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Aula 04 Livro Didático Digital Rodrigo Souza da Costa Gestão de Estoque Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Diretora Editorial ANDRÉA CÉSAR PEDROSA Projeto Gráfico MANUELA CÉSAR ARRUDA Autor RODRIGO SOUZA DA COSTA Desenvolvedor CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS Autor RODRIGO SOUZA DA COSTA Sou o professor Rodrigo Souza da Costa e me sinto honrado por poder, de alguma forma, contribuir com sua formação. A área de gestão é um dos principais problemas (se não o principal) para o crescimento socioeconômico do país. Dessa forma, a importância de especializar-se fica cada vez mais evidente para quem busca uma posição de destaque no mercado. Nossa profissão é muito dinâmica. Mudanças nas formas de gestão nos coloca em constante uma busca constante por aprendizado e adaptação ao ambiente de competição das empresas. Quando me foi passada a tarefa de lhe acompanhar em parte desse aprendizado, procurei buscar subsídios em minha formação e atuação profissional que pudessem ser relevantes para o seu aprendizado. Entre os meus passos nessa formação destaco: • Sou graduado em Administração pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), realizei meu Mestrado em Administração pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e o Doutorado em Administração pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). • Atuo desde 2007 no ensino na graduação e Pós-graduação em diversas instituições do Sul do Brasil. • Realizo pesquisas na área de Administração, sobretudo no que tange a Estratégia Empresarial e Internacionalização de Empresas, tendo publicado mais de 40 artigos em periódicos e eventos nacionais e internacionais. Ministro as seguintes disciplinas: Teoria das Organizações, Estratégias Empresariais, Diagnóstico Organizacional, Gestão de Recursos Empresariais, Gestão da Produção, Gestão da Cadeia de Suprimentos, dentre outras. Espero que possa contribuir significativamente nessa etapa de sua formação. INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimen- to de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser prioriza- das para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofun- damento do seu conhecimento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma ativi- dade de autoapren- dizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; Iconográficos Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: SUMÁRIO Abordagem logística dos estoques ............................................ 12 Considerações Iniciais ...............................................................................................12 Relação da Gestão de Estoques com a Logística e o Marketing ............................................................................................................................. 13 Serviço ao Cliente ...............................................................................20 Valor do Cliente ..............................................................................................................24 Valor para o Cliente ....................................................................................................25 Supply Chain Management ............................................................29 Da Logística para o Supply Chain Management ..............................32 Os Sete Princípios do Supply Chain Management ....................... 38 Conclusão ...............................................................................................48 Bibliografia .............................................................................................49 Gestão de Estoque 9 UNIDADE 04 Gestão de Estoque10 Olá, meu caro aluno! Tudo bem com você? A nossa disciplina tratou da Gestão de Estoques, onde você viu sobre a importância desta área essencial para o aumento da competitividade de qualquer empresa, pois trata diretamente de um dos principais setores quando o tema é a eficiência de custos. Nesta unidade final, o essencial é que você compreenda como se dá a gestão e o controle de suprimentos, principalmente sabendo qual a função e importância dos estoques para a empresa e utilizando técnicas de classificação destes estoques, relacionando com a abordagem logística dos estoques. Além disso, vale ressaltar aqui a importância de você saber como são estipuladas as políticas de controle de estoques, bem como saber definir os custos relativos em estoque e estabelecer qual é o lote econômico de compras. Por fim, você verá a importância de saber como a função compras é organizada dentro das empresas, bem como entender formas alternativas de organização e seleção de fornecedores. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! INTRODUÇÃO Gestão de Estoque 11 Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: • Compreender a relação do marketing e a logística e as definições típicas de serviço ao cliente; • Definir fatores que contribuem para a importância do serviço ao cliente; • Entender o impacto da logística e do serviço ao cliente sobre o marketing; • Definir o conceito do Supply Chain Management e diferenciar da logística. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! OBJETIVOS Gestão de Estoque12 Abordagem Logística dos Estoques Nesta unidade, vamos abordar que um dos maiores desafios da logística é conhecer corretamente a demanda para planejar a produção e o nível de estoque para que se atinja o objetivo de redução de custos. O problema é que a demanda está, cada vez mais, variável e incerta, pois a grande variedade de produtos e a velocidade com que o mercado opera tornam mais complexas as operações para disponibilizar os produtos certos, nas quantidades certas, nos momentos certos e nas condições adequadas para a conveniência do consumidor. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Considerações Iniciais A visão sobre a logística mudou recentemente, antes era vista como despesa para as empresas, hoje ela é conhecida como forma de redução de custos e uma possibilidade de agregar valor. As organizações perceberam que todo o processo desde a aquisição das matérias primas, a fabricação do produto até a distribuição nos pontos de venda deve ser feita com foco na satisfação do cliente final. Segundo Christopher, a missão do gerenciamento logístico é planejar e coordenar todas as atividades necessárias para alcançar níveis desejáveis dos serviços e qualidade ao custo mais baixo possível. Portanto, a logística deve ser vista como o elo de ligação entre o mercado e a atividade operacional da empresa. Vale salientar que, por causa da crescente competitividade, as empresas estão buscando maneiras de criar vantagens competitivas que satisfaçam o consumidor. Isto pode ser conseguido através da integração da cadeia produtiva, inclusive com quem vem “antes” de seu fornecedor e com o consumidor final, uma vez que os efeitosda insatisfação do cliente são refletidos em toda a cadeia. Desta forma, o objetivo é ligar o mercado, a rede de distribuição, o processo de fabricação e a atividade de aquisição, de tal modo que Gestão de Estoque 13 os clientes sejam servidos com níveis cada vez mais altos e, ainda assim mantendo os custos baixos. Portanto, o objetivo principal de um sistema logístico é a satisfação dos clientes. Atualmente, com as marcas perdendo sua força e os produtos mais parecidos, as empresas precisam focam seus esforços para fornecer um pacote de serviços que seja capaz de diferencia-las de seus concorrentes. Assim, o sistema logístico de uma cadeia de suprimentos precisa construir, ao longo dos elos, uma ligação que os direcione todos ao mesmo ponto. Este ponto é o de atender ao cliente com o melhor pacote de serviços e ao mínimo custo, agregando o máximo de valor e aumentando a lucratividade da cadeia e a diferenciando na visão do cliente como a que melhor atende as suas necessidades. Relação da Gestão de Estoques com a Logística e o Marketing As atividades de marketing estão voltadas para o gerenciamento do composto mercadológico do produto. Uma das formas mais comuns de defini-lo é através dos “quatro P’s” que são: produto, preço, promoção e praça, respectivamente. Em geral, muitas empresas dão maior ênfase aos três primeiros itens por entenderem que estes são mais importantes e mais ligados ao EXPLICANDO MELHOR: Esta preocupação deve estar presente em todas as áreas da organização. Como a logística moderna possui a característica de ser integradora ela tem se ocupado em disseminar esta visão para todos os envolvidos no atendimento ao cliente. Gestão de Estoque14 Fonte: Freepik Marketing. Com o aumento da concorrência, esta visão foi alterada e a ligação da logística com o marketing tem sido explorada como fonte de vantagem competitiva. O produto certo, no lugar certo, na hora certa, parte de uma das definições de logística, tem se tornado uma preocupação do marketing para garantir a satisfação do cliente e prover um nível de serviço superior. Com as tendências recentes, o potencial de diferenciação proporcionado pelos serviços tem recebido uma atenção especial para garantir a posição competitiva da empresa como um benefício a mais que não é oferecido pelos seus concorrentes e que reforça o produto e a marca na preferência dos clientes. Um dos princípios básicos no gerenciamento da organização deve ser o de que o consumidor final é o verdadeiro gerador de receita da cadeia e que as demais operações geram apenas repasses de parte deste valor para os elos da cadeia. Gestão de Estoque 15 Apesar de óbvio, isto parece ter sido esquecido durante um certo tempo e agora foi redescoberto, gerando uma corrida pela busca da satisfação do cliente como ponto focal das atividades empresariais. Uma outra forma de se explicar esta tendência pode ser dada pela aproximação entre a visão do marketing e da produção possibilitada pela Produção Enxuta. NOTA: Ao propor que o objetivo de um sistema produtivo é eliminar desperdícios e que desperdício é tudo o que não agrega valor ao consumidor final, a produção enxuta pavimentou uma ponte entre estas duas áreas, que antes viviam em conflitos, ao mostrar um caminho para o alinhamento dos objetivos funcionais com os do negócio pela definição de que o importante é produzir e fornecer aquilo que o cliente deseja. Essa tendência foi ressaltada pelas atuais exigências dos clientes que estão mais informados e exigentes e que impõem novos patamares de qualidade ao esperar melhores produtos e serviços. O marketing descobriu que tão importante quanto oferecer um produto de alto padrão a um preço justo é assegurar a sua disponibilidade nos pontos de venda. Não se pode esquecer que fazer uma promoção para levar o consumidor ao ponto de venda e permitir a falta do produto pode ser um convite a se experimentar a marca do concorrente e que esta pode ser uma viagem sem volta. Gestão de Estoque16 A diferenciação pelas suas características físicas e tecnológicas está mais difícil e é mais rapidamente copiada. O exemplo dos carros populares no Brasil e dos automóveis que usam mais de um tipo de combustível provam esta tendência. EXPLICANDO MELHOR: Os compradores institucionais, impelidos pela adoção da filosofia just in time nas suas compras, exigem níveis de serviços mais elevados e a oferta de serviços adicionais, bem como, demandam excelência logística de fornecedores para poderem reduzir quantidades e aumentar o giro dos estoques sem que haja falta de produtos que possam prejudicar suas operações. SAIBA MAIS: Pesquisas recentes, no mercado automobilístico, mostram que dentre os principais fatores de decisão de compra estão à qualidade e a variedade de serviços adicionais que os fabricantes oferecem, como por exemplo: socorro mecânico, revisões com hora marcada e disponibilidade de peças para reparo. Portanto a oferta de um pacote de serviço sob medida e que satisfaça mais plenamente as necessidades de cada nicho de cliente, tem se tornado cada vez mais importante na defesa da competitividade. Garantir ao cliente disponibilidade, facilidade, agilidade e flexibilidade para a compra provam o poder do serviço ao cliente como fonte de diferenciação. Isto também está acontecendo em outros setores de mercado. Gestão de Estoque 17 Os hipermercados exigem entregas frequentes de quantidades menores com prazos garantidos de seus fornecedores e no caso dos perecíveis estes devem estar o mais cedo possível nas gôndolas, pois, em geral, produtos que já tenham ultrapassado um terço da sua vida útil não serão aceitos. Fonte: Freepik O mercado de celulares e microcomputadores tem o desafio da perecibilidade tecnológica e, portanto, velocidade no desenvolvimento, fabricação e distribuição são fundamentais para garantir a atualização dos produtos vendidos. Gestão de Estoque18 Fonte: Freepik IMPORTANTE: Outro ponto importante é a capacidade de customizar produtos de acordo com as especificações dos clientes. Ser capaz de disponibilizar inovações mais rapidamente que os concorrentes pode ser uma importante vantagem competitiva. Gestão de Estoque 19 O exemplo da Dell Computer exemplifica a visão que se está querendo mostrar. Quando montada uma máquina deste fabricante é igual a dos outros produtores, mas a vantagem desta empresa está na velocidade com que o faz e na sua capacidade de atender plenamente as necessidades do cliente e de lançar novidades mais rapidamente que outras marcas. Isto se deve a excelência em logística desta empresa. A Dell conta com estoques de processadores para sete dias, em média, enquanto seus concorrentes possuem material suficiente para sessenta dias. Isto que permite que as máquinas da Dell sejam as primeiras a serem equipadas com os processadores mais modernos do mercado, mas exige maior acerto na gestão da demanda. Gestão de Estoque20 Serviço ao Cliente De forma simplista, a logística cria valor ao disponibilizar os produtos requeridos, na variedade adequada, nos locais desejados, no momento que atenda às necessidades e nos prazos estabelecidos pelos clientes. Ou seja, os produtos só passam a ter valor quando chegam aos pontos de venda nos quais encontram clientes dispostos a pagar o preço solicitado por estes. Portanto, serviço é o pacote de atividades desempenhado pelo sistema de distribuição física no atendimento ao cliente. Ao analisar a distribuição física o serviço pode ser exemplificado como: a frequência e a confiabilidade da entrega, a disponibilidade de estoque e a velocidade e a agilidade no atendimento dos pedidos. VOCÊ SABIA? Numa visão ampliada, o serviço é o conjunto de atividades logísticas que permitem que os produtos sejam produzidos e entregues ao consumidor final nas condições e com as conveniências por ele desejadas, sendocompletado com as atividades pós-vendas que o fabricante oferece. Todo esse esforço visa à plena satisfação do comprador. Gestão de Estoque 21 Fonte: Freepik O pacote de serviços que uma empresa oferece pode ser diferente para cada mercado em que atua, ou mesmo ser feito sob medida para seus principais clientes. Portanto, não se busca uma definição que abranja todas as possíveis variações, o que se quer mostrar é que serviço, de modo abrangente, mostra a forma como uma empresa se relaciona com seus clientes. O serviço ao cliente poderia ser examinado sob três aspectos: 1. Elementos da pré-transação. 2. Elementos da transação. 3. Elementos da pós-transação. Os elementos da pré-transação do serviço ao cliente relacionam- se às políticas ou programas de corporação, ou seja, declarações Gestão de Estoque22 escritas da política de serviços, adequação da estrutura organizacional e flexibilidade do sistema. Já os elementos da transação são aquelas variáveis do serviço ao cliente diretamente envolvidas no desempenho da função de distribuição física, como a confiabilidade do produto e da entrega. Por fim, os elementos da pós-transação são geralmente aqueles que apoiam o produto enquanto este tiver em uso, por exemplo, garantia do produto, peças e serviços para assistência técnica, procedimentos para reclamações do cliente e substituição do produto. Desse modo, torna-se fundamental a segmentação logística que levará a empresa a conhecer as necessidades de seus, agrupar aqueles que tem necessidades semelhantes e projetar um sistema logístico que possa atender aos requisitos solicitados. NOTA: Como já salientado a variedade de pacote de serviços é resultado da necessidade de se atender diferentes mercados e clientes e que cada um possui requisitos específicos de serviços e a importância de cada um dos fatores varia de cliente para clientes. EXPLICANDO MELHOR: Infelizmente em logística, muitas vezes, não é possível atender a todos os requisitos solicitados, pois isso iria elevar muito o custo da operação. Portanto, é necessário que se estabeleça com clareza quais serviços serão ofertados para cada mercado. Assim, os clientes saberão qual o padrão de atendimento que irão receber e se este os atende. Gestão de Estoque 23 Apesar da importância do serviço logístico, a maioria das empresas não possui política de serviço logístico formalizada e claramente definida. Muitos sistemas logísticos são projetados com foco apenas na eficiência operacional e na redução de custos, uma visão interna, e não são alinhados com as expectativas dos clientes e com a estratégia do negócio. Fonte: Freepik Essa é a fórmula para o fracasso, pois, muito provavelmente, os concorrentes ao perceberem esta fraqueza irão garantir a disponibilidade e a confiabilidade de entrega de seus produtos para ganhar a confiança dos clientes e conquistar mercado. Em suma, pode se estabelecer que, no momento, em que a força da marca e a diferenciação dos produtos diminuem a eficiência em logística é um ponto de suporte para a eficiência de marketing e que esta relação está cada vez mais presente nas estratégias competitivas das empresas vencedoras. Gestão de Estoque24 Valor do Cliente O valor a longo prazo da empresa é fortemente determinado pelo valor do relacionamento da empresa com seus clientes, que é chamado de: Valor do Cliente. Valor do cliente é uma medida da empresa, de quanto o cliente vale para ela e pode ser definido como: o total dos valores de consumo do cliente ao longo de sua vida de consumo, naquela empresa. À medida que os mercados amadurecem e os custos de conquistar novos clientes aumentam, uma ênfase maior precisa ser dada à retenção dos clientes existentes e à estabilização dos negócios fechados com eles. Uma maneira para que isto seja possível é construir um relacionamento de valor para o cliente, de forma que isso reflita em valor para toda a cadeia. Fonte: Freepik NOTA: Algumas empresas ainda não perceberam a importância do cliente para o seu sucesso, e não concordam com este enfoque. Este tipo de comportamento diminui as possibilidades de ganho, porque a empresa faz uma análise “interna” sem se preocupar primeiramente com o que o cliente realmente quer. Gestão de Estoque 25 Um dos caminhos para uma empresa ter sucesso é manter uma relação lucrativa e duradoura com seus clientes, mesmo que ao longo do tempo seus produtos estejam mudando. As necessidades e os desejos de um consumidor mudam e isto pode refletir nas suas preferências por marcas. O desafio da empresa é manter a relação com o cliente. Um axioma do marketing diz que clientes não compram produtos, eles compram satisfação. A principal vantagem para a empresa em estabelecer uma relação com os clientes é manter um relacionamento continuado com a marca, e fazer com que eles sempre sintam necessidade ou vontade de comprar novamente. Valor para o Cliente O valor para o cliente é subjetivo, é o quanto ele considera que vale um esforço em relação ao benefício esperado. Em termos simples, valor para o cliente é criado quando as percepções dos benefícios recebidos em uma transação superam os custos totais de propriedade. Este custo de propriedade é diferente de preço porque envolve todos os custos que o cliente tem ao adquirir uma mercadoria, mesmos os nãos monetários, como a procura, necessidade de mobilidade e busca por informações. Gestão de Estoque26 Fonte: Freepik O serviço ao cliente pode oferecer oportunidades de diferenciar um produto-padrão e de ajustar as ofertas da empresa às exigências específicas do cliente. Foi um dos pensadores na área de marketing, Theodore Levitt, quem primeiramente disse que “as pessoas não compram produtos, elas compram benefícios”. Como já citado, apesar de estar pronto ao final da linha de produção, o produto ganha valor ao chegar ao cliente. Portanto, o REFLITA: Para que o cliente perceba valor em uma empresa, é preciso que ele seja o foco do negócio. Para ganhar vantagem competitiva sobre seus rivais, uma empresa deve proporcionar valor para seus clientes desempenhando atividades de modo mais eficiente que seus concorrentes ou desempenhando as atividades de forma que crie maior valor percebido pelo comprador. Gestão de Estoque 27 serviço de distribuição deve ser uma forma de adicionar valor. A figura abaixo desenvolve esta ideia, com o conceito de “envoltório de serviços”. No centro, está o produto com suas características tangíveis resultantes de sua fabricação. O círculo externo representa todos os valores adicionados proporcionados pelo serviço ao cliente e pela logística. Ao considerar o cliente sensível ao serviço pode se estabelecer que ele é menos tolerante à espera e a disponibilidade do produto supera a preferência pela marca. Portanto, perder uma venda e um cliente em potencial gera uma grande perda em volume de receita para a empresa. EXPLICANDO MELHOR: Não é só o serviço ao cliente e as atividades logísticas que adicionam valor. Em muitos casos, a propaganda, a marca e a embalagem podem aumentar o valor do produto percebido pelo cliente. Entretanto, torna-se cada vez mais evidente que é necessário algo mais além da marca para diferenciar o produto. NOTA: Quanto maior a excelência logística de uma cadeia mais eficiente ela será e obterá maior diferenciação do produto, pois o cliente será melhor atendido e sua satisfação aumenta. Gestão de Estoque28 Para que isto possa acontecer, é necessária uma grande integração de toda a cadeia que deverá estar preocupada em conhecer os desejos e necessidades do consumidor final, para que todos os seus esforços estejam alinhados para que se possa reduzir e agregar valor. Atualmente, as empresas buscam novas formas de agregar valor e os requisitos logísticos que o cliente demanda oferecem chances para que sejam ofertados benefícios adicionais. Assim, podeser criado um produto ampliado que proporcione maior satisfação, o que levaria a retenção do cliente que irá garantir uma relação duradoura e lucrativa. Está cada vez mais difícil e caro conquistar novos clientes e a capacidade de reter clientes é fundamental para o negócio. Dessa maneira, o serviço logístico tem contribuído muito para a retenção e, portanto, empresas que não conseguem oferecer um nível de serviço adequado podem estar em desvantagem competitiva diante de seus concorrentes. Assim, pode-se afirmar que a excelência em logística não é mais um benefício, mas sim uma obrigação para quem quiser competir e vencer. Gestão de Estoque 29 Supply Chain Management O aumento da competitividade, em especial nos anos 90, levou as empresas a uma busca pela melhoria da sua produtividade e aumento da eficiência. Neste cenário, a logística assume um papel de extrema importância e a sua evolução, para fazer frente à complexidade de um mercado em rápida mudança e crescente globalização, é o desenvolvimento do conceito do Supply Chain Management. Isto leva as empresas a fazer uma revisão de suas estratégias e posicionamentos, enquanto clientes e fornecedores, redefinindo seus papéis na cadeia produtiva. Wood & Zuffo ressaltam sua função como integrador dos elos dizendo que “em linhas gerais o Supply Chain Management pode ser definido como uma metodologia desenvolvida para alinhar todas as atividades de produção de forma sincronizada, visando reduzir custos, minimizar ciclos e maximizar o valor percebido pelo cliente final por meio do rompimento das barreiras entre departamentos e áreas.” SAIBA MAIS: O Supply Chain Management é uma evolução da logística empresarial que aumentou seu escopo de atividades e expandiu sua abrangência para fora da empresa, o que a tornou responsável pela integração estratégica com os intermediários do canal de distribuição e com as fontes de suprimento de modo que todos os esforços sejam alinhados para eliminar custos e agregar valor ao cliente final para que a empresa seja capaz de se diferenciar de seus concorrentes. Gestão de Estoque30 Isto ilustra as possíveis vantagens e a necessidade da integração, tanto logística como de cada uma das áreas funcionais, das empresas envolvidas. Assim, mostra-se fundamental para o sucesso deste modelo o estreitamento das relações, internas e externas, e a criação de competências distintas pelos seus componentes. Ou seja, cada um deve se especializar e ter excelente desempenho em sua área de atuação. Essa ideia é derivada da premissa segundo a qual a cooperação entre os membros da cadeia de valores reduzirá os riscos individuais e poderá, potencialmente, melhorar a eficiência do processo logístico, eliminando perdas e esforços desnecessários. Não há uma perda da importância dos componentes. Ao contrário, para o aumento da competitividade da cadeia, cada elo deve representar com excelência seu papel. Assim, o Supply Chain Management leva a um outro contexto de competitividade, pois esta passa a existir não mais somente entre empresas, mas também entre as cadeias produtivas. O modelo enfatiza que cada componente deve preocupar-se com a competitividade do produto perante o consumidor final e com o desempenho da cadeia produtiva como um todo. NOTA: Todos os elementos ou os níveis de uma cadeia executam funções importantes, cujos respectivos desempenhos determinam de forma interdependente o desempenho do sistema como um todo. Portanto, trata-se de uma situação constituída por um conjunto de agentes decisores em que o resultado, tanto geral quanto para cada um em particular, depende das decisões tomados por todos. Gestão de Estoque 31 A crescente utilização deste conceito pode ser explicada pela necessidade que as empresas hoje possuem de atender simultaneamente a dois objetivos, os quais são aparentemente antagônicos. O primeiro é o de melhor atender a um número cada vez maior de requisitos impostos pelos clientes. O segundo é a necessidade de aumentar sua lucratividade. Uma das faces desse dilema é o que está acontecendo com o transporte. $ $ Fonte: Freepik Dentre outras exigências, os fornecedores estão sendo solicitados a realizar entregas frequentes de pequenos lotes, cargas pequenas têm um custo unitário proporcionalmente mais caro que as grandes cargas. Portanto, fragmentação em pequenos lotes tende a aumentar os custos logísticos, os quais representam uma parcela significativa do custo total, e isto pode afetar negativamente o lucro diminuindo, assim, a margem de contribuição dos produtos. Gestão de Estoque32 Para tentar resolver esses dilemas as empresas estão maximizando as sinergias entre as partes da cadeia produtiva, de forma a atender o consumidor final com maior eficiência, tanto pela redução de custos quanto pela adição de mais valor aos produtos finais. A redução de custos tem sido obtida mediante a diminuição do volume de transações de informações e papéis, dos custos de transporte e estocagem e da diminuição da variabilidade da demanda de produtos e serviços, dentre outros. Valor tem sido adicionado aos produtos por meio da criação de bens e serviços customizados e do desenvolvimento conjunto de competências distintas através da cadeia produtiva e dos esforços para que, tanto fornecedores como clientes, aumentam mutuamente a lucratividade. Isto reforça a possibilidade de utilizar este modelo para criar vantagens competitivas realmente sustentáveis e duradouras, pois este desenvolvimento só será possível se houver a capacidade de reunir alguns fatores importantes, como: • pessoal qualificado, motivado e competente; • um sistema logístico eficiente, que torne viável atingir o nível de serviço desejado pelos clientes; • gestão do conhecimento, bem como, outras características que não possam ser copiadas ou suplantadas pelos concorrentes e que agreguem maior valor aos produtos e serviços da empresa. Da Logística para o Supply Chain Management Para o desenvolvimento de uma estratégia de Supply Chain Management o primeiro passo deve ser o de avaliar a cadeia em que se atua e a capacidade desta em atingir seus objetivos. Basicamente, os pontos a considerar são os seguintes: necessidades do cliente; requisitos do cliente; aptidões internas, Gestão de Estoque 33 aptidões dos demais integrantes potenciais, aptidões dos concorrentes e os objetivos do negócio. Como resultado desta fase, considerando a situação atual e as tendências futuras, pode ser feita uma análise, tanto do ambiente interno quanto externo, que leva ao descobrimento das oportunidades e desafios, bem como, dos pontos fortes e fracos que se apresentam. Essa visão, deve nortear o papel da empresa na busca pela agregação de valor ao cliente e nas decisões de quais as atitudes a tomar para se obter uma posição de vantagem competitiva. O elo forte também tem a responsabilidade de influenciar e coordenar os componentes da cadeia para que a visão se torne uma realidade. REFLITA: Após realizar esta avaliação pode ser estabelecida uma visão da cadeia logística e podem ser avaliados os movimentos e iniciativas que possam afetar o negócio e o seu futuro. IMPORTANTE: Devem ser feitas algumas ponderações necessárias para a implantação deste conceito. A primeira é a de que, apesar das mudanças recentes salientarem a necessidade de se focar no cliente, bem como, a crescente percepção das empresas como um somatório de processos, a maioria das empresas continua a insistir, ignorando as tendências atuais, em empregar orientação funcional. Gestão de Estoque34 A segunda é a avaliação dos impactos desta atitude, pois ao dar muita importância e poder aos departamentos, a segmentação de suas atividades é mantida. Isto propicia, além da existência de muitas áreas de atrito, a continuidade de modelos onde a integração é muito baixa e o desempenho do sistemalogístico é prejudicado, uma vez que não se consegue usufruir os benefícios da integração. Isto pode ajudar a entender porque muitas empresas brasileiras continuam a tratar os subsistemas logísticos, o de abastecimento, o de produção e o de distribuição, de forma desagregada e os subordina a diferentes áreas da organização. Esta decisão, somada a pouca utilização de sistemas de informação, mostra um cenário preocupante, mas no qual há possibilidade de melhorias significativas. O que falta são iniciativas no sentido de reverter este quadro, contudo, o aumento do nível de exigência por parte dos clientes e a entrada no mercado de concorrentes mais gabaritados são as forças motrizes que irão catalisar este processo. Este contexto trará como implicações: primeiro a implantação da logística integrada, através da integração da estruturas organizacionais ou dos processos; e segundo o fato de que a logística receba um tratamento mais estratégico, no qual estará mais presente nas decisões da empresa. Somente nesta situação, poderá ser totalmente explorado, compreendido e avaliado o real potencial de ganhos que podem ser obtidos por uma empresa através da logística. Como já salientado, um dos pressupostos do Supply Chain Management é o de que exista uma total integração dos componentes da cadeia produtiva na busca de uma otimização sistêmica. Este processo se dá em três etapas distintas que serão analisadas individualmente para um melhor entendimento. A primeira etapa é caracterizada pela melhoria das transações entre as áreas afins, por exemplo, a área de compras do cliente relaciona-se intensamente com a de vendas do fornecedor, levando a um estreitamento entre as empresas e, com o passar do tempo, surge Gestão de Estoque 35 um clima de confiança, os acordos são estabelecidos e cumpridos, o que acaba por propiciar as condições de que seja iniciada uma parceria. Na segunda etapa ocorre a integração dos processos da cadeia, ou seja, há uma extrapolação das fronteiras das empresas na qual as atividades são executadas conjuntamente. O processo de pesquisa e desenvolvimento é uma das áreas que pode obter resultados melhores neste contexto, pois, quanto mais cedo os fornecedores forem inseridos, menor será o tempo gasto entre o projeto sair da prancheta e estar disponível para o consumidor final. Isto é um diferencial importante num mercado onde os produtos estão tendo ciclos de vida, cada vez mais, curtos. Portanto, ser mais ágil que os concorrentes no lançamento de novos produtos é um objetivo que as empresas estão perseguindo. A terceira etapa exige que se estabeleça uma aliança na qual as estratégias a serem desenvolvidas devem ter foco na cadeia como um todo e não nos componentes individualmente. A cadeia só atingirá seus objetivos se cada empresa conseguir entender e executar o seu papel na criação de valor para o cliente. Deverá existir um perfeito alinhamento dos processos-chave do negócio para se estabelecer uma cadeia vencedora. Inúmeras etapas e desafios devem ser vencidos ao trilhar este caminho, no qual se busca evoluir de uma relação conflitante entre os componentes até que se consiga estabelecer uma filosofia única, aceita e executada por todos, para nortear as decisões e o destino de uma cadeia de suprimento. No ocidente, existe uma grande ênfase ao individualismo e o contexto predominante é o da concorrência, onde a vitória é uma glória pessoal. Isto, por si só, representa um obstáculo que dificulta em muito a mudança para uma cultura onde o importante é o coletivo. No âmbito das empresas, a história da evolução do pensamento administrativo, principalmente as duas primeiras escolas, a científica de Taylor e a clássica de Fayol, podem ajudar a entender esta realidade. Gestão de Estoque36 Inicialmente, a organização foi entendida como sendo um sistema fechado que era independente do ambiente externo e no qual a busca pela eficiência estava focada exclusivamente no ambiente interno. Enxergar a empresa como um sistema isolado foi o alicerce de muitas das técnicas de gestão da produção encontradas na literatura especializada, e consagradas em livros. Por essa razão, muitas delas têm se mostrado pouco eficazes quando aplicadas no mundo real, onde de fato a empresa encontra-se inserida em um contexto organizacional dinâmico e complexo. A capacidade de estabelecer parcerias será o fator determinante para a sobrevivência das empresas, mas muitas parecem não perceber isto ou não conseguem mudar sua filosofia. NOTA: Há uma opção a ser feita, que não poderá ser postergada por muito tempo, que é a de escolher entre continuar tentando crescer sozinho e fazer frente às pressões de aumentar o valor percebido e reduzir custos de modo individual, que poderá causar uma sobrecarga, ou unir esforços para permitir que o esforço a ser realizado para atingir estes objetivos seja suavizado, mesmo que isto signifique abrir mão de uma parcela da independência estratégica da organização e force a sempre difícil mudança da cultura organizacional. Porém esta mudança é imperativa e torna-se necessária para que a cadeia consiga obter um padrão de competitividade que possibilite o desenvolvimento de aptidões que a qualifiquem a disputar o atual mercado global, que as expõem à concorrência dos fabricantes de classe mundial. Entre os principais benefícios estratégicos da adoção do Supply Chain Management obtidos podem ser citados: Gestão de Estoque 37 a. reestruturação e consolidação do número de fornecedores e clientes, implicando sua redução e aprofundamento das relações com as quais realmente se deseja desenvolver relacionamentos colaborativos e com resultado sinergético gerando parceiras de longo prazo; b. divisão de informações e integração da infraestrutura com clientes e fornecedores, propiciando entregas just-in-time e redução dos níveis de estoques. A integração de sistemas computacionais e a utilização de sistemas, como o Eletronic Data Interchange (EDI), entre fornecedores, clientes e operadores logísticos, podem permitir a prática por exemplo da reposição automática do produto na prateleira do cliente. A utilização de representantes permanentes (in plant representatives) junto aos clientes, pode facilitar, dentre outros aspectos, o melhor balanceamento entre as necessidades dos mesmos e a capacidade produtiva do fornecedor; c. resolução conjunta de problemas e envolvimento dos fornecedores desde os estágios iniciais do desenvolvimento de novos produtos permitindo a concepção de produtos que facilitem o desempenho da logística da cadeia produtiva e a escolha de um operador eficiente para administrá-la; d. compatibilização da estratégia competitiva e das medidas de desempenho da empresa à realidade e aos objetivos da cadeia produtiva. O nível de resultados obtidos pela empresas que adotaram o Suplly Chain é variável, mas foram constatados ganhos significativos no que seguinte: a) redução de estoques; b) redução da falta de produtos; c) aumento das entregas no prazo; d) redução dos prazos de entrega; e) aumento da receita. Gestão de Estoque38 Uma consideração importante para explicar a tendência atual de intensificação da utilização do conceito de Supply Chain Management, é a crescente consciência da ineficiência das cadeias de valores. Se o movimento da qualidade chamou a atenção para as perdas relacionadas aos retrabalhos e refugos na produção, o novo foco na gestão logística mostra como a ineficiência é ainda maior quando olhamos a cadeia como um todo. Apesar de, inicialmente, aparentar uma certa complexidade, o conceito de Supply Chain Management tem sido muito aceito por estar baseado na reunião de pressupostos simples e que já eram utilizados, por muitas empresas, porém de forma desconexa e sem a orientação dada por este modelo. Uma importante referência é de não se esquecer queas soluções simples se mostram mais fáceis de implantar, menos onerosas e propiciam bons resultados. As práticas eficazes de Supply Chain Management implementadas em todo mundo têm visado à simplificação e à obtenção de uma cadeia produtiva mais eficiente. Os Sete Princípios do Supply Chain Management Para tentar encontrar o caminho que leve a balancear o nível de serviço aos clientes e a necessidade do aumento da lucratividade da empresa, o que muitas vezes se assemelha a um cabo de guerra, pode- se utilizar a combinação entre descobrir o que o cliente quer e como coordenar os esforços na cadeia de suprimento para atender estes requisitos de modo mais rápido, barato e melhor que os concorrentes. Porém, isto não é assim tão fácil de se atingir ou sustentar, pois cada companhia deve encontrar o melhor modelo para sua cadeia. Portanto, não existe uma fórmula pronta ou uma receita de bolo que mostre os passos para implantar o Supply Chain. Cada empresa e Gestão de Estoque 39 sua respectiva cadeia precisa descobrir o caminho a trilhar para que se definam e alcancem os objetivos desejados. Ao analisarmos diversos fornecedores, fabricantes, distribuidores e varejistas perceberam, naquelas cadeias que obtiveram sucesso, uma combinação de sete princípios que, quando usados em conjunto, mostram-se eficientes na iniciativa de implantar o conceito de Supply Chain Management. A intensidade com que cada cadeia deve aplicar cada um dos conceitos lhe é particular e deve ser por ela mensurada, pois não serão encontrados dois casos idênticos. Segmentação Logística O primeiro princípio é o de segmentar clientes com base em grupos de necessidades distintas e adaptar a cadeia para ser lucrativa ao atender esses segmentos. O que se apresenta é a necessidade de se mudar o modo de segmentação utilizado. A correta segmentação, utilizando o critério das necessidades dos clientes, permite que a empresa desenhe uma gama de serviços realmente adequada e sob medida para diferentes segmentos. Através de pesquisas, entrevistas e outras técnicas pode ser determinado quais os requisitos mais importantes para cada nicho. A partir disto, pode sem entendidos quais serviços são valorizados por todos os clientes e quais são representativos somente para certos segmentos. REFLITA: Como o objetivo é o de maximizar o lucro, para se desenhar adequadamente o pacote de serviços, um fator importante, mas que representa um grave problema para muitas organizações, que insistem em permanecer na ignorância e subestimar este assunto, é o desconhecimento dos custos incorridos em cada atividade. Gestão de Estoque40 Faz-se necessário conhecer duas informações, uma delas é o custo e a outra é a necessidade de se identificar a quais itens de serviço, o cliente atribui maior valor. Desse modo, busca-se um equilíbrio entre os custos e os serviços ofertados, que mais agreguem valor, para se tentar obter um aumento no lucro. Customização Logística O segundo princípio é o de customizar o sistema logístico aos requisitos de serviço e lucratividade dos segmentos de clientes. A consciência de que nem todo cliente precisa ou deve ser tratado da mesma forma que outros clientes. Como, no geral, muito pouco é sabido a respeito das verdadeiras necessidades de serviços dos clientes, muitas firmas reagem simplesmente mantendo um elevado nível de serviço. Isto resulta em custo de distribuição maior que o necessário e, portanto, maior preço final para os clientes.” Ao desenhar o sistema logístico devem ser considerados fatores como o ramo de negócio, as características dos produtos, a localização e as particularidades dos clientes, bem como, é importante analisar o estágio da logística em cada segmento. EXPLICANDO MELHOR: Então, é possível definir quais são os fatores realmente diferenciadores. Por exemplo, num mercado de commodities agregar serviços será muito significativo, principalmente, se isto levar à uma redução do tempo de ressuprimento e à uma movimentação mais eficaz de materiais. Por outro lado, no segmento de supermercados, onde já se utiliza o Efficient Consumer Response, isto é apenas um fator qualificador. Gestão de Estoque 41 Ou seja, conforme os fundamentos da qualidade, o importante é atender as necessidades dos clientes e para isto é indispensável entendê-las com clareza. Porém, um nível de qualidade maior, com aumento de custos, que não seja percebido pelo cliente como agregação de valor, além de ser um desperdício, irá diminuir a lucratividade e não terá utilidade alguma. Uma qualidade abaixo do esperado irá levar à busca por uma outra cadeia que possa oferecer um melhor atendimento. Gerenciamento da Demanda O terceiro princípio é o de ouvir os sinais do mercado e alinhar o planejamento da demanda adequadamente ao longo da cadeia, tentando obter previsões consistentes e melhorar a alocação dos recursos. A importância não só da previsão, mas da percepção da demanda pela cadeia é fundamental para seu desempenho e pode estabelecer um grande diferencial competitivo. A qualidade, a confiabilidade e a rapidez no repasse da informação aos componentes são os fatores que irão permitir a sincronização da produção com a demanda e, consequentemente, suportar decisões mais acertadas. Isto possibilita substituir estoques por informações. Na teoria isto parece ser fácil e simples, porém, na vida real, alguns desafios precisam ser vencidos para se realizar uma boa previsão de demanda, pois, por melhor que seja o método utilizado, nunca se terá como resultado a certeza, mas sim uma maior garantia para o planejamento da produção e das necessidades de materiais. Torna-se fundamental entender que, como se trata de uma cadeia, o objetivo a ser atingido é de melhorar a previsão de todos os elos e não individualmente. Gestão de Estoque42 Fonte: Freepik IMPORTANTE: Isto só será possível com o estabelecimento de uma sincronia perfeita entre os componentes para que todos percebam e respondam de modo adequado e rápido, aos movimentos de aumento e decréscimo da demanda. Assim, poderão utilizar racionalmente os recursos e melhor atender aos clientes finais. Apesar das dificuldades, para poder ofertar um nível de serviço adequado aos clientes e, principalmente, fazê-lo com um nível de estoques ideal ao longo da cadeia, é fundamental uma correta previsão e o gerenciamento da demanda. Ou seja, se não se atingir o grau de acerto desejado, poderá se optar pela estratégia de se manter elevado índice de inventário, consequentemente, aumentando os custos logísticos e diminuindo a eficiência e competitividade. Postergação O quarto princípio é de diferenciar o produto o mais próximo do cliente e acelerar a conversão através da cadeia. Muitas empresas vêm tentando Gestão de Estoque 43 tornar-se manufaturas enxutas e, assim, cortar custos através da redução do tempo de preparação das máquinas, da manufatura celular e do emprego de técnicas de Just in Time. Mas, um campo promissor tem se apresentado para aqueles que utilizam a customização em massa, ou seja, ofertar uma grande gama de produtos para melhor atender as necessidades dos clientes, e que estão descobrindo as vantagens de postergar a diferenciação do produto para o mais tarde possível. REFLITA: Com a percepção de que a redução do lead time possibilita diminuir o nível de estoque, bem como, permite responder mais rapidamente ao mercado. Muitas empresas têm aplicado esforços em encurtar o tempo de ressuprimento ao longo da cadeia e acelerar a conversão das matérias- primas em produtos acabados feitos sob medida para os clientes. Este encurtamento permite aumentar a flexibilidade e fazer a configuração final do produto mais próxima do momento em que a demanda ocorre. O desafio de posicionar o ponto onde o produto não possa mais ser alterado mais próximo do consumidor, de maneira a atender requisiçõesparticulares e permitir a oferta de opções ao cliente, pode ser alcançado ao se utilizar a postergação, o desenho modular e a alteração do processo produtivo. Assim, é viável aumentar a flexibilidade e responder a crescente demanda por variedade dos consumidores. Um bom exemplo, empregado na indústria automobilística, é o conceito de plataforma, que é a utilização de uma base comum que pode ser convertida em uma gama de produtos bastante diversificados para o consumidor. Gestão de Estoque44 Fonte: Freepik Gerenciamento das Fontes de Suprimento O quinto princípio é o de gerenciar estrategicamente as fontes de suprimento para reduzir o custo total de possuir materiais e serviços. É preciso entender que uma relação só continua a existir se houver equilíbrio e, portanto, isso pressupõe que as duas partes estejam satisfeitas, bem como, em vez de um clima belicoso, é necessário um ambiente favorável para se estabelecer a cooperação e ajuda mútua. Por se tratar de uma estrutura comum, a mesma linha de montagem pode ser utilizada, sem alterações, para a construção de automóveis diferentes que irão atender, muitas vezes, a públicos com necessidades muito distintas. Isto representa uma maneira inteligente de aumentar a flexibilidade, ofertar variedade de produtos e, ainda, reduzir de custos de fabricação. Gestão de Estoque 45 O foco precisa ser alterado, os elos da cadeia não devem competir entre si, mas sim procurar maneiras de se ajudar visando aumentar a eficiência do todo. Isto gera uma dinâmica propícia para a detecção e correção das falhas, bem como, para a análise e questionamento da maneira atual pela qual as operações estão sendo realizadas. Assim, serão propostas inovações e melhorias que criem novos produtos e serviços, ou alavanquem as operações, e que sejam capazes de melhorar a capacidade competitiva da cadeia. Somente ao alinhar os objetivos dos elos da cadeia, será possível a busca, pelas melhorias e racionalizações para torná-la mais competitiva. Cabe ressaltar que, está se procurando eliminar ou, no mínimo, racionalizar todas as atividades que não agregam valor. Isto significa um esforço maior e mais difícil do que apenas tentar diminuir o preço do fornecedor, pela pechincha na hora da compra, que de pouco adianta, pois não irá atacar e eliminar as ineficiências e não trará nenhum esforço de melhoria. Tecnologia da Informação O sexto princípio é o de desenvolver uma estratégia de tecnologia de informação que englobe toda a cadeia, dando suporte a diferentes IMPORTANTE: Para trabalhar com o Supply Chain Management a empresa deve ter uma mentalidade muito mais aberta e inovadora, pois, só assim, irá perceber que é preciso estabelecer relacionamentos baseados em parcerias com os seus fornecedores e que, ao invés de estar preocupada em obter ganhos individuais, é necessário buscar estratégias que propiciem vantagens mútuas e otimizem o desempenho da cadeia como um todo. Gestão de Estoque46 níveis de tomada de decisão e permitindo uma visão clara do fluxo de produtos, serviços e informações. As empresas do mundo todo, tentando garantir sua sobrevivência, têm se encontrado frente a frente com o desafio de melhorar significativamente a maneira como realizam suas operações. Está acontecendo uma progressiva interação entre a logística e a informação. Atualmente um dos grandes desafios é o da substituição de estoques, que são utilizados para proteção contra as incertezas e a ineficiência, mas que representam pesados custos, por informações que permitam tomar, com maior nível de certeza, as decisões de adquirir, produzir e distribuir em sincronia com a demanda. O gerenciamento da logística global, em verdade, é o gerenciamento do fluxo de informações. O sistema de informações é o mecanismo pelo qual os fluxos complexos de materiais, peças, subconjuntos e produtos acabados podem ser coordenados para a obtenção de um serviço a baixo custo. Qualquer organização com aspirações a liderança global depende da visibilidade que ela possa obter dos fluxos de materiais, estoques e demandas, através da cadeia total. Em resumo, no Supply Chain Management, é muito importante o comprometimento das pessoas. A consciência de que devem trabalhar de forma integrada, a visão de que as atividades que realizam são parte de um todo e, portanto, a importância do seu papel, ao gerar e distribuir informações, bem como, utilizá-las para tomar decisões que melhorem desempenho do sistema logístico como um todo, são fundamentais para o sucesso do negócio. Sem esta postura, os resultados esperados não serão alcançados e os investimentos em tecnologia de informação de pouco adiantarão. Indicadores de Desempenho O sétimo princípio é o de adotar indicadores de performance do canal de distribuição da cadeia para avaliar o seu sucesso em atingir de modo eficiente o consumidor final. Gestão de Estoque 47 Se para uma empresa isoladamente isto já é um desafio, quando se pensa em medir a performance de uma cadeia a dificuldade é ampliada, mas a importância também aumenta na mesma proporção. Para isto, a cultura das empresas deve estar adaptada ao Supply Chain Management, pois é necessário que se abandone a ideia de que medir somente o desempenho individual garante um bom desempenho da cadeia. De fato, é preciso entender que se deve medir a performance coletiva e, principalmente, a da interface entre cada um dos elos. Só assim, será possível determinar se está havendo sinergia ou sobreposição entre estes. IMPORTANTE: Portanto, o fundamental é entender, com clareza, o processo, seus propósitos, os objetivos desejados e quais resultados são esperados, isto sem perder de vista a ótica do cliente. Desta forma, será possível elaborar uma metodologia de controle e avaliação que mostre o desempenho que se está obtendo, quais os pontos fortes e os pontos fracos e enxergar os desvios, ou seja, o que está acontecendo de modo diferente daquilo que foi planejado. EXPLICANDO MELHOR: Apesar da dificuldade em se determinar um conjunto ideal e universal, somente a utilização de indicadores comuns irá facilitar a detecção dos problemas, o entendimento de onde estes estão acontecendo, bem como, permitirá uma análise do conjunto de operações e a elaboração de uma política que otimize as possíveis sinergias entre os elos da cadeia. Isto poderá garantir a redução de custos, o aumento da lucratividade e, principalmente, o eficiente atendimento ao consumidor final. Gestão de Estoque48 Conclusão Para entender a crescente aceitação do Supply Chain Management, é preciso lembrar que, recentemente, muitas empresas adotaram estratégias baseadas na redução de seus custos, no enxugamento de suas operações e na redução de seus quadros de pessoal com o objetivo de aumentar sua competitividade. Com isto, voltaram a se concentrar em seu negócio, corrigiram seus desvios estratégicos, adotaram conceitos de produção enxuta e se preparam para competir num mercado globalizado. Ao trilhar este caminho doloroso, ficou evidente que estas estratégias somente seriam eficientes no curto prazo e que deveriam prepará-las para uma próxima fase. No longo prazo, para evitar seu desaparecimento, as empresas precisariam aumentar suas vendas e lucratividade. Portanto, teriam que desenvolver novos produtos, customizar os produtos existentes, entrar em novos mercados, ter foco nos clientes, criar sinergias com seus fornecedores e agregar mais valor aos seus clientes finais. A pergunta que se faziam era: Como fazer tudo isto ao tempo? Ao possibilitar simultaneamente reduzir o inventário, diminuir o custo, cumprir o prazo de entrega, reduzir o ciclo logístico, aumentar as vendas, incrementar o giro de estoques, agregar mais valor, integrar e alinhar os objetivos de clientes e fornecedores, bem como, aumentar a visibilidade do fluxo de materiais, o Supply Chain Managementtornou- se o caminho para que as empresas pudessem voltar a crescer e interrompessem um ciclo reducionista que poderia levá-las a deixar de existir. Gestão de Estoque 49 BIBLIOGRAFIA BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2001. CHITALE, A.K.; GUPTA, R.C. Materials Management: Text and Cases (2. edition). Nova Delhi: PHI, 2011. DIAS, M. A. P. Administração de materiais: uma abordagem logística. São Paulo: Atlas, 2010. POZO, H. Administração de recursos materiais e patrimoniais: uma abordagem logística. São Paulo: Atlas, 2001. VIANA, J. J. Administração de Materiais: um enfoque prático. São Paulo: Atlas, 2011.
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