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PÓS - APOSTILA EXECUÇÃO-FUNDADA-EM-TÍTULO-EXTRAJUDICIAL

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0 
 
 
 
 
1 
 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 2 
1 ASPECTOS GERAIS ..................................................................................... 3 
1.1 O que é execução ........................................................................................... 3 
1.2 Disposições gerais .......................................................................................... 4 
1.3 Princípios informadores da execução ............................................................. 5 
1.4 Dos requisitos para realizar qualquer execução ............................................. 5 
2 PROCESSO DE EXECUÇÃO ........................................................................ 7 
2.1 Aspectos comuns a todas as espécies de execução extrajudicial .................. 7 
2.2 Partes ............................................................................................................. 9 
2.3 Competência ................................................................................................ 11 
2.4 Liquidação .................................................................................................... 11 
2.5 Defesa do devedor ....................................................................................... 11 
2.6 Execução definitiva e execução provisória ................................................... 12 
3 AS DIVERSAS ESPÉCIES DE EXECUÇÃO ............................................... 14 
3.1 Entregar coisa .............................................................................................. 15 
3.1.1 Entrega de coisa certa .................................................................................. 15 
3.1.2 Entrega de coisa incerta ............................................................................... 18 
3.2 Obrigação de fazer ....................................................................................... 19 
3.2.1 Obrigações de fazer fungíveis ...................................................................... 20 
3.2.2 Obrigações de fazer infungíveis ................................................................... 22 
3.3 Obrigação de não fazer ................................................................................ 23 
3.4 Pagar quantia certa contra devedor solvente ............................................... 24 
3.5 Execução contra a Fazenda Pública ............................................................ 47 
3.6 Execução de alimentos ................................................................................. 49 
4 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 51 
 
2 
 
 
INTRODUÇÃO 
Prezado aluno, 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
3 
 
1 ASPECTOS GERAIS 
 
1.1 O que é execução 
Quando ocorre o inadimplemento de uma obrigação pactuada entre dois 
sujeitos, o pronunciamento judicial que acolha a petensão daquele contrato não se faz 
suficiente para satisfazer o postulante, sendo necessário que o executado 
efetivamente cumpra o compromisso de fazer, não fazer, pagar ou entregar coisa. 
Para isso, o Judiciário é munido do poder de impor o adimplemento, independente da 
vontade do devedor. 
Entretanto, para o Estado-juiz utilize dos meios legais para a tutela executiva, 
é necessário que haja um grau suficiente de certeza, pois a execução obriga que se 
tome medidas muitas vezes drásticas contra o executado, invadindo seu patrimônio 
para que se possa atingir o fim pleiteado. 
Essa certeza é fornecida pelo título executivo, e a lei considera como tal vários 
documentos extrajudiciais (produzidos sem intervenção judicial). Eles permitirão a 
instauração do processo executivo. Sem eles, o titular do direito deverá ingressar com 
um processo de conhecimento. Essa é a forma do judiciário reconhecer a existência 
da obrigação. Reconhecida, mas não cumprida em espontaneidade pelo devedor, se 
iniciará a fase de cumprimento de sentença, tratada neste curso em disciplina 
apartada. 
O que distinguirá a fase (ou processo) de conhecimento do procedimento 
executivo é sua finalidade. A de conhecimento busca uma sentença em que o juiz 
firme o direito, um título executivo judicial. A fase (ou o processo) execução busca a 
tomada de medidas concretas para a satisfação do direito já firmado em título, é 
quando já se tem a posse de um título judicial ou extrajudicial. 
 
 
4 
 
1.2 Disposições gerais 
Cabe salientar, que a presente disciplina é complementar à de cumprimento de 
sentença, por partilharem diversas similaridades e procedimentos. Caberá aqui 
algumas generalidades aplicáveis a ambas e especificações pertinentes à execução 
de título extrajudicial. Para melhor esclarecimento, nas palavras de Castelo: 
[...] o caput do art. 771 do NCPC fixa que as disposições deste livro, também, 
aplicam-se, no que couber, ou seja, de forma supletiva, aos procedimentos 
especiais de execução, aos atos executivos realizados no procedimento do 
cumprimento de sentença, bem como aos efeitos de atos ou fatos 
processuais que a lei atribuir força executiva. 
 
Dessa forma, a disciplina dos atos executivos realizados no procedimento de 
cumprimento de sentença é complementada (de forma supletiva) pelas regras 
pertinentes a realização dos atos executivos na execução de títulos 
extrajudiciais, que servirão para as execuções (rectius: procedimentos 
pertinentes a fase de natureza satisfativa, ou, da fase de passagem do mundo 
normativo para a realização das operações transformativas no mundo dos 
fatos) em geral. 
 
E isso, em reforço, ao que já era fixado pelo caput do art. 513 do NCPC: “O 
cumprimento da sentença será feito segundo as regras deste Título, 
observando-se, no que couber e conforme a natureza da obrigação, o 
disposto no livro II da Parte Especial deste Código.” 
 
Interessante destacar que, o parágrafo único do art. 771 do novo CPC, 
inversamente, determina a aplicação subsidiária das disposições referentes 
ao processo/fase de conhecimento, particularmente, do cumprimento da 
sentença para disciplina do processo/fase de execução. 
 
Isso, também, em reforço ao artigo 318 caput e seu § único, do novo CPC, 
que ao abrir a Parte Especial (que trata do processo de conhecimento e do 
cumprimento da sentença) fixam a aplicação subsidiária do procedimento 
comum aos procedimentos especiais e ao processo de execução: “Parágrafo 
Único: O procedimento comum aplica-se subsidiariamente aos demais 
procedimentos especiais e ao processo de execução.” 
 
Outrossim, cumpre observar que o novo CPC em atenção a natureza 
executiva de diversos provimentos judiciais com força executiva além da 
própria sentença, a eles mais uma vez se refere e oferece conjuntamente 
com a técnica do cumprimento da sentença o modelo da execução de títulos 
extrajudiciais, de forma supletiva, no que couber (caput do art. 771 do NCPC). 
 
O novo CPC deixaclara a possibilidade da aplicação subsidiária e supletiva 
entre procedimentos distintos, inter-relacionando diferentes fases e distintos 
processos e tutelas, superando o dogma da mera aplicação subsidiária e 
cumulando as técnicas do cumprimento da sentença com a do procedimento 
da execução. 
 
5 
 
Trata-se de afirmação da somatória das duas técnicas no objetivo da 
efetividade do acesso à ordem jurídica justa. 
 
Com tal afirmação da fungibilidade e adaptação dos diferentes 
procedimentos, o novo CPC busca a obtenção do resultado máximo do 
exercício da atividade jurisdicional, afastando questões relacionadas a 
denominada jurisprudência defensiva e as dificuldades impostas pela prática 
da praxe forense e de suas múltiplas situações, de forma que adotou essa 
solução de forma a atingir o propósito almejado. (CASTELO, 2016. pp. 08-
09) 
1.3 Princípios informadores da execução 
À execução de título extrajudicial aplicam-se todos os princípios também 
aplicáveis ao processo civil e à execução em geral, abordados na disciplina de 
Cumprimento de Sentença. 
1.4 Dos requisitos para realizar qualquer execução 
Independentemente do critério formal para a instauração da tutela executiva 
– se provocada por demanda executiva ou sendo uma fase seguinte à ação 
cognitiva de prestação –, é certo que tal proteção jurisdicional só pode ser 
feita se em tal momento certos requisitos específicos da tutela executiva 
estiverem presentes. São eles: a pretensão insatisfeita e o título executivo. 
(ABELHA, 2015) 
 
Quanto ao título, determina o art. 783 que “a execução para cobrança de crédito 
fundar-se-á sempre em título de obrigação certa, líquida e exigível.” (BRASIL, 2015) 
Dessa forma, em toda e qualquer atividade executiva é mister que exista um 
título executivo, assim entendido como o documento hábil e representativo 
de todos os elementos do crédito (norma individualizada) apto a viabilizar a 
execução forçada. Sem o título executivo (judicial ou extrajudicial) faltará o 
requisito processual exigido pelo CPC (art. 783), que torna viável e adequada 
a tutela executiva. Assim, sem o título, faltará “adequado interesse 
processual” na obtenção da satisfação pretendida pela via jurisdicional 
executiva. (ABELHA, 2015) 
 
Para a presente matéria, necessário elucidar quais títulos se adequam ao 
caráter extrajudicial tratado aqui, de acordo com a norma vigente. Conforme elenca 
os arts. 784 e ss. do NCPC: 
 
6 
 
Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais: 
 
I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque; 
II - a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; 
III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2 (duas) 
testemunhas; 
IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela 
Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos 
transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por tribunal; 
V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real 
de garantia e aquele garantido por caução; 
VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte; 
VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio; 
VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de 
imóvel, bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de 
condomínio; 
IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na 
forma da lei; 
X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de 
condomínio edilício, previstas na respectiva convenção ou aprovadas em 
assembleia geral, desde que documentalmente comprovadas; 
XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores 
de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, 
fixados nas tabelas estabelecidas em lei; 
XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir 
força executiva. 
 
§ 1º A propositura de qualquer ação relativa a débito constante de título 
executivo não inibe o credor de promover-lhe a execução. 
 
§ 2º Os títulos executivos extrajudiciais oriundos de país estrangeiro não 
dependem de homologação para serem executados. 
 
§ 3º O título estrangeiro só terá eficácia executiva quando satisfeitos os 
requisitos de formação exigidos pela lei do lugar de sua celebração e quando 
o Brasil for indicado como o lugar de cumprimento da obrigação. (BRASIL, 
2015) 
 
Mas também, conforme o subsequente art. 785, “a existência de título executivo 
extrajudicial não impede a parte de optar pelo processo de conhecimento, a fim de 
obter título executivo judicial.” (BRASIL, 2015) 
Quanto à pretensão insatisfeita, analisemos a exigibilidade da obrigação trazida 
pelos arts. 786 e ss. 
 
Art. 786. A execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a 
obrigação certa, líquida e exigível consubstanciada em título executivo. 
 
7 
 
Parágrafo único. A necessidade de simples operações aritméticas para 
apurar o crédito exequendo não retira a liquidez da obrigação constante do 
título. 
 
Art. 787. Se o devedor não for obrigado a satisfazer sua prestação senão 
mediante a contraprestação do credor, este deverá provar que a adimpliu ao 
requerer a execução, sob pena de extinção do processo. 
 
Parágrafo único. O executado poderá eximir-se da obrigação, depositando 
em juízo a prestação ou a coisa, caso em que o juiz não permitirá que o credor 
a receba sem cumprir a contraprestação que lhe tocar. 
 
Art. 788. O credor não poderá iniciar a execução ou nela prosseguir se o 
devedor cumprir a obrigação, mas poderá recusar o recebimento da 
prestação se ela não corresponder ao direito ou à obrigação estabelecidos 
no título executivo, caso em que poderá requerer a execução forçada, 
ressalvado ao devedor o direito de embargá-la. (BRASIL, 2015) 
 
 
2 PROCESSO DE EXECUÇÃO 
No processo de execução autônomo, as fases podem ser divididas em: 
a) fase postulatória: ajuizamento da ação (petição inicial) 
b) fase instrutória: preparação para fase satisfativa (ex.: penhora e avaliação, depósito 
da coisa, etc.) 
c) fase satisfativa: fim do procedimento executivo, normalmente quando há a 
satisfação da pretensão do exequente. 
2.1 Aspectos comuns a todas as espécies de execução extrajudicial 
De forma genérica, o legislador estabeleceu preceitos básicos aplicáveis a 
todos os processos executivos, contidos nos arts. 797 a 805 do CPC. Em todos os 
casos, o credor formulará a petição inicial acompanhada do título executivo. Recebida 
a inicial, o executado será citado, o que acarretará consequências diversas. Vejamos: 
 
 
8 
 
a) Petição Inicial 
O processo de execução nunca se inicia de ofício. Deverá ser peticionado pelo 
credor, preenchendo os requisitos dos arts. 319 e 320 do CPC e também o art. 798 
que determina requisitos específicos da petição inicial nos procedimentos executivos. 
Conforme a obrigação contida no título, deverá indicar o tipo de provimento que 
almeja e seu objeto deverá ser líquido certo exigível. Se tratando de quantia, 
necessário que acompanha memória de cálculo, índice de correção de taxa de juros 
com termos iniciais e finais, periodicidade, se houver, e especificação de desconto 
obrigatório realizado. Não é admitida prévia liquidação. 
Naturalmente, se indicará o valor da causa, que deve corresponder ao 
montante econômico da pretensão, e será acompanhada dos documentos 
indispensáveis, mormente o título executivo extrajudicial. Caso incompleta, “o juiz 
determinará que o exequente a corrija, no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de 
indeferimento.” (art. 801). Recebida em temos, citará o executado. 
 
b) Citação do executado 
Em se tratando de título executivo extrajudicial, o executado sempre será citado 
após o peticionamento do exequente, posto não ter havido fase de conhecimento, 
portanto, precisará tomar ciência do processo e termos da inicial.Na execução são admitidas todas as formas de citação dispostas no NCPC, 
até mesmo por carta e mandado com hora certa, o que não se admitia anteriormente. 
“Ao executado que, citado por edital ou por hora certa, permanecer revel, será 
nomeado curador especial, com legitimidade para apresentação de embargos.” 
(Súmula 196 do STJ). 
Quanto aos efeitos da citação válida, serão os mesmos do processo de 
conhecimento, elencados no art. 240 do CPC: 
 
9 
 
• indução de litispendência, o que terá grande relevância para caracterização 
da fraude à execução. Para que a alienação de bens capaz de reduzir o 
devedor à insolvência possa ser considerada fraudulenta, autorizando o juiz 
a, nos próprios autos, declarar-lhe a ineficácia, é indispensável que o devedor 
tenha sido citado. O credor pode valer-se dos arts. 799, IX, e 828 para 
antecipar a data a partir da qual a fraude fica caracterizada, registrando a 
certidão de admissão da execução; 
 
• interrupção da prescrição. Valem as mesmas regras que para o processo 
de conhecimento. É o despacho que ordena a citação que interrompe o prazo 
de prescrição, mas, se tomadas as providências para que seja feita no prazo 
estabelecido em lei (dez dias), a eficácia interruptiva retroage à data da 
propositura da demanda (art. 802); 
 
• constituição do devedor em mora. É importante para que possam incidir os 
encargos da mora, como juros e multa. Mas a citação só constituirá o devedor 
em mora se já não o estiver anteriormente. Nas obrigações a termo, haverá 
mora desde a data do vencimento. Nas por atos ilícitos, desde a data do fato 
(Súmula 54, do STJ). Não havendo constituição anterior, o devedor estar em 
mora a partir da citação. (GONÇALVES, 2016. p. 767) 
2.2 Partes 
As partes que figuram os polos ativo e passivo na execução de título executivo 
extrajudicial não diferem das do cumprimento e sentença. Necessário se faz apenas 
um esclarecimento quanto ao polo passivo do inciso IV do art. 779: “o fiador do débito 
constante em título extrajudicial”. 
À época do Código anterior, em razão de mencionar o art. 568, IV [hoje, art. 
779, IV], apenas o fiador judicial entre os legitimados passivos da execução 
forçada, chegou-se a afirmar que o Código teria rompido com as tradições do 
Regulamento 737 e das Ordenações do Reino, e ainda dos Códigos 
estaduais, de modo a excluir do elenco dos títulos executivos extrajudiciais o 
contrato de fiança civil ou comercial. 
 
O fiador comum, assim, só seria sujeito passivo de execução quando tivesse 
contra si uma sentença condenatória, mas, já então, suportaria a atividade 
executiva não mais como simples fiador, e sim como “devedor principal”, 
diante da condenação que lhe foi imposta. 
 
Data venia, a restrição não tinha razão de ser. O art. 585, III, do CPC/1973 
enumerou como título executivo extrajudicial, não só a fiança judicial, mas 
também todos os “contratos de caução”. 
 
Ora, caução é sinônimo de garantia, que em direito privado pode ser 
“evidentemente real ou fidejussória”. Por isso, a jurisprudência se consolidou 
no sentido de que a fiança como caução pessoal que é configura título 
executivo extrajudicial, nos termos do art. 585, III, do CPC de 1973. 
 
10 
 
O NCPC pacificou definitivamente o tema, uma vez que o art. 779, IV, ao 
arrolar os legitimados passivos para a execução forçada, fala amplamente 
em “fiador do débito” constante em título extrajudicial sem qualquer 
discriminação entre fiança judicial ou extrajudicial. 
 
Assim, o que se deve exigir do contrato de fiança, para que autorize a coação 
executiva, é tão somente que seja representativo de obrigação certa, líquida 
e exigível, conforme dispõe o art. 783 do NCPC. 
 
Por outro lado, não admite a lei que a sentença condenatória (título executivo 
judicial) obtida apenas contra o devedor afiançado seja também exequível 
contra o fiador, que não tiver participado da fase de conhecimento (art. 513, 
§ 5º). No caso, o título executivo é a sentença e não o contrato de fiança e, 
na sentença, figura como vencido (devedor) apenas o demandado. Se foi 
necessária uma sentença, é porque o contrato não era, por si só, título 
executivo. Ou porque houve necessidade de acertar, contra o devedor 
principal, algo mais que o valor das prestações previstas no contrato. O fato, 
porém, de a sentença, na espécie, não ser exequível contra o fiador não 
impede que o credor lance mão da execução por título extrajudicial, que terá 
por base o contrato de fiança, se este contiver termos suficientes para se 
emprestar certeza, liquidez e exigibilidade à obrigação garantida. 
 
Um requisito importante a observar para que a fiança goze da força de título 
executivo é o que decorre do impedimento, previsto no art. 1.647, III, do 
Código Civil, a que um dos cônjuges preste garantia fidejussória sem 
autorização do outro, salvo apenas no caso de casamento sob regime da 
separação absoluta de bens. Muito já se discutiu sobre se a fiança pactuada 
sem a referida vênia conjugal seria nula em toda extensão ou se prevaleceria 
apenas sobre a meação do fiador. O STJ, porém, já superou a divergência e 
fez inserir em sua jurisprudência sumulada que “a fiança prestada sem 
autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia total da garantia” 
(Súmula, STJ nº 332). A nulidade da fiança, na espécie, portanto, é de pleno 
direito e invalida até mesmo a penhora efetivada apenas sobre a meação do 
prestador da garantia, conforme entendimento consolidado do STJ, cujo 
fundamento se apoia no art. 166, VII, do Código Civil. 
 
Sem embargo da nulidade atribuída à fiança prestada sem a outorga do outro 
cônjuge, a jurisprudência consagra a tese de que “a nulidade da fiança só 
pode ser demandada pelo cônjuge que não a subscreveu, ou por seus 
respectivos herdeiros”. Desse modo, “afasta-se a legitimidade do cônjuge 
autor da fiança para alegar sua nulidade, pois a ela deu causa”. Tal 
posicionamento, na ótica do STJ, “busca preservar o princípio consagrado na 
lei substantiva civil segundo o qual não pode invocar a nulidade do ato aquele 
que o praticou, valendo-se da própria ilicitude para desfazer o negócio”. 
(THEODORO JR., 2018) 
 
11 
 
2.3 Competência 
É relativa a competência para execução de título extrajudicial, que deverá ser 
analisada conforme as regras gerais do art. 781, observando se há ou não foro de 
eleição. 
Havendo (possibilidade se tratando de competência relativa), as partes deverão 
fixá-lo no título. Ex.: em contrato de locação, constar o foro escolhido pelas partes 
para cobrança e execução do alugueis. 
Caso não haja, prevalecerá a regra geral de competência de foro do domicílio 
do devedor ou o da situação dos bens executados. 
Tais regras também são válidas em caso de execução hipotecária, que em vez 
de real, possui natureza pessoal, pois executa-se a dívida, mesmo que venha 
garantida por direito real. 
O art. 46, § 5°, do CPC, tratará da competência das execuções fiscais. 
2.4 Liquidação 
Não há que se falar em liquidação do quantum debeatur nas execuções de 
título executivo extrajudicial, visto que este sempre deverá expressar 
uma obrigação certa, líquida e exigível. Doutra forma, perderá sua executividade. 
2.5 Defesa do devedor 
A defesa do devedor nas execuções de título extrajudicial é feita por meio de 
embargos à execução. Diferente do que ocorre no cumprimento de sentença onde a 
defesa veiculada por impugnação é incidente do cumprimento, “os embargos têm 
natureza de ação cognitiva autônoma vinculada à execução” (GONÇALVES, 2016. p. 
788). Por tal razão, também não é possível opor embargos senão para permitir a 
 
12 
 
defesa do executado, que poderá alegar o que melhor lhe convir através de todos os 
meios de prova. Ao final, será prolatada sentença de acolhimento ou rejeição dos 
embargos. “Aquilo que for decidido nos embargos poderá repercutir diretamente na 
execução, determinando seu prosseguimento, sua eventual extinção ou a modificação 
de atos que nela tenham sido praticados.”(GONÇALVES, 2016. p. 788) 
 
2.6 Execução definitiva e execução provisória 
Trata-se de uma classificação que só se aplica ao cumprimento de sentença, 
já que a execução de título extrajudicial é sempre e apenas definitiva, conforme 
súmula 317 do STJ, que enuncia: “É definitiva a execução de título extrajudicial, ainda 
que pendente apelação contra sentença que julgue improcedentes os embargos.” 
“Nessas situações, ainda há um risco de reversão do resultado, uma vez que existe 
recurso pendente. No entanto, o legislador optou por considerar a execução 
definitiva.” (GONÇALVES, 2016. p. 709) 
Havendo reversão do julgado, tanto no cumprimento de sentença definitivo 
quanto no provisório, o credor responderá por perdas e danos que por ventura sofra 
o devedor. Entretanto, há excepcionalidade da execução provisória de título 
extrajudicial. Theodoro Jr. destaca: 
 
A Lei nº 11.382, de 06.12.2006, à época do Código anterior, ao reformar o 
texto do art. 587 do CPC/1973, promoveu uma grande inovação no regime 
de execução provisória, cuja incidência, até então, só ocorria na execução de 
sentença. A execução do título extrajudicial era sempre definitiva, e só se 
suspendia temporariamente durante o processamento dos embargos do 
devedor em primeira instância. Pronunciada sua improcedência ou rejeição, 
a apelação que não tinha efeito suspensivo permitia a retomada da execução, 
que continuava sendo definitiva, mesmo na pendência do recurso. 
 
A definitividade da execução, em tais circunstâncias, abrangia todos os atos 
executivos, inclusive a alienação judicial dos bens penhorados, e a expedição 
de carta de arrematação, dispensada a caução. Ocorrido o provimento da 
apelação, não se invalidava o ato expropriatório em benefício de terceiro 
 
13 
 
(arrematante), e resolvia-se o direito do executado em perdas e danos 
reclamáveis do exequente. 
 
 
[...] Segundo o texto renovado do art. 587, tornar-se-ia temporariamente 
provisória a execução dos títulos extrajudiciais após a apelação interposta 
contra a sentença que rejeitasse os embargos do devedor. Essa 
provisoriedade prevaleceria enquanto não julgado o recurso e se aplicaria 
apenas aos casos em que os embargos tivessem sido recebidos com efeito 
suspensivo. 
 
A norma foi repetida pelo NCPC, ao dispor que não tem efeito suspensivo a 
apelação interposta contra sentença que extingue os embargos à execução 
sem resolução do mérito, ou os julga improcedentes (art. 1.012, § 1º, III), caso 
em que o apelado (o exequente) “poderá promover o pedido de cumprimento 
provisório depois de publicada a sentença”. Isto, obviamente, só pode 
acontecer se os embargos estivessem sendo processados com efeito 
suspensivo. Caso contrário, não teria sentido falar-se em execução 
provisória, porque o efeito suspensivo da apelação nenhuma repercussão 
teria sobre o procedimento executivo em andamento. Se os embargos não 
tiveram força de suspender a execução, muito menos teria a apelação contra 
uma sentença que os rejeitara. 
 
É bom lembrar que, na execução dos títulos extrajudiciais, a regra é a não 
suspensividade dos embargos (NCPC, art. 919). A eficácia suspensiva será 
excepcional e dependerá de decisão judicial caso a caso, dentro dos 
condicionamentos do § 1º do art. 919. 
 
Assim, se os embargos se processaram sem suspender a execução do título 
extrajudicial, a interposição de apelação, também sem efeito suspensivo, 
nenhuma interferência terá sobre o andamento da execução, que continuará 
comandada pelo caráter da definitividade. Se, todavia, aos embargos atribuiu-
se força suspensiva, a eventual apelação contra a sentença que lhes 
decretou a improcedência fará que, na pendência do recurso, o andamento 
da execução seja possível, mas em caráter de execução provisória. 
 
Isto quer dizer que, sendo definitiva a execução, todos os atos executivos 
serão praticáveis, inclusive a alienação dos bens penhorados e o pagamento 
ao credor, sem necessidade de caução. Quando for provisória, observar-se-
ão os ditames do art. 520 do NCPC [...]. 
 
Todavia, encontrando-se o processo em estágio de agravo em recurso 
extraordinário ou recurso especial perante o STF ou o STJ, pode a execução 
provisória ocorrer com dispensa da caução, desde que observado o disposto 
no art. 521, parágrafo único, do NCPC. Vale dizer: por expressa ressalva de 
lei, essa dispensa excepcional de caução não poderá se dar quando presente 
manifestamente o risco de a execução provisória provocar “grave dano, de 
difícil ou incerta reparação”. (THEODORO JR., 2018) 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
Parcelamento da dívida: 
Na execução de título extrajudicial admite-se que o executado requeira o 
parcelamento da dívida em até 6 parcelas mensais acrescidas de correção monetária 
e juros de 1%/mês “reconhecendo o crédito do exequente e comprovando o depósito 
de trinta por cento do valor em execução, acrescido de custas e de honorários de 
advogado” (BRASIL, 2015), no prazo de embargos (art. 916, caput do CPC). 
Tal benefício, contudo, não se aplica ao cumprimento de sentença, por 
expressa ressalva do § 7º do art. 916. (THEODORO JR., 2018) 
 
3 AS DIVERSAS ESPÉCIES DE EXECUÇÃO 
“O novo Código, assim como o de 1973, regulou separadamente as execuções 
dos títulos extrajudiciais tendo em vista a natureza da prestação a ser obtida do 
devedor, classificando-as em:” (THEODORO JR., 2018) 
 
• Entrega de coisa 
• Obrigações de fazer e não fazer 
• Quantia certa, contra devedor solvente 
 
O NCPC não cuidou da execução por quantia certa contra devedor insolvente. 
Entretanto, até que seja editada lei específica, as execuções em curso ou que venham 
a ser propostas serão reguladas pelos artigos relativos à matéria constantes do CPC 
de 1973 (NCPC, art. 1.052). (THEODORO JR., 2018) 
 
 
15 
 
3.1 Entregar coisa 
A entrega de coisa está disciplinada nos arts. 806 a 813 do CPC, divididos entre 
coisa certa (806 a 810) e coisa incerta (811 a 813). Esta se diferencia no momento 
inicial do processo executivo, devido a necessidade de individualiza-la antes da 
execução. Após, é seguido o procedimento para entrega de coisa certa. 
 
 
3.1.1 Entrega de coisa certa 
 
Coisa certa é a que já se encontra individualizada e determinada no título 
executivo. Sendo ele extrajudicial, é tratado nos arts. 806 e ss. do CPC. 
No procedimento, apresentada a inicial, o juiz determinará a citação do devedor 
para entregar a coisa no prazo de 15 dias (art. 231 do CPC). Do mandado constará 
ordem de busca e apreensão ou imissão de posse. 
 
[...] O devedor poderá: 
 
a) entregar a coisa, para satisfazer a obrigação. Será lavrado o termo e, com 
o pagamento dos honorários, extinta a execução, a menos que deva 
prosseguir para ressarcimento de eventuais frutos ou prejuízos, caso em que 
seguirá sob a forma de execução por quantia; 
 
b) não entregar a coisa, caso em que se cumprirá, de imediato, a ordem de 
imissão na posse, se o bem for imóvel, ou de busca e apreensão, se móvel, 
que já constava do mandado de citação. O juiz pode, ainda, valer-se da multa 
como meio de coerção, quando verificar, por exemplo, que o devedor oculta 
o bem. Caso a entrega da coisa torne-se impossível, por perecimento, 
deterioração ou qualquer outra razão, haverá conversão em perdas e danos, 
com liquidação incidente, para apuração do quantum debeatur. Se alienada 
a coisa quando já litigiosa, será expedido o mandado contra o terceiro 
adquirente. (GONÇALVES, 2016) 
 
Em qualquer das condutas, o devedor terá prazo de 15 dias para opor 
embargos, independente da entrega da coisa. 
 
16 
 
Uma das alegações para embargar é que, de boa-fé, tenha realizado 
benfeitorias úteis e necessárias, possuindo, portanto, direito de retenção (art. 917, IV), 
caso em que pedirá ao juiz a suspensão do cumprimento do mandado de imissão de 
posse ou busca e apreensão. Havendo elementos indicativos da razão do devedor, 
este preservará o bem em mãos até o ressarcimento das benfeitorias. 
Na inexistênciaou improcedência dos embargos, a imissão de posse ou a 
busca e apreensão tornam-se definitivas. 
Na hipótese de deterioração do bem ou impossibilidade de localização, 
converter-se-á em perdas e danos (art. 809). 
 
Fluxograma do procedimento na próxima página: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
*Fluxograma retirado da obra ‘Curso de Direito Processual Civil’ - Humberto Theodoro Jr. 2018. 
 
 
 
18 
 
3.1.2 Entrega de coisa incerta 
 
Conforme art. 243 do Código Civil, “a coisa incerta será indicada, ao menos, 
pelo gênero e pela quantidade” (BRASIL, 2002), ou seja, não se trata de algo ignorado 
ou desconhecido, mas determinável, sendo então necessário sua individualização. 
Logo, seu caráter incerto é transitório, pois haverá um momento que cessará. 
Ainda, dispõe o art. 244 do mesmo código que: "nas coisas determinadas pelo 
gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar 
do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigada a prestar 
a melhor" (BRASIL, 2002), isto é, na ausência de acordo em sentido contrário, o 
devedor escolhe a coisa, e será citado para entregá-la determinada por gênero e 
quantidade e individualizada, no prazo de 15 dias (art. 811 do CPC). Entretanto, se 
não exercer seu direito de escolha ao tempo da tradição, caberá ao credor (caso já 
anteriormente pactuado a escolha por este, deverá indicá-la na petição inicial). Se 
ambos omitirem-se da escolha, poderão optar por um terceiro. Caso este não queira 
ou não possa, a escolha será judicial. 
Na discordância da coisa escolhida, a parte contrária poderá apresentar 
impugnação no prazo de 15 dias. O juiz decidirá após análise pericial (se necessário). 
 
Fluxograma do procedimento na próxima página: 
 
 
 
 
 
 
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*Fluxograma retirado da obra ‘Curso de Direito Processual Civil’ - Humberto Theodoro Jr. 2018. 
 
3.2 Obrigação de fazer 
As obrigações de fazer são as que há o compromisso do devedor de realizar 
prestação em atos ou serviços, que podem ser tanto de natureza imaterial quanto 
material. 
Diferem-se das obrigações de entregar coisa porque nestas o interesse do 
credor consiste apenas na coisa em si, e não na conduta de quem deve. Nas 
obrigações de fazer, há interesse direto na atividade ou qualidades pessoais do 
devedor. 
Há obrigações de fazer fungíveis, em que prescinde de qualidades pessoais e, 
portanto, poderão ser cumpridas por outra pessoa. E as infungíveis, que só podem 
ser prestadas pelo próprio devedor. 
 
 
20 
 
Essa distinção tem grande relevância porque, conquanto as execuções de 
obrigação de fazer fungíveis e infungíveis possam usar meios de coerção, 
somente as primeiras podem valer-se de meios de sub-rogação: só elas 
autorizam a prestação por um terceiro, às expensas do devedor. As 
infungíveis só poderão valer-se dos meios de coerção, e se eles se revelarem 
ineficazes, só restará a conversão em perdas e danos. (GONÇALVES, 2016. 
p. 769) 
 
 
 
 
3.2.1 Obrigações de fazer fungíveis 
 
Dispõe-se no art 815 e ss. do CPC. 
Em seu procedimento, será determinada a citação do devedor para satisfazer 
a obrigação no prazo constante no título executivo. Caso não conste, será fixado pelo 
juiz. 
Após a citação, correrá tanto o prazo do título (ou fixado pelo juiz) quanto o 
prazo de 15 dias para oposição de embargos do devedor, que corre independente do 
cumprimento da obrigação. Contagens na forma do art. 231. 
 
Mesmo que seja fungível, é possível que o juiz, de ofício ou a requerimento 
da parte, fixe multa periódica, para o não cumprimento. Não sendo eficazes 
os meios de coerção, e persistindo o inadimplemento, o credor pode optar 
entre a execução específica por sub-rogação ou a conversão em perdas e 
danos, que exigirá prévia liquidação incidente (GONÇALVES, 2016. 769-770) 
 
Fluxograma do procedimento na próxima página: 
 
 
 
 
 
 
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*Fluxograma retirado da obra ‘Curso de Direito Processual Civil’ - Humberto Theodoro Jr. 2018. 
 
 
22 
 
Execução específica por sub-rogação: 
Não cumprindo o devedor a obrigação fungível, há a opção de o credor requerer 
que outra pessoa a cumpra às expensas do executado. 
Será livremente nomeada pelo juiz uma pessoa idônea, podendo ser 
determinado ao credor o fornecimento de indicações. 
A pessoa nomeada fará proposta para a realização da obrigação. Examinada 
pelo juiz e ouvidas as partes, caso seja acolhida, terá as despesas antecipadas pelo 
credor. 
Após a prestação do serviço, prosseguirá a oitiva das partes no prazo de 10 
dias. Transcorrido prazo sem procedência de eventuais impugnações, a obrigação se 
dará por cumprida, executando-se o devedor em relação a quantia antecipada pelo 
credor. 
Na hipótese de não prestação do serviço ou prestação incompleta, poderá o 
exequente solicitar ao juiz a autorização para a conclusão da obra às custas da pessoa 
nomeada dentro de 15 dias, havendo também o direito de preferência caso o credor 
opte por ele mesmo realizar o serviço, exercendo-o no prazo de 5 dias. 
As medidas de sub-rogação são opcionais e, caso o credor considere muito 
onerosas ou trabalhosas, pode requerer a aplicação dos meios coercitivos. Sendo 
este ineficazes, a conversão em perdas e danos. 
 
3.2.2 Obrigações de fazer infungíveis 
 
Sem a possibilidade da utilização de meios de sub-rogação, o juiz usará de 
coerção para que o devedor cumpra a obrigação, valendo-se dos meios do art. 536, § 
1° do CPC. Sendo estes ineficazes ou persistindo o devedor na recusa, converter-se-
á em perdas e danos. 
 
23 
 
Fluxograma do procedimento: 
 
 
*Fluxograma retirado da obra ‘Curso de Direito Processual Civil’ - Humberto Theodoro Jr. 2018. 
3.3 Obrigação de não fazer 
A obrigação de não fazer ocorre quando o devedor pratica um ato que, no título 
executivo, se obrigou a abster-se. Uma conduta negativa se torna positiva, pois a partir 
do descumprimento, deverá desfazer o ato e, portanto, não há execução de uma 
abstenção, já que não pressupõe inércia do devedor, mas execução do desfazimento 
do que foi feito de forma indevida, ou seja, da ação. “Se alguém constrói sobre um 
terreno em que não poderia, a execução terá por objeto o desfazimento da obra, e 
não qualquer abstenção. Não há como executar um non facere, mas apenas um 
facere.” (GONÇALVES, 2016. p. 771) 
Sendo possível ser desfeito, o devedor será citado para que desfaça, dentro de 
um prazo fixado pelo juiz, sob pena de multa. Caso possa ser desfeito por terceiro e 
o exequente assim requerer, utilizar-se-á do mesmo procedimento para as obrigações 
de fazer. 
Não sendo possível ser desfeito, haverá conversão em perdas e danos. 
 
24 
 
Fluxograma do procedimento: 
 
*Fluxograma retirado da obra ‘Curso de Direito Processual Civil’ - Humberto Theodoro Jr. 2018. 
 
3.4 Pagar quantia certa contra devedor solvente 
O processo de execução das obrigações para pagamento de quantia está 
previsto nos arts. 824 e ss. do CPC. 
Art. 824. A execução por quantia certa realiza-se pela expropriação de bens 
do executado, ressalvadas as execuções especiais. 
Art. 825. A expropriação consiste em: 
I - adjudicação; 
II - alienação; 
III - apropriação de frutos e rendimentos de empresa ou de estabelecimentos 
e de outros bens. 
Art. 826. Antes de adjudicados ou alienados os bens, o executado pode, a 
todo tempo, remir a execução, pagando ou consignando a importância 
atualizada da dívida, acrescida de juros, custas e honorários advocatícios. 
(BRASIL, 2015) 
 
25 
 
A execução por quantia certa é a mais comum. É onde o credor pretende que 
o devedor pague quantia determinada em dinheiro. 
Em regra, a técnica utilizada é a de sub-rogação, excepcionalmente a coerção 
(art. 139, IV do CPC). No inadimplemento, o Estado-juiz toma dinheiro ou bens do 
executado em montante suficiente para satisfação do débito. Caso a penhora recaia 
sobre dinheiro,o valor será pago ao credor em momento adequado. Caso recaia sobre 
bens, necessária será a conversão em dinheiro por meio de alienação, particular ou 
por leilão judicial presencial ou eletrônico, exceto se o exequente concordar em ficar 
com os bens como meio de pagamento. 
De maneira geral, a execução por quantia fundada em título extrajudicial 
compreende os seguintes atos: 
 
• petição inicial; 
• exame da inicial pelo juiz, do qual pode resultar o seu indeferimento ou 
recebimento, com a determinação de que o executado seja citado e intimado 
do prazo para o oferecimento de embargos. No despacho inicial, o juiz já 
fixará os honorários advocatícios em 10% para a hipótese de pagamento; 
• a citação do devedor, para pagar em três dias sob pena de penhora. Se ele 
fizer o pagamento dentro do prazo, os honorários fixados no despacho inicial 
serão reduzidos à metade. Satisfeita a obrigação, será extinta a execução. 
Se não, após os três dias serão feitas a penhora e a avaliação de bens do 
devedor; 
• com a juntada aos autos do mandado de citação, passa a correr o prazo de 
quinze dias para embargos, independentemente de ter ou não havido 
penhora. Os honorários advocatícios poderão ser elevados até 20%, quando 
rejeitados os embargos. Mesmo que não haja embargos, os honorários 
poderão ser elevados ao final do procedimento executivo, levando em conta 
o trabalho realizado pelo advogado do exequente; 
• se os embargos não forem opostos, se forem recebidos sem efeito 
suspensivo, ou se julgados improcedentes, passar-se-á à fase de 
expropriação de bens. (GONÇALVES, 2016. p. 771) 
 
Petição inicial: 
Embora já mencionada, há algumas particularidades na petição inicial no 
processo de execução por quantia certa, que além dos requisitos dos arts. 319 e 320 
do CPC, também instruirá a inicial com a memória de cálculo do débito, devendo ser 
possível que o magistrado discrimine o valor originário, vencimento, acréscimos e 
deduções. Deverá conter todas as exigências do art. 798, parágrafo único do CPC. 
 
26 
 
Caso prefira, o exequente poderá indicar o bem sobre o qual recairá a penhora, 
por ter prioridade na indicação. 
Examinada a peça vestibular, o juiz concederá 15 dias para emenda-la, se 
necessário. Estando em termos, determinará a citação do executado para pagar o 
débito em 3 dias sob pena de penhora. Não mais se inclui na citação a determinação 
para nomear bens à penhora, já que a prioridade passou ao exequente. 
Os honorários serão fixados em 10% para pagamento do exequente. Se pagos 
no prazo, o valor será reduzido à metade. 
 
Citação: 
Além do exposto acima, a citação serve ao executado para ciência do prazo de 
15 dias para opor embargos. 
Fluirão dois prazos: 3 dias para pagamento e 15 dias embargar. O primeiro se 
inicia a partir da citação, e o segundo quando juntar-se aos autos o mandado 
devidamente cumprido. 
 
[...] convém que o mandado seja expedido em duas vias. Feita a citação, o 
oficial de justiça reterá uma consigo e devolverá a outra ao cartório para que 
seja juntada aos autos. Embora a lei se refira a mandado, não há mais óbice 
em que a citação seja feita por carta. Contudo, a penhora e demais atos de 
constrição deverão ser feitas sempre por mandado. 
 
O oficial aguardará o pagamento por três dias. Se não ocorrer, com a via do 
mandado que reteve consigo, fará a penhora, de preferência daqueles bens 
indicados pelo credor. Se não houver indicação, daqueles que, em diligência, 
localizar. Se não forem localizados bens, o juiz poderá determinar que o 
devedor os indique. Se ele os tiver, e não indicar, haverá ato atentatório à 
dignidade da justiça (art. 774, IV, do CPC), que sujeitará o devedor às penas 
do art. 774, parágrafo único. 
 
Com a juntada aos autos do mandado de citação, realizada ou não a penhora, 
fluirá o prazo de quinze dias para os embargos de devedor. A contagem do 
prazo faz-se na forma determinada pelo art. 231 do CPC. (GONÇALVES, 
2016. pp. 772-773) 
 
 
27 
 
Arresto: 
 
Não localizando o executado, mas encontrando seus bens, o art. 830 do CPC 
determina que o oficial de justiça proceda com o arresto executivo (realizado antes da 
citação), para que os bens não se percam ou desapareçam. 
Difere-se da penhora por ser ato preparatório. É realizado com as mesmas 
formalidades da penhora, mas apenas converte-se nesta após a citação do 
executado. A penhora será sempre posterior. 
Para o aperfeiçoamento do arresto, necessário que o meirinho lavre termo 
nomeando depositário que se incumbirá na preservação do bem. 
Após arresto, o oficial de justiça buscará pelo executado por mais duas vezes 
em dias distintos dentro dos 10 dias seguintes. Encontrando-o o citará pessoalmente 
convertendo o arresto em penhora. Não o encontrando, procederá a citação ficta por 
hora certa se suspeita sua ocultação, ou citação por edital nas circunstâncias previstas 
em lei. (art. 256 do CPC). 
Conforme Súmula 196 do STJ, “ao executado que, citado por edital ou por hora 
certa, permanecer revel, será nomeado curador especial, com legitimidade para 
apresentação de embargos.” 
Entretanto, ressalta Gonçalves: 
 
Há controvérsia se o curador estaria obrigado a aforá-los, ainda que por 
negativa geral, caso não tenha outros elementos. Prevalece, com razão, o 
entendimento de que só devem ser apresentados se ele tiver o que alegar, 
não sendo admissíveis os opostos por negativa geral, já que não constituem 
um incidente de defesa, mas verdadeira ação. 
 
Sem elementos para embargar, o curador acompanhará a execução, 
manifestando-se em todos os seus incidentes, para preservar eventuais 
direitos do devedor. (GONÇALVES, 2016. p. 773) 
 
 
 
28 
 
Da penhora e do depósito: 
A penhora é um ato constritivo fundamental a qualquer execução por quantia, 
pelo que sua não realização torna impossível alcançar a satisfação do exequente. 
Tem a finalidade de individualização dos bens que constituem o patrimônio do 
executado e que se afetarão ao pagamento da dívida a ser executada. 
Na petição inicial, o exequente já poderá indicar os bens do executado para a 
penhora, devido à ordem estabelecida no art. 835 do NCPC, mas que poderá ser 
flexibilizada quando for mais conveniente aos interesses das partes e êxito do 
processo. 
Sem indicação do credor, cumprirá o oficial de justiça a busca dos bens do 
devedor, conforme já mencionado, observando as hipóteses do art. 833 do CPC e Lei 
n. 8.009/90 quanto a impenhorabilidade. Não localizando bens, o juiz poderá, de ofício 
ou a requerimento do exequente, proceder a intimação do executado para indicá-los. 
Este, possuindo bens, mas não os indicando, incorrerá em ato atentatório à dignidade 
e justiça. 
A penhora recai em quantos bens quanto bastem para pagamento do débito e, 
para efetivá-la, o oficial de justiça poderá solicitar ordem de arrombamento com, 
inclusive, auxílio de força policial determinada pelo juiz, pois enquanto não houver o 
depósito, a penhora não se efetivará, pelo que será nomeado um depositário para a 
resguarda dos bens. 
Estando os bens em outra comarca, haverá expedição de carta precatória para 
proceder a penhora. 
 
A penhora de imóveis e veículos automotores: 
O art. 845, § 1° do CPC dispõe sobre a penhora de bens imóveis e veículos 
automotores, que poderá realizar-se: 
 
29 
 
- Por auto, quando por intermédio do oficial de justiça por preferência do exequente 
ou razão maior (como recusa do devedor em entregar o bem ao depositário); 
- Por termo, quando houver certidão imobiliária nos autos identificando o bem, o que 
dispensará a participação e identificação do oficial de justiça. Também ocorre aos 
veículos automotores, se apresentada certidão atestando sua existência. A vantagem 
da penhora por termo é poder realiza-la até mesmo quando o bem se encontrar em 
outra comarca. 
 
Penhora de créditos e penhora no rosto dos autos: 
Além dos bens corpóreos, a penhora também pode recair sobre os incorpóreos,como os créditos. Sendo estes consubstanciados em letra de cambio, cheque, nota 
promissória, duplicata, etc., se fará com a apreensão do documento, estando este ou 
não em posse do devedor. 
Porém, mesmo sem a apreensão, se o terceiro confessar a dívida, será tido 
como depositário da importância, considerando-se feita a penhora com: 
a) a intimação ao terceiro devedor para que não pague ao executado, seu 
credor; ou 
b) a intimação ao executado, credor do terceiro, para que não pratique ato de 
disposição do crédito. Com a intimação, o terceiro só se exonerará da 
obrigação depositando em juízo a importância da dívida. 
 
Se a penhora recair sobre direito e ação do executado, não tendo havido 
embargos ou sendo eles rejeitados, o exequente se sub-rogará nos direitos 
do executado. 
 
A penhora no rosto dos autos é a que recai sobre eventual direito do 
executado, discutido em processo judicial. 
 
Enquanto não julgado o crédito, o devedor tem uma expectativa de direito, 
que só vai se transformar em direito efetivo se a sua pretensão for acolhida. 
 
É possível efetuar a penhora dessa expectativa, no processo em que o 
executado demanda contra terceiros. 
 
Caso ele se saia vitorioso, a penhora terá por objeto os bens ou créditos que 
lhe forem reconhecidos ou adjudicados; caso seja derrotado, ficará sem 
efeito. 
 
O nome vem de ela ser realizada nos autos do processo em que o executado 
discute o seu direito. O procedimento deve observar o disposto no art. 860. 
 
30 
 
O oficial de justiça intima o escrivão que cuida desse processo a anotar no 
rosto dos autos que os direitos eventuais do devedor naquele processo estão 
penhorados. 
 
Feita a penhora no rosto dos autos, o exequente terá três alternativas: 
 
• aguardar o desfecho do processo em que o executado litiga com terceiro; 
• tentar alienar o direito litigioso, o que não será fácil diante das dificuldades 
de encontrar arrematantes; 
• sub-rogar-se nos direitos do executado, tornando-se titular do direito 
litigioso. (GONÇALVES, 2016. p. 774) 
 
Penhora "on-line": 
A penhora por meio do Sistema ‘Bacen Jud’, chamada de “penhora on-line”, é 
um mecanismo de solicitação eletrônica de informações pelo qual, a comando emitido 
pelo juiz ao Banco Central (Bacen), bloqueia as contas bancárias do devedor. 
O art. 854 do CPC autoriza o Juiz de Direito, de posse de uma senha 
previamente cadastrada, requisitar informações necessárias ao processo. O Bacen 
Jud, repassa automaticamente as ordens judiciais para as instituições financeiras 
determinando a indisponibilidade de ativos do executado, sem prévio conhecimento 
deste. 
Nos termos do art. 835, § 1° do CPC, o dinheiro é o bem em que se prioriza a 
penhora, logo, não há necessidade de primeiramente tentar a localização de outros, 
bastando que o devedor não pague o débito no prazo de 3 dias para que seja 
autorizada o bloqueio. 
“Feito o bloqueio, o valor será transferido para conta vinculada ao juízo, onde 
ficará penhorado até o levantamento pelo credor, sem a necessidade de lavratura de 
termo.” (GONÇALVES, 2016. p. 776) 
Caso a penhora recaia sobre valores impenhoráveis (como cadernetas de 
poupança de até 40 salários mínimos – art. 833, X), o devedor deverá comprovar, no 
prazo 5 dias) para eu o juiz determine o desbloqueio em até 24h. 
 
31 
 
As instituições financeiras responderão pelos prejuízos causados ao 
executado em decorrência da indisponibilidade de ativos financeiros em valor 
superior ao indicado na execução ou pelo juiz, bem como pelo não 
cancelamento da indisponibilidade no prazo de 24 horas, quando o juiz assim 
o determinar. (GONÇALVES, 2016. p. 776) 
 
Penhoras empresariais: 
Em quotas ou ações de sociedades personificadas, procedida a penhora (pelo 
procedimento específico disposto no art. 861 do CPC), o juiz fixará prazo de até 3 
meses para a sociedade apresentar balanço comercial na forma legal, oferecer quotas 
ou ações aos sócios (respeitando do direito de preferência contratual ou legal) “e, não 
havendo interesse dos sócios na aquisição das ações, proceda à liquidação das 
quotas ou das ações, depositado em juízo o valor apurado, em dinheiro.” 
(GONÇALVES, 2016. p. 776) 
Para a penhora de empresa, de outros estabelecimentos ou semoventes, será 
nomeado administrador para apresentar plano de administraçao em dez dias. As 
partes em comum acordo poderão escolher o depositário e ajustar a forma de 
admnistração que será homologado pelo juiz. “No plano, o administrador deverá 
indicar a forma pela qual a empresa ou o estabelecimento será gerido e a forma de 
pagamento do exequente, devendo prestar contas de sua gestão.” (GONÇALVES, 
2016. p. 776) 
Já para a penhora de percentual de faturamento de empresa, trazida no art. 
866 do CPC, só haverá deferimento caso o devedor não possua outros bens 
penhoráveis ou, mesmo possuindo, forem de insuficientes para adimplir seu débito ou 
de dificultosa alienação. 
[...] recairá sobre um percentual do faturamento, que deverá ser fixado pelo 
juiz, de forma que propicie a satisfação do exequente em tempo razoável, 
sem comprometer o exercício da atividade empresarial. Para viabilizar a 
penhora, será nomeado um administrador-depositário, o qual deverá 
submeter à aprovação judicial a sua forma de atuação, prestando contas 
mensalmente e entregando em juízo as quantias recebidas, com os 
respectivos balancetes mensais. (GONÇALVES, 2016. p. 776) 
 
 
32 
 
Penhora de frutos e rendimentos de coisa móvel ou imóvel: 
A penhora poderá recair sobre frutos e rendimentos da coisa, em vez da coisa 
em si, caso em que o juiz irá deferir quando entender ser o meio mais efetivo para o 
exequente e menos gravoso ao executado. 
Exigirá que se nomeie administrador-depositário que se investirá de poderes 
para a administração e fruição das utilidades e frutos da coisa no lugar do devedor 
que perderá seu direito de gozo até a satisfação da dívida. “A nomeação do 
administrador-depositário pode recair sobre o exequente ou sobre o executado, 
ouvida a parte contrária, e, não havendo acordo, sobre profissional qualificado para o 
desempenho da função.” (GONÇALVES, 2016. p. 777) 
Um exemplo é a penhora dos alugueis de um imóvel pertencente ao executado. 
Neste caso, por se tratar de bem imóvel, necessária a averbação no Cartório de 
Registro de Imóveis (art. 844 do CPC). "Caso não se trate de bem imóvel, a eficácia 
em relação a terceiros dar-se-á a partir da publicação da decisão que conceda a 
medida. [...] Também deverá ser providenciada a averbação da penhora de veículos 
e outros bens, sujeitos a registro no órgão competente.” (GONÇALVES, 2016. p. 777) 
 
Averbação da penhora: 
A penhora não depende de averbação para sua validade, a averbação possui 
a finalidade apenas de torna-la pública e cabe ao credor a sua promoção, necessária 
para que não haja alegação de desconhecimento. Cm a averbação, a penhora 
presume-se conhecida e é feita averbação gerará presunção pleno conhecimento da 
penhora e “é feita pela apresentação de cópia do auto ou do termo ao Cartório de 
Registro de Imóveis ou por meio eletrônico (art. 837), não havendo necessidade de 
mandado judicial.” (GONÇALVES, 2016. p. 777) 
A principal vantagem é que, se o bem for alienado pelo executado, os 
adquirentes - tanto o primeiro quanto os subsequentes - não poderão alegar 
boa-fé para afastar a fraude à execução. A Súmula 375 do STJ deixa claro 
que a alienação de bens após o registro da penhora será considerada em 
 
33 
 
fraude à execução; se anterior, a fraude dependerá de prova de má-fé do 
devedor (fica ressalvada a utilização do art. 828 em que há a averbação das 
certidões da admissão da execução, a partir do qual estará configurada 
também a má-fé). (GONÇALVES, 2016. p. 777) 
 
Substituição do bem penhorado: 
De acordo com o art. 847 do CPC, “o executado pode, no prazo de 10 (dez) 
dias contado da intimação da penhora, requerer a substituição do bem penhorado, 
desde quecomprove que lhe será menos onerosa e não trará prejuízo ao exequente.” 
(BRASIL, 2015). O procedimento substitutivo será o do art. 853 do CPC. 
A substituição poderá ser requerida por qualquer das partes e o juiz deferirá 
quando: 
- Não obedecer a ordem do art. 835. 
- Não incidir sobre os bens legalmente estabelecidos, ato judicial para pagamento ou 
contrato (ex: contratos hipotecários em que a penhora recaia sobre o bem hipotecado) 
- Recair sobre bens em foro diverso o da execução quando há bens neste 
- Recair sobre bens gravados ou já penhorados se houver mais bens livres 
- Incidir sobre bens de venda dificultosa 
- Fracassar na tentativa de alienação judicial 
- O devedor não indicar o valor dos bens ou omitir as indicações legalmente 
estabelecidas. 
Ainda, prevê o art. 848 que “a penhora pode ser substituída por fiança bancária 
ou por seguro garantia judicial, em valor não inferior ao do débito constante da inicial, 
acrescido de trinta por cento.” (BRASIL, 2015) 
 
É sempre possível ao devedor requerer a substituição do bem penhorado por 
dinheiro, o que será vantajoso para o credor, pois tornará desnecessária a 
fase de expropriação judicial. O pedido de substituição por dinheiro não se 
confunde com o pagamento, em que o devedor abre mão de qualquer defesa 
e concorda em que haja desde logo o levantamento para pôr fim à execução. 
(GONÇALVES, 2016. p. 778) 
 
34 
 
Segunda penhora: 
A segunda penhora é autorizada pelo art. 851 quando houver anulação da 
primeira, ou o produto da alienação dos bens executados não baste para a totalidade 
do pagamento, ou houver desistência do exequente quanto à primeira devido ao bem 
se encontrar sob litígio ou constrição judicial. 
Entretanto, há mais uma possibilidade não elencada: caso em que houver 
deterioração do bem penhorado, perecimento ou subtração, o que impossibilitaria sua 
execução. 
 
Redução ou ampliação da penhora: 
Após a avaliação dos bens penhorados, a penhora poderá sofrer (a 
requerimento das partes) redução ou ampliação, quando for concluída desproporção 
em relação ao valor da dívida, conforme previsto no art. 874. 
O juiz ouvirá a parte contrária e a redução ou ampliação em será se fará após 
avaliação para comparar o valor aferido com o débito. No entanto poderá ser feita 
antes de avaliação caso a desproporção seja óbvia. 
E também, conforme o art. 850, “será admitida a redução ou a ampliação da 
penhora, bem como sua transferência para outros bens, se, no curso do processo, o 
valor de mercado dos bens penhorados sofrer alteração significativa.” (BRASIL, 2002) 
 
Pluralidade de penhoras sobre o mesmo bem: 
Dado que o valor de um bem pode ser suficiente para adimplir mais de um 
débito, não haverá impedimento de que sofra mais de uma penhora em diferentes 
execuções. Caso isso ocorra, poderá ser levado em hasta pública em qualquer das 
execuções e haverá concorrência entre os credores existentes quanto à prioridade 
sobre o valor angariado, em consonância com o art. 908 do CPC. Mas, pelo § 2°, “não 
 
35 
 
havendo título legal à preferência, o dinheiro será distribuído entre os concorrentes, 
observando-se a anterioridade de cada penhora.” (BRASIL, 2015) 
 
A redação do art. 908 e seus parágrafos permite concluir que, feita a 
alienação do bem, os levantamentos deverão obedecer à seguinte ordem: 
 
- primeiro, haverá necessidade de verificar se há algum credor preferencial, 
como o trabalhista, o fiscal, com garantia real e o credor condominial. Se 
houver mais de um, será preciso verificar a ordem das prelações; 
- não havendo credores preferenciais, mas apenas quirografários, respeitar-
se-á a prioridade das penhoras, tendo preferência aquele credor que 
promoveu a primeira penhora do bem, e assim sucessivamente. A 
prioridade é dada pela efetivação da penhora, e não pela sua averbação 
no Registro de Imóveis, nem pela anterioridade do ajuizamento da 
execução. Nem sempre terá prioridade de levantamento o credor que 
promoveu a execução na qual a hasta pública se realizou. (GONÇALVES, 
2016. p. 779) (Grifo do autor) 
 
O depositário: 
Conforme o art. 839, caput, do CPC, “considerar-se-á feita a penhora mediante 
a apreensão e depósito dos bens, lavrando-se um só auto se as diligências forem 
concluídas no mesmo dia" (BRASIL, 2015). Ou seja, somente após os bens se 
encontrarem sob a guarda do sepositário é que a penhora estará satisfeita. 
A nomeação do depositário constará no auto de penhora, e deverá assiná-lo. 
No entanto, ao depositário que não desejar a função é possibilitada a recusa da 
nomeação. Conforme súmula 319 do STJ que aduz: “O encargo de depositário de 
bens penhorados pode ser expressamente recusado” 
 
O art. 840 do CPC estabelece a ordem de prioridade de nomeação do 
depositário. Quando se tratar de penhora de dinheiro, papéis de crédito e 
pedras ou metais preciosos, o depósito será feito no Banco do Brasil, na 
Caixa Econômica Federal ou no banco do qual o Estado ou o Distrito Federal 
possua mais da metade do capital social integralizado. Quando se tratar de 
bem imóvel, semovente, imóvel urbano ou direito aquisitivo sobre imóvel 
urbano, será feito em poder do depositário judicial. Caso não haja depositário 
judicial, os bens ficarão em poder do exequente, mas poderão ficar em poder 
do executado se forem de difícil remoção ou se o exequente anuir. Os imóveis 
rurais, os direitos aquisitivos sobre imóveis rurais, as máquinas, os utensílios 
e os instrumentos necessários ou úteis à atividade agrícola, mediante caução 
idônea, ficarão em poder do executado. (GONÇALVES, 2016. pp. 779-780) 
 
36 
 
Responsabilidade do depositário: 
O depositário judicial, diferente do contratual, não tem a posse, somente a mera 
detenção do bem, se incumbindo de resguardá-lo e apresentá-lo quando for 
determinado. 
Se o bem for arrematado ou adjudicado, deve entregá-lo ao adquirente, 
quando o juiz determinar. Se não o fizer, basta que o adquirente requeira, no 
processo de execução, que se expeça mandado de imissão na posse ou 
busca e apreensão, não havendo necessidade de propor ação autônoma. 
 
Não há mais a possibilidade de ser decretada a prisão civil do depositário 
infiel, mesmo do judicial, afastada pelo STF, que a restringiu tão somente ao 
inadimplemento de dívida de alimentos. (GONÇALVES, 2016. p. 780) 
 
Da avaliação de bens: 
Ao realizar a penhora, o oficial de justiça deverá promover a avaliação do bem, 
utilizando idoneamente de quaisquer informações que estiverem ao alcance 
(pesquisas com corretores, imobiliárias, anúncios, classificados em jornais, dados 
prestados pelas próprias partes, etc). Entretanto, informará ao juízo a necessidade de 
nomeação de um perito caso considere não possuir conhecimento técnico para fazê-
lo, já que há casos em que, devido sua própria natureza, exigem conhecimentos 
específicos. No entanto, será medida excepcional e deverá justificar os motivos de 
eximir-se. 
Quando possível, a avaliação pelo oficial traz grandes vantagens em ganho 
de tempo e contenção de despesas. 
 
Se houver designação de perito, os seus honorários serão antecipados pelo 
credor, mas incluídos no cálculo do débito. Corno não se trata propriamente 
de prova pericial, não é dado às partes formular quesitos ou indicar 
assistentes técnicos, uma vez que a finalidade única da diligência é avaliar o 
bem. O laudo deverá ser entregue no prazo de 10 dias. 
 
As partes poderão impugnar a avaliação, tanto do oficial de justiça quanto do 
perito, cabendo ao juiz decidir se acolhe ou não o laudo. Se necessário, serão 
solicitados esclarecimentos ao avaliador. (GONÇALVES, 2016. p. 780) 
 
Ainda, em determinação do art. 871 do CPC, há hipóteses de dispensa da 
avaliação. Ela será dispensada quando a estimativa feita por uma parte for aceita pela 
 
37 
 
outra; ou for relativa à mercadorias ou titulos que posuírem cotação na bolsa (com 
comprovação através de publicação oficial ou certidão); ou relativa a títulosde dívida 
pública, ações de sociedade e títulos de crédito em bolsa, onde o valor será o da 
cotação do dia, atestado por publicação em órgão oficial ou certidão, e, ainda, de 
veículos automotores ou bens cujo valor médio no mercado possa ser averiguado por 
meio de pesquisa realizada por órgão oficiais ou anúncios divulgados em veículos de 
comunicação (onde o encargo de comprovar a cotação caberá à quem fizer a 
nomeação. 
Por fim, também há hipóteses de nova avaliação dos mesmos bens, embora, 
em regra não ocorra. São as elecandas no art. 873: quando se constatar ocorrencia 
de erro na avaliação ou dolo do avaliador; se verificar que houve aumento ou 
diminuição do valor dos bens após a avaliação; ou existir fundada dúvida ante o valor 
atribuído a eles na primeira avaliação. 
Nos casos em que a penhora for feita por termo nos autos - como a de bens 
imóveis - será expedido apenas mandado de avaliação, a ser cumprido pelo 
oficial de justiça. (GONÇALVES, 2016. p. 781) 
 
Intimação do executado: 
Após formalização da penhora, intimará o executado para que tome 
conhecimento do bem penhorado e tenha oportunidade de se manifestar sobre 
eventuais equívocos, como, por exemplo, a impenhorabilidade do bem. 
A intimação será dirigida ao advogado do devedor, ou à sociedade de 
advogados a que ele pertence, salvo se ele não o tiver, caso em que deverá 
ser pessoal, de preferência por via postal. Caso a penhora tenha sido feita na 
presença do executado, a intimação é dispensável. Reputar-se-á intimado o 
executado que tiver mudado de endereço sem prévia comunicação ao juízo. 
(GONÇALVES, 2016. p. 781) 
Outras intimações: 
Outras pessoas que não fazem parte da execução também deverão ser 
intimadas: 
 
38 
 
- O cônjuge (art. 842) nos casos em que a penhora recair sobre bem imóvel. Ainda 
que o bem penhorado pertença a apenas um dos cônjuges. Dispensa-se apenas, se 
pertencendo apenas a um, forem casados sob o regime de separação total de bens. 
Conquanto a lei se refira à intimação, tem prevalecido o entendimento de que 
se trata de verdadeira citação, uma vez que o cônjuge poderá ingressar na 
execução, valendo-se até mesmo de embargos de devedor. 
 
Ele poderá valer-se de embargos de terceiro quando quiser livrar da penhora 
bens de sua meação, comprovando que não tem responsabilidade pela 
dívida; ou de embargos de devedor, quando quiser discutir o débito, e 
defender o patrimônio do devedor. (GONÇALVES, 2016. p. 782); 
 
- O credor com garantia real (art. 799, I). Serve a garantir o direito de preferência sobre 
a arrematação e sua inobservância gera ineficácia da alienação do bem (art. 804); 
- O titular da habitação, uso ou usufruto quando recair a penhora sobre bem gravado 
nessas circunstancias; 
- O promitente da compra, quando recair sobre bem em que haja registrada promessa 
de compra e venda; 
- O promitente da venda, quando recair sobre direito de aquisição sobre bem em que 
haja registrada promessa de compra e venda. 
 
Expropriação: 
A expropriação é o meio pelo qual o exequente obterá a satisfação da tutela 
pretendida nas execuções por quantia. Poderá ser feita de três formas: 
- Art. 825, I: Adjudicação. É a entrega do bem penhorado ao(s) credor(es) ou terceiros 
legitimados para satisfação total ou parcial da dívida. 
- Art. 825, II: Alienação dos bens. Presta-se à converter o bem em dinheiro para 
pagamento ao credor. Poderá ser particular ou pública (leilão judicial presencial ou 
eletrônico). 
 
39 
 
- Art. 825, III: “Apropriação de frutos e rendimentos de empresa ou de 
estabelecimentos e de outros bens.” (BRASIL, 2015) 
Deve-se respeitar uma ordem de preferência. Primeiramente verificar se existe 
interessados na adjudicação do bem. Não havendo, determina-se a alienação. 
Prioriza-se a adjudicação pois é realizada sem despesas, enquanto o leilão 
judicial implica gastos com intimações e publicação de editais e permite arrematação 
por valor inferior à avaliação. 
A adjudicação guarda similaridade com a dação em pagamento por haver 
apropriação do bem como pagamento da dívida. Difere-se, no entanto, por ser uma 
expropriação foçada, enquanto a dação é voluntária. 
Se deferida à legitimados diversos do exequente, devem depositar o valor 
correspondente a avaliação para ser levantada pelo credor. Não se confunde com 
arrematação, pois nesta o bem é colocado em leilão judicial para que qualquer pessoa 
interessada possa arrematar, inclusive por valor inferior à avaliação. Até mesmo o 
credor, se quiser arrematar o bem por valor inferior, terá de se valer do leilão. 
A legitimidade para o requerimento da adjudicação pertence ao próprio credor, 
também aos elencados no art. 889, II a VIII e credores concorrentes ante a penhora 
de mesmo bem. Além disso, ao cônjuge, companheiro, descendente ou ascendente 
do devedor. 
Ocorrendo o interesse de mais de um dos legitimados, haverá licitação e aquele 
que oferecer o maior valor obterá a preferência. Nesses casos, o bem poderá atingir 
valor maior ao da avaliação. 
Se requerida pelo credor, o valor da avalição se abaterá no débito e prosseguirá 
a execução pelo valor remanescente. No entanto se o valor do bem for maior que o 
débito, o credor depositará a diferença. 
 
40 
 
Se deferida aos outros legitimados, estes deverão depositar o valor integral do 
bem em juízo, “salvo se o for em favor de algum credor que tenha preferência, na 
forma do art. 908 do CPC, caso em que o preço servirá para abater o débito desse 
credor, e não daquele que promoveu a execução, onde a hasta for realizada.” 
(GONÇALVES, 2016. p. 783) 
 
Alienação por iniciativa particular: 
O próprio credor ou corretores credenciados pela autoridade judiciária 
procederão a alienação, conforme regras estabelecidas pelo juiz em relação à 
publicidade, forma, valor mínimo, condições de pagamento, garantias e comissão de 
corretagem (se houver). 
Embora a lei não o diga expressamente, o preço mínimo não poderá ser 
inferior ao valor da avaliação, mas a questão é controvertida, havendo 
aqueles que sustentam que, à míngua de exigência expressa, a venda poderá 
ser feita por qualquer preço, desde que não seja vil, devendo o juiz fixá-lo de 
antemão. Parece-nos temerária essa solução, diante de eventual urgência do 
exequente em receber o que lhe é devido e da dificuldade do juízo em 
estabelecer regras a respeito de preço mínimo. Se o bem for imóvel, não 
haverá outorga de escritura pública, pois a alienação será formalizada por 
termo nos autos, assinado pelo exequente e pelo adquirente do bem, que não 
precisa estar representado por advogado e pelo executado, se estiver 
presente. O comprador depositará o preço em juízo. (GONÇALVES, 2016. p. 
784) 
 
Com a transação consumada, expedirá o mandado de imissão de posse ou 
ordem de entrega do bem (bens móveis) ou carta de alienação para registro junto ao 
Cartório de Registro de Imóveis (bens imóveis). 
 
Alienação em leilão judicial: 
Sem interessados na adjudicação nem mesmo do credor, a expropriação se 
fará por leiloeiro público em leilão judicial, exceto quando alienação a cargo de 
corretores de bolsa de valores. 
 
41 
 
Sempre que possível, o leilão se fará por meio eletrônico. Na impossibilidade, 
será de forma presencial. 
“O leilão judicial substitui a hasta pública, prevista no CPC de 1973, como o 
mecanismo mais tradicional de conversão dos bens em pecúnia, na execução por 
quantia, quando não tiverem se viabilizado as formas preferenciais da adjudicação ou 
alienação particular.” (GONÇALVES, 2016. p. 784) 
 
Leilão judicial: 
Conforme mencionado, na constância do CPC de 1973, havia a ‘hasta pública’, 
que se dividia em ‘praça’ (quando envolvia bens imóveis) e o leilão (quando envolvia 
bens móveis). No novo CPC, esse estabelecimento foi substituído pelo ‘leilão judicial’, 
abrangendo tanto móveis quanto imóveis, e poderá se realizar nas modalidades 
eletrônica e presencial, uma divisão em que nãoimporta o tipo de bem, mas apenas 
a forma e realização do leilão. 
Na modalidade eletrônica, será seguida a regulamentação do CNJ, 
“observadas as garantias processuais das partes, atendendo-se aos princípios da 
ampla publicidade, autenticidade e segurança, e com a observância das regras 
estabelecidas na legislação sobre a certificação judicial.” (GONÇALVES, 2016. p. 784) 
Na modalidade presencial, o juiz determinará o local e designará duas datas 
para realização. Uma para arremate dos bens pelo valor da avaliação, e a outra por 
qualquer valor, excetuando valores vis (conforme art. 891, “considera-se vil o preço 
inferior ao mínimo estipulado pelo juiz e constante do edital, e, não tendo sido fixado 
preço mínimo, considera-se vil o preço inferior a cinquenta por cento do valor da 
avaliação.” (BRASIL, 2015)) 
Com a datas designadas, se farão as seguintes intimações: 
- Do executado, por seu advogado, ou por carta, mandado, edital, se não tiver 
procurador constituído nos autos; 
 
42 
 
- Do coproprietário do bem indivisível, para lhe possibilitar exercício de eventual direito 
de preferência; 
- Do titular da habitação, uso, usufruto, enfiteuse, direito de superfície, concessão de 
uso especial de moradia ou direito real de uso, quando recair a penhora sobre bens 
com tais gravames; 
- Do proprietário do terreno submetido a enfiteuse, direito de superfície, concessão de 
uso especial para moradia ou direito real de uso, quando recair a penhora sobre tais; 
- O credor hipotecário, fiduciário, anticrético, pignoratício ou com penhora averbada 
anteriormente, quando recair sobre bens com tais gravames, caso não seja o credor, 
de qualquer modo, parte na execução; 
- Do promitente de compra ou de venda, quando recair penhora em bem sobre o qual 
haja promessa de compra e venda registrada ou direito aquisitivo; 
- Da União, Estado ou Município, na hipótese de alienação do bem tombado. 
Interessa que no leilão tenham interessados, por isso deve ser tornado público 
e publicado edital, conforme determinação legal, constando os ditames dos incisos do 
art. 886. O edital indicará as duas datas, o valor da avaliação, valor mínimo de venda, 
designação de leiloeiro (que poderá ser indicado pelo exequente), e estabelecimento 
das condições de pagamento e garantias que podem se prestar o arrematante. Se 
não for publicado, haverá nulidade da arrematação. 
 
A forma e o prazo de publicação do edital, a ser feita com antecedência 
mínima de cinco dias do leilão, devem respeitar as exigências do art. 887 do 
CPC: publicação na rede mundial de computadores ou, não sendo possível 
ou verificando o juiz as circunstâncias peculiares do caso, a afixação no local 
de costume e a publicação em jornal de ampla circulação, com antecedência 
mínima de cinco dias. Se o exequente for beneficiário da justiça gratuita, a 
publicação em jornal será substituída por outra no Diário Oficial (art. 98, § 1°, 
III, do CPC). (GONÇALVES, 2016. p. 785) 
 
 
43 
 
O leiloeiro público realizará o leilão onde se encontrar os bens ou local 
determinado pelo juiz e será incumbido da publicação do edital e exposição dos bens 
ou amostras dos mesmos. 
Vencerá a licitação o interessado (qualquer pessoa física ou jurídica, até 
mesmo o próprio credor) que oferecer maior valor, com exceção de oferta vil. O valor 
deverá ser transferido imediatamente pelo vencedor mediante depósito judicial ou 
meio eletrônico (exceto se houver pronunciamento judicial em contrário). 
Há também exceções legais em relação a quem poderá licitar, pelo papel 
dentro da execução ou pela relação com o devedor. 
Não podem licitar: I - os tutores, os curadores, os testamenteiros, os 
administradores ou liquidantes, quanto aos bens confiados à sua guarda e 
responsabilidade; II - os mandatários, quanto aos bens de cuja administração 
ou alienação estejam encarregados; III - o juiz, o membro do Ministério 
Público e da Defensoria Pública, o escrivão, o chefe de secretaria e demais 
servidores e auxiliares da justiça, em relação aos bens e direitos objeto de 
alienação na localidade onde servirem ou a que se estender a sua autoridade; 
IV - os servidores públicos em geral, quanto aos bens ou aos direitos da 
pessoa jurídica a que servirem ou que estejam sob sua administração direta 
ou indireta; V- os leiloeiros e seus prepostos, quanto aos bens de cuja venda 
estejam encarregado; VI - os advogados de qualquer das partes. 
 
Também não podem participar o arrematante e o fiador remisso, isto é, que 
não tenham feito o pagamento do lanço que fizeram (art. 897). 
(GONÇALVES, 2016. p. 786) 
 
No segundo leilão qualquer valor poderá ser oferecido, conquanto naõ seja vil. 
Não há previsão legal quanto a esse valor, o juiz deverá fixa-lo antes do leilão, 
constando no edital. No entanto, se não o fizer, vil será o valor inferior a 50% do valor 
de avaliação. 
Se o bem for imóvel pertencente a incapaz, deverá atingir ao menos 80% do 
valor da avaliação, do contrário, o leilão será suspenso por até 1 ano. Nesse intervalo, 
se houver interessado, requisitará um novo leilão garantindo o oferecimento do valor 
avaliado e prestando caução. Em caso de arrependimento, será aplicada multa de 20 
do valor da avaliação. 
 
44 
 
Quando a penhora recair sobre quota-parte em bem indivisível, o bem inteiro 
irá à leilão, e o equivalente à quota-parte do coproprietário ou cônjuge alheio 
à execução deverá recair sobre o produto da alienação do bem. Porém, nesse 
caso, não será levada a efeito expropriação por preço inferior ao de avaliação, 
para que o coproprietário ou cônjuge alheio à execução não sejam 
prejudicados com o recebimento de menos do que lhes era devido. 
(GONÇALVES, 2016. p. 786) 
 
Caso quem arremate o bem seja o próprio e único credor da execução, não 
precisará exibir o valor, mas se o arremate exceder o montante do crédito, deverá 
depositar a diferença em 3 dias. 
A aquisição poderá também ser feita em prestações, apresentando o 
interessado a proposta por escrito antes do se iniciar o primeiro leilão, caso seja o 
valor oferecido o mesmo da avaliação. Ou, antes de iniciar o segundo leilão, no caso 
de valor diverso. O art. 895 traz o procedimento. 
Se arrematado com êxito, se expedirá o auto com as assinaturas do juiz, 
leiloeiro e arrematante. 
Haverá prazo de 10 dias para postulação de eventual invalidade ou ineficácia, 
caos não observado os requisitos do art. 804, ou a resolução pelo não pagamento do 
preço ou prestação da caução. 
Não sendo impugnada a arrematação no prazo, será expedida a respectiva 
carta. Ela será levada a registro pelo adquirente, no Cartório de Registro de 
Imóveis, quando o bem arrematado for imóvel. A partir da expedição da carta, 
a invalidação da arrematação só poderá ser postulada em ação própria, na 
qual o arrematante figurará como litisconsorte necessário. 
 
O art. 903, § 5°, enumera situações excepcionais em que o arrematante pode 
desistir da arrematação, postulando a imediata restituição do depósito que 
tiver feito. (GONÇALVES, 2016. pp. 786-787) 
 
Também se incumbirá de depositar em juízo o bem alienado, em 1 dia, e da 
prestação de contas em 2, subsequentes ao depósito. E pelo serviço restado fará 
direito à comissão fixada em lei ou pelo juiz. 
 
 
45 
 
 
Da apropriação de frutos e rendimentos de móvel ou imóvel: 
Os arts. 867 a 869 do CPC traz tal meio de expropriação. 
Com a penhora deferida sobre os bens, será nomeado um administrador com 
poderes de gestão sobre eles, que receberá a posse direta para providenciar a 
produção de frutos e rendimentos que servirão ao pagamento do credor. 
O devedor ficará com a posse indireta do bem e manterá a propriedade, que 
poderá até ser alienada. Aquele que o adquirir saberá da existência do 
gravame, que persistirá até que o credor seja pago. Daí a necessidade de 
averbação da penhora no Cartório de Registro de Imóveis. (GONÇALVES, 
2016. p. 787) 
 
Fluxograma do procedimento:

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