influir na decisão, ou pelo estado 
em que adentrou no processo, por exemplo, em fase recursal, após a 
prolação da sentença, ou pelas alegações e atos do assistido, por exemplo, 
a sua confissão; e 
b) não tinha conhecimento da existência de fatos ou provas das quais o 
assistido, por dolo ou culpa, não utilizou no processo, ou seja, decorrentes da 
má gestão processual do assistido (exceptio male gesti processos)40 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 AUGUSTO, Fernando. Manual de Direito Processual Civil. 2.ed. São Paulo: Rideel, 2018, p.101 
 
26 
 
 
Com relação aos efeitos da coisa julgada Mello ensina: 
 
 
A coisa julgada não pode prejudicar o assistente simples, somente nos casos 
em que a coisa julgada beneficie terceiros, conforme a regra do artigo 506 do 
CPC que diz: “a sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, 
não prejudicando terceiros”. De forma contrária, o assistente litisconsorcial é 
atingido pelos efeitos da coisa julgada, seja favorável ou desfavorável ao 
assistente.41 
 
 
Seguimos com uma breve análise: 
 
 
Preocupou-se o legislador com as consequências do processo em relação ao 
assistente simples. Para que ele as sofra é preciso, em primeiro lugar, que 
efetivamente tenha sido admitido nessa condição no processo. Essa 
observação, que parece óbvia, é fundamental, porque o assistente 
litisconsorcial é atingido pelos efeitos da coisa julgada, intervindo ou não. 
Diversamente, o simples só será atingido se efetivamente intervier. Além 
disso, é preciso que, de alguma forma, possa ter tido a oportunidade de influir 
no resultado, de participar efetivamente do processo. Isso porque há três 
situações em que, conquanto tenha intervindo, não terá podido influenciar o 
resultado. São aquelas previstas nos incisos do art. 123(...) Será na futura 
ação de regresso, envolvendo assistente e assistido, que este poderá invocar 
a justiça da decisão, para obstar que aquele rediscuta fundamentos já 
decididos.42 
 
 
Como fixação é importante a leitura Bueno acerca da eficácia da intervenção: 
 
 
O art. 123 veda ao assistente que discuta a “justiça da decisão” proferida no 
processo em que interveio após seu trânsito em julgado. Por “justiça da 
decisão” deve ser entendida a inviabilidade de o assistente, em processo 
posterior, discutir os fundamentos da decisão tomada no processo em que 
interveio. Isto porque, é a pressuposição, é na fundamentação da decisão 
que a razão de ser da intervenção é apreciada. É como se a previsão do art. 
123 fosse uma exceção ao disposto nos incisos I e II do art. 504 sobre os 
limites objetivos da coisa julgada. A eficácia da intervenção, contudo, não 
 
41 MELLO, Cleyson de Moraes. Teoria Geral do Processo. 1.ed. Rio de Janeiro: Editora Processo, 
2019. Pag. 191. 
42 Gonçalves, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado. 8. ed. – São Paulo: 
Saraiva, 2017. Pag. 311-312. 
 
27 
 
 
incide em duas hipóteses, previstas nos dois incisos do art. 123. Na primeira, 
quando a intervenção do assistente tiver sido tardia e, como tal, incapaz de 
modificar o resultado desfavorável; na segunda, terá que comprovar o 
desconhecimento de alegações ou de provas não empregadas pelo assistido 
por dolo ou culpa, que o prejudicaram. É o que a doutrina, comumente, chama 
de exceptio male gesti processus. E a coisa julgada? Ela atinge o assistente? 
O melhor entendimento é o de que a coisa julgada, favorável ou desfavorável, 
atinge o assistente litisconsorcial. Isto porque em tais casos, há, por definição, 
hipótese de legitimação extraordinária a justificar a ocorrência da coisa 
julgada material. Ainda que aquele que pudesse intervir como assistente 
litisconsorcial não o faça, ele estará sujeito à coisa julgada, precisamente em 
função da regra de legitimação extraordinária existente na hipótese. Com 
relação ao assistente simples, o melhor entendimento sempre foi no sentido 
de poupá-lo da coisa julgada por ser ele terceiro, conservando este status 
mesmo após a sua intervenção no processo. O art. 506, contudo, convida à 
reflexão diversa. Isto por causa da novidade trazida naquele dispositivo de 
que a coisa julgada pode beneficiar terceiros, assim aquela formada no 
processo em que contendem o assistido e o seu adversário. Não há como em 
tais casos, de qualquer sorte, admitir que a coisa julgada possa querer 
prejudicar o assistente simples.43 
 
 
Acerca da coisa julgada material e do agente litisconsorcial: 
 
 
Só pode ingressar como assistente litisconsorcial aquele que tenha a 
condição de substituído processual, sendo titular ou cotitular da relação 
jurídica material alegada e discutida no processo. Proferida sentença de 
mérito e não cabendo mais recurso, haverá coisa julgada não apenas para 
as partes, mas também para o assistente litisconsorcial. Tomemos mais uma 
vez o exemplo das ações reivindicatórias ou possessórias de bens em 
condomínio. Ainda que ajuizadas por só um dos cotitulares, a demanda 
versará sobre todo bem, sobre a fração ideal daquele que figura como autor 
e dos demais condôminos. Por isso, todos serão atingidos pela coisa julgada. 
Se os demais quiserem, poderão ingressar como assistentes litisconsorciais, 
mas, ingressando ou não, para todos haverá coisa julgada material. Aquele 
que pode ingressar como assistente litisconsorcial sofrerá os efeitos da coisa 
julgada material, intervindo ou não. Mesmo que opte por ficar fora, será 
afetado, porque tem a qualidade de substituído processual.44 
 
 
 
 
43 Bueno, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil : inteiramente estruturado à luz 
do novo CPC, de acordo com a Lei n. 13.256, de 4-2-2016. 2. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo : 
Saraiva, 2016. P. 183 
44 Gonçalves, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado. 8. ed. – São Paulo : 
Saraiva, 2017. Pag. 309. 
 
28 
 
 
2.1.1.4 Assistência litisconsorcial 
 
 
Diferente da simples que o assistente não possui relação jurídica direta com 
a parte contrária na assistência litisconsorcial a sentença terá efeitos diretos entre 
assistente e adversário assistido, é o que prevê o art. 124 do CPC “Considera-se 
litisconsorte da parte principal o assistente sempre que a sentença influir na relação 
jurídica entre ele e o adversário do assistido. ”45 
Augusto define a assistência litisconsorcial e acrescenta acerca das 
atribuições do assistente: 
 
 
A assistência é litisconsorcial quando a relação jurídica do assistente é direta, 
ou seja, quando o seu interesse na causa é imediato. Isso ocorre quando a 
sentença puder afetar diretamente a relação jurídica de que o terceiro
seja 
titular, sozinho ou em conjunto com o assistido, que mantém com a parte 
contrária ao assistido. [...] A assistência litisconsorcial se afigura, pois, como 
espécie de litisconsórcio unitário facultativo ulterior. E, por todas essas 
razões, atuando como litisconsorte da parte, o seu tratamento no processo é 
igual ao conferido ao assistido, garantindo-se-lhe os mesmos direitos 
processuais e com a mesma intensidade, não se aplicando as regras do art. 
122 do CPC, que o põe em posição secundária.46 
 
 
Vemos aqui que diferente da assistência simples, a litisconsorcial não se 
sujeita aos atos que a parte possa praticar no art. 122 “reconheça a procedência do 
pedido, desista da ação, renuncie ao direito sobre o que se funda a ação ou transija 
sobre direitos controvertidos. ”47 
 
 
 
 
 
45BRASIL. LEI Nº 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em 05/04/2021. 
46 AUGUSTO, Fernando. Manual de Direito Processual Civil. 2.ed. São Paulo: Rideel, 2018, p.101-102 
47 BRASIL. LEI Nº 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em 05/04/2021. 
 
29 
 
 
Seguimos com uma breve explicação acerca da assistência litisconsorcial: 
 
 
A assistência litisconsorcial só existe no campo da legitimidade 
extraordinária, pois só o substituído processual pode assumir a condição de 
assistente. Também vimos que, nos casos de legitimidade extraordinária 
concorrente, aquele que ingressa como assistente litisconsorcial poderia, se 
quisesse, ter proposto a ação junto com os demais cotitulares do direito 
alegado. Por isso, a condição do assistente litisconsorcial é a de um 
litisconsorte facultativo unitário ulterior: ele tem os mesmos poderes que o 
litisconsorte unitário, com a ressalva de que, tendo ingressado com o 
processo já em curso, passará a atuar no estado em que o processo se 
encontra. O regime aplicável a ele é o mesmo do litisconsórcio unitário. A sua 
participação não é subordinada ao assistido, que não tem poderes de veto, 
como no caso da assistência simples. Aplica-se o regime da unitariedade: o 
assistente litisconsorcial pode praticar isoladamente os atos que sejam 
benéficos, e o benefício se estenderá à parte. Mas os atos desfavoráveis 
serão ineficazes até mesmo em relação a ele, salvo se praticados em 
conjunto pelos assistidos e pelo assistente litisconsorcial. Não se aplica o art. 
122 do CPC ao assistente litisconsorcial, mas somente ao simples. Desde 
que haja a intervenção do primeiro no processo, a parte assistida não pode 
mais renunciar ao direito, reconhecer o pedido, transigir ou mesmo desistir 
da ação, sem que haja concordância do assistente litisconsorcial, que é 
cotitular da relação jurídica una e incindível, discutida no processo. Como o 
assistente litisconsorcial é tratado como verdadeiro litisconsorte unitário, 
desde o seu ingresso, ele e o assistido passarão a ter prazos em dobro, caso 
os procuradores sejam diferentes, pertencentes a escritórios distintos, e 
desde que não se trate de processo eletrônico (CPC, art. 229).48 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
48 Gonçalves, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado. 8. ed. – São Paulo : 
Saraiva, 2017. P. 308-309 
 
30 
 
 
2.1.2. Denunciação da lide 
 
 
Modalidade de intervenção de terceiro provocada (quando a parte que já 
integra os autos chama um terceiro estranho ao processo para dele participar) a 
denunciação da lide pressupõe a existência de um direito de regresso, podendo esse 
direito ser exercido 
 
 
A denunciação à lide é uma espécie de intervenção de terceiros no qual o 
denunciante (autor ou réu) apresenta pedido de tutela jurisdicional em face 
do denunciado (terceiro), com o firme propósito de exercer o direito de 
regresso no caso de sucumbência. Melhor dizendo: é uma ação de regresso 
no mesmo processo, com vistas a economia processual.49 
 
 
São três características da denunciação da lide: 
 
 
a) É forma de intervenção de terceiros, que pode ser provocada tanto 
pelo autor quanto pelo réu, diversamente do chamamento ao processo, 
que só pode ser requerido pelo réu. b) Tem natureza jurídica de ação, 
mas não implica a formação de um processo autônomo. Haverá um 
processo único para a ação e a denunciação. Esta amplia o objeto do 
processo. O juiz, na sentença, terá de decidir não apenas a lide principal, 
mas a secundária. Por exemplo: em ação de acidente de trânsito, em que 
há denunciação à seguradora, o juiz decidirá sobre a responsabilidade 
pelo acidente, e a da seguradora em reembolsar o segurado. c) Todas as 
hipóteses de denunciação são associadas ao direito de regresso. Ela 
permite que o titular desse direito já o exerça nos mesmos autos em que 
tem a possibilidade de ser condenado, o que favorece a economia 
processual.50 
 
 
 
 
 
49 MELLO, Cleyson de Moraes. Teoria Geral do Processo. 1.ed. Rio de Janeiro: Editora Processo, 
2019. Pag. 191. 
50 Gonçalves, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado. 8. ed. – São Paulo : 
Saraiva, 2017. P. 312 
 
31 
 
 
2.1.2.1 Hipóteses que autorizam a denunciação da lide 
 
 
Os casos em que se autoriza a denunciação da lide são expressamente 
precistos no art. 125 do CPC, vejamos: 
 
 
Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das 
partes: 
I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi 
transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da 
evicção lhe resultam; 
II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação 
regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo. 
§ 1º O direito regressivo será exercido por ação autônoma quando a 
denunciação da lide for indeferida, deixar de ser promovida ou não for 
permitida. 
§ 2º Admite-se uma única denunciação sucessiva, promovida pelo 
denunciado, contra seu antecessor imediato na cadeia dominial ou quem seja 
responsável por indenizá-lo, não podendo o denunciado sucessivo promover 
nova denunciação, hipótese em que eventual direito de regresso será 
exercido por ação autônoma.51 
 
 
O CPC de 2015 dispõe que a denunciação da lide é admissível, diferente do 
CPC de 73 que dizia ser obrigatória, em todas as hipóteses, inclusive nos casos em 
que ela se fundamenta no exercício do direito decorrente da evicção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
51 BRASIL. LEI Nº 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em 05/04/2021. 
 
 
32 
 
 
A admissão da denunciação da lide somente ocorrerá nas hipóteses previstas 
nos incisos, sendo assim: 
 
 
a) ao alienante imediato, no processo relativo à coisa que foi transferida ao 
denunciante para que ele possa exercer os direitos resultantes da evicção; A 
evicção, prevista nos arts. 447 a 457 do CC, é a perda judicial da coisa 
adquirida, e traz como efeito o direito de obter a restituição integral do preço 
pago, além de eventual indenização. Assim, se o denunciante é acionado 
judicialmente numa ação em que alguém pleiteia o bem adquirido, poderá 
fazer a denunciação para que, em caso de procedência da ação principal (e, 
consequentemente, a perda da coisa), obtenha o direito de receber do 
denunciado o valor pago. 
b) àquele que por lei ou por contrato, estiver obrigado a indenizar, em ação 
regressiva, aquele que perder o processo. É o caso do direito de regresso 
clássico de garantia, quando a lei ou o contrato obriga alguém a suportar o 
prejuízo de outrem decorrente da sucumbência em um processo, sem que 
haja necessidade de discutir ou introduzir na demanda fatos novos, como 
ocorre por exemplo no contrato de seguro.52
https://image.freepik.com/vetores-gratis/conceito-de-propriedade-intelectual-
ilustrado_52683-48609.jpg 
 
52 AUGUSTO, Fernando. Manual de Direito Processual Civil. 2.ed. São Paulo: Rideel, 2018. Pag. 
103 
 
33 
 
 
2.1.2.2 Denunciação sucessiva 
 
 
No CPC de 1973 não havia limite para denunciação, o novo código só permite 
apenas uma conforme apresentada a redação do art. 125 § 2º: 
 
 
Admite-se uma única denunciação sucessiva, promovida pelo denunciado, 
contra seu antecessor imediato na cadeia dominial ou quem seja responsável 
por indenizá-lo, não podendo o denunciado sucessivo promover nova 
denunciação, hipótese em que eventual direito de regresso será exercido por 
ação autônoma.53 
 
 
Isso significa que, feita a denunciação pelo autor ou réu, cabe ao denunciado, 
requerer a denunciação sucessiva, porém o denunciado sucessivo não poderá 
requerer nova denunciação, cabendo a ele buscar direito de regresso em ação 
autônoma. 
 
 
2.1.2.3 Procedimento da denunciação 
 
 
A denunciação será feita pelo autor através da petição inicial e pelo réu 
através da contestação, conforme redação do art. 126 do CPC. ” A citação do 
denunciado será requerida na petição inicial, se o denunciante for autor, ou na 
contestação, se o denunciante for réu, devendo ser realizada na forma e nos prazos 
previstos no art. 131 .”54 Requerida a denunciação, o juiz determinará a citação do 
denunciado no prazo de trinta dias, caso não resida na comarca sessenta dias (art. 
126 c.c. art. 131). Se o prazo não for cumprido por falta do denunciante promover 
 
53 BRASIL. LEI Nº 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em 07/04/2021. 
54 BRASIL. LEI Nº 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em 07/04/2021. 
 
34 
 
 
algum ato necessário para a citação, a denunciação ficará sem efeito, prosseguindo-
se apenas em face dele. Mas se o atraso ocorrer por fato alheio a sua vontade, ele 
não poderá ser prejudicado. Cabe agravo de instrumento da decisão que indeferir ou 
indeferir a denunciação da lide. 
 
 
2.1.2.3.1 Denunciação feita pelo autor 
 
 
Devido a denunciação da lide ter natureza jurídica de ação, o autor 
estabelecerá nova relação processual com o denunciado, que terá como ônus se 
defender da denunciação. Entretanto ele pode assumir posição de litisconsorte na 
ação originária, vejamos o exemplo: 
 
 
O autor também pode requerer a denunciação da lide quando, temendo os 
prejuízos decorrentes de uma eventual improcedência, queira, no mesmo 
processo, exercer direito de regresso contra o terceiro, que tem obrigação de 
responder por tais prejuízos. A denunciação será requerida pelo autor na 
petição inicial. Ele exporá os fatos e fundamentos jurídicos e formulará o seu 
pedido contra o réu, postulando o seu acolhimento. Mas, para a hipótese de 
eventual improcedência, já fará a denunciação da lide, postulando que o juiz 
condene o denunciado ao ressarcimento dos prejuízos que dela advierem. 
Se o juiz deferir a denunciação, mandará primeiro citar o denunciado e depois 
o réu, porque, na condição de litisconsorte do autor, na lide principal, aquele 
terá o direito de acrescentar novos argumentos à inicial (CPC, art. 127). (...) 
assim, no mesmo processo ele é simultaneamente réu (da denunciação) e 
coautor (da ação principal). Por isso, citado, poderá acrescentar novos 
argumentos à inicial (na condição de coautor da lide principal, que não 
participou da elaboração dessa peça) e oferecer contestação à lide 
secundária. O juiz, ao final, proferirá sentença única que, se de procedência, 
implicará a extinção sem resolução de mérito da denunciação.55 
 
 
 
 
 
 
55 Gonçalves, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado. 8. ed. – São Paulo : 
Saraiva, 2017. P. 320 
 
35 
 
 
2.1.2.3.2 Denunciação feita pelo réu 
 
 
O réu, citado, requerendo a denunciação da lide na contestação deve indicar 
os fundamentos de fato e de direito que garantem o direito de regresso e qual o 
pedido, nesse caso não é necessária atribuição de valor da causa. Cabe ao juiz 
verificar se estão presentes as situações que autorizam o direito de regresso. Deferido 
o pedido, deverá a citação ser cumprida no prazo tratado no item 3.1.2 (art. 126 c.c. 
art. 131). Vejamos acerca das atribuições do denunciado após citado: 
 
 
O denunciado poderá apresentar contestação. Como, desde o 
comparecimento, assume a qualidade de litisconsorte, poderá impugnar os 
fatos alegados pelo autor na petição inicial, complementando aquilo que já 
fora alegado pelo réu. Além disso, pode impugnar o objeto da denunciação 
propriamente dita, negando a existência do direito de regresso. Se o 
denunciado for revel, o denunciante pode deixar de prosseguir com sua 
defesa, eventualmente oferecida, e abster-se de recorrer, restringindo sua 
atuação à ação regressiva. E se o denunciado confessar os fatos alegados 
pelo autor na ação principal, o denunciante poderá prosseguir com sua 
defesa ou, aderindo a tal reconhecimento, pedir apenas a procedência da 
ação de regresso. Ao final, o juiz proferirá sentença conjunta, na qual julgará 
ambas as ações. Em caso de procedência da lide principal, e condenação do 
réu denunciante, decidirá se ele tem ou não direito de regresso contra o 
denunciado. Em caso de improcedência do pedido na lide principal, a 
denunciação ficará prejudicada, e o juiz a julgará extinta sem resolução de 
mérito.56 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
56 Gonçalves, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado. 8. ed. – São Paulo : 
Saraiva, 2017. P. 319 
 
 
36 
 
 
 
2.1.3. Chamamento ao processo 
 
 
O chamamento ao processo ocorre quando o réu chama o terceiro, passando 
a ser litisconsorte passivo, com o objetivo de ser responsabilizado de forma conjunta 
e imediata em face do autor. Sendo cabível apenas nas hipóteses do art. 131 do CPC: 
 
Art. 130. É admissível o chamamento ao processo, requerido pelo réu: 
I - do afiançado, na ação em que o fiador for réu; 
II - dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles; 
III - dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de 
alguns o pagamento da dívida comum.57 
 
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57 BRASIL. LEI Nº 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em 07/04/2021. 
 
37 
 
 
2.1.3.1 Procedimento do chamamento ao processo 
 
 
O art. 131 determina o chamamento ao processo: 
 
 
Art. 131. A citação daqueles que devam figurar em litisconsórcio passivo será 
requerida pelo réu na contestação e deve ser promovida no prazo de 30 
(trinta) dias, sob pena de ficar sem efeito o chamamento. 
Parágrafo único. Se o chamado residir em outra comarca, seção ou subseção 
judiciárias, ou em lugar incerto, o prazo será de 2 (dois) meses. 
 
 
Requerido pelo réu na contestação, deve a citação ser ocorrer no prazo de 30 
dias, sob pena de ineficácia. Procedida a citação, surgirá o litisconsórcio no polo 
passivo, na figura da ação de litisconsórcio será facultativo simples. Interessante 
observarmos o questionamento da doutrina: 
 
 
Caberia perguntar se o autor pode desistir da ação em relação a um dos 
chamados. Parece-nos que não, pois não foi ele quem os incluiu no polo 
passivo, mas sim o chamante. Com relação a este poderá haver desistência, 
cuja homologação dependerá de
seu consentimento se já tiver havido 
resposta, mas não com relação aos chamados.58 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
58 Gonçalves, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado. 8. ed. – São Paulo : 
Saraiva, 2017. Pag. 329. 
 
38 
 
 
2.1.4. Desconsideração da personalidade jurídica 
 
 
A desconsideração jurídica ocorre quando se torna necessário atingir o 
patrimônio dos sócios para que se cumpra uma obrigação, como regra geral, a pessoa 
jurídica é pessoa de direito e autônoma, podendo ela contrair direitos e obrigações 
das quais ela será responsável no limite de seu patrimônio, entretanto, essa proteção 
patrimonial não é absoluta, surgindo a figura da desconsideração da personalidade 
jurídica como um meio de evitar que essas pessoas jurídicas no gozo dessa proteção 
seja utilizada como meio para a prática de fraudes e abusos de direito, em detrimento 
dos credores. 
 
 
Há muito, a regra da autonomia patrimonial das pessoas jurídicas vem 
admitindo restrições, sobretudo nos casos em que ela é utilizada como 
instrumento para a prática de fraudes e abusos de direito, em detrimento dos 
credores. A teoria da desconsideração da personalidade jurídica (disregard 
doctrine), que autoriza o juiz a estender, em determinadas situações, a 
responsabilidade patrimonial pelos débitos da empresa aos sócios, sem que 
haja a dissolução ou desconstituição da personalidade jurídica, vem sendo 
acolhida em nossa doutrina desde o final dos anos 1960, sobretudo a partir 
dos estudos de Rubens Requião. Como não havia previsão legal para aplicá-
la no âmbito do direito privado, de início os tribunais se valeram do art. 135 
do Código Tributário Nacional. Posteriormente, o Código de Defesa do 
Consumidor passou a autorizá-la expressamente no art. 28 e seus parágrafos 
quando “em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de 
poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato 
social”, bem como nos casos de “falência, estado de insolvência, 
encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má 
administração” ou ainda “sempre que a sua personalidade for, de alguma 
forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos 
consumidores”. O Código Civil no art. 50 dispôs que “Em caso de abuso da 
personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela 
confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do 
Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de 
certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens 
particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica”. Compete ao 
direito material estabelecer quais são as exigências para que se possa aplicar 
a desconsideração da personalidade jurídica. No âmbito civil, essas 
exigências estão no art. 50 do CC; e no âmbito consumerista, no art. 28 do 
Código do Consumidor. Além da desconsideração comum, há ainda a 
inversa. Na comum, a responsabilidade patrimonial pelas dívidas da empresa 
é estendida aos sócios; na inversa, a responsabilidade pelas dívidas dos 
sócios é estendida à empresa. No primeiro caso, embora a dívida seja da 
pessoa jurídica, o sócio passa a responder judicialmente pelo débito com seu 
patrimônio pessoal; no segundo, conquanto o débito seja do sócio, será 
 
39 
 
 
possível alcançar bens da empresa, a quem a responsabilidade é 
estendida.59 
 
 
Introduzido o tema vejamos o incidente de desconsideração da personalidade 
jurídica a seguir. 
 
 
2.1.4.1 Procedimento do incidente de desconsideração da personalidade 
jurídica 
 
 
Antes para alcançar o patrimônio dos sócios já havia norma, entretanto 
bastava mero despacho do juiz, pois o CPC não previa procedimento algum, Novidade 
no CPC de 2015. Agora previsto no art. 133 e seguintes do CPC, deverá a 
desconsideração ser requerido pelo autor ou ministério público, não cabendo ao juiz 
decretar de ofício e cabendo a ele somente instaurar em observância das normas 
materiais como por exemplo o Código de defesa do consumidor ou código civil.60 
 
 
O CPC de 2015 vai além e admite também o emprego do mesmo incidente 
para a hipótese de querer responsabilizar pessoa jurídica por atos praticados 
pelas pessoas naturais que a controlam ou comandam. É o sentido da 
previsão do § 2º do art. 133, ao se referir à “desconsideração inversa da 
personalidade jurídica”, admitindo, portanto, que pessoa jurídica seja 
responsabilizada por atos praticados por pessoas naturais de seus quadros 
sociais.61 
 
 
 
 
59 Gonçalves, Marcus Vinicius Rios. Direito processual civil esquematizado. 8. ed. – São Paulo : 
Saraiva, 2017. Pag. 329-330. 
60 Bueno, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil : inteiramente estruturado à luz 
do novo CPC, de acordo com a Lei n. 13.256, de 4-2-2016. 2. ed. rev., atual. e ampl. – São Paulo : 
Saraiva, 2016. 
61 BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2019. 
p. 322-323 
 
40 
 
 
Após o requerimento cabível a qualquer das fases do processo ocorrerá a sua 
instauração, vejamos a explicação de Gonçalves a partir do deferimento do pedido: 
 
 
deverá ser comunicada ao distribuidor para as anotações devidas. Ao suscitar 
o incidente, a parte ou o Ministério Público devem indicar quais os 
fundamentos, de fato e de direito, em que se funda o pedido de 
desconsideração. São os fundamentos estabelecidos pela lei material, isto é, 
pelos arts. 50 do Código Civil e 28 do CDC. Se o requerimento não os indicar, 
o juiz deverá dar oportunidade para que o vício seja sanado, sob pena de 
indeferir de plano o incidente. Se o receber, determinará a suspensão do 
processo, que ficará paralisado até a decisão do incidente. O processo 
deverá ficar suspenso desde o momento em que a parte ou o Ministério 
Público protocolar o pedido de desconsideração. Se o juiz o indeferir de 
plano, há de se considerar que, pelo menos entre o protocolo e a intimação 
da decisão do juiz que o indeferiu, o processo terá ficado suspenso, tal como 
acontecia com as exceções rituais na vigência do Código de 1973. A 
suspensão perdurará até que o incidente seja decidido. Mas, proferida a 
decisão, o processo retoma o curso, ainda que venha a ser interposto recurso 
pelo prejudicado. A suspensão não se estende, portanto, para depois que o 
incidente for decidido, ressalvada a hipótese de ao recurso interposto (agravo 
de instrumento) ser deferido efeito suspensivo pelo relator. Instaurado o 
incidente, o juiz determinará a citação do sócio (na desconsideração direta) 
ou da pessoa jurídica (na inversa), para que se manifestem no prazo de 15 
dias. O incidente assegura contraditório prévio, permitindo que o sócio ou a 
pessoa jurídica apresentem as suas alegações e procurem demonstrar que 
não estão presentes os requisitos da lei material para a desconsideração. 
Além da manifestação do sócio, o pedido de desconsideração poderá ser 
impugnado, na desconsideração direta, também pela pessoa jurídica, como 
tem reconhecido o Superior Tribunal de Justiça. Embora as partes do 
incidente sejam o suscitante e o sócio (no caso da desconsideração direta), 
a pessoa jurídica poderá manifestar-se, postulando o não acolhimento do 
incidente. Pelas mesmas razões, na desconsideração inversa, embora as 
partes sejam o suscitante e a pessoa jurídica, o sócio poderá manifestar-se, 
postulando o indeferimento do pedido. O juiz poderá determinar as provas 
necessárias para que suscitante e suscitado comprovem as suas alegações. 
Concluída a instrução, ele decidirá o incidente, que será resolvido por decisão 
interlocutória, contra a qual poderá ser interposto recurso de agravo de 
instrumento (art. 1.015, IV, do CPC). Como o incidente pode ser instaurado 
em qualquer fase do processo de conhecimento, é de se admitir que o seja 
mesmo que o processo se encontre em grau de recurso,

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