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e-Tec Brasil47 Aula 7 – As funções do estoque na gestão logística Você ficou sabendo nas aulas anteriores que para a logística estoque significa custo e que é considerado um “mal necessário”, certo? Apesar deste entendimento as empresas não conseguem operar sem que haja qualquer estoque, pois estão sujeitas às oscilações do mer- cado, sob as quais não consegue agir, mas sim, precisa se adaptar. Veremos nesta aula que os estoques bem estabelecidos e gerencia- dos com rigor tem funções que agilizam a cadeia logística, e que devem ser mantidos sob determinadas circunstâncias, as quais você ficará sabendo estudando esta aula. 7.1 As funções do estoque Apesar de a logística considerar os estoques como um mal necessário, visto em nossa primeira aula, também na cadeia logística os estoques são indis- pensáveis, já que eles desempenham muitas funções em todas as pontas do canal de distribuição (figura 7.1). Segundo Arnold (1999), o estoque serve como um armazenamento inter- mediário entre: 1. Oferta e demanda. 2. Demanda dos clientes e produtos acabados. 3. Produtos acabados e a disponibilidade dos componentes. 4. Exigências de uma operação e resultado da operação anterior. 5. Peças e materiais necessários ao início da produção e fornecedores de materiais. Figura 7.1: Funções do estoque na cadeia logística total. Fonte: Elaborada pelo autor De acordo com Bowersox e Closs (2001) os estoques também apresentam funções como: a especialização geográfica, os estoques intermediários, o equilíbrio entre suprimento e demanda e o gerenciamento de incertezas. 7.2 O estoque e a gestão da cadeia logística Do ponto de vista da logística e do atendimento às necessidades dos canais de distribuição em relação a estas funções dos estoques, podemos verificar a importância de cada uma delas na gestão da cadeia logística, quer seja, do lado das organizações de fornecimento quer seja, na visão das organizações de produção ou ainda na perspectiva das organizações de distribuição. A partir de agora você conhecerá quais são as principais funções do estoque para as atividades logísticas. 1. Especialização geográfica: a indústria de bens, normalmente demanda por fatores de produção, como: energia elétrica, água, mão-de-obra, ma- teriais, entre outros tantos. Nem sempre estas indústrias se localizam na região geográfica onde estes fatores estão disponíveis e viáveis economica- mente. Frequentemente, estão longe dos principais mercados fornecedo- res e consumidores. Por exemplo, a indústria automobilista demanda por chapas de aço, pneus, baterias e conjuntos de transmissão, componentes importantes no processo de montagem de automóveis. A tecnologia e o conhecimento especializado para produzir cada um daqueles componen- tes estão, normalmente localizados nas proximidades das fontes de suas respectivas matérias-primas a fim de minimizar custos com transporte. Sendo assim, com o objetivo de fabricar cada peça do automóvel com o menor custo possível, as empresas fazem a dispersão geográfica da produ- ção, o que exige transferências de estoque, para integrar os componentes durante o estágio de montagem final do automóvel. 2. Estoques intermediários: para que os bens e produtos cheguem aos mercados consumidores eles passam por diversas empresas na cadeia lo- gística: fornecedores de matéria-prima, indústrias, transportadores, dis- tribuidores, varejistas, etc. Geralmente cada uma destas empresas precisa manter em estoque estes produtos. Esses estoques são denominados de intermediários, pois permitem que cada produto seja fabricado e dis- tribuído em lotes econômicos maiores do que a demanda de mercado, evitando sua falta ou indisponibilidade para o consumidor. Movimentação e Armazenageme-Tec Brasil 48 3. Equilíbrio entre suprimento e demanda: todo estoque possui uma função reguladora buscando conciliar a disponibilidade de materiais e produtos com a demanda de mercado, pois algumas destas demandas são sazonais e outras mantêm o consumo durante todo o ano. Um exem- plo destes produtos sazonais são os ovos de páscoa e os panetones, que têm seus consumos concentrados nas festividades de Páscoa e Natal, respectivamente, portanto exigindo uma produção e estoque também, sazonal. Exemplos de produtos com produção durante o ano todo e de consumo constante são refrigerantes e alimentos básicos (arroz, óleo, etc.). A função reguladora de estoque concilia os aspectos econômicos de produção com as variações do consumo. Portanto, podemos entender que conciliar o tempo de produção com a demanda em um dado período consiste em uma tarefa de planejamento de produção e manutenção de estoques adequados. Quando a demanda se concentra num curto perío- do de tempo, fabricantes, atacadistas e varejistas são forçados a formar estoques muito antes do período crítico de vendas. 4. Gerenciando incertezas: muitas vezes a incerteza na demanda do mer- cado é minimizada pela manutenção de estoque de segurança reduzindo o risco da falta de produtos para atender o mercado, tanto de insumos para a produção como de produtos acabados para atender a demanda. A previsão de demanda e o planejamento de produção devem ser realizados constantemente a fim de se determinar quais devem ser os estoques de segurança para cada componente ou produto acabado. De acordo com Bowersox e Closs (2001), a necessidade do estoque de segurança resulta das incertezas nas vendas futuras e dos prazos de ressuprimento. Isso quer dizer que, um pico na deman- da pode levar ao esgotamento do estoque e paralisação da produção das indústrias, afe- tando todo o mercado con- sumidor. O dimensionamento do estoque de segurança deve ser avaliado comparando o custo da manutenção des- te excesso e o custo provável ocasionado pela falta deste produto ou material no mer- cado (Figura 7.2). Figura 7.2: Variáveis que devem ser consideradas na formação do estoque de segurança. Fonte: http://www.ilos.com.br/ e-Tec BrasilAula 7 – As funções do estoque na gestão logística 49 Resumo Nesta aula vimos à importância do profissional responsável pela logística nas empresas. Esse profissional deve ter a habilidade de manter os estoques ade- quados para cada necessidade e as competências para gerir as variações de demanda e as possíveis faltas de materiais ocasionadas por fatores externos à empresa, e consequentemente, incontroláveis pelos seus gestores. Anotações Leia o artigo Níveis de Estoque, do prof. Sérgio Lima Galvão, disponível no endereço: http:// www.portaladm.adm.br/AM/ AM16.htm. Leia também o artigo sobre gestão de estoque, disponíveis em: http://www.ilos.com.br/web/ index.php?option=com_conten t&task=view&id=1076&Itemid =74&lang=br Movimentação e Armazenageme-Tec Brasil 50