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MARCO CIVIL DA INTERNET E HERANÇA DIGITAL Luiz Felipe Nobre Braga Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? PRATICAR PARA APRENDER Olá, aluno! A partir de agora vamos nos dedicar ao estudo de importantes disposições legais constantes do chamado Marco Civil da Internet. Com isso, teremos a possibilidade de compreender quais os institutos mais interessantes no que se refere à regulação da Internet no Brasil, sobretudo com a finalidade de conhecer alguns dos principais direitos e garantias dos usuários do ciberespaço. Não deixaremos de lado comentários pontuais, porém muito relevantes, acerca da responsabilidade dos provedores de Internet, assim como dos deveres e das obrigações que permeiam as relações com eles. Nesse itinerário, será alvo de nossas investigações a questão da herança digital quanto aos bens digitais de variadas espécies. Afinal de contas, à medida que existe interesse econômico e jurídico por esses bens, em quais situações ocorre ou pode ocorrer a transmissão deles? Em seguida, faremos uma análise histórica e conceitual da Internet, destacando alguns aspectos técnicos, inclusive, à luz do Marco Civil, a questão da neutralidade da rede em consonância com a ideia de liberdade de mercado e os direitos e garantias previstos na legislação. Por fim, a conclusão deverá apontar para os desafios que tais questões trazem, não apenas para o Direito Cibernético em si, mas também, em igual ou maior medida, para a sociedade, de forma a revelar impactos significativos no campo das relações sociais contemporâneas. O celular toca e, ao atender, você identifica que se trata de Tício, um velho amigo e antigo colega de turma da universidade de Direito. Depois de alguns minutos de conversa e das formalidades de todo início de diálogo, ele, sabendo da sua condição de especialista em Direito Cibernético, solicita um auxílio para um caso judicial em que atua como advogado. O cliente dele, chamado Semprônio, deseja mover uma ação contra uma empresa provedora de Internet. Segundo os registros telefônicos, ele havia ligado cerca de dez vezes de seu celular móvel em dias e horários diferentes e outras seis durante o horário de funcionamento da empresa (disponível em suas redes sociais), por meio de seu telefone residencial, solicitando a vinda de um técnico em sua residência, pois sua Internet, mais precisamente o aparelho provedor – modem – não estava funcionando corretamente (supostamente devido às oscilações de energia em sua rua naquela semana). Cumpre ressaltar que, apesar de terem sido atendidas todas as ligações e de terem sido agendados diversos horários para a ida do técnico, nenhum compareceu ao local nas datas e horários combinados. No entanto, o vizinho de Semprônio, Mévio, que teve um problema semelhante com o modem, ligou na empresa apenas uma vez e conseguiu agendar a visita do técnico para horas depois, no mesmo dia. Ocorre que Semprônio é humilde e despossuído de muitos bens materiais, motivo pelo qual seu plano de assinatura é de poucos megabytes – unidade de medida utilizada para medir a velocidade da Internet – enquanto seu vizinho, Mévio, é sujeito afortunado, que possui o melhor plano de serviço que a provedora oferece. Após o relato do caso, Tício questionou se havia alguma nomenclatura que conceituasse especificamente tal prática e ainda se há algum dispositivo legal que seria útil conhecer ou citar. Em seguida você pede e anota o e-mail de seu amigo e diz que lhe enviará um texto respondendo às suas perguntas. Agora, você deve escrever um texto que responda às dúvidas de Tício sobre o caso de Semprônio. Afinal, privilegiar o atendimento de clientes que tenham um plano de Internet melhor é ferir também algum princípio? Qual conceito existe para se referir a tal prática? Existe algum dispositivo legal que disciplina algo sobre esse ocorrido? Vamos juntos em mais esta etapa! Bons estudos! CONCEITO-CHAVE Entender a dinâmica do Direito Cibernético implica explicitar as principais normas que lhe dizem respeito. Nesse quadro, o Marco Civil da Internet, Lei nº 12.965/2014, é legislação de fundamental importância por estabelecer princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil. “O Marco Civil é uma legislação cujo objetivo precípuo é o de regular as relações sociais entre os usuários de Internet” (GONÇALVES, 2016, p. 7). O Marco Civil da Internet, do ponto de vista histórico, surgiu como uma alternativa à então chamada "Lei Azeredo", um projeto de lei que tinha como finalidade propor uma legislação ampla, na esfera criminal, para regular a Internet. Com efeito, essa intenção puramente criminal não foi seguida pelo Brasil (LEITE; LEMOS, 2014). Na verdade, ao invés de a legislação brasileira tratar da Internet sob o aspecto criminal, acabou por seguir a tendência internacional, conforme adoção por outros países, no sentido de, em primeiro lugar buscar a construção de direitos civis. "Em vez de repressão e punição, a criação de uma moldura de direitos e liberdades civis, que traduzisse os princípios fundamentais da Constituição Federal para o território da Internet” (LEITE; LEMOS, 2014, p. 4). Logo, em 23 de abril de 2014, foi aprovado o Marco Civil da Internet Brasileira, cuja lei foi sancionada pela então Presidente da República, Dilma Roussef, durante a Conferência NETMundial, ocorrida em São Paulo (JESUS, 2014). Interessante notar a forma pela qual referida lei fora aprovada. Iniciado em 2009 por meio de uma consulta pública de duas fases, em 2011 ingressou no Congresso Nacional por meio do PL n. 2.126/2011, de iniciativa do Poder Executivo. Trata-se da primeira lei criada de forma colaborativa entre sociedade e governo, com utilização da Internet como plataforma de debate. (JESUS, 2014, p. 15) Trata-se, no íntimo, de uma legislação que repete muitos institutos constitucionais e, para alguns, isso ocorreu "sem contextualizá-los a uma ideia do que seria essa construção do ser humano no século XXI” (GONÇALVES, 2016, p. 7). Na verdade, a crítica é bastante válida e acaba por fazer sentido quando se pensa que não basta a existência de legislações, por mais avançadas que sejam, para modificar a maneira pela qual a sociedade lida com determinados fenômenos. Logo: “Não adianta existir uma normativa, que visa regulamentar as relações sociais na Internet, sem que ela faça sentido para aqueles que são atingidos por ela. Torna-se letra morta” (GONÇALVES, 2016, p. 7). No caso da Internet, isso é ainda mais evidente à medida que os fenômenos que ocorrem no ciberespaço, devido ao alto dinamismo, acabam por criar uma pluralidade imensa de situações, modificando até mesmo o perfil cultural, seja para aumentar os problemas, seja para vislumbrar oportunidades. O crescimento vertiginoso da Internet em nível global é um dos aspectos que se pode assinalar como de maior interesse quando o assunto do ciberespaço está colocado para debate. Ainda nos anos 80 do século XX, a Internet consistia, basicamente, em um projeto de pesquisa que envolvia alguns sites ainda em construção. Nos dias atuais, nota-se o seu real desenvolvimento, tendo se tornado um sistema complexo e bastante avançado de comunicação, com alta produtividade e com a capacidade de alcançar, em pouquíssimos instantes, milhões de pessoas ao redor do mundo. Aliás, "muitos usuários já têm acesso à Internet de alta velocidade por meio das conexões a cabo (cable modem), DSL, fibra óptica e tecnologias sem fio” (COMER, 2001, p. 3). Por outro lado, esse crescimento acaba por trazer alguns problemas, que são vários, como já se pode imaginar, e que, inclusive, repercutem na esfera criminal. Contudo, a tônica necessária para esse ponto é quanto ao potencial que a Internet tem de violar direitos e garantias fundamentais. Afinal de contas, embora haja uma legislação avançada quanto à proteção de dados, ainda há muita incerteza quanto àquilo que transita nas redes, do que é inevitável voltar ao comentário sobre a necessidade de haver umamudança de postura por parte dos agentes sociais, estatais e empresariais, bem como quanto aos cidadãos, que interagem no ciberespaço. Para Peck (2016, p. 57): Este sentimento de que se fazendo leis a sociedade se sente mais segura termina por provocar verdadeiras distorções jurídicas, [...]. O Direito é responsável pelo equilíbrio da relação comportamento-poder, que só pode ser feita com a adequada interpretação da realidade social, criando normas que garantam a segurança das expectativas mediante sua eficácia e aceitabilidade, que compreendam e incorporem a mudança por meio de uma estrutura flexível que possa sustentá-la no tempo. Esta transformação nos leva ao Direito Digital. Talvez a tendência seja a de, progressivamente, com o aumento da regulação, e, consequentemente, da fiscalização e da punição, vislumbrar um horizonte de maior segurança para os usuários. Com efeito, a obediência de direitos e de garantias fundamentais é algo extremamente sensível e não apenas para os usuários em si, mas também para o próprio Estado, como primeiro ator que acaba retendo a maior quantidade de dados e informações sobre as pessoas, por exemplo. Nesse contexto, até mesmo a vigilância agressiva entre diferentes países, muitas vezes como técnicas de espionagem, acabam por revelar outra instância que merece a preocupação do jurista contemporâneo. A partir dessa reflexão, note que: quando o escândalo provocado pelas revelações de Edward Snowden repercutiu no Brasil, o tema tornou-se rapidamente uma questão de governo. Era preciso reagir – e rápido [...] Naquele momento, a proposta mais séria e completa de reação do Estado brasileiro consistia no Marco Civil da Internet, projeto de lei que se encontrava então pendente de análise – para não dizer meramente engavetado – na Câmara dos Deputados havia quase dois anos. (LEITE; LEMOS, 2014, p. 3) E, no Brasil, não existia lei específica que cuidasse de alguma regulação acerca dos provedores de acesso, por exemplo, assim como em relação às aplicações da Internet e dos direitos dos usuários. As questões que eram submetidas ao Judiciário não podiam reclamar uma normatização específica – o que seria mais adequado –, senão por intermédio dos direitos que usualmente se mostram como conexos, geralmente no campo indenizatório do direito civil e do direito do consumidor. ASSIMILE O Marco Civil da Internet reúne os direitos e as garantias fundamentais dos usuários da Internet e fixa responsabilidades, deveres e obrigações dos provedores de Internet, além de outras providências específicas. As reivindicações, por conseguinte, trouxeram apenas os temas da legislação privada em geral e, meramente de maneira indireta, a repercussão em termos de direitos e de garantias fundamentais, como aqueles que se encontram na Constituição Federal de 1988. Faltava, portanto, uma lei mais adequada, determinada, específica, que traduzisse os direitos e as garantias individuais e coletivas, como a dignidade, a privacidade, a intimidade, a honra, a imagem, a propriedade industrial, a liberdade de empresa, de iniciativa e de concorrência, no horizonte de sentido do ciberespaço. Desse modo, "questões submetidas ao Judiciário comumente apresentavam decisões contraditórias e eram julgadas com base na aplicação do Código Civil Brasileiro, Código de Defesa do Consumidor e outras legislações existentes” (JESUS, 2014, p. 18). Certamente, a Constituição Federal consubstancia a norma máxima no interior do ordenamento jurídico brasileiro à medida que consagra um amplo leque de direitos e de garantias fundamentais, como verdadeira proteção da pessoa humana, cujo fundamento, já por nós sabido, é a dignidade. O debate sobre a prevalência dos direitos fundamentais no meio das relações virtuais é tema dos mais complexos, sobretudo no que se refere à tutela da liberdade de expressão, por exemplo. Em relação à liberdade de expressão, devemos considerar a limitação trazida pela própria Constituição da República de 1988, que assegura ser “livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato” (BRASIL, 1988, p. 1). A vedação aos discursos de ódio deve ser motivo de lembrança em nosso estudo, de sorte que não se tolera, diante do equilíbrio e da proporcionalidade no gozo dos direitos, que o ódio ao outro conviva com a manifestação lícita da expressão do pensamento. Então, não se admitem discursos discriminatórios, com origem em segregação de raça, origem, sexo, idade, etc., tampouco quaisquer manifestações depreciativas. O âmbito virtual é nada mais que a extensão da sociedade constitucional e democrática, aplicando-se-lhe os mesmos padrões valorativos e jurídicos. O Marco Civil da Internet, seguindo essa linha, estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil e determina as diretrizes para atuação da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios em relação à matéria. ATENÇÃO Assim como a sociedade em geral, o mercado de trabalho também está passando por profundas transformações em razão da economia digital. A Reforma Trabalhista, promovida pela Lei nº 13.467/2017, previu o chamado teletrabalho, que, segundo o art. 75-B da Consolidação das Leis do Trabalho, consiste na prestação de serviços preponderantemente fora das dependências do empregador, com a utilização de tecnologias de informação e de comunicação que, por sua natureza, não se constituam como trabalho externo. Frise-se que a prestação de serviços na modalidade de teletrabalho deverá constar expressamente do contrato individual de trabalho, que especificará as atividades que serão realizadas pelo empregado. Ainda é preciso melhor regulamentação na questão do controle dos intervalos, bem como horas-extras e saúde laboral, para que o teletrabalho não sirva de mecanismo de sobre-exploração do trabalho assalariado. Certamente, representa desafio para o direito contemporâneo essa justa conformação. Em verdade, são vários os fundamentos relativos à regulação do uso da Internet no Brasil. De um modo geral, a liberdade de expressão consiste no principal deles, porque é a partir dela que se erige a sistemática do Marco Civil. Ademais, pode-se mencionar a ideia de que se reconhece o caráter mundial da rede como algo interconectado do ponto de vista global. Com efeito, o referido marco regulatório também se presta a valorizar os direitos humanos, o desenvolvimento da personalidade, o adequado exercício da soberania nos meios digitais, o respeito à diversidade e à pluralidade, além da defesa do consumidor. No que se refere aos provedores, estes devem efetivar a guarda e, quando necessário, a disponibilização dos registros de conexão e de acesso às aplicações, especialmente de dados pessoais e de comunicações de origem privada (como uma antecipação à regulação promovida pela Lei Geral de Proteção de Dados), sempre com o objetivo de preservar a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das partes porventura envolvidas, direta ou indiretamente. Além disso, os provedores responsáveis pela guarda somente serão obrigados a disponibilizar os mencionados registros a partir de ordem judicial, ressalvados aqueles casos em que autoridades administrativas com finalidades bem definidas poderão acessá-los sempre, no entanto, com respaldo em lei. Medidas e procedimentos tomados com fundamento no dever de segurança e de sigilo devem ser informados aos usuários de maneira clara, respeitando-se a confidencialidade quanto aos segredos de ordem empresarial. Os provedores deverão manter os registros de conexão pelo prazo de um ano, sendo vedada a transmissão dessa incumbência a terceiros. Vale lembrar que a autoridade policial, a administrativa ou o Ministério Público poderão requerer que tais registros sejam armazenados por prazo superior àquele previsto. Interessante perceber, à luz da legislação, que o provedor de Internet não será civilmente responsabilizado por danos decorrentes de conteúdo que haja sido gerado por terceiros. Essaresponsabilização somente ocorrerá se, após específica ordem judicial, o provedor não tomar as providências para tornar indisponível o conteúdo apontado como ilícito ou infringente. Para tanto, a ordem judicial deverá conter, de modo claro e específico, o que deverá ser removido da Internet, a fim de permitir a localização precisa do material. Nesse sentido, o provedor, sempre que tiver acesso às informações de contato do usuário diretamente responsável pelo conteúdo questionado, deverá efetuar a comunicação quanto aos motivos e aos detalhes sobre a ordem de indisponibilização do conteúdo. Uma vez recebida a comunicação por parte do usuário, expressando sua vontade em tornar determinado conteúdo indisponível, o provedor substituirá referido conteúdo, informando a motivação. Essa mesma lógica se aplica para quando a obrigação de tornar conteúdo indisponível originar-se de ordem judicial. Perceba que o provedor o qual, predominantemente, disponibiliza conteúdo gerado por terceiros será responsabilizado de modo subsidiário em virtude da eventual violação da intimidade resultante da divulgação, sem autorização dos respectivos participantes, de imagens, vídeos ou outros materiais que contenham cenas de nudez ou de atos sexuais privados, quando, após ter sido notificado para a retirada do conteúdo, deixar de promover as diligências necessárias no sentido de retirar do ar o conteúdo violador. A notificação por parte dos interessados deverá ser redigida com bastante clareza, a fim de permitir que o provedor identifique rapidamente e com assertividade o conteúdo que deverá ser excluído. Note que a responsabilidade subsidiária se dá apenas quando o provedor deixa de fazer o que deveria. Por esse motivo é que sua responsabilidade nesse caso não é direta, porquanto dependente do elemento omissivo (nada fez quando deveria, em se tratando de violação a partir da divulgação de imagens de nudez ou de cenas de caráter sexual). Nesse contexto, três outros tipos de responsabilidade dos provedores podem ser mencionados, porque possuem alto impacto prático: o caching, o hosting e o linking. O caching é o mecanismo de armazenamento disponível nos navegadores de Internet, que cria um diretório onde permanecem os endereços de sites mais visitados; tal armazenamento também pode se dar nos servidores dos provedores. Se o usuário carrega uma página pensando ser a mais atual, mas, ao revés, é versão desatualizada, a empresa que a manteve poderá ser responsabilizada pelos danos causados ao usuário. Hosting diz respeito aos provedores de hospedagem. Via de regra, eles não são responsáveis pelos conteúdos, exceto se, ao serem notificados devidamente no caso de divulgação de cenas de nudez ou de atos sexuais sem autorização dos envolvidos, não promoverem a indisponibilidade dos conteúdos. Eles responderão também pelos danos causados se descumprirem ordem judicial específica em outros casos. Já a prática do linking diz respeito ao fato de o provedor vincular uma página a outra por meio de um único clique. Torna-se problemático quando se utiliza tal prática para vincular conteúdo ilícito. Um site, inicialmente, somente poderia ser responsabilizado pelo link que hospeda (esse, com conteúdo ilícito) depois de regularmente notificado e nada fazer. Trata-se de responsabilidade subsidiária, conforme a regra já vista, constante do art. 19 e 21 do Marco Civil da Internet. REFLITA Além dos direitos especificamente previstos no Marco Civil, quais outros argumentos poderiam ser utilizados para combater as práticas de caching, hosting e linking? Há também – digna de menção – a responsabilidade pelos metatags, que são códigos de programação cuja função é indicar o assunto tratado no site, de modo a facilitar a catalogação por mecanismos de busca, como o Google. O problema é quando há inserção de palavras que fazem referência a produtos ou a serviços de concorrentes ou de alguma marca já registrada. Também poderá ocorrer punição via responsabilidade civil em virtude dos eventuais danos causados, decorrentes dessa prática. Perceba que os motores de busca podem ser enquadrados como provedores de conteúdo ou de hospedagem. Eles não possuem responsabilidade pelo conteúdo divulgado por terceiros meramente hospedados, tampouco têm a incumbência de monitorar tais conteúdos sob pena de censura prévia, que é violação à liberdade de expressão. EXEMPLIFICANDO Imagine que um casal de namorados chegou ao fim do relacionamento. Enquanto estavam juntos, tinham o costume de enviar, um para o outro, fotos sensuais. No término, um deles divulgou para amigos algumas fotos de nudez, por meio de aplicativos de comunicação e por meio de uma rede social. Nessa situação, inicialmente, deve ser feita uma notificação aos provedores para efeito de tornarem indisponíveis os conteúdos imediatamente, à luz do art. 21 do Marco Civil da Internet. Caso os provedores nada façam, poderão ser responsabilizados subsidiariamente pelos danos causados. Especificamente, quando nos deparamos com a noção de Internet, na verdade, é preciso ter em mente que a melhor conceituação seria a de tecnologias de informação e comunicação. "Internet é um nome localizado no espaço e tempo restritos que pode, dentro em breve, ser ultrapassado por outras nomenclaturas melhores e mais atualizadas” (GONÇALVES, 2016, p. 2). Com efeito, a informática nasce da vontade de beneficiar e auxiliar a humanidade no âmbito das suas atividades cotidianas, facilitando seu trabalho, sua vida, seus estudos, seu conhecimento do mundo. Diz-se que “a informática é a ciência que estuda o tratamento automático e racional da informação” (KANAAN, 1998, p. 23-31). Assim: entre as funções da informática há o desenvolvimento de novas máquinas, a criação de novos métodos de trabalho, a construção de aplicações automáticas e a melhoria dos métodos e aplicações existentes. O elemento físico que permite o tratamento de dados e o alcance de informação é o computador. (KANAAN, 1998, p. 31) A Internet surge nos anos 1960, no auge da Guerra Fria, nos Estados Unidos – é sabido que possuía fins militares inicialmente. Depois, passou a ser utilizada para fins civis (PECK, 2016). O microprocessador viria nos anos 1970, operando, ainda, grande revolução computacional. Após alguns anos, na década de 1990, houve enorme expansão da Internet, desde o e-mail até o acesso a banco de dados e a informações disponíveis na World Wide Web (WWW), que é o seu espaço multimídia (PECK, 2016). No que se refere ao tema da herança digital, é necessário lembrar que esse termo compreende uma universalidade de bens e direitos deixados por quem faleceu aos seus herdeiros (TEIXEIRA, 2020; LONGHI, 2020). Logo, os bens digitais, à medida que são ativos, isto é, dotados de importância jurídica e, potencialmente, econômica, podem ser transmitidos por atos entre vivos (inter vivos) ou quando ocorre o falecimento do titular (mortis causa). Assim: se os bens digitais consistirem em registros e arquivos eletrônicos de segredos empresariais/industriais, informações de patentes de invenção, vídeos, livros, músicas, fotos etc. estes podem ser objeto de transferência por ato inter vivos ou causa mortis, sendo que, apesar de não haver previsão expressão, na lei sobre a herança de bens digitais, nos parece que quando estes bens têm cunho patrimonial nossa legislação é relativamente suficiente para tutelar o assunto [...] Entretanto, quanto a registros e arquivos que não tenham conotação patrimonial, como contas de mensagens trocadas (e-mails, MSN, WhatsApp), bônus em jogos (que não possam ser convertidos em dinheiro), imagens e fotos (sem apelo comercial), entre outros, a questão ganha maior complexidade. (TEIXEIRA, 2020, p. 37) Logo, é crível se falar numa verdadeira herança digital. Os ativos transmitem-se com o falecimento, como já apontado. Ainda que não seja possível identificar uma disciplina específica, essa modalidade decorreria do princípio geral do direito sucessório;quanto à universalidade de bens e direitos do de cujus (falecido), transmite-se aos seus herdeiros. Isso é bastante crível até mesmo porque os herdeiros podem defender direitos personalíssimos do de cujus (como a honra, o nome, a imagem, etc.), de sorte que pode ser caso de se promover tal defesa mediante a utilização de mecanismos protetivos disponibilizados pela legislação regulatória do uso da Internet no Brasil. Afinal, não seria interesse dos herdeiros acessar as contas de e-mail e redes sociais do de cujus tanto para tomar conhecimento dos direitos e deveres assumidos pelo falecido quanto para postular eventuais medidas contra violações a direitos de sua personalidade? Claro que sim! Hoje em dia, muitas redes sociais já preveem essa modalidade (como o Facebook), quando, ainda em vida, a pessoa escolhe quem terá acesso às suas informações virtuais naquela rede, na hipótese de vir a falecer. Em todo caso, se não existir tal previsão pela própria rede ou provedor de Internet, uma simples decisão judicial terá a capacidade de assegurar referido direito. Por outra via, não se pode desconsiderar a possiblidade de transacionar, em vida, os bens digitais. Isso já acontece, por exemplo, com as criptomoedas. Respeitados os direitos fundamentais, em sua eficácia direta nas relações privadas, é possível pensar em contratos atípicos que tenham por objeto outros bens sociais, como as redes sociais e milhas aéreas. Isso já acontece, aliás. Músicas, livros digitais, nesse contexto, são diariamente negociados nas redes sociais, sempre com respeito aos direitos de propriedade intelectual e autoral. Nesse passo, deve-se compreender, ainda, a noção da neutralidade da rede. Por esse princípio, todas as informações que trafegam na Internet devem ter o mesmo regime, para que haja tratamento igualitário de informações, garantindo-se a democracia on-line. Isso gera demandas, principalmente em aplicações que utilizam muita banda, como peer-to-peer (P2P) e VOIP (voice over Internet protocol ou voz sobre IP, telefonia via Internet). O legislador buscou evitar a prática de traffic shaping (modelagem de tráfego), pela qual provedores de acesso impõem limitações à utilização da banda. Aliás, “o art. 9º é considerado por muitos especialistas o mais importante do Marco Civil, e está inserido na Seção I do Capítulo III, que trata da Neutralidade da Rede” (JESUS, 2014, p. 41). Poucos temas sobre a Internet têm levantado tanta polêmica como a discussão sobre como definir e trabalhar a favor de sua neutralidade. A carga semântica do termo, seu lado político e seu impacto em negócios, muitas vezes, impede uma abordagem internacional uniforme. O que se entende por “neutralidade da Internet” num país raramente é o mesmo que se entende em outro. (LEITE; LEMOS, 2014, p. 13) Dessa forma, o acesso à Internet é essencial ao exercício da cidadania. E, ao usuário, são assegurados os seguintes direitos, com base no art. 7º da Lei nº 12.965/2014 (BRASIL, 2014, p. 2), garantindo-se: I – inviolabilidade da intimidade e da vida privada, sua proteção e indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; II – inviolabilidade e sigilo do fluxo de suas comunicações pela Internet, salvo por ordem judicial, na forma da lei; III – inviolabilidade e sigilo de suas comunicações privadas armazenadas, salvo por ordem judicial; IV – não suspensão da conexão à Internet, salvo por débito diretamente decorrente de sua utilização; V – manutenção da qualidade contratada da conexão à Internet; VI – informações claras e completas constantes dos contratos de prestação de serviços, com detalhamento sobre o regime de proteção aos registros de conexão e aos registros de acesso a aplicações de Internet, bem como sobre práticas de gerenciamento da rede que possam afetar sua qualidade; VII – não fornecimento a terceiros de seus dados pessoais, inclusive registros de conexão, e de acesso a aplicações de Internet, salvo mediante consentimento livre, expresso e informado ou nas hipóteses previstas em lei; VIII – informações claras e completas sobre coleta, uso, armazenamento, tratamento e proteção de seus dados pessoais, que somente poderão ser utilizados para finalidades que: a) justifiquem sua coleta; b) não sejam vedadas pela legislação; e c) estejam especificadas nos contratos de prestação de serviços ou em termos de uso de aplicações de Internet; IX – consentimento expresso sobre coleta, uso, armazenamento e tratamento de dados pessoais, que deverá ocorrer de forma destacada das demais cláusulas contratuais; X – exclusão definitiva dos dados pessoais que tiver fornecido a determinada aplicação de Internet, a seu requerimento, ao término da relação entre as partes, ressalvadas as hipóteses de guarda obrigatória de registros previstas nesta Lei; XI – publicidade e clareza de eventuais políticas de uso dos provedores de conexão à Internet e de aplicações de Internet; XII – acessibilidade, consideradas as características físico-motoras, perceptivas, sensoriais, intelectuais e mentais do usuário, nos termos da lei; e XIII – aplicação das normas de proteção e defesa do consumidor nas relações de consumo realizadas na Internet. Enfim, percebe-se que a Internet é um verdadeiro fenômeno em si mesma; um fenômeno sociológico, "que alterou a forma das relações e a percepção social de situações que, no mundo físico, seriam simples e banais" (GONÇALVES, 2016, p. 42). Assim, finalizamos mais um bloco dos nossos estudos. Estamos indo muito bem e cada vez melhor! Sigamos com foco e disciplina! PROPRIEDADE INTELECTUAL Luiz Felipe Nobre Braga Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? CONVITE AO ESTUDO Depois de se ter fixado as balizas fundamentais do Direito Cibernético, é preciso dar continuidade ao seu estudo, por intermédio da colocação de novos pontos de atenção. Como você já deve ter percebido, o Direito Cibernético lida com uma ampla gama de institutos jurídicos que passam a regular e tutelar os fenômenos que ocorrem no ciberespaço. Claro que existem disposições que são comuns, como aquelas estudadas quanto à Lei Geral de Proteção de Dados (LGDP) e o Marco Civil da Internet. Essas legislações trazem uma perspectiva que acaba por representar a base do Direito Cibernético, porque conferem efetividade e especificidade aos direitos e garantias fundamentais que estão previstas na Constituição Federal. Contudo, outros campos da ciência jurídica também demonstram um nítido interesse sobre os fenômenos que acontecem nos meios digitais, especialmente, o caso da propriedade intelectual. Se essa proteção advém de uma origem constitucional, também seria natural que as disposições deste campo passassem a abordar as relações digitais, considerando a observância das garantias relacionadas à tutela dos bens personalíssimos e das criações humanas, dotados de valor econômico e moral. Logo, a dedicação a partir deste momento está em compreender a propriedade intelectual, perpassando a doutrina geral e a legislação em vigor, seguindo-se com uma ênfase no estudo das marcas e patentes, bem como nos nomes de domínio no Brasil. Por fim, será estudado o direito autoral na era digital, para que você possa compreender sua dinâmica geral, natureza jurídica, tipos de obras protegidas e até mesmo a responsabilidade civil pela violação de direitos autorais na internet. Bons estudos! PRATICAR PARA APRENDER A partir de agora, iniciamos os nossos estudos no campo da propriedade intelectual. Você já parou para pensar como se dá a proteção jurídica das criações intelectuais humanas? Sejam as obras provenientes da livre criação do pensamento, como obras de arte, literárias ou artísticas em geral, sejam aquelas que possuem, precipuamente, uma aplicabilidade empresarial, todas devem receber a adequada proteção do Direito. Na prática, à luz do sistema constitucional em vigor, as criações humanas são protegidas pelo ordenamento jurídico, porque acabam por representar verdadeiras extensões dos seuspróprios criadores. De um ponto de vista puramente econômico, o interesse dos titulares é ainda mais evidente, porque a titularidade das criações implica, por consequência, a exclusividade para a exploração e utilização comercial. Ainda que haja a possibilidade de se transacionar a este respeito, inicialmente, é apenas o titular que pode usufruir dos frutos do seu empenho criativo. Na sequência, temos em pauta algumas controvérsias envolvendo os direitos autorais e as tecnologias streaming. Por fim, veremos como a propriedade intelectual possui uma envergadura de proteção em nível internacional, oportunidade na qual será comentada a chamada Convenção da União de Paris. Note que os conhecimentos dos institutos relacionados à propriedade intelectual têm forte implicância no cotidiano prático, tanto da área jurídica em si quanto dos negócios. É que, num ambiente de alta competitividade, a proteção jurídica e econômica dos produtos da criação humana assume papel central na tomada de decisões e no próprio delineamento de estratégias. Alguns dias atrás, um homem ligou para o escritório de advocacia onde você trabalha e agendou uma reunião para que você, em caráter de especialista em Direito Cibernético, fornecesse a ele uma consulta jurídica sobre uma suposta violação de direitos autorais na internet. Durante a reunião, o cliente explicou que um jornalista havia extraído um trecho de seu livro digital e utilizado, sem referenciá-lo, em uma matéria da emissora na qual ele atuava. Naquele momento, devido à fala do cliente e às evidências por ele apresentadas, você, de fato, constatou que houve violação dos direitos autorais. Logo, deu a ele duas alternativas: entrar diretamente com uma ação judicial ou tentar solucionar a lide sem acionar a jurisdição estatal e, somente se não houvesse acordo, ingressaria com uma demanda. O cliente, reconhecendo a morosidade da justiça e a possibilidade de findar o problema de forma mais ágil, optou pela segunda alternativa. Desse modo, você iniciou a pesquisa para propor um acordo. Ao contatar o advogado da parte oposta e propor a solução pacífica por meio de um acordo, ele e o cliente negaram a proposta e justificaram que não havia certificado de registro quanto a esse produto, portanto este não estaria protegido pela lei e, mesmo que estivesse, a obra possui acesso livre e gratuito na internet, motivo pelo qual não estaria sob a tutela da legislação vigente. Não obstante, o advogado elencou que, no momento da publicação da matéria, a parte requerida encontrava-se nos Estados Unidos, logo não haveria motivo para a reivindicação do direito por meio de acordo e muito menos embasamento jurídico para demanda. Agora, você, tendo em vista a preferência da solução mediante acordo optada pelo seu cliente, deve responder à parte contrária, por meio de um documento formal, identificando os erros presentes na justificativa para rejeição da proposta. Afinal, para que haja tutela desse direito, é necessário um certificado de registro? Os direitos autorais não se aplicam quando o material está disposto de forma a ficar livre e gratuito na internet? O direito autoral é protegido mesmo em violações internacionais? Caminharemos juntos em mais este degrau, que, certamente, será muito importante para os seus estudos! CONCEITO-CHAVE O Direito de Propriedade Intelectual é um ramo do Direito que diz respeito ao conjunto de normas que tutelam o trabalho intelectual. “A propriedade intelectual passou a ser definida pela Convenção da Organização Mundial da Propriedade Intelectual como a proteção aos direitos relacionados às criações artísticas, literárias, científicas e invenções, marcas, desenhos industriais, softwares e muitos outros.” (DUARTE; BRAGA, 2018, p. 7). Tal direito de propriedade é gênero, do qual são espécies o Direito Industrial, que é profundamente ligado ao direito empresarial, e o Direito Autoral, que é mais conectado ao Direito Civil em geral. A propriedade do programa de computador, em particular, será regida por lei própria, que estudaremos mais à frente. No entanto, é importante saber, desde já, que se trata de objeto protegido pelo Direito brasileiro, sobretudo à luz da proteção do direito autoral e dos direitos conexos. Este assunto encontra origem constitucional em três dispositivos do rol de direitos fundamentais. De acordo com o inciso XXVII do art. 5º, “aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar” (BRASIL, 1988, [s. p.]). Seguidamente, no inciso XXVIII: XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas; e b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas. (BRASIL, 1988, [s. p.]) ASSIMILE Direito de Propriedade Intelectual (gênero) comporta o Direito Industrial e o Direito Autoral. Por fim, o inciso XXIX, do mesmo art. 5º, da Carta Magna: XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País. (BRASIL, 1988, [s. p]) Podemos perceber que a tutela jurídica da atividade criativa leva em conta o aspecto de constituir numa extensão da própria pessoa, fruto de seu trabalho direto, intelectual nos variados gêneros. A propriedade intelectual, enquanto campo da tutela jurídica, diz respeito a um ramo do Direito que se preocupa com a propriedade imaterial, isto é, com bens incorpóreos. Como características, podem ser citados alguns elementos, por exemplo, o fato de decorrerem, essencialmente, da criatividade humana, além da exclusividade e proteção jurídica. Os direitos de propriedade intelectual são aqueles relacionados com a proteção legal que a lei atribui à criação do intelecto humano, garantindo aos autores de determinado conteúdo o reconhecimento pela obra desenvolvida, bem como a possibilidade de expor, dispor ou explorar comercialmente o fruto de sua criação. São duas ramificações atribuídas aos direitos da propriedade intelectual: direitos autorais e os direitos de propriedade industrial (marcas, patentes e know-how). (PINHEIRO; ALMEIDA; MONDE, 2012, p. 13) A partir dessas características, que designam o direito de propriedade como um todo, é que poderemos compreender melhor os institutos das marcas, patentes, modelos de utilidade, além da questão do software, que ainda será objeto de estudo. De acordo com o art. 5º da Lei de Propriedade Industrial (BRASIL, 1996), os direitos de propriedade industrial são considerados móveis para os fins legais, de modo que podem ser negociados pelos respectivos titulares, por exemplo, numa cessão, numa licença, etc. A lei que protege a propriedade industrial é a Lei nº 9.279/96, que resguarda quatro diferentes bens: invenção, modelo de utilidade, desenho industrial e marca. A invenção e o modelo de utilidade são protegidos pela patente, ou seja, utilizam-se deste procedimento para terem o reconhecimento oficial do direito. Já o desenho industrial e a marca são protegidos pelo procedimento do registro. ATENÇÃO Ponto interessante sobre o assunto da propriedade intelectual é o Tratado de Marraqueche. Ele foi adotado no âmbito da Conferência Diplomática da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), realizada na cidade marroquina que lhe dá o nome, em 27 de junho de 2013, e tem como propósito facilitar o acesso a obras publicadas às pessoas cegas, com deficiência visual ou com outras dificuldades para ter acesso ao texto impresso. A incorporação no ordenamento jurídico brasileiro ocorreu com a promulgaçãodo Decreto nº 9.522, de 8 de outubro de 2018, destacando-se que sua aprovação pelo Congresso Nacional se deu em consonância com o procedimento do § 3º do art. 5º da Constituição de 1988, isto é, com status de emenda constitucional. O Tratado de Marraqueche leva em conta os princípios da não discriminação, da igualdade de oportunidades, da acessibilidade e da participação e inclusão plena e efetiva na sociedade, proclamados na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, quanto aos desafios que são prejudiciais ao desenvolvimento pleno das pessoas com deficiência visual ou com outras dificuldades para ter acesso ao texto impresso, que limitam a sua liberdade de expressão, incluindo a liberdade de procurar, receber e difundir informações e ideias de toda espécie em condições de igualdade com as demais pessoas mediante todas as formas de comunicação de sua escolha, assim como o gozo do seu direito à educação e a oportunidade de realizar pesquisas. Em sequência, é interessante tecer alguns comentários sobre a legislação referente ao programa de computador, pois guarda vinculação com o campo de interesse do direito cibernético. Para tanto, é relevante comentar sobre a Lei nº 9.609/98, que dispõe sobre a proteção da propriedade intelectual de programa de computador, sua comercialização no país, e dá outras providências. Neste sentido, de acordo com o art. 1º da referida lei: Programa de computador é a expressão de um conjunto organizado de instruções em linguagem natural ou codificada, contida em suporte físico de qualquer natureza, de emprego necessário em máquinas automáticas de tratamento da informação, dispositivos, instrumentos ou equipamentos periféricos, baseados em técnica digital ou análoga, para fazê-los funcionar de modo e para fins determinados. (BRASIL, 1998, [s. p]) Interessante notar que o campo de proteção da propriedade intelectual dos programas de computador é, de acordo com o que determina o art. 2º da Lei nº 9.609/98, aquele conferido às obras literárias pela legislação dos direitos autorais e conexos, junto às disposições específicas da lei de proteção do programa de computador. No entanto, não se aplicam ao programa de computador as disposições relativas aos direitos morais, ressalvado, a qualquer tempo, o direito de o autor reivindicar a titularidade do programa de computador e o direito de opor-se a eventuais alterações não autorizadas, quando estas implicarem deformação ou outra modificação do programa de computador, bem como que prejudiquem a sua honra ou a sua reputação. A tutela dos direitos relativos a programa de computador está assegurada pelo prazo de 50 anos, contados a partir de 1º de janeiro do ano subsequente ao da sua publicação ou, na ausência desta, da sua criação. Inclui-se, dentre os direitos assegurados, a exclusividade quanto à autorização ou proibição quanto ao aluguel comercial, “não sendo esse direito exaurível pela venda, licença ou outra forma de transferência da cópia do programa” (BRASIL, 1998, [s. p.]). No mais, note que a proteção aos direitos relativos a programa de computador independe de registro. Contudo, a critério do titular, o registro poderá ocorrer junto ao Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI), seguindo-se as indicações procedimentais contidas no art. 1º do Decreto nº 2.556/98. Ponto de grande atenção precisa ser dado ao que dispõe o art. 4º da Lei nº 9.609/98. De acordo com este dispositivo, a não ser que haja disposição em sentido contrário, serão de propriedade do empregador, do contratante de serviços ou do órgão público os direitos relacionados a programa de computador que tenha sido desenvolvido e elaborado ao longo da vigência de contrato de trabalho ou vínculo com a administração pública, com a finalidade de pesquisa e desenvolvimento, bem como nos casos em que a atividade do empregado (ou do agente público ou prestador de serviço) decorra desta natureza. Por outro lado, a titularidade e a propriedade exclusiva pertencerão ao empregado (ou contratado para prestação de serviços ou agente público) se os direitos relativos a programa de computador que tem se originado sem qualquer relação com o contrato e sem a utilização de quaisquer recursos do empregador (como informações de tecnologia, segredos industriais, materiais, instalações ou equipamentos). Ademais, perceba que não constituem ofensa aos direitos do titular de programa de computador, de acordo com o art. 6º da Lei nº 9.609/98: I - a reprodução, em um só exemplar, de cópia legitimamente adquirida, desde que se destine à cópia de salvaguarda ou armazenamento eletrônico, hipótese em que o exemplar original servirá de salvaguarda; II - a citação parcial do programa, para fins didáticos, desde que identificados o programa e o titular dos direitos respectivos; III - a ocorrência de semelhança de programa a outro, preexistente, quando se der por força das características funcionais de sua aplicação, da observância de preceitos normativos e técnicos, ou de limitação de forma alternativa para a sua expressão; IV - a integração de um programa, mantendo-se suas características essenciais, a um sistema aplicativo ou operacional, tecnicamente indispensável às necessidades do usuário, desde que para o uso exclusivo de quem a promoveu. (BRASIL, 1998, [s. p.]) Falaremos agora das controvérsias envolvendo os direitos autorais e as tecnologias streaming. A internet, dada a sua velocidade, é campo perfeito para a reprodução desenfreada de informações e dados. Assim é que a cópia, como violação aos direitos autorais, além da prática potencialmente criminosa, repercute na esfera da violação desta categoria de propriedade, sobremodo quando utilizada para fins econômicos. Desta maneira, o compartilhamento não gratuito, isto é, com finalidade econômica, via de regra, não opera o recolhimento dos chamados royalties (importância cobrada pelo proprietário de uma patente de produto, processo de produção, marca, etc., ou pelo autor de uma obra, para fins de permissão de uso ou comercialização). A grande circulação, sobretudo promovida por sites especializados (que não recolhem os royalties), acaba por estimular e aumentar as práticas espúrias. É o caso dos serviços de streaming, que é o serviço de distribuição digital utilizada para transmissão de conteúdo multimídia por meio da internet. “Através da tecnologia de streaming, o consumidor possui uma multiplicidade de tipos de conteúdo, os quais ele pode acessar como e no lugar que ele quiser.” (SILVA; DALL’ORTO, 2017, p. 3-4). Neste sentido, note que: Não se sabe ao certo qual foi a primeira transmissão de streaming feita, contudo durante seu desenvolvimento e aperfeiçoamento até chegar ao que é hoje influenciou o surgimento de ferramentas que atualmente são grandes empresas no mercado de streaming, como é o caso da Netflix. (SILVA; DALL’ORTO, 2017, p. 3-4) A tecnologia streaming é a mais utilizada atualmente, em virtude da sua maior capacidade de transmissão e interatividade com os usuários. “Permite a transmissão de áudio e vídeo através da internet sem a necessidade de fazer o download do mesmo, dado que, à medida que a informação é recebida pela máquina (computador, tablet, smartphone) é de imediato transmitida ao utilizador.” (SANTANA, 2020, p. 24). O problema, portanto, que é também um desafio enorme, é a questão da efetividade da legislação que protege a propriedade intelectual – de certo, a fiscalização é muito mais difícil no âmbito difuso e praticamente inesgotável da internet. “À medida que os autores e demais titulares conseguiam a consolidação da tutela de seus direitos, surgia a importante questão: como exercê-los adequadamente no gigantesco – e complexo – terreno tecnológico da rede mundial de computadores?” (NETTO, 2019, p. 333). Assim: No âmbito da Internet, quer seja o acesso via computador, TV, telefone celular, tablet ou outra via convergente, esta questãoautoral toma maior relevância, pois trata-se de um meio de fácil divulgação e transmissão de informações, fácil acessibilidade e ausência de territorialidade, o que permite que se façam cópias do material que circula na rede com muito mais rapidez, propiciando um maior desrespeito aos direitos do criador e desafiando os métodos atuais de proteção intelectual. (PECK, 2016, p. 178) Algumas instituições, como o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (ECAD), responsável por centralizar a arrecadação e distribuição dos direitos autorais de execução pública musical, vem cumprindo seu papel protetivo em relação aos autores, buscando atualização dos padrões de fiscalização e cobrança. REFLITA Como é possível a apuração de direitos autorais diante de reprodução de obras artísticas, de caráter musical, em festas públicas? Por fim, é preciso considerar a temática da propriedade intelectual como um direito de cunho internacional. Para tanto, analisaremos a Convenção de Paris. Antes do surgimento de novas tecnologias, a propriedade intelectual era regida pelo princípio da territorialidade, ou seja, a proteção em virtude de leis autorais se restringia somente ao país onde se aplicava a lei. Em casos de proteção fora dos limites nacionais, era necessária a realização de acordos bilaterais com outros países. No entanto, com o advento e a disseminação das tecnologias, tornou-se mais difícil determinar qual legislação deve ser aplicada no âmbito digital, bem como ficou mais complexa a manutenção de acordos bilaterais. Foi dessas inúmeras celebrações de acordos que emergiu a necessidade de elaboração de um sistema único de proteção em escala internacional, a fim de driblar a exaustiva tarefa de redigir e consolidar múltiplos acordos. Neste contexto é que em Viena, no ano de 1873, se iniciaram os trabalhos preparatórios para o primeiro acordo internacional relativo à propriedade intelectual. Após dez anos, em 1883, surgiu a Convenção de Paris, uma tentativa de conciliar, por meio de um acordo em nível mundial, sistemas jurídicos nacionais referentes à proteção da propriedade intelectual. Esta convenção foi elaborada de modo que permitisse certa maleabilidade às normativas de cada país, contanto que fossem observados alguns princípios norteadores e normas fundamentais. Neste sentido: O princípio básico da convenção é a assimilação dos cidadãos dos países pertencentes à União, de modo que todos possam obter direitos de propriedade industrial, exercendo-os em igualdade de condições com os nacionais de todos os países participantes. Mantém- se a plena vigência das legislações nacionais e a territorialidade da proteção, que deve ser obtida em cada país pela repetição de pedidos de registros e de patentes. (SILVEIRA, 2014, p. 16) Pouco tempo depois, surgiram várias legislações ao redor do mundo. Vale destacar, primeiro, a Convenção de Berna, na Suíça – um acordo internacional de proteção aos direitos autorais firmado em setembro de 1886. Posteriormente, a Convenção de Genebra, que surgiu como resposta ao fenômeno do aumento exorbitante da pirataria, além de proibir a reprodução não autorizada de fonogramas, motivo pelo qual ficou conhecida como Convenção dos Fonogramas. Muitos outros acordos de proteção à propriedade intelectual depois se seguiram, mas o que a maioria, quiçá, todos, tem em comum é a influência da Convenção de Paris. Dois princípios importantes desta Convenção devem ser conhecidos. Primeiramente, pode-se destacar o princípio do tratamento nacional. Este princípio está inserido no art. 2º da Convenção e estabelece que cada signatário desfrute da mesma proteção, vantagens e direitos do país de origem aos demais. E, em segundo lugar, o princípio da prioridade unionista, que estabelece, por intermédio do art. 4º, a existência do direito de prioridade, na medida em que o primeiro pedido de propriedade intelectual depositado em qualquer um dos países-membros deve ser utilizado de base para o reconhecimento da proteção. Perceba que o “Brasil é signatário da Convenção da União de Paris para a Proteção da Propriedade Industrial e de suas posteriores revisões, tendo sido a revisão de Estocolmo de 1967 promulgada por decreto em 8 de abril de 1975” (SILVEIRA, 2014, p. 16). A Convenção de Paris permanece vigente em vários países. Mas, para que possa manter a sua imponência ao longo do tempo, encarando o surgimento de novas tecnologias que desafiam a proteção à propriedade intelectual, foram necessárias algumas reformas e revisões, como: Bruxelas (1900); Washington (1911); Haia (1925); Londres (1934); Lisboa (1958); Estocolmo (1967). Atualmente, a Convenção conta com 173 países signatários (SILVEIRA, 2014). EXEMPLIFICANDO Uma marca que seja notoriamente reconhecida em seu ramo de atividade receberá proteção especial, independentemente do fato de ter ocorrido o seu registro no Brasil. Enfim, finalizamos mais uma etapa dos nossos estudos. Continuaremos com foco e dedicação. Até a próxima! MARCAS E PATENTES Luiz Felipe Nobre Braga Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? PRATICAR PARA APRENDER A partir de agora, estudaremos as questões relativas às marcas e às patentes, por intermédio da compreensão dos institutos da Lei de Propriedade Industrial – Lei nº 9.279/96. Pensar em propriedade industrial já nos remete à ideia de propriedade intelectual, ou seja, aquilo que tem origem na criação humana. No campo do Direito Cibernético, é de fundamental importância a intersecção desse campo da regulação com as investigações atinentes ao ciberespaço, porque este âmbito das relações sociais tem sido um lugar privilegiado para o estudo do sistema protetivo da propriedade intelectual. O destaque, neste ensejo, está no entendimento dos mecanismos pelos quais se dá a tutela jurídico-estatal das patentes, quanto às invenções e aos modelos de utilidade, assim como no tocante ao registro das marcas. Neste sentido, conheceremos o que se considera e o que não se considera invenção ou modelo de utilidade, requisitos de patenteabilidade, tipos de patentes, inventos que não são patenteáveis e demais regras correlatas. Além disso, estudaremos o registro de nomes de domínio no Brasil e a forma de resolução de conflitos, no campo administrativo (extrajudicial), nestes casos. Certo dia, uma equipe de socorristas acudiu uma vítima de acidente de trânsito. Segundo informações, a jovem teria sido atropelada por um motorista embriagado, que dirigia acima do limite de velocidade permitido na via. Durante o resgate, a equipe identificou costelas fraturadas, hemorragias graves na cabeça e uma lesão na espinha. Ao chegar ao hospital, as informações foram transmitidas ao médico de plantão, que prontamente iniciou os devidos socorros, levando a vítima à cirurgia. Ao final do procedimento, a vítima se encontrava estável, porém havia a suspeita de que, passados alguns dias da recuperação, poderia vir a perder a capacidade motora da cintura para baixo, devido à grave lesão verificada. Foi então que o médico, como bom profissional que é e, sobretudo, se solidarizando com a jovem, iniciou uma profunda pesquisa, a fim de encontrar um procedimento cirúrgico que impediria a garota de ficar paraplégica. Durante suas pesquisas, encontrou o que parecia ser uma esperança: tratava-se de um método elaborado por um cirurgião que impedia que lesões dessa espécie viessem a comprometer a mobilidade dos membros inferiores. Após o consentimento da família e da paciente para a realização desse método, o médico, junto à equipe de enfermeiros, levou a jovem sedada à sala de cirurgia para realizar a operação. Depois de oito horas de uma cirurgia extremamente complexa e cansativa, o médico foi até a recepção do hospital para comunicar o resultado. Quando estava quase chegando lá, verificou que havia dezenas de repórteres, câmeras, jornalistas e curiosos; mesmo assim, seguiu em direção à família e informou, em um ar contente, sobre o êxito da cirurgia. A equipe cirúrgicarecebeu vários elogios, tanto da família quanto dos demais, e em poucos dias a notícia do médico que reverteu uma paraplexia apareceu em vários jornais e canais de televisão. Ocorre que, durante essa fama, o criador do método utilizado para realizar a operação cirúrgica processou a equipe médica, afirmando possuir uma patente sobre aquele método, além de solicitar ao conselho de medicina que cassasse a licença dos profissionais envolvidos por violação ao direito de propriedade intelectual. Toda a equipe, em especial o médico que perfez o procedimento, ficou muito preocupada. Na sequência, buscaram você, em caráter de Especialista em Direito de Propriedade Intelectual, para elaborar um parecer jurídico sobre a questão. Afinal, há ou não violação da propriedade intelectual? A equipe médica deverá ser responsabilizada por algo? Considere suas conclusões por escrito, justificando sua opinião legal. O conjunto de normas jurídicas a serem estudadas permitirá que você tenha uma visão abrangente e conceitual suficiente para entender adequadamente as disposições específicas quanto à propriedade intelectual-industrial, notadamente para que esteja apto a refletir acerca da sua incidência nas relações abarcadas pelo campo de interesse do Direito Cibernético. Bons estudos! CONCEITO-CHAVE Iniciaremos nossos estudos com a patente. De acordo com o art. 6º da Lei nº 9.279/1996, ao autor de invenção ou modelo de utilidade, será assegurado o direito de obter a patente que lhe garanta a propriedade, nas condições estabelecidas nesta legislação. Logo, pode-se conceituar a patente como a forma de proteção em si, relativamente às invenções e aos modelos de utilidade, e como um título de propriedade temporária outorgado pelo Estado. Assim, é patenteável a invenção ou o modelo de utilidade. Quanto à invenção, é patenteável aquela que atenda aos requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial. Já o modelo de utilidade é patenteável o objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação (AHLERT; CAMARA, 2019). Três são os requisitos da patente: novidade, atividade inventiva e aplicação industrial. A novidade é reputada como requisito preenchido quando a invenção ou o modelo de utilidade não está compreendido no chamado “estado da técnica”, conforme dispõe o art. 11 da Lei de Propriedade Industrial (LPI), segundo o qual “é constituído por tudo aquilo tornado acessível ao público antes da data de depósito do pedido de patente, por descrição escrita ou oral, por uso ou qualquer outro meio, no Brasil ou no exterior, ressalvado o disposto nos arts. 12, 16 e 17” (BRASIL, 1996, [s. p.]). A novidade, por conseguinte, é quando a invenção ou o modelo de utilidade representa algo desconhecido de todos, mesmo de pessoas especializadas (como cientistas) sobre um determinado assunto ou área do conhecimento. Ademais, a atividade inventiva ocorre quando, para uma pessoa técnica no assunto, a invenção não decorra de maneira evidente ou óbvia do estado da técnica e, para o modelo de utilidade, sempre que, também para um técnico no assunto, não decorra de maneira comum ou vulgar do estado da técnica, conforme disposto nos arts. 13 e 14, respectivamente, da LPI. Mas, quais seriam os tipos de patentes? Basicamente, o que acabamos de ver: a patente de invenção e a patente de modelo de utilidade. Por fim, a invenção e o modelo de utilidade são considerados suscetíveis de aplicação industrial quando possam ser utilizados ou produzidos em qualquer tipo de indústria, de acordo com o art. 15 da LPI. Note que não se considera invenção nem modelo de utilidade: I - descobertas, teorias científicas e métodos matemáticos; II - concepções puramente abstratas; III - esquemas, planos, princípios ou métodos comerciais, contábeis, financeiros, educativos, publicitários, de sorteio e de fiscalização; IV - as obras literárias, arquitetônicas, artísticas e científicas ou qualquer criação estética; V - programas de computador em si; VI - apresentação de informações; VII - regras de jogo; VIII - técnicas e métodos operatórios ou cirúrgicos, bem como métodos terapêuticos ou de diagnóstico, para aplicação no corpo humano ou animal; e IX - o todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biológicos encontrados na natureza, ou ainda que dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo natural e os processos biológicos naturais. (BRASIL, 1996, [s. p]) Ademais, deve-se perceber que, de acordo com o art. 18 da LPI, há inventos que, embora preencham os requisitos de patenteabilidade (novidade, atividade inventiva e aplicação industrial), não podem ser objeto de concessão de patente, devido a algum impedimento legal. Assim, não são patenteáveis: O que for contrário à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e à saúde públicas; as substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos de qualquer espécie, bem como a modificação de suas propriedades físico-químicas e os respectivos processos de obtenção ou modificação, quando resultantes de transformação do núcleo atômico; e o todo ou parte dos seres vivos, exceto os microorganismos transgênicos que atendam aos três requisitos de patenteabilidade - novidade, atividade inventiva e aplicação industrial - previstos no art. 8º e que não sejam mera descoberta. (BRASIL, 1996, [s. p.]) No Brasil, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) é a autarquia federal responsável por processar os pedidos de patentes, as quais, se concedidas, resultam na chamada carta-patente, bem como os demais registros. O pedido de patente, nas condições estabelecidas pelo INPI, conterá: 1. Requerimento. 2. Relatório descritivo. 3. Reivindicações. 4. Desenhos, se for o caso. 5. Resumo. 6. Comprovante do pagamento da retribuição relativa ao depósito. EXEMPLIFICANDO Um pedido de patente quanto à criação de métodos de diagnóstico de uma doença viral seria, certamente, negado, devido ao óbice encontrado no inciso VIII do art. 10 da Lei nº 9.279/96. O pedido que não atender formalmente aos elementos citados, mas que contiver dados relativos ao objeto, ao depositante e ao inventor, poderá ser entregue, mediante recibo datado, ao INPI, que estabelecerá as exigências a serem cumpridas, no prazo de 30 dias, sob pena de devolução ou arquivamento da documentação. Logo, cumpridas as exigências, o depósito será considerado como efetuado na data do recibo (SILVEIRA, 2014). O pedido de patente de invenção terá de se referir a uma única invenção ou a um grupo de invenções inter-relacionadas, de maneira a compreenderem um único conceito inventivo. O pedido de patente será mantido em sigilo durante 18 meses contados da data de depósito ou da prioridade mais antiga, quando houver, após o que será publicado. Uma vez publicado o pedido de patente e até o final do exame, será facultada a apresentação, pelos interessados, de documentos e informações para subsidiarem o exame, de modo que este não será iniciado antes de decorridos 60 dias da publicação do pedido. O exame do pedido de patente deverá ser requerido pelo depositante ou por qualquer interessado, no prazo de 36 meses, contados da data do depósito, sob pena do arquivamento do pedido. Concluído o exame, será proferida decisão, deferindo ou indeferindo o pedido de patente. A patente será concedida depois de deferido o pedido e comprovado o pagamento da retribuição correspondente, expedindo-se a respectiva carta-patente. Ainda sobre as patentes, note que a patente de invenção tem prazo de 20 anos, a contar do depósito, e de, no mínimo, 10 anos, a contar da concessão; já a patente de modelo de utilidade tem prazo de 15 anos, a contar do depósito, e de, no mínimo, sete anos, a partir da concessão. Trataremos, agora, do chamado modelo de utilidade. O modelo de utilidade pode ser patenteado, como já sabemos.Logo, é patenteável como modelo de utilidade o objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação (DONELAS, 2018). O modelo de utilidade tem a ver com as criações que possuam caráter técnico-científico de natureza funcional, relacionadas à forma e disposição introduzida em objeto de uso prático, ou apenas parte deste, conferindo ao objeto, já conhecido pelo estado da técnica, uma melhoria funcional no uso ou na fabricação. Já a invenção é a que resulta diretamente do intelecto do inventor, que apresenta solução nova para problemas existentes em uma determinada área. Os requisitos para que se possa considerar o modelo de utilidade são: aplicação industrial, melhoria funcional e ato inventivo. Aplicação industrial é o fato de o objeto ser passível de utilização ou fabricação pela indústria. Melhoria funcional é a maior praticidade alcançada pelo uso do objeto, de modo que deve ser detalhada pelo depositando do pedido de patente. Por fim, ato inventivo refere-se à norma forma, que não seja decorrente do estado da técnica ou da melhoria. EXEMPLIFICANDO Considerando a pandemia da COVID-19, em que termos se dá a discussão sobre a quebra de patente das vacinas desenvolvidas? O pedido de patente de modelo de utilidade seguirá o mesmo procedimento daquele visto para a patente de invenção. ATENÇÃO De acordo com o art. 44 da LPI, ao titular da patente é assegurado o direito de obter indenização pela exploração indevida de seu objeto, inclusive em relação à exploração ocorrida entre a data da publicação do pedido e a da concessão da patente. Se o infrator obteve, por qualquer meio, conhecimento do conteúdo do pedido depositado anteriormente à publicação, contar-se-á o período da exploração indevida para efeito da indenização a partir da data de início da exploração. Quando o objeto do pedido de patente se referir a material biológico, o direito à indenização será somente conferido quando o material biológico se tiver tornado acessível ao público. Por fim, o direito de obter indenização por exploração indevida, inclusive com relação ao período anterior à concessão da patente, está limitado ao conteúdo do seu objeto. Agora, falaremos sobre as marcas. Importante direito industrial é a marca, que é protegida mediante a concessão de registro, definida pelo art. 122 da LPI, como os sinais distintivos visualmente perceptíveis, não compreendidos nas proibições legais. Nota-se que, no Brasil, o que importa é o elemento que seja visualmente perceptível, de modo que estão excluídos do contexto da marca a possibilidade de registro relativamente a aspectos sonoros, olfativos e gustativos. Ademais, alguns sinais não podem ser registrados como marca, como disciplina o extenso rol do art. 124 da LPI, por exemplo: brasão, armas, medalha, bandeira, emblema, designação de sigla de órgão público, sinal ou expressão empregada apenas como meio de propaganda, cores e suas denominações, nome civil ou assinatura, pseudônimo ou apelido notoriamente reconhecido, obra literária, artística ou científica, termo técnico usado na indústria, na ciência e na arte, etc. A marca, em suma, tem a finalidade de identificar determinado produto ou serviço do empresário, para distingui-lo dos demais. Com efeito, a disciplina legal das marcas encontra guarida na Lei de Propriedade Industrial (LPI – Lei nº 9.279/96), no Título III, a partir do art. 122. Em relação aos requisitos das marcas, temos que tecer alguns comentários. A distintividade (distinção da marca) tem a função de identificar determinado produto ou serviço do empresário, distinguindo-o dos demais. A marca deve, assim, ser individualizadora do produto ou serviço que identifica. A novidade diz respeito à exigência de que a marca seja nova no contexto do mercado, de modo que não poderá existir outra que seja idêntica ou semelhante, que já esteja em utilização. Importante mencionar que não é um critério absoluto, pois as marcas que porventura sejam idênticas ou semelhantes não estão estritamente proibidas. Porém, isso somente será possível se as marcas idênticas ou semelhantes tenham contextos de mercado diferentes, isto é, não podem ter afinidade mercadológica. A veracidade tem relação com a proteção do consumidor, para que a marca não indique qualidades inexistentes. A licitude, com efeito, indica que a marca não pode ser contrária à moral ou aos bons costumes, tampouco para atividade ilícita, assim considerada sistematicamente pela legislação. De acordo com o art. 123 da LPI, tem-se algumas espécies de marcas. A marca de produto ou serviço é aquela usada para distinguir produto ou serviço de outro idêntico, semelhante ou afim, de origem diversa. A marca de certificação é a aquela usada para atestar a conformidade de um produto ou serviço com determinadas normas ou especificações técnicas, notadamente quanto à qualidade, à natureza, ao material utilizado e à metodologia empregada. Já a marca coletiva é aquela para identificar produtos ou serviços provindos de membros de uma determinada entidade. Ainda, é válido comentar sobre a chamada marca de alto renome e a marca notoriamente reconhecida. À marca registrada no Brasil considerada de alto renome será assegurada proteção especial, em todos os ramos de atividade, de acordo com o art. 125 da LPI – neste caso, sua proteção não está restrita ao ramo de atividade originalmente concedida (ex. Bombril). Por sua vez, a marca notoriamente conhecida em seu ramo de atividade, nos termos do art. 6º bis (I), da Convenção da União de Paris para Proteção da Propriedade Industrial, goza de proteção especial, independentemente de estar previamente depositada ou registrada no Brasil, conforme disposto no art. 126 da LPI. Neste caso, a marca está limitada ao ramo de atividade específica; esse reconhecimento advém depois de ela ter conquistado elevado grau de conhecimento. Em princípio, a marca somente estará verdadeiramente protegida no respectivo âmbito mercadológico de produtos ou serviços se estiver registrada. Somente o registro concede o direito de propriedade da marca, portanto. O órgão responsável pelo registro e pela fiscalização, como já sabemos, é o INPI. A regra geral para o registro da marca é a novidade, como já foi falado, observando os impedimentos previstos no art. 124, também comentado. Quanto ao mecanismo, deve-se realizar busca para saber se a marca já se encontra registrada. Após, deposita-se o pedido no INPI, com a especificação (detalhamento) do ramo mercadológico. O trâmite leva em torno de 24 meses, é público, de modo que possibilita que interessados ofertem impugnações. Com o pedido protocolado, é dada publicidade na Revista da Propriedade Industrial, de modo que eventuais lesados poderão se manifestar no prazo de 60 dias. Depois, o INPI conclui o exame e profere decisão. Se deferido e após o recolhimento da competente taxa, será emitido certificado de registro da marca, com período de vigência de 10 anos. ASSIMILE Patente serve para a proteção da invenção ou do modelo de utilidade. Já o registro é utilizado para a proteção das marcas. Por último, é preciso falar sobre registro de nomes de domínio no Brasil e a resolução de conflitos nesta seara. O desenvolvimento e a expansão da internet criaram um problema no que se refere ao seu uso comercial. Trata-se de atribuição dos nomes para os sítios eletrônicos, em razão do potencial conflito com marcas já registradas e com nomes de figuras públicas, como as pessoas que são famosas na mídia. Usualmente, os computadores faziam uso de um mesmo processo de comunicação, chamado de TCP/IP (o endereço de IP) (TEIXEIRA, 2020). Esse endereço é composto por uma série de números, que é bastante complexa. Como os endereços deste tipo são muito difíceis de seres memorizados, tanto pelas pessoas quanto pelas empresas, criou-se o sistema de nomesde domínio, cuja tarefa é facilitar o endereçamento e a localização dos computadores na rede mundial (internet). É por isso que, quando buscamos algum site, ao invés de utilizarmos o endereço de IP, utilizamos o nome, por exemplo: www.onome.com.br. No Brasil, os registros de nomes de domínio são feitos no site registro.br. Ele é o departamento do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) responsável pelas atividades de registro e manutenção dos nomes de domínios que usam o .br. Por sua vez, o NIC.br foi criado para implementar as decisões e os projetos do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), que é o responsável por coordenar e integrar as iniciativas e os serviços da internet no país. Aquele interessado em registrar um nome de domínio na internet poderá assim proceder, mediante o registro de um nome que represente uma marca, um nome qualquer, um nome empresarial, etc. Acontece que esta titularidade pode não pertencer àquele que intenta o registro. Tal se dá porque o registro de nomes de domínio de sítios eletrônicos é feito por intermédio do sistema “first come, first served”, isto é, literalmente, o primeiro que chegar pode registrar, de modo que não precisará demonstrar ou comprovar que é titular de marca ou nome empresarial. Neste sentido dispõe a Resolução CGI.br/RES/2008/008/P (do Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br), segundo a qual um nome de domínio disponível para registro será concedido ao primeiro requerente que satisfizer, quando do requerimento, as exigências para o registro. Logo, é possível (e, com efeito, há) violações potenciais a nomes e marcas que já sejam de titularidade de pessoas (físicas ou jurídicas) que não aquela que primeiro intentou o registro do nome de domínio (SANTOS; JABUR; ASCENÇÃO, 2020). Conforme a Resolução CGI.br/RES/2008/008/P: Constitui-se em obrigação e responsabilidade exclusivas do requerente a escolha adequada do nome do domínio a que ele se candidata. O requerente declarar-se-á ciente de que não poderá ser escolhido nome que desrespeite a legislação em vigor, que induza terceiros a erro, que viole direitos de terceiros, que represente conceitos predefinidos na rede Internet, que represente palavras de baixo calão ou abusivas, que simbolize siglas de Estados, Ministérios, ou que incida em outras vedações que porventura venham a ser definidas pelo CGI.br. (COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL, 2008, p. 2) Vale ressaltar que é permitido o registro de nome de domínio apenas para entidades que funcionem legalmente no país, profissionais liberais e pessoas físicas, conforme disposto na mencionada Resolução. No caso de empresas estrangeiras, poderá ser concedido o registro provisório, mediante o cumprimento de algumas exigências (como procurador constituído no Brasil, declaração de atividade comercial, compromisso que a empresa estabelecerá sua atividade no Brasil no prazo de 12 meses, etc.). O Decreto nº 4.829, de 3 de setembro de 2003, criou o Comitê Gestor da Internet no Brasil, o qual dispõe sobre o modelo de governança da internet no Brasil e dá outras providências. O comitê terá as seguintes atribuições: I - estabelecer diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e desenvolvimento da Internet no Brasil; II - estabelecer diretrizes para a organização das relações entre o Governo e a sociedade, na execução do registro de Nomes de Domínio, na alocação de Endereço IP ( Internet Protocol ) e na administração pertinente ao Domínio de Primeiro Nível (ccTLD - country code Top Level Domain ), " .br ", no interesse do desenvolvimento da Internet no País; III - propor programas de pesquisa e desenvolvimento relacionados à Internet, que permitam a manutenção do nível de qualidade técnica e inovação no uso, bem como estimular a sua disseminação em todo o território nacional, buscando oportunidades constantes de agregação de valor aos bens e serviços a ela vinculados; IV - promover estudos e recomendar procedimentos, normas e padrões técnicos e operacionais, para a segurança das redes e serviços de Internet, bem assim para a sua crescente e adequada utilização pela sociedade; V - articular as ações relativas à proposição de normas e procedimentos relativos à regulamentação das atividades inerentes à Internet; VI - ser representado nos fóruns técnicos nacionais e internacionais relativos à Internet; VII - adotar os procedimentos administrativos e operacionais necessários para que a gestão da Internet no Brasil se dê segundo os padrões internacionais aceitos pelos órgãos de cúpula da Internet, podendo, para tanto, celebrar acordo, convênio, ajuste ou instrumento congênere; VIII - deliberar sobre quaisquer questões a ele encaminhadas, relativamente aos serviços de Internet no País; e IX - aprovar o seu regimento interno. (BRASIL, 2003, [s. p.]) Neste sentido, há o Sistema Administrativo de Conflitos de Internet relativos a nomes de domínios sob o ".br" – SACI-Adm –, que serve para resolução de conflitos existentes entre o titular de um nome de domínio no “.br” e qualquer terceiro (reclamante) que venha a contestar a legitimidade do nome antes registrado. O sistema se limita a determinar a manutenção do registro, a hipótese da sua transferência ou até mesmo o seu cancelamento. A adesão do titular ocorre mediante um contrato, que é firmado quando do registro de nomes de domínio. Vale dizer que referido sistema não se presta a fixar indenizações, que deverão ser pleiteadas pela via judicial. ATENÇÃO De acordo com o art. 11 do Código Civil (BRASIL, 2002), com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária. O nome da pessoa natural é um exemplo de direito da personalidade, além da imagem e da honra. Logo, sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial, assim como não pode ser utilizado para fins de exploração econômica, por outra pessoa, em sítios de internet ou em nomes de domínio, sem autorização expressa e inequívoca ciência. O terceiro que verificar indevida utilização do seu nome tem direito de cancelar o registro, a não ser que se trate de homônimo, respeitado o princípio da boa-fé (uso conforme a razoabilidade, probidade, honestidade, etc.). Completamos mais um importante bloco de estudos. Continue firme e focado! Cada vez mais, desbastamos os campos de interesse do Direito Cibernético. DIREITO AUTORAL NA ERA DIGITAL Luiz Felipe Nobre Braga Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? PRATICAR PARA APRENDER A partir de agora, vamos nos dedicar ao estudo do direito autoral na era digital. Conhecer os direitos autorais abrange uma significativa parcela dos direitos relacionados à propriedade intelectual. É possível dizer que esse direito responde pelo complexo de normas jurídicas que indicam a proteção de criações intelectuais de um determinado titular. Aliás, essa proteção quanto ao direito do autor não é muito antiga, você sabia? Apenas no final do século XVIII que ela começou a acontecer. Imagine, atualmente, a importância desta temática, sobretudo quando falamos da real necessidade de proteção dos direitos autorais frente aos desafios trazidos pelo ciberespaço. Por conseguinte, o direito cibernético tem uma especial veia de atenção neste campo, porquanto as relações digitais aumentaram as situações em que se verifica a presença dos direitos do autor, seja em relação à exploração econômica ou em relação à prática de violações de todo gênero. Para tanto, conheceremos a natureza jurídica do direito autoral, bem como quais são as obras protegidas, o registro, a transferência, alguns dos crimes e a questão do domínio público. Por fim, especificamente na era digital, veremos a responsabilidade civil pela violação dos direitos autorais na internet. Um coordenador do curso de Direito da faculdade que você estudou ficou sabendo, por meio das redes sociais, acerca da sua especialização em direito autoral e lhe