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Questões Objetivas - Filosofia-70

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assim teremos uma cidade para nós e para vós, que é uma realidade, e não um sonho,
como atualmente sucede na maioria  delas, onde combatem por sombras uns com os
outros e disputam o poder, como se ele fosse um grande bem. Mas a verdade é esta: na
cidade em que os que têm de governar são os menos empenhados em ter o comando,
essa mesma é forçoso que seja a melhor e mais pacificamente administrada, e naquela
em que os que detêm o poder fazem o inverso, sucederá o contrário.
(PLATÃO, A República, Livro VII, 520 b – d)
 
 
10. (Ufpr 2008)  Por que, de acordo com o personagem Sócrates, aqueles que receberam
a educação proposta na República devem governar?
 
 
11. (Ufpr 2007)  No livro VII de A República, Platão descreve o que ficou conhecido
como a “alegoria da caverna”. Nela, é narrada a libertação de um prisioneiro e sua saída
do interior da caverna, isto é, do mundo das sombras, para a superfície, onde brilha a luz
do sol.
Com   base   nas   informações   acima   e   em   conhecimentos   do   livro   VII   de A
República, explique as seguintes imagens usadas por Platão:
a) o interior da caverna
b) o mundo da superfície
 
 
12. (Udesc   2006)   Na  Grécia   antiga,   antes   da   filosofia   clássica   (século  V   a.C.),   o
pensamento   filosófico   era   dominado   pelos   pré-socráticos,   que   foram   os   primeiros
filósofos e tiveram a função de romper com a mitologia, criando assim a Filosofia.
Quais eram as principais preocupações desses filósofos?
 
 
13. (Ufu   2003)   “Vou   explicar-me,   e   não   será   argumento   sem  valor,   a   saber:   que
nenhuma coisa é una em si mesma e que não há o que possas denominar com acerto ou
dizer como é constituída. Se a qualificares como grande, ela parecerá também pequena;
se pesada, leve, e assim em tudo o mais, de forma que nada é uno, ou algo determinado
ou como quer que seja. Da translação das coisas, do movimento e da mistura de umas
com as outras é que se forma tudo o que dizemos existir,  sem usarmos a expressão
correta,   pois   em  rigor   nada   é   ou   existe,   tudo  devém.  Sobre   isso,   com exceção  de
Parmênides, todos os sábios (…) estão de acordo: Protágoras, Heráclito e Empédocles
(…)”.
Platão. Teeteto. Trad. Carlos Alberto Nunes. Belém: EDUFPA, 2001, p. 50.
Tendo em vista o trecho de Platão citado acima, explique, a partir da distinção entre o
uno de Parmênides e o devir de Heráclito, por que no mobilismo nada é e por que para
Parmênides apenas o Ser é.
 
 
14. (Ufu 2001)  “Fica sabendo que o que transmite verdade aos objetos que podem ser
conhecidos e dá ao sujeito que conhece esse poder, é a ideia do bem. Entende que é ela
a causa do saber e da verdade, na medida em que esta é conhecida, mas, sendo ambos
assim belos, o saber e a verdade, terás razão em pensar que há algo de mais belo ainda
do que eles. E, tal como se pode pensar corretamente que neste mundo a luz e a vista
são semelhantes ao sol, mas já não é certa tomá-las como pelo sol, da mesma maneira,
no outro, é correto considerar a ciência e a verdade, ambas elas semelhantes ao bem,
mas não está certo tomá-las, a uma ou a outra, pelo bem, mas sim formar um conceito
mais elevado do que seja o bem.”
(Platão. A República,   5.   ed,   tradução   de  Maria   Helena   da   Rocha   Pereira.   Porto:
Fundação Calouste Gulbenkian, 1987. 508e – 509a)
A partir da análise do trecho acima pergunta-se: para Platão a verdade do conhecimento
necessita ou não de uma norma superior? Justifique a resposta explicando a analogia
que Platão estabelece entre o inteligível e o sensível.
 
 
15. (Ufu 1998)  “Tudo flui (panta rei), nada persiste, nem permanece o mesmo”.
(Heráclito – Fragmentos – Col. Os Pensadores)
Explique, segundo Heráclito, os pressupostos fundamentais da concepção da realidade.
 
 
 
 
 
Gabarito: 
 
1: a) O homem para Sócrates é entendido como um ser dotado de uma alma, sendo que
sua alma é o que lhe confere diferenciação entre todas as outras coisas. O corpo para
Sócrates   representa   um   instrumento   pelo   qual   utilizamos   para   promover   o
enobrecimento desta alma, por meio de nossas ações,  portanto deve possuir saúde e
harmonia física e ser capaz de possuir condições para desempenhar funções na cidade
que se revertam em condições materiais que garantam o seu sustento. A inteligência é o
instrumento da alma e tem por finalidade promover condições para o homem aprimorar-
se, a reflexão. Desta forma, o homem deve buscar ampliar seu conhecimento, controlar
suas emoções, desenvolver suas potencialidades agindo por meio da conduta virtuosa. A
reflexão   realiza   a   união   entre   a   reflexão   e   a   ação   virtuosa,   com   isto   ocorre   o
aprimoramento moral que aperfeiçoa o caráter e enobrece a alma.
 
b) Sócrates expõe em sua filosofia que o homem somente pode cuidar de si na medida
em  que   conhece   sua   própria   natureza.  Para   isto   o   homem deve  buscar   na   ciência
(conhecimento) a capacidade de refletir para poder desenvolver-se em plenitude. Uma
vez  posta   em ação  o  conhecimento  de  si,  o  homem pode  então  partir  para   a   ação
refletida, ou seja, uma vez que o homem possui conhecimento de sua essência ele pode
então melhorar sua vida através da ação virtuosa na qual ocorre a coerência entre a
reflexão   e   a   ação,   produzindo   um  melhor   estado   de   vida.   Por   meio   do   próprio
conhecimento o homem é capaz de conhecer seu semelhante e com isto é capaz de agir
corretamente no intuito de buscar a verdade em todas as ações que realiza. Com este
autoconhecimento de si e dos outros, o homem pode atingir a verdadeira felicidade.
 
2: No texto 1 Platão desenvolve a tese de que cidade seria melhor administrada pelo
“Filósofo Rei”, nesta teoria desenvolvida no livro “A República” o filósofo é o melhor
administrador por ser aquele que possui conhecimento da “verdade” que se identifica
com o Bom, o Bem e o Belo que residem no Mundo das Ideias. Ele (Filósofo Rei) seria
o único capaz de guiar os habitantes da cidade na busca do melhor desenvolvimento de
cada  um segundo suas  aptidões  naturais,  ou seja,  o  bem que reside  dentro de  cada
indivíduo pode ser alcançado e permitir uma vida feliz a todos. A virtude do governante
centra-se na busca da concretização do bem a todos os habitantes da cidade. Não sendo
o filósofo guiado por interesses particulares, ele se torna o administrador ideal para a
cidade. Já no texto 2, Nicolau Maquiavel, em seu livro “O Príncipe”, desenvolve uma
tese que rompe com lógica estabelecida entre ética e poder. Seu pressuposto de que os
homens   são  maus,   faz   com  que   o   príncipe   deve   buscar  manter   o   poder  mediante
estratégias   que   não   possuem   ligação   com   o   comportamento   virtuoso.   Elementos
como virtú (entendida   como   impetuosidade,   coragem)   e   fortuna   (entendida   como
ventura,  oportunidade),  somado a um conhecimento  da moralidade  dos homens,  são
recursos   que   permitem   ao   governante   agir   de  modo   calculado,   não   objetivando   o
desenvolvimento de uma bondade natural nos homens como acredita Platão, mas tendo
como foco a condução dos homens rumo a uma melhor condição de vida que não siga
necessariamente o caminho da virtude enquanto retidão moral.  
 
3: a) O logos, no pensamento de Heráclito, é o princípio, ou seja, é o mundo como devir
eterno, é a guerra entre os contrários que possuem em si mesmos a existência própria e
do   oposto,   é   a   unidade   da  multiplicidade   na   qual   “tudo   é   um”,   é   o   fogo,   é   o
conhecimento verdadeiro. O logos é a exposição de um único mundo comum a todos.
 
b) O logos possui no seu sentido comum um caráter contingente, quer dizer, qualquer
homem é capaz de construir uma narrativa, um discurso sobre o mundo. E Heráclito diz
que o mais o corriqueiro é exatamente a construção arbitrária e parcial disto que antes
de tudo deveria ser comum. Ele, então, alerta sobre a necessidade de que o logos não
seja   exposto   sem   que   antes   haja   o   reconhecimento   da inteligênciaque   torna   isto
aparentemente diverso em algo unido sob um único governo, a saber, o logos
 
4: A Alegoria   da  Caverna  quer   dizer,   utilizando  uma   imagem  fictícia,   como  era   a
realidade da cidade de Atenas ou de todas as cidades. Tal realidade é que os homens
vivem suas vidas encantados com imagens, ou seja, eles vivem suas vidas encantados
com aquilo que mantém apenas a aparência da realidade. Não apenas o homem está
nessa situação de enfeitiçado,  porém ele também está preso impedido de chacoalhar
para   fora  dessa  situação.  O  filósofo  é  quem consegue  se   livrar  do   feitiço  e  depois
quebrar os grilhões que o impedem de sair  desse estado.  É fundamental,  segundo a
alegoria, realizar esse movimento para fora da caverna para conceber que a aparência
explicitada   pelas   imagens   não   revela  muito   sobre   a   verdade   descoberta   sob   a   luz
existente fora da caverna. A aparência é apenas um simulacro produzido na caverna, a
essência é uma descoberta feita livre do confinamento neste antro que os homens vivem,
chamado “cidade”.  
 
5: a) Platão dedica a obra República para criar a cidade ideal, isto a fim de demonstrar o
que é a justiça e se a vida justa é mais feliz que a injusta. O filósofo rejeita as cidades
existentes como modelos de cidades justas, pois as aparências não são suficientes para
definir  o  que algo  é  em si  mesmo.  Então,  para vislumbrar  o  que  é  a   justiça,  antes
necessitamos enxergar o conceito de maneira ampliada, isto é, na cidade ideal e depois
de  maneira   diminuta   na   alma   do   indivíduo.   A   cidade   justa   de   Platão   contempla
trabalhadores, soldados e governantes realizando as funções para as quais estão mais
aptos naturalmente. E assim como na cidade platônica é o filósofo quem governa, no
indivíduo é a razão que o guia.
b) Na charge os personagens estão presos por correntes  ao televisor,  na alegoria  os
homens   estão   presos   à   caverna.   Assim   como   na   TV   a   realidade   é   forjada   pelos
programas,  a   realidade  era   forjada  dentro  da  caverna  por  alguns  homens  livres  dos

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