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assim teremos uma cidade para nós e para vós, que é uma realidade, e não um sonho, como atualmente sucede na maioria delas, onde combatem por sombras uns com os outros e disputam o poder, como se ele fosse um grande bem. Mas a verdade é esta: na cidade em que os que têm de governar são os menos empenhados em ter o comando, essa mesma é forçoso que seja a melhor e mais pacificamente administrada, e naquela em que os que detêm o poder fazem o inverso, sucederá o contrário. (PLATÃO, A República, Livro VII, 520 b – d) 10. (Ufpr 2008) Por que, de acordo com o personagem Sócrates, aqueles que receberam a educação proposta na República devem governar? 11. (Ufpr 2007) No livro VII de A República, Platão descreve o que ficou conhecido como a “alegoria da caverna”. Nela, é narrada a libertação de um prisioneiro e sua saída do interior da caverna, isto é, do mundo das sombras, para a superfície, onde brilha a luz do sol. Com base nas informações acima e em conhecimentos do livro VII de A República, explique as seguintes imagens usadas por Platão: a) o interior da caverna b) o mundo da superfície 12. (Udesc 2006) Na Grécia antiga, antes da filosofia clássica (século V a.C.), o pensamento filosófico era dominado pelos pré-socráticos, que foram os primeiros filósofos e tiveram a função de romper com a mitologia, criando assim a Filosofia. Quais eram as principais preocupações desses filósofos? 13. (Ufu 2003) “Vou explicar-me, e não será argumento sem valor, a saber: que nenhuma coisa é una em si mesma e que não há o que possas denominar com acerto ou dizer como é constituída. Se a qualificares como grande, ela parecerá também pequena; se pesada, leve, e assim em tudo o mais, de forma que nada é uno, ou algo determinado ou como quer que seja. Da translação das coisas, do movimento e da mistura de umas com as outras é que se forma tudo o que dizemos existir, sem usarmos a expressão correta, pois em rigor nada é ou existe, tudo devém. Sobre isso, com exceção de Parmênides, todos os sábios (…) estão de acordo: Protágoras, Heráclito e Empédocles (…)”. Platão. Teeteto. Trad. Carlos Alberto Nunes. Belém: EDUFPA, 2001, p. 50. Tendo em vista o trecho de Platão citado acima, explique, a partir da distinção entre o uno de Parmênides e o devir de Heráclito, por que no mobilismo nada é e por que para Parmênides apenas o Ser é. 14. (Ufu 2001) “Fica sabendo que o que transmite verdade aos objetos que podem ser conhecidos e dá ao sujeito que conhece esse poder, é a ideia do bem. Entende que é ela a causa do saber e da verdade, na medida em que esta é conhecida, mas, sendo ambos assim belos, o saber e a verdade, terás razão em pensar que há algo de mais belo ainda do que eles. E, tal como se pode pensar corretamente que neste mundo a luz e a vista são semelhantes ao sol, mas já não é certa tomá-las como pelo sol, da mesma maneira, no outro, é correto considerar a ciência e a verdade, ambas elas semelhantes ao bem, mas não está certo tomá-las, a uma ou a outra, pelo bem, mas sim formar um conceito mais elevado do que seja o bem.” (Platão. A República, 5. ed, tradução de Maria Helena da Rocha Pereira. Porto: Fundação Calouste Gulbenkian, 1987. 508e – 509a) A partir da análise do trecho acima pergunta-se: para Platão a verdade do conhecimento necessita ou não de uma norma superior? Justifique a resposta explicando a analogia que Platão estabelece entre o inteligível e o sensível. 15. (Ufu 1998) “Tudo flui (panta rei), nada persiste, nem permanece o mesmo”. (Heráclito – Fragmentos – Col. Os Pensadores) Explique, segundo Heráclito, os pressupostos fundamentais da concepção da realidade. Gabarito: 1: a) O homem para Sócrates é entendido como um ser dotado de uma alma, sendo que sua alma é o que lhe confere diferenciação entre todas as outras coisas. O corpo para Sócrates representa um instrumento pelo qual utilizamos para promover o enobrecimento desta alma, por meio de nossas ações, portanto deve possuir saúde e harmonia física e ser capaz de possuir condições para desempenhar funções na cidade que se revertam em condições materiais que garantam o seu sustento. A inteligência é o instrumento da alma e tem por finalidade promover condições para o homem aprimorar- se, a reflexão. Desta forma, o homem deve buscar ampliar seu conhecimento, controlar suas emoções, desenvolver suas potencialidades agindo por meio da conduta virtuosa. A reflexão realiza a união entre a reflexão e a ação virtuosa, com isto ocorre o aprimoramento moral que aperfeiçoa o caráter e enobrece a alma. b) Sócrates expõe em sua filosofia que o homem somente pode cuidar de si na medida em que conhece sua própria natureza. Para isto o homem deve buscar na ciência (conhecimento) a capacidade de refletir para poder desenvolver-se em plenitude. Uma vez posta em ação o conhecimento de si, o homem pode então partir para a ação refletida, ou seja, uma vez que o homem possui conhecimento de sua essência ele pode então melhorar sua vida através da ação virtuosa na qual ocorre a coerência entre a reflexão e a ação, produzindo um melhor estado de vida. Por meio do próprio conhecimento o homem é capaz de conhecer seu semelhante e com isto é capaz de agir corretamente no intuito de buscar a verdade em todas as ações que realiza. Com este autoconhecimento de si e dos outros, o homem pode atingir a verdadeira felicidade. 2: No texto 1 Platão desenvolve a tese de que cidade seria melhor administrada pelo “Filósofo Rei”, nesta teoria desenvolvida no livro “A República” o filósofo é o melhor administrador por ser aquele que possui conhecimento da “verdade” que se identifica com o Bom, o Bem e o Belo que residem no Mundo das Ideias. Ele (Filósofo Rei) seria o único capaz de guiar os habitantes da cidade na busca do melhor desenvolvimento de cada um segundo suas aptidões naturais, ou seja, o bem que reside dentro de cada indivíduo pode ser alcançado e permitir uma vida feliz a todos. A virtude do governante centra-se na busca da concretização do bem a todos os habitantes da cidade. Não sendo o filósofo guiado por interesses particulares, ele se torna o administrador ideal para a cidade. Já no texto 2, Nicolau Maquiavel, em seu livro “O Príncipe”, desenvolve uma tese que rompe com lógica estabelecida entre ética e poder. Seu pressuposto de que os homens são maus, faz com que o príncipe deve buscar manter o poder mediante estratégias que não possuem ligação com o comportamento virtuoso. Elementos como virtú (entendida como impetuosidade, coragem) e fortuna (entendida como ventura, oportunidade), somado a um conhecimento da moralidade dos homens, são recursos que permitem ao governante agir de modo calculado, não objetivando o desenvolvimento de uma bondade natural nos homens como acredita Platão, mas tendo como foco a condução dos homens rumo a uma melhor condição de vida que não siga necessariamente o caminho da virtude enquanto retidão moral. 3: a) O logos, no pensamento de Heráclito, é o princípio, ou seja, é o mundo como devir eterno, é a guerra entre os contrários que possuem em si mesmos a existência própria e do oposto, é a unidade da multiplicidade na qual “tudo é um”, é o fogo, é o conhecimento verdadeiro. O logos é a exposição de um único mundo comum a todos. b) O logos possui no seu sentido comum um caráter contingente, quer dizer, qualquer homem é capaz de construir uma narrativa, um discurso sobre o mundo. E Heráclito diz que o mais o corriqueiro é exatamente a construção arbitrária e parcial disto que antes de tudo deveria ser comum. Ele, então, alerta sobre a necessidade de que o logos não seja exposto sem que antes haja o reconhecimento da inteligênciaque torna isto aparentemente diverso em algo unido sob um único governo, a saber, o logos 4: A Alegoria da Caverna quer dizer, utilizando uma imagem fictícia, como era a realidade da cidade de Atenas ou de todas as cidades. Tal realidade é que os homens vivem suas vidas encantados com imagens, ou seja, eles vivem suas vidas encantados com aquilo que mantém apenas a aparência da realidade. Não apenas o homem está nessa situação de enfeitiçado, porém ele também está preso impedido de chacoalhar para fora dessa situação. O filósofo é quem consegue se livrar do feitiço e depois quebrar os grilhões que o impedem de sair desse estado. É fundamental, segundo a alegoria, realizar esse movimento para fora da caverna para conceber que a aparência explicitada pelas imagens não revela muito sobre a verdade descoberta sob a luz existente fora da caverna. A aparência é apenas um simulacro produzido na caverna, a essência é uma descoberta feita livre do confinamento neste antro que os homens vivem, chamado “cidade”. 5: a) Platão dedica a obra República para criar a cidade ideal, isto a fim de demonstrar o que é a justiça e se a vida justa é mais feliz que a injusta. O filósofo rejeita as cidades existentes como modelos de cidades justas, pois as aparências não são suficientes para definir o que algo é em si mesmo. Então, para vislumbrar o que é a justiça, antes necessitamos enxergar o conceito de maneira ampliada, isto é, na cidade ideal e depois de maneira diminuta na alma do indivíduo. A cidade justa de Platão contempla trabalhadores, soldados e governantes realizando as funções para as quais estão mais aptos naturalmente. E assim como na cidade platônica é o filósofo quem governa, no indivíduo é a razão que o guia. b) Na charge os personagens estão presos por correntes ao televisor, na alegoria os homens estão presos à caverna. Assim como na TV a realidade é forjada pelos programas, a realidade era forjada dentro da caverna por alguns homens livres dos