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CURSO DE DIREITO DISCIPLINA: DIREITO PENAL IV 2ª ATIVIDADE AVALIATIVA N1 QUESTÃO 01 - Sujeito, casado havia quinze anos, disse para a esposa e aos filhos que saía de casa para viver com Parceiro (indivíduo também do sexo masculino), em uma praia deserta do litoral norte do país, onde o camarada possuía uma pousada. Afirmou, na ocasião, que descobrira ser Parceiro o amor de sua vida. Dez meses depois do início dessa união homoafetiva estável (sem que Sujeito houvesse regularizado a situação da sua condição familiar anterior), foi expedida a Resolução CNJ n.º 175, de maio de 2013 – vedando às autoridades a recusa da celebração de casamento civil entre pessoas do mesmo sexo –, e Sujeito vem a aceitar o pedido de Parceiro, com ele contraindo casamento no cartório de registros civis local, em 12 de junho de 2013. Sujeito cometeu crime? Em caso positivo, qual conduta delituosa? Justifique RESPOSTA: Sim. Tanto Sujeito quanto Parceiro cometeram crime, pois Sujeito já era casado, não dissolveu o primeiro matrimônio, e Parceiro tinha conhecimento desse casamento. Isso constitui delito de bigamia, previsto no Art. 235 do Código Penal. Supondo que Parceiro não tivesse conhecimento do matrimônio anterior de Sujeito, o fato seria atípico, excluindo-o do dolo, mas não da culpa, seria, portanto, erro de tipo escusável. Art. 235 CP - Contrair alguém, sendo casado, novo casamento: Pena - reclusão, de dois a seis anos. § 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de um a três anos. Art. 20 CP - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. QUESTÃO 02 - João, pessoa imputável, decidiu ir a um show de música clássica. Os responsáveis pela a organização do evento musical anunciaram que apenas seria admitida a entrada de pessoas maiores de 18 anos. No dia do espetáculo, no interior do local da apresentação musical, João conheceu Maria, pessoa que pela compleição física aparentava ter mais de 18 (dezoito) anos. Por um longo período João e Maria conversavam, oportunidade em que ambos ingeriram bebida alcoólica, a qual foi adquirida por Maria junto ao "serviço de bar". Após o término do show, João e Maria se deslocaram até o imóvel residencial do primeiro. Lá chegando, João e Maria mantiveram, consensualmente, conjunção carnal. Porém, após a prática do ato sexual, Maria informou a João que possuía 13 (treze) anos de idade, tendo, inclusive, mostrado documento hábil comprovando sua idade. Maria tentou tranquilizar João informando que já possuía vida sexual ativa. Diante dos fatos apresentados, João cometeu algum delito? Em caso positivo, aponte o tipo penal. Justifique sua resposta. RESPOSTA: De acordo com o enunciado, João cometeu o que chamamos de erro de proibição inevitável, ou escusável, pois, diante das circunstâncias do fato concreto, com base no comportamento e afirmações de Maria, não tinha como conhecer a ilicitude do fato, portanto, será beneficiado com a exclusão da culpabilidade, ficando assim, isento de pena. QUESTÃO 03 - Júnia, de quatorze anos de idade, acusa Pierre, de dezoito anos de idade, de ter praticado crime de natureza sexual consistente em conjunção carnal forçada no dia do último aniversário da jovem. Pierre, contudo, alega que o ato sexual foi consentido. Caso fique comprovado o consentimento de Júnia para a prática do ato sexual, a conduta de Pierre será considerada típica? Responda à questão, tendo como referência aspectos legais relacionados. RESPOSTA: Considerando-se, que Júnia já havia completado 14 anos de idade, se houve consentimento dela, o fato será considerado atípico. Lembrando que, conforme a Súmula 593, STJ - O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, portanto, caso a Júnia não tivesse completado 14 anos, seria irrelevante seu eventual consentimento para a prática do ato, sua experiência sexual anterior ou a existência de um relacionamento amoroso com Pierre. QUESTÃO 04 - Ricardo e Sueli, ambos maiores de idade, são adeptos de prática consistente em exibicionismo sexual. Extraem prazer em serem vistos por terceiros enquanto praticam sexo. Em certa oportunidade, obrigam a vizinha Juliana, de 13 anos de idade, mediante grave ameaça verbal, mas sem encostarem na adolescente, a observá- los enquanto praticam sexo. A conduta de Ricardo e Sueli é delituosa? Justifique a resposta, apontando os dispositivos legais pertinentes. RESPOSTA: A conduta de Ricardo e Sueli é delituosa e prevista no Art. 218-A do Código Penal, pois Juliana é menor de 14 anos de idade. Art. 218 -A - Praticar, na presença de algúem menor de 14 (catorze) anos, ou induzi- lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem. Pena: Reclusão, de 2 a 4 anos.