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mais, praticamente sem ter feito uma única refeição decente na vida. Propõe-se, como virtude alimentar, um mundo sombrio de pastas, mingaus, poções, soros de proteína e sabe-se lá o que ainda vem pela frente. Não está claro o que se ganha em toda essa história. A perspectiva de morrer, um dia, no peso ideal? (J. R. Guzzo. Veja, 09.06.2010. Adaptado.) Sob o ponto de vista filosófico, podemos afirmar que, para o autor, a) é positiva a adoção de procedimentos científicos no campo nutricional. b) o tema da qualidade de vida deve ser enfocado sob critérios morais. c) os padrões hegemônicos vigentes na sociedade atual no campo da nutrição são elogiáveis. d) a felicidade depende do número de calorias ingeridas pelo ser humano. e) a autonomia individual deveria ser o critério para definir os parâmetros de uma vida adequada. Resposta:E O autor critica, na verdade, aquela ditadura da magreza onde os indivíduos são conduzidos ao padrão de beleza atual e acabam com isso sofrendo sérios distúrbios alimentares como bulimia, anorexia, diabetes, pressão alta, entre outras. A autonomia individual é agir como se quer, sem qualquer determinação casual, quer seja exterior, como os médicos, nutricionistas, ambientalistas e outros mencionados no texto ou interior, no caso, os desejos e o caráter. No entanto, agir como se quer para garantir uma vida adequada não existe se não houver responsabilidade e total consciência dos atos que se quer praticar. 55. (Unesp 2011) Renata, 11, combinava com uma amiga viajar em julho para a Disney. Questionada pela mãe, que não sabia de excursão nenhuma, a menina pegou uma pasta com preços do pacote turístico e uma foto com os dizeres: “Se eu não for para a Disney vou ser um pateta”. A agência de turismo e a escola afirmam que não pretendiam constranger ninguém e que a placa do Pateta era apenas uma brincadeira. Para um promotor da área do consumidor, o caso ilustra bem os abusos na publicidade infantil. “Já temos problemas sérios de bullying nas escolas. Essa empresa está criando uma situação propícia para isso”. (Folha de S.Paulo, 20.04.2010. Adaptado.) Acerca dessa notícia, podemos afirmar que: a) Em nossa sociedade, os campos da publicidade e da pedagogia são esferas separadas, não suscitando questões de natureza ética. b) Para o promotor citado na reportagem, o caso em questão provoca problemas de natureza exclusivamente jurídica. c) Uma das questões éticas envolvidas diz respeito à exposição precoce das crianças à manipulação do desejo, exercida pela publicidade. d) O público-alvo dessa campanha publicitária constitui-se de indivíduos dotados de consciência autônoma. e) Para o promotor citado na reportagem, o caso em questão não apresenta repercussões de natureza psicológica. Resposta:C O caso Renata, 11 anos, representa o quanto uma propaganda preocupa-se com a imagem em torno do produto, ao invés de nos dizer para que o produto serve. Deste modo, o papel ético do promotor é alertar que uma criança que não usufruir desta viagem, será, certamente, vítima de coação e constrangimento por parte dos colegas que forem à Disney. 56. (Unesp 2011) Analise o trecho da entrevista dada pelo chefe de imprensa do governo do Irã a um jornal brasileiro. Folha – Há preocupação quanto a uma mudança de posição do governo brasileiro, sobretudo na área de direitos humanos, depois que a presidente Dilma se manifestou contrariamente ao apedrejamento de Sakineh? Ali Akbar Javanfekr – Encontrei poucas informações sobre a realidade iraniana aqui no Brasil. Há notícias distorcidas e falsas. Isso é preocupante. Minha presença aqui é para tentar divulgar as informações corretas. No caso de Sakineh, informações que chegaram à presidente Dilma Rousseff não foram corretas. Folha – A presidente Dilma está mal informada? Ali Akbar Javanfekr – Sim. Foi mal informada sobre esse caso. Folha – É verdade, como diz o presidente Ahmadinejad, que não há gays no Irã? Ali Akbar Javanfekr – Não temos. Folha – É o único país do mundo que não tem gay? Ali Akbar Javanfekr – Na República Islâmica do Irã, não há. Folha – Se houver, há punições? Ali Akbar Javanfekr – Nossa visão sobre esse tema é diferente da de vocês. É um ato feio, que nenhuma das religiões divinas aceita. Temos a responsabilidade humana, até divina, de não aceitar esse tipo de comportamento. Existe uma ameaça sobre a saúde da humanidade. A Aids, por exemplo. Uma das raízes é esse tipo de relacionamento. (Folha de S.Paulo, 14.03.2011. Adaptado.) Sob o ponto de vista ético, as opiniões expressas no trecho da entrevista podem ser caracterizadas como a) uma visão de mundo fortemente influenciada pelas matrizes liberais do pensamento filosófico. b) uma posição convencionalmente associada ao pensamento politicamente correto. c) uma visão de mundo fortemente influenciada pelo fundamentalismo religioso. d) opiniões que expressam afinidade com o imperativo categórico kantiano. e) posições condizentes com a valorização da consciência individual autônoma. Resposta:C O fundamentalismo religioso é considerado por muita gente um mal e por se caracterizar como um pensamento dogmático que não aceita mudança e refundação de seus argumentos eles acabam fazendo o que fazem, como afirmar nesta entrevista categoricamente a não existência de homossexuais em seu país, e fundamentando seus atos – que consideram éticos – nos dogmas e leis rígidas de sua própria religião. 57. (Unesp 2011) Analise o texto político, que apresenta uma visão muito próxima de importantes reflexões do filósofo italiano Maquiavel, um dos primeiros a apontar que os domínios da ética e da política são práticas distintas. “A política arruína o caráter”, disse Otto von Bismarck (1815-1898), o “chanceler de ferro” da Alemanha, para quem mentir era dever do estadista. Os ditadores que agora enojam o mundo ao reprimir ferozmente seus próprios povos nas praças árabes foram colocados e mantidos no poder por nações que se enxergam como faróis da democracia e dos direitos humanos: Estados Unidos, Inglaterra e França. Isso é condenável? Os ditadores eram a única esperança do Ocidente de continuar tendo acesso ao petróleo árabe e de manter um mínimo de informação sobre as organizações terroristas islâmicas. Antes de condenar, reflita sobre a frase do mais extraordinário diplomata americano do século passado, George Kennan, morto aos 101 anos em 2005: “As sociedades não vivem para conduzir sua política externa: seria mais exato dizer que elas conduzem sua política externa para viver”. (Veja, 02.03.2011. Adaptado.) A associação entre o texto e as ideias de Maquiavel pode ser feita, pois o filósofo a) considerava a ditadura o modelo mais apropriado de governo, sendo simpático à repressão militar sobre populações civis. b) foi um dos teóricos da democracia liberal, demonstrando-se avesso a qualquer tipo de manifestação de autoritarismo por parte dos governantes. c) foi um dos teóricos do socialismo científico, respaldando as ideias de Marx e Engels. d) foi um pensador escolástico que preconizou a moralidade cristã como base da vida política. e) refletiu sobre a política através de aspectos prioritariamente pragmáticos. Resposta:E Nicolau Maquiavel (1469-1527), para descrever a ação do príncipe (governante) usa de duas expressões italianas virtú e fortuna. A virtú significa virtude, no sentido grego de força, valor, uma qualidade de guerreiro e lutador forte e viril. Em Maquiavel, não se trata disto, mas sim da capacidade do príncipe de perceber o jogo das forças que caracteriza o momento político para agir, seja de qual maneira for, para alcançar seus objetivos. O pensamento de Maquiavel se aproxima com o texto da questão quando ela se aplica a fortuna, ou seja, a ocasião (pragmático) que não deve deixar escapar pelo príncipe e nela utilizar-se dos meios necessários para seus fins. 58. (Unesp 2011) “Ea verdade, o que será? A filosofia busca a verdade, mas não possui o significado e substância da verdade única. Para nós, a verdade não é estática e definitiva, mas movimento incessante, que penetra no infinito. No mundo, a verdade está em conflito perpétuo. A filosofia leva esse conflito ao extremo, porém o despe de violência. Em suas relações com tudo quanto existe, o filósofo vê a verdade revelar-se a seus olhos, graças ao intercâmbio com outros pensadores e ao processo que o torna transparente a si mesmo. Eis porque a filosofia não se transforma em credo. Está em contínuo combate consigo mesma”. (Karl Jaspers, 1971.) Com base no texto, responda se a verdade filosófica pretende ser absoluta, justificando sua resposta com uma passagem do texto citado. Ainda de acordo com o fragmento, explique como podemos compreender os conflitos entre filosofia e religião e cite o principal movimento filosófico ocidental do período moderno que se caracterizou pelos conflitos com a religião. Resposta: Jaspers, logo no início do seu texto, deixa evidente que a verdade filosófica não pretende ser absoluta: “A filosofia busca a verdade, mas não possui o significado e substância da verdade única”. Ainda, logo em seguida afirma que: “Para nós [filósofos], a verdade não é estática e definitiva, mas movimento incessante, que penetra no infinito”. E é justamente por ir neste sentido, isto é, por rejeitar verdades absolutas, que a filosofia invariavelmente se confronta com a religião. Caso notório no pensamento ocidental é o surgimento do Iluminismo, no século XVIII, que, embora ressaltasse a importância da tolerância, criticava o irracionalismo e defendia a difusão do conhecimento científico – baseado na experiência e na observação -, questionando a autoridade da Igreja, que até então era quem ditava as bases do conhecimento humano. 59. (Unesp 2011) Parece notícia velha, mas a ciência e o ensino da ciência continuam sob ataque. No portal ‘brasilescola.com’ há um texto de Rainer Sousa, da Equipe Brasil