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1 TEMA: O IMPACTO DA ALIENAÇÃO PARENTAL NA CONSTITUIÇÃO DA INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA SIMULADO ESPECIAL 03 TEXTO 01 Tudo o que você precisa saber sobre alienação parental De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de divórcios no Brasil saltou de 130,5 mil para 341,1 mil, entre 2004 e 2014. Isso significa um aumento de 161,4% em dez anos. Os motivos que levam cada vez mais casais a optarem pelo divórcio, são muitos. Mas, neste contexto, existe uma constante: em casos de separação com filhos, o bem estar do pequeno deve estar entre as prioridades do casal, para que o rompimento dos pais não impacte no desenvolvimento da criança. No entanto, devido a diversas razões, alguns casais não conseguem resolver suas questões amigavelmente, podendo, inclusive, surtir efeitos contrários, prejudicando a rotina e a saúde da criança. É o caso da alienação parental. A alienação parental ocorre quando uma das partes influencia o filho a tomar partido e a se colocar contra a outra parte. Aí, entra o papel do judiciário, que oferece meios de proteger os filhos, a partir de recursos legais, e, também o papel dos profissionais que podem ajudar pais e filhos neste momento, como o psicólogo. Para compreender melhor o que é a alienação parental, quais seus impactos na vida da criança e a melhor maneira de resolver a questão, nós conversamos com a advogada Amanda Piffer e com a psicóloga Sarah Helena. O que configura a alienação parental? Desde a aprovação da Lei 12.318, em 26 de agosto de 2010, foram definidos os aspectos e os meios de coibir a alienação parental. A advogada Amanda Piffer esclarece: “considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente, promovida ou induzida por um dos genitores, avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância, com o intuito de repudiar o genitor ou causar prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este”. Isso pode se dar de diferentes maneiras, como proibir que o pai/mãe veja a criança, fazer chantagens, manipular, influenciar a criança ou adolescente contra o pai/mãe, dificultar visitas, omitir informações sobre os filhos, apresentar falsas denúncias para dificultar a convivência, entre outras atitudes que prejudicam ou impedem a relação do filho com um dos genitores. Quais as consequências da alienação parental para a criança ou adolescente? Embora o final de um casamento seja um marco e tanto na vida do casal, as crianças são as que mais sentem com essa mudança. Sua rotina muda, e sentimentos como medo e insegurança podem aparecer em diferentes doses, dependendo da criança e, também, da forma como os pais vão lidar com a situação. Da mesma forma, “cada criança vai reagir de uma forma quando submetida à alienação parental”, afirma a psicóloga Sarah Helena. No entanto, ela complementa: “segundo pesquisas voltadas para a Síndrome de Alienação Parental (SAP), as consequências da alienação parental para as crianças pode envolver, entre outros sintomas, culpa, ansiedade, depressão infantil, visão maniqueísta da vida, agressividade, medos, angústias, dificuldades de aprendizagem e somatizações. Estas consequências psicológicas e físicas acontecem, muitas vezes, junto a uma aversão ao pai/mãe alienado (bem como por tudo que é ligado a ele/a) desenvolvida pelo outro”. Como e a quem buscar ajuda em caso de alienação parental? A advogada Amanda orienta: “Constatado ato de alienação parental, o indicado é que o genitor alienado procure o Conselho Tutelar do local em que reside, bem como a vara da infância e juventude, para buscar orientações acerca do caso concreto. Nada impede, no entanto, que se recorra, de antemão, ao Judiciário, uma vez ser-lhe assegurado o direito de ter o ato lesivo cessado. Fonte: https://leiturinha.com.br/blog/tudo-o-que-voce-precisa-saber- sobre-alienacao-parental/#:~:text=A%20advogada%20Amanda%20 Piffer%20esclarece,intuito%20de%20repudiar%20o%20genitor 2 TEXTO 02 Quais são as condutas que podem caracterizar a alienação parental? Dentre as práticas capazes de configurar a alienação parental, a legislação prevê as seguintes: • Realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou maternidade; • Dificultar o exercício da autoridade parental; • Dificultar o contato da criança ou do adolescente com o genitor; • Dificultar o exercício do direito regulamentado à convivência familiar; • Omitir deliberadamente ao genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou o adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço; • Apresentar falsa denúncia contra o genitor, contra familiares deste ou contra os avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou o adolescente; • Mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando dificultar a convivência da criança ou do adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com os avós. Fonte: http://mppr.mp.br/pagina-6665.html TEXTO 03 No Brasil, o ECA traz um sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência, que prevê medidas protetivas em favor da vítima e em detrimento do autor da violência. “Para garantir a efetividade das medidas protetivas de urgência, pode o juiz requisitar o auxílio da força policial e, a qualquer momento, decretar a prisão preventiva do agressor, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação da autoridade policial", complementa a dra., Ana Luiza, defensora pública que atua na área da família. A pessoa que sofre a alienação ou a causa, deve ser submetida a um acompanhamento psicológico. "Além disso, o caso pode ser submetido ao Poder Judiciário, que pode determinar diversas medidas para fazer cessar a prática e assegurar o saudável convívio da criança ou adolescente com o genitor alienado", conta a defensora pública. As medidas previstas na lei para este ato são de acompanhamento psicológico, havendo, ainda, a fixação de algumas penalidades ao alienador que podem variar de simples advertência até a suspensão da autoridade parental. "O defensor público ajuizará ação ou relatará o ocorrido em ação já em curso, noticiando os atos caracterizadores de alienação parental e requerendo medidas necessárias para a preservação da integridade psicológica da criança ou do adolescente, inclusive para assegurar sua convivência com genitor ou viabilizar a efetiva reaproximação entre ambos, se for o caso" explica a dra Ana Luiza. Dentre os principais motivos da alienação parental, está a separação não amigável de um casal, quando se torna comum o acirramento dos ânimos, surgindo sentimentos de raiva, ciúmes, tristeza e desejos de vingança. Em tempos de pandemia isso, ainda, pode piorar, “uma vez que o alienador tem a possibilidade de reter a criança ou adolescente com uma justificativa legitimadora, conseguindo seu objetivo de afastar o filho do genitor alienado, facilitando também a “lavagem cerebral” contra a vítima, implantando falsas memórias e/ou deturpando fatos, onde a criança ou adolescente fica sem ter como se defender", finaliza a defensora. Fonte: http://www.defensoriapublica.pr.def.br/2020/04/1885/ Alienacao-Parental-o-que-e.html (Adaptado) 3 LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS 1. (FUVEST 2021) I – Traiste-me, Sem Meda. Tu traíste-me. (...) Sabes a que tu és afinal, Sem Medo? És um ciumento. Chego a pensar se não és homossexual. Tu querias-me só, cama tu. Um solitária do Mayombe. (...) Desprezo-te. (...) Nunca me verás atrás de uma garrafa vazia. (...) Cada sucesso que eu tiver, será a paga da tua bofetada, pais não serei um falhada como tu. Pepetela, Mayombe. Adaptado. II – Peço-te perdão, Sem Medo. Não te compreendi, fui um imbecil. E quis igualar o inigualável. Pepetela, Mayombe. Esses excertosde Mayombe referem-se a conversas entre as personagens Comissário e Sem Medo em momentos distintos do romance. Em I e II, as falas do Comissário revelam, respectivamente, a) incompatibilidade étnica entre ele e Sem Medo, por pertencerem a linhagens diferentes, e superação de sua hostilidade tribal. b) decepção, por Sem Medo não ter intercedido a seu favor na conversa com Ondina, e desespero diante do companheiro baleado. c) suspeita de traição de Ondina e tomada de consciência de que isso não passara de uma crise de ciúme dele. d) forte tensão homoafetiva entre ele e Sem Medo, e aceitação da verdadeira orientação sexual do companheiro. e) ira, diante do anticatolicismo de Sem Medo, e culpa que o atinge ao perceber que sua demonstração de coragem colocara o companheiro em risco. 2. (FUVEST 2021) Remissão Tua memória, pasto de poesia, tua poesia, pasto dos vulgares, vão se engastando numa coisa fria a que tu chamas: vida, e seus pesares. Mas, pesares de quê? perguntaria, se esse travo de angústia nos cantares, se o que dorme no base da elegia vai correndo e secando pelos ares, e nada resta, mesmo, do que escreves e te forçou ao exílio das palavras, senão contentamento de escrever, enquanto o tempo, e suas formas breves ou longas, que sutil interpretavas, se evapora no fundo do teu ser? Carlos Drummond de Andrade, Claro enigma. Claro enigma apresenta, por meio do lirismo reflexivo, o posicionamento do escritor perante a sua condição no mundo. Considerando-o como representativo desse seu aspecto, o poema “Remissão” a) traduz a melancolia e o recolhimento do eu lírico em face da sensação de incomunicabilidade com uma realidade indiferente à sua poesia. b) revela uma perspectiva inconformada, mesclando-a, livre da indulgência dos anos anteriores, a um novo formalismo estético. c) propõe, como reação do poeta à vulgaridade do mundo, uma poética capaz de interferir na realidade pelo viés nostálgico. d) reflete a visão idealizada do trabalho do poeta e a consciência da perenidade da poesia, resistente à passagem do tempo. e) realiza a transição do lirismo social para o lirismo metafísico, caracterizado pela adesão ao conforto espiritual e ao escapismo imaginativo. 3. (FUVEST 2021) Terça é dia de Veneza revelar as atrações de seu festival anual, cuja 77ª edição começa no dia 2 de setembro, com a dramédia “Lacci”, do romano Daniele Luchetti, seguindo até 12/9, com 50 produções internacionais e uma expectativa (extraoficial) de colocar “West Side Story”, de Steven Spielberg, na ribalta. Rodrigo Fonseca. “À espera dos rugidos de Veneza”. O Estado de S. Paulo. Julho/2020. Adaptado. Um processo de formação de palavras em língua portuguesa é o cruzamento vocabular, em que são misturadas pelo menos duas palavras na formação de uma terceira. A força expressiva dessa nova palavra resulta da síntese de significados e do inesperado da combinação, como é o caso de “dramédia” no texto. 4 Ocorre esse mesmo tipo de formação em a) “deleitura” e “namorido”. b) “passatempo” e “microvestido”. c) “hidrelétrica” e “sabiamente”. d) “arenista” e “girassol”. e) “planalto” e “multicor”. 4. (FUVEST 2021) Alferes, Ouro Preto em sombras Espera pelo batizado, Ainda que tarde sobre a morte do sonhador Ainda que tarde sobre as bocas do traidor. Raios de sol brilharão nos sinos: Dez vias dar. Ai Marília, as liras e o amar Não passo mais sufocar E a minha voz irá Pra muito além do desterro e do sal, Maior que a voz do rei. Aldir Blanc e João Bosco, trecho da canção “Alferes”, de 1973. A imagem de Tiradentes – a quem Cecília Meireles qualificou “o Alferes imortal, radiosa expressão dos mais altos sonhos desta cidade, do Brasil e do próprio mundo”, em palestra feita em Ouro Preto – torna a aparecer como símbolo da luta pela liberdade em vários momentos da cultura nacional. Os versos do letrista Aldir Blanc evocam, em novo contexto, o mártir sonhador para resistir ao discurso a) da doutrina revolucionária de ligas politicamente engajadas. b) da historiografia, que minimizou a importância de Tiradentes. c) de autoritarismo e opressão, próprio da ditadura militar. d) dos poetas árcades, que se dedicavam às suas liras amorosas. e) da tirania portuguesa sobre os mineradores no ciclo do ouro. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Uma última gargalhada estrondosa. ¹E depois, o silêncio. O palhaço jazia ²imóvel no chão. ³Mas seu rosto continua sorrindo, para sempre. Porque a carreira original do Coringa era para durar apenas 30 páginas. O tempo de envenenar Gotham, sequestrar ⁴Robin, enfiar um par de sopapos na Homem-Morcego e disparar o primeiro “vou te matar” da sua relação. Na briga final do Batman nº. 1, o “horripilante bufão”sofria um final digno de sua desumana ironia: ⁵ao tropeçar, cravava sua própria adaga no peito. Assim decidiram e desenharam ⁶seus pais, os artistas Bill Finger, Bob Kane e Jerry Robinson. Entretanto, o criminoso mostrou, já em sua primeira aventura, um enorme talento para ⁷se rebelar contra a ordem estabelecida. ⁸Seu carisma seduziu a editora DC Comics, que impôs o acréscimo de um quadrinho. Já dentro da ambulância, vinha à tona “um dado desconcertante”. E então um médico sentenciava: “Continua ⁹vivo. E vai sobreviver!”. Tommaso Koch. “O Coringa completa 80 anos e na Espanha ganha duas HQs, que inspiram debates filosóficos sobre a liberdade”, EI País. Junho/2020. 5. (FUVEST 2021) As vírgulas em “E depois, o silêncio.” (ref. 1) e em “Mas seu rosto continua sorrindo, para sempre.” (ref. 3) são usadas, respectivamente, com a mesma finalidade que as vírgulas em a) “Após a queda, tomaram mais cuidado.” e “Quanto mais espaço, mais liberdade.”. b) “Aos estrangeiros, ofereceram iguanas.” e “Limpavam a casa, e preparávamos as refeições.”. c) “Colheram trigo e nós, algodão.” e “Eles se encontraram nas férias, mas não viajaram.”. d) “Para meus amigos, o melhor.” e “Organizava tudo,cautelosamente. e) “Viu o espetáculo, considerado o maior fenômeno de bilheteria.” e “‘Conheço muito bem’, afirmou o rapaz.”. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: O pobre é pop. A periferia é o centro do mundo. E a música popular brasileira nunca mereceu tanto ser chamada assim — embora esteja cada vez mais distante ¹de um certo totem conhecido como MPB. A expansão da classe média tem impacto evidente sobre os padrões de consumo no Brasil, inclusive cultural. Mas o protagonismo das classes C, D e E nos novos fluxos de produção e circulação de música não é efeito colateral de um aumento da renda familiar, simplesmente. A periferia (cultural, social ou econômica) do Brasil cansou ²de esperar o seu lugar ao sol. E tomou pra si o direito de dizer e fazer o que quer, do jeito que pode, sabe e gosta. É uma mudança de paradigmas. Um processo cumulativo, iniciado ainda nos idos dos anos 90 [do século passado], que se acentua e ganha relevo, sobretudo na última década. Uma força irrefreável, 5 que arde em fogo brando. Ainda que só deixe a sombra da invisibilidade ³(para ocupar espaços de validação pública, como já foi a dita grande mídia) quando o caldo já ferve há tanto, ⁶que só lhe resta entrar em erupção. Por seus próprios méritos. E, não raro, seus próprios meios. Foi o que se deu, em boa medida, com fenômenos da “periferia do bom gosto” como o sertanejo (no Brasil Central), o axé (na Bahia), o rap (em São Paulo), o funk carioca (no Rio de Janeiro), o pagode (em São Paulo), o forró (no Ceará) e, mais recentemente, o tecnobrega (no Pará). Em comum, uma música de “gosto duvidoso”, ⁴que geralmente destoa da chamada “linha evolutiva da MPB”. E que, na sua incontinência habitual, se alastra pelo país — com ou sem o suporte das grandes corporações da indústria fonográfica e da mídia. ⁵É a emergência do pobre-star. Que viceja pelos grotões, nos quatro cantos do país, como sintoma de que as coisas (hátempos...) já não estão mais tão “sob controle”, como se supõe que um dia estiveram, do ponto de vista da agenda estética da elite cultural. O espanto com que o tecnobrega foi recebido no Sudeste, há pouco mais de um ano, como algo “esquisito”, que “brotou do nada”, ilustra bem a crônica da vida na bolha de um mundo globalizado que, em certos segmentos da sociedade brasileira, ainda não voltou o olhar (e a escuta) para além do próprio umbigo. VALE, Israel do.Tecnobrega, ditadura da felicidade e a erupção do pobre-star. CULT, São Paulo: Bregantini, n. 183, p. 35, set. 2013. 6. (UNEB 2014) Na ótica do autor, a) o “pobre-star” deve ser visto sob uma perspectiva antropológica. b) a produção cultural da periferia é pouco compreendida por aqueles que a olham de forma convencional. c) a cultura da periferia ainda tenta hoje transpor barreiras para a sua inserção na vida cultural brasileira. d) os diferentes gêneros musicais cultivados pela periferia vêm, cada vez mais, fazendo frente às demandas políticas do país. e) a aceitação da produção cultural da periferia pelas classes A e B decorre fundamentalmente da redução da desigualdade social. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Utilize o texto abaixo para responder à(s) questão(ões). Site de campanha de Serra ‘corrige’ erros de português No afã da corrida eleitoral, a emenda saiu pior que o soneto no site de campanha de José Serra, candidato à Presidência pelo PSDB. No endereço que leva o nome do tucano e o número do partido, “serra45”, há um espaço para o leitor cadastrar seus dados e enviar a amigos vídeo com mensagem do candidato celebrando o 7 de setembro, dia da Independência do Brasil. Ainda pela manhã o internauta era convidado a digitar, “Seu Nome”, “Sua Email” e “Sua Senha”. Já à tarde, foi feita “correção” – para enviar seus dados, o leitor deveria preencher “Sua Nome” e “Sua Email”, além de “Sua Senha”. (Disponível em http://blogs.estadao.com.br/radar- politico/2010/09/09/site-de-campanha-de-serra-corrige-erros-de- portugues/.) 7. (INSPER 2014) O tipo de “erro de português” que o texto cita também ocorre na seguinte frase: a) Inflação implica em recessão econômica. b) Sandálias à partir de 10 reais. c) Gosta de automóvel? Compre uma. d) Você foi muito pretencioso. e) Deixe ele estudar para prova em paz! TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia o texto: A civilização ²“pós-moderna” culminou em um progresso inegável, que não foi percebido antecipadamente, em sua inteireza. Ao mesmo tempo, sob o ³“mau uso” da ciência, da tecnologia e da capacidade de invenção nos precipitou na miséria moral ¹inexorável. Os que condenam a ciência, a tecnologia e a invenção criativa por essa miséria ignoram os desafios que explodiram com o capitalismo monopolista de sua terceira fase. Em páginas secas premonitórias, E. Mandel* apontara tais riscos. O ⁴“livre jogo do mercado” (que não é e nunca foi ⁵“livre”) rasgou o ventre das vítimas: milhões de seres humanos nos países ricos e uma carrada maior de milhões nos países pobres. O centro acabou 6 fabricando a sua periferia intrínseca e apossou-se, como não sucedeu nem sob o regime colonial direto, das outras periferias externas, que abrangem quase todo o ⁶“resto do mundo”. Florestan Fernandes, Folha de S. Paulo, 27/12/1993. (*) Ernest Ezra Mandel (1923-1995): economista e militante político belga. 8. (FUVEST 2014) No trecho “nos precipitou na miséria moral inexorável” (ref. 1), a palavra sublinhada pode ser substituída, sem prejuízo para o sentido do texto, por a) inelutável. b) inexequível. c) inolvidável. d) inominável. e) impensável. 9. (INSPER 2014) A expressividade da charge decorre da(o) a) sua capacidade de provocar a reflexão do leitor. b) riqueza de detalhes apresentados com a técnica do pontilhado. c) concretização do tema por meio da relação entre diferentes planos de linguagem. d) humor gerado pelo fato de uma criança refletir sobre questões profundas. e) tom poético da fala enriquecida pelo tracejado artístico do desenho. 10. (ENEM PPL 2014) Soneto Oh! Páginas da vida que eu amava, Rompei-vos! nunca mais! tão desgraçado!... Ardei, lembranças doces do passado! Quero rir-me de tudo que eu amava! E que doido que eu fui! como eu pensava Em mãe, amor de irmã! em sossegado Adormecer na vida acalentado Pelos lábios que eu tímido beijava! Embora – é meu destino. Em treva densa Dentro do peito a existência finda Pressinto a morte na fatal doença! A mim a solidão da noite infinda! Possa dormir o trovador sem crença. Perdoa minha mãe – eu te amo ainda! AZEVEDO, A. Lira dos vinte anos. São Paulo: Martins Fontes, 1996. A produção de Álvares de Azevedo situa-se na década de 1850, período conhecido na literatura brasileira como Ultrarromantismo. Nesse poema, a força expressiva da exacerbação romântica identifica-se com o(a) a) amor materno, que surge como possibilidade de salvação para o eu lírico. b) saudosismo da infância, indicado pela menção às figuras da mãe e da irmã. c) construção de versos irônicos e sarcásticos, apenas com aparência melancólica. d) presença do tédio sentido pelo eu lírico, indicado pelo seu desejo de dormir. e) fixação do eu lírico pela ideia da morte, o que o leva a sentir um tormento constante. 11. (INSPER 2014) 7 Os pais já perceberam e reclamam. Os especialistas em comportamento listam vários motivos para o fenômeno – desde falta de autoestima até gosto por novidades. Mas agora é a vez de os próprios jovens admitirem: “Somos consumistas mesmo!”. Para economizar sem abdicar das compras, a estudante carioca Camila Florez, 18, chegou a trabalhar, por alguns meses, em uma loja de um shopping no Rio de Janeiro, onde podia comprar modelos com desconto. O guarda-roupa cheio motivou Camila e a amiga Roberta Moulin, 18, a criarem o blog “Reciclando Moda”, onde vendem peças que compraram e nunca foram usadas. “Já vendemos muita coisa”, comemora Camila, que gasta parte do dinheiro recebido em... roupas. (Folha de S. Paulo, 27/07/2008) Partindo do pressuposto de que a pontuação exerce importante papel na construção de textos escritos, indique a alternativa que apresenta uma explicação correta sobre o emprego dos sinais de pontuação do excerto acima. a) No primeiro parágrafo, o travessão tem a finalidade de introduzir uma explicação e poderia ser substituído, sem alteração de sentido, por ponto-e-vírgula. b) Ao longo do texto, as aspas foram empregadas, em suas três ocorrências, com a finalidade de demarcar a presença do discurso direto. c) Na passagem “(...) sem abdicar das compras, (...)”, a vírgula foi empregada para separar elementos enumerados que exercem a mesma função sintática. d) Em “(...), por alguns meses, (...)”, no segundo parágrafo, as vírgulas são necessárias para separar o aposto da expressão a que se refere: “chegou a trabalhar”. e) No último período, as reticências foram utilizadas como um recurso retórico para obter efeito de suspense. 12. (ENEM PPL 2014) A tendência dos nomes O nome é uma das primeiras coisas que não escolhemos na vida. Estará inscrito nos registros: na maternidade, no RG, no CPF, no obituário etc. Enfim, uma escolha que não fizemos nos acompanha do berço ao túmulo, pois na lápide se dirá que ali jaz Fulano de Tal. SILVA, D. Língua, n. 77, mar. 2012. Algumas palavras atuam no desenvolvimento de um texto contribuindo para a sua progressão. A palavra “enfim” promove o encadeamento do texto, tendo sido utilizada com a intenção de a) explicar que os nomes das pessoas são escolhidos no nascimento. b) ratificar que os nomes registrados no nascimento são imutáveis. c) reiterar que os nomes recebidos são importantes até a morte. d) concluir que os nomes acompanham os indivíduos até a morte. e) acrescentar que ninguém pode escolher o próprio nome.13. (ENEM 2ª APLICAÇÃO 2014) Os discursos referentes à prática de exercícios físicos estão imbricados de valores sociais, culturais e educativos influenciados, principalmente, pelos discursos midiáticos. O processo natural de envelhecimento passa a ser visto como um descuido por aqueles que assim o aparentam, especialmente nos cuidados com o corpo. Ao analisarmos a imagem, podemos considerar que ela apresenta a) os valores do corpo visto enquanto conjunto de partes funcionando como uma máquina, fruto dos valores mecanicistas. b) a ideia do corpo ideal jovem, musculoso e atlético e o exercício como a fórmula para se alcançar a juventude eterna e, por sua vez, o sucesso. c) a prática de exercícios como promoção de saúde e respeito ao desenvolvimento humano. d) um corpo em toda a sua essência, físico, psíquico, biológico e cultural e o exercício auxiliando o entendimento de todas essas dimensões. e) o exercício físico como possibilidade de atender às pessoas de qualquer idade e classe para o aprimoramento estético. 8 14. (ENEM 2ª APLICAÇÃO 2014) A perplexidade causada pela catástrofe da Primeira Guerra Mundial fez surgir um movimento de vanguarda denominado Dadaísmo, que rejeitava os valores tradicionais e rompia com a estética clássica. A imagem da obra O gigante acéfalo a) explora elementos sensoriais para explicar a racionalidade do pós-guerra. b) recria a realidade para combater os padrões estéticos da época. c) organiza as formas geométricas para inovar as artes visuais. d) representa as experiências individuais de exaltação. e) utiliza a sensibilidade para retratar o drama humano. 15. (ENEM PPL 2014) TEXTO I TEXTO II Só Deus pode me julgar Soldado da guerra a favor da justiça Igualmente por aqui é coisa fictícia Você ri da minha roupa, ri do meu cabelo Mas tenta me imitar se olhando no espelho Preconceito sem conceito que apodrece a nação Filhos do descaso mesmo pós-abolição MV BILL. Declaração de guerra. Manaus: BMG, 2002 (fragmento). O trecho do rap e o grafite evidenciam o papel social das manifestações artísticas e provocam a a) consciência do público sobre as razões da desigualdade social. b) rejeição do público-alvo à situação representada nas obras. c) reflexão contra a indiferença nas relações sociais de forma contundente. d) ideia de que a igualdade é atingida por meio da violência. e) mobilização do público contra o preconceito racial em contextos diferentes. 16. (ENEM PPL 2014) Essa propaganda visa convencer as mães de que o canal de televisão é adequado aos seus filhos. Para tanto, o locutor dirige-se ao interlocutor por meio de estratégias argumentativas de a) manipulação, ao detalhar os programas infantis que compõem a grade da emissora. b) persuasão, ao evidenciar as características da programação dirigida ao público infantil. c) intimidação, ao dirigir-se diretamente às mães para chamá-las à reflexão. d) comoção, ao tranquilizar as mães sobre a qualidade dos programas da emissora. e) comparação, ao elencar os serviços oferecidos por outras emissoras ao público infantil. 9 17. (ENEM 2ª APLICAÇÃO 2014) O trecho em destaque “Consulte aéreo”, que aparece na publicidade sobre o Havaí, tem por objetivo a) argumentar que os preços do trecho aéreo variam em função da data. b) incentivar os turistas para que pesquisem suas próprias passagens aéreas. c) alertar que passagens aéreas não estão inclusas nesse roteiro de viagem. d) convencer os turistas a só comprarem passeios que tenham passagens aéreas. e) recomendar que os turistas adquiram passagens aéreas em outra companhia. 18. (ENEM PPL 2014) Anúncios publicitários geralmente fazem uso de elementos verbais e não verbais. Nessa peça publicitária, a imagem, que simula um manual, e o texto verbal, que faz uso de uma variedade de língua específica, combinados, pretendem a) fazer a gradação de comportamentos e de atitudes em termos da gravidade de efeitos da bebida alcoólica. b) aconselhar o leitor da peça publicitária a não “pegar” a namorada do amigo para o “bicho não pegar”. c) promover a mudança de comportamento dos jovens em relação ao consumo do álcool e à direção. d) demonstrar que a viagem de ônibus ou de táxi é mais segura, independentemente do consumo de álcool. e) incentivar a prática da carona em carros de motoristas do sexo feminino. 19. (ENEM PPL 2014) O termo Foco equivale ao ponto de concentração do ator. O nível de concentração é determinado pelo envolvimento com o problema a ser solucionado. Tomemos o exemplo do jogo teatral Cabo de Guerra: o Foco desse jogo reside em dar realidade ao objeto, que nesse caso é a corda imaginária. A dupla de jogadores no palco mobiliza toda sua atenção e energia para dar realidade à corda. Quando a concentração é plena, a dupla sai do jogo com toda evidência de ter realmente jogado o Cabo de Guerra – sem fôlego, com dor nos músculos do braço etc. A plateia observa em função do Foco. KOUDELA, I. D. Jogos teatrais. São Paulo: Perspectiva, 1990. De acordo com o texto, a autora argumenta que o uso do foco da cena teatral permite a) transformar um objeto imaginário em um objeto concreto, produzindo sobre o espectador uma sensação igual à que ele teria em um espetáculo de mágica. b) produzir sobre a plateia, por meio do envolvimento dos atores, imagens e/ou situações capazes de ativar seu imaginário e seu conhecimento de mundo. c) provocar efeito físico no ator, o que lhe confere a certeza de que seu corpo foi trabalhado adequadamente para a produção da cena. d) acionar no ator a atenção a múltiplas ações que ocorrem concomitantemente, tornando-o mais disponível para a atuação em cena. e) determinar uma única leitura da ação proposta, explicitando qual entendimento o espectador deve ter da cena. 10 20. (ENEM PPL 2014) E-mail no ambiente de trabalho T. C., consultor e palestrante de assuntos ligados ao mercado de trabalho, alerta que a objetividade, a organização da mensagem, sua coerência e ortografia são pontos de atenção fundamentais para uma comunicação virtual eficaz. E, para evitar que erros e falta de atenção resultem em saias justas e situações constrangedoras, confira cinco dicas para usar o e-mail com bom senso e organização: 1. Responda às mensagens imediatamente após recebê-las. 2. Programe sua assinatura automática em todas as respostas e encaminhamentos. 3. Ao final do dia, exclua as mensagens sem importância e arquive as demais em pastas previamente definidas. 4. Utilize o recurso de “confirmação de leitura” somente quando necessário. 5. Evite mensagens do tipo “corrente”. Disponível em: http://noticias.uol.com.br. Acesso em: 30 jul. 2012 (fragmento). O texto apresenta algumas sugestões para o leitor. Esse caráter instrucional é atribuído, principalmente, pelo emprego a) do modo verbal imperativo, como em “responda” e “programe”. b) das marcas de qualificação do especialista, como “consultor” e “palestrante”. c) de termos específicos do discurso no mundo virtual. d) de argumentos favoráveis à comunicação eficaz. e) da palavra “dica” no desenvolvimento do texto. 21. (ENEM PPL 2014) Giocondas gêmeas A existência de uma segunda pintura da Mona Lisa – a Gioconda, de Leonardo da Vinci – foi confirmada pelo Museu do Prado, em Madri, em fevereiro. O quadro era conhecido desde o século XVIII, mas tido como uma reprodução tardia do original. Um trabalho de restauração revelou que seu fundo de cor negra na verdade recobria a reprodução de uma típica paisagem da Toscana, como a pintada por Da Vinci. Radiografias mostraram que a tela é irmã gêmea do original, provavelmente pintada por discípulos do mestre, sob supervisão de Da Vinci, no seu ateliê de Florença, entre 1503 e 1506. Os dois quadros serão, agora, expostos no Louvre. Há,entretanto, diferenças: a florentina Lisa Gherardini (Mona Lisa), aparentemente na meia- idade, parece mais moça na nova tela. O manto sobre o ombro esquerdo do quadro original surge como um véu transparente, e o decote aparece com mais nitidez. A descoberta reforça a tese de estudiosos, como o inglês Martin Kemp, de que assistentes de Da Vinci ajudaram na composição de telas importantes do mestre. Revista Planeta, ano 40, ed. 474, mar. 2012. Para cumprir sua função social, o gênero notícia precisa divulgar informações novas. No texto Giocondas gêmeas, além de ser confirmada a existência de uma tela gêmea de Mona Lisa e de serem destacadas as diferenças entre elas, o valor informativo do texto está centrado na a) afirmação de que Gioconda genuína estava na fase da meia-idade. b) revelação da identidade da mulher pintada por Da Vinci, a florentina Lisa Gherardini. c) consideração de que as produções artísticas de Da Vinci datam do período renascentista. d) descrição do fato de que a tela original mostra um manto sobre o ombro esquerdo da personagem. e) confirmação da hipótese de que Da Vinci teve assistentes que o auxiliaram em algumas de suas obras. 22. (ENEM 2ª APLICAÇÃO 2014) 11 Adorei a pergunta, darling! Tem muita gente que não sabe se comportar no elevador do prédio onde mora nem no da empresa em que trabalha. Anote as minhas dicas para o bom convívio de todos: entre a saia rapidamente (nada de segurar a porta para terminar o bate-papo com a sua amiga); ao embarcar, cumprimente os que já estão presentes; encerre a conversa com o seu colega ao lado ou no celular antes de entrar; não entre se o elevador estiver cheio (o ambiente fica insuportável para todos); espere para embarcar, pois a preferência é sempre de quem está desembarcando; se você sair com o seu pet ou carregar objetos grandes, espere até que ele esteja vazio ou use as escadas. Ana Maria, 20 jan. 2012. Nas regras de etiqueta, a linguagem coloquial promove maior proximidade do leitor com o texto. Um recurso para a produção desse efeito constitui um desvio à variedade padrão da língua portuguesa. Trata-se do uso a) de palavras estrangeiras, como “darling” e “pet”, pois afrontam a identidade nacional. b) do verbo “ter”, que foi utilizado em lugar de “haver” com o sentido de “existir”. c) da forma verbal “adorei”, uma expressão exagerada de emoção e sentimento. d) do modo imperativo, típico das conversas informais. e) do substantivo “bate-papo”, que é uma gíria inadequada para regras de etiqueta. 23. (ENEM PPL 2014) Você se preocupa com sua família, com seu trabalho e com sua casa. E com você? A mulher conquistou um espaço de destaque no ambiente profissional, além de cuidar da casa e do bem-estar da família. Acompanhada por essa mudança, também veio uma nova vida, com antigos hábitos tipicamente masculinos, como o estresse, a falta de tempo para se cuidar, o tabagismo e a maior incidência de obesidade e depressão. Isso aumentou muito os casos de infarto e doenças cardiovasculares. Elas já respondem por 30% do número total de casos, que matam seis vezes mais do que o câncer de mama. Cuide-se. Preocupe-se com sua saúde. Visite e incentive quem você gosta a visitar um cardiologista. Cláudia, ano 52, n. 2, fev. 2013 (adaptado) Esse texto, publicado em uma revista, inicialmente aponta modificações ocorridas na sociedade e, em seguida, a) descreve as diferentes atividades das mulheres hoje em dia. b) estimula as leitoras a buscar sua realização na vida profissional. c) alerta as mulheres para a possibilidade de problemas cardíacos. d) informa as leitoras sobre mortes por câncer de mama e por infarto. e) valoriza as mulheres preocupadas com o bem-estar da família. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Texto para a(s) questão(ões) a seguir. Há personagens cinematográficas feitas exclusivamente de palavras, à primeira vista pelo menos. O exemplo que logo ocorre é evidentemente a versão cinematográfica [de Alfred Hitchcock] do romance Rebeca. Quando a fita começa, Rebeca já morreu e, como não há nenhuma visualização de fatos ocorridos anteriormente, só ficamos conhecendo-a graças aos diálogos das personagens que temos diante dos olhos. Mas seria absurdo pretender que se deve ao exclusivo poder da palavra a extraordinária presença da personagem. A dimensão adquirida pelas palavras trocadas entre as personagens presentes acerca da ausente fica sempre condicionada ao contexto visual onde se inserem. Ficamos conhecendo, tal qual, o ambiente da casa onde Rebeca viveu, pelo menos um vestido seu, e sobretudo contem-plamos o tom particular que adquire não só a voz, mas a fisionomia das pessoas, cada vez que a ela se referem. No Cidadão Kane [de Orson Welles] há uma personagem, Bernstein, que conheceu certa moça de quem nunca se esqueceu, e eu também não. Entreviu-a num cruzamento de barcos no rio Hudson durante 12 alguns segundos; era então moço e viveu até uma idade bastante avançada. Pois bem, durante toda a sua vida não houve semana, ou talvez dia, em que não se lembrasse dela. O espectador da fita não vê a moça, as barcas, o rio Hudson, nem Bernstein na situação do encontro ou, em seguida, na da recordação periódica. Tomamos conhecimento de tudo isso apenas por uma frase que ele diz a um repórter que o entrevista. Ainda aqui, todavia, seria inexato pretender que a personagem fugidia e inesquecível dessa jovem se constitui apenas de palavras, pois a sua estruturação definitiva permanece na dependência da tonalidade da voz e, sobretudo, da expressão nostálgica da personagem de Bernstein. (Paulo Emílio Sales Gomes, “A personagem cinematográfica” in: A Personagem de Ficção, Ed. Perspectiva) 24. (ESPM 2019) No segundo parágrafo do texto, é correto afirmar: a) Bernstein nunca se esqueceu de “certa moça” e do narrador. b) O autor nunca se esqueceu de Bernstein e de “certa moça”. c) O autor também conheceu “certa moça” de quem sempre se lembraria. d) Bernstein e “certa moça” entreviram-se num barco do rio Hudson. e) A personagem feminina, de que fala o autor, fora rapidamente divisada por Bernstein, quando este era jovem. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Textos para a(s) questão(ões) a seguir. TEXTO I Não Existe Pecado ao Sul do Equador Não existe pecado do lado de baixo do Equador Vamos fazer um pecado rasgado, suado, a todo vapor Me deixa ser teu escracho, capacho, teu cacho Um riacho de amor Quando é lição de esculacho, olha aí, sai de baixo Que eu sou professor Deixa a tristeza pra lá, vem comer, me jantar Sarapatel, caruru, tucupi, tacacá Vê se me usa, me abusa, lambuza Que a tua cafuza Não pode esperar (...) (Chico Buarque de Holanda e Rui Guerra, 1973) TEXTO II Ultra aequinoxialem non peccari A primeira vez que deparei com a máxima que encabeça este artigo foi ouvindo “Não Existe Pecado ao Sul do Equador”, de Chico Buarque e Rui Guerra. A canção, que fazia parte originalmente da peça “Calabar” (banida pela censura no início dos anos 70), ganhou vida própria na voz insinuante e melindrosa de Ney Matogrosso, como tema da novela “Pecado Rasgado”, da TV Globo, em 1978. Tempos de diástole. Anos mais tarde, voltei a tropeçar nela. Curiosamente, a máxima aparecia em nota de rodapé de “Raízes do Brasil” (1936), obra-prima do historiador paulista (e pai de Chico) Sérgio Buarque de Holanda: “Corria na Europa, durante o século 17, a crença de que aquém da linha do Equador não existe nenhum pecado: Ultra aequinoxialem non peccari. Barlaeus, que menciona o ditado, comenta-o, dizendo: ‘Como se a linha que divide o mundo em dois hemisférios também separasse a virtude do vício’”. (...) Mas o que despertou o meu interesse pela máxima seiscentista não foi a mera paixão de antiquário – a curiosidade ociosa que impele o historiador de ideias ao encalço, por vezes febril, de uma genealogia ¹recôndita. Foi asúbita percepção do uso diametralmente oposto que pai e filho – historiador e poeta – fizeram dela. Aos olhos de Sérgio Buarque, a máxima tem conotação fortemente negativa. Ela reflete a realidade amarga do ambiente de desregramento, permissividade e egoísmo anárquico – os “desmandos da luxúria e da cobiça” de que fala Paulo Prado em “Retrato do Brasil” (1928) – criado pela aventura colonial europeia nos trópicos. (...) 13 Na poética de Chico Buarque, porém, o sinal se inverte. A ausência da noção de pe-cado não reflete mais a nossa incapacidade secular de criar uma ética cívica e um Estado moderno – de estabelecer regras impessoais que tornem a nossa convivência menos violenta, – ²iníqua e precária –, mas passa a ser vista como a senha da realização terrena vedada ao puritano – a busca do prazer sem ³peias e sem culpa no plano da afetividade pessoal. Onde o historiador lamenta, o compositor festeja. A canção de Chico e Guerra nos convida a desfrutar o instante – ”ubi bene, ibi patria” (“onde se está bem, aí é a pátria”) – e faz a celebração dionisíaca do excesso e da libidinagem. (Eduardo Giannetti, economista, professor, Folha de S. Paulo, 04 de março de 1999) ¹recôndita: escondida, oculta. ²iníqua: Perversa, malévola; extremamente injusta. ³peias: embaraços, impedimentos, estorvos, empecilhos. 25. (ESPM 2019) Segundo o texto II, pode-se afirmar que: a) a letra da canção de Chico Buarque e Rui Guerra, tema da novela “Pecado Rasgado”, foi inteiramente censurada no início dos anos 70. b) o título da canção de Chico Buarque, canção esta que fez parte da peça de teatro “Calabar”, foi aproveitamento literal de uma frase constante numa obra de Sérgio Buarque de Holanda. c) a novela da TV Globo “Pecado Rasgado”, censurada na época, teve como tema a música “Não existe pecado ao sul do Equador”. d) O título da canção de Chico Buarque teve como fonte uma máxima em latim citada em livro do pai do músico, máxima, esta, datada do século XVII. e) Barlaeus, autor do ditado em latim, corrobora a visão do europeu sobre a existência de dois hemisférios: o norte virtuoso e o sul pecaminoso. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: A um passarinho Para que vieste Na minha janela Meter o nariz? Se foi por um verso Não sou mais poeta Ando tão feliz! Se é para uma prosa Não sou Anchieta Nem venho de Assis. Deixa-te de histórias Some-te daqui! (Vinicius de Moraes) 26. (ESPM 2019) A partir da leitura do poema e da observação da imagem, assinale a afirmação correta. a) Tanto no texto poético quanto na imagem fica evidente que a fonte de inspiração para a prática literária são os elementos da natureza. b) Enquanto a imagem mostra a alienação de vários leitores, o poema de Vinicius de Moraes sugere o engajamento do escritor com personagens históricas. c) O texto poético diz que a produção literária é consequência da tristeza; a imagem deixa claro que só se faz poesia com a distração. d) O poema de Vinicius e a imagem apresentam a ideia de que a poesia é algo fugidio, volúvel, consequência também de um estado de espírito. e) A noção de que poesia e prosa são gêneros distintos fica evidente no texto poético; já a imagem não discrimina qualquer tipo de leitura literária. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: O trecho que segue é da personagem Olga, de Triste Fim de Policarpo Quaresma, romance de Lima Barreto. O que mais a impressionou no passeio foi a miséria geral, a falta de cultivo, a pobreza das casas, o ar triste, abatido da gente pobre. (…) Havendo tanto barro, tanta água, por que as casas não eram de tijolos e não tinham telhas? Era sempre aquele sapê sinistro e aquele “sopapo” que deixava ver a trama de varas, como o esqueleto de um doente. Por que ao redor dessas casas não havia culturas, uma horta, um pomar? (…) Não 14 podia ser preguiça só ou indolência. Para o seu gasto, para uso próprio, o homem tem sempre energia para trabalhar relativamente. (…) Seria a terra? Que seria? E todas essas questões desafiavam a sua curiosidade, o seu desejo de saber, e também a sua piedade e simpatia por aqueles párias, maltrapilhos, mal alojados, talvez com fome, sorumbáticos!... (Lima Barreto, Triste Fim de Policarpo Quaresma) 27. (ESPM 2019) É possível estabelecer um paralelo entre a passagem acima e outros textos da Literatura brasileira por apresentarem reflexões críticas em relação à miséria, similares ao pensamento de Olga. Essa abordagem ocorre nas referências abaixo, exceto em uma. Assinale o item cuja obra não é passível de ser relacionada com o exposto acima. a) Em Urupês, de Monteiro Lobato, a personagem Jeca Tatu, da zona rural do vale do Paraíba paulista, com sua “casa de sapé e lama faz sorrir aos bichos que moram em toca e gargalhar o João-de-Barro”. b) Em O Cortiço, de Aluísio Azevedo, João Romão, na sua ganância, “não comia um ovo, do que no entanto gostava imenso; vendia-os todos e contentava-se com os restos da comida dos trabalhadores”. c) Em Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, a carpideira afirma ao retirante Severino que naquela região do agreste “pouco existe o que lavrar”. d) Em Vidas Secas, de Graciliano Ramos, o narrador apresenta a personagem Fabiano muitas vezes em condição de penúria, “encolhia-se na presença dos brancos e julgava-se cabra”. e) Em Duelo, de Guimarães Rosa, a personagem Timpim Vinte-e-Um vive na miséria, carrega umas mandioquinhas para a “mulher, que teve criança” e “não tem nada lá em casa p’ra ela comer”. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Aborto, porte de armas e o presidente Donald Trump foram alguns dos assuntos que dominaram a primeira audiência de confirmação do juiz conservador Brett Kavanaugh para a Suprema Corte dos Estados Unidos, realizada em meio a protestos de ativistas e tentativas de adiamento do processo por parte de democratas. Kavanaugh passará por mais dois dias de sabatina, na quarta e na quinta, e testemunhas contra e a favor do juiz devem ser ouvidas na sexta. (Folha de S.Paulo, 04/09/2018) 28. (ESPM 2019) Segundo o Dicionário Aurélio (versão digital), a palavra sabatina possui as seguintes acepções: 1. Repetição, no sábado, das lições estudadas durante a semana. 2. Oração do sábado. 3. Tese que os estudantes de filosofia defendiam ao término de seu primeiro ano de curso. 4. Fig. Discussão, debate, questão. Levando-se em conta que o vocábulo sabatina ganhou o valor semântico de “exame, prova ou questionamento (não necessariamente realizados num sábado) para o exercício de um cargo”, pode-se afirmar que nesse caso ocorreu um(a): a) metáfora, por ter havido uma comparação implícita. b) catacrese, por ter havido um empréstimo de palavra. c) metonímia, por ter ocorrido substituição de um termo por outro em relação de contiguidade. d) pleonasmo, já que se repete a ideia de discussão ou debate. e) elipse, uma vez que já está subentendida a ideia de prova. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: “É Brasileiro, já passou de Português...” A ideia de uma língua única, que não se altera, é um mito, pois a heterogeneidade social e cultural implica a heterogeneidade linguística. (...) Embora Brasil e Portugal tenham uma língua comum, é nítido a qualquer falante do português que existem diferenças entre o português falado nos dois países – claro que elas também existem com relação aos demais países de língua portuguesa. (...) Essas diferenças são tão grandes que podemos afirmar que no Brasil se fala uma língua diferente da de Portugal, que os 15 linguistas denominaram de português brasileiro. Isso é tão evidente que, se você observar um processador de textos, o Word, por exemplo, na ferramenta idiomas há as opções português e português brasileiro ou português (Brasil). Por quê? Como são línguas diferentes, o corretor automático do processador precisa saber em que “língua” está sendo escritoo documento, pois o português europeu e o brasileiro seguem regras diferentes. Quando ouvimos um habitante de Portugal falando, percebemos imediatamente um uso diverso da língua. A diferença mais perceptível é de ordem fonológica, ou seja, na maneira de produzir os sons da língua. Identificamos rapidamente que ele fala português, porém com “sotaque ou acento lusitano”. Se atentarmos com mais cuidado, perceberemos, entretanto, que as diferenças não são apenas de ordem fonológica. Há também diferenças sintáticas (poucas) e lexicais. Um mesmo conceito é designado por significantes diferentes, o que prova o caráter imotivado do signo linguístico. (...) (Ernani Terra, Revista Língua Portuguesa, adaptado, julho/2018) 29. (ESPM 2019) O autor defende que: a) Há diferenças linguísticas tão grandes, com regras também tão diferentes, que se constatam duas línguas diversas: o português de Portugal e o português europeu. b) Diferenças de ordem fonológica ocorrem quando um mesmo significado é designado por significantes diferentes. c) Diferenças linguísticas em outros países, como Angola, Moçambique, Cabo Verde, Timor Leste e São Tomé e Príncipe, são tão pequenas que não chegam a caracterizar línguas diferentes. d) As alterações linguísticas entre Portugal e Brasil ocorrem principalmente, por serem mais verificáveis, no campo da escrita. e) O signo linguístico não necessita, para sua existência, de um caráter motivado. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Chiquinho Azevedo (Gilberto Gil) Chiquinho Azevedo Garoto de Ipanema Já salvou um menino Na Praia, no Recife Nesse dia Momó também estava com a gente Levou-se o menino Pra uma clínica em frente E o médico não quis Vir atender a gente Nessa hora nosso sangue ficou bem quente Menino morrendo Era aquela agonia E o doutor só queria Mediante dinheiro Nessa hora vi quanto o mundo está doente Discutiu-se muito Ameaçou-se briga Doze litros de água Tiraram da barriga Do menino que sobreviveu finalmente Muita gente me pergunta Se essa estória aconteceu Aconteceu minha gente Quem está contando sou eu Aconteceu e acontece Todo dia por aí Aconteceu e acontece Que esse mundo é mesmo assim (GIL, Gilberto. Quanta. CD Warner Music, 1997. Faixa 6.) 30. (UFJF-PISM 1 2019) No verso “Aconteceu e acontece”, no texto, a repetição do verbo indica que a conclusão do texto se faz por uma transição entre: a) A memória de um fato específico do passado e a afirmação de um conhecimento geral sobre o presente. b) A possibilidade de um acontecimento do passado e a esperança de que ele não se repita no presente. c) A dúvida sobre a comprovação de um fato no passado e a certeza de que ele acontece no presente. d) A distância entre um episódio que ficou na memória e a proximidade de sua repetição no presente. e) A confirmação, através do testemunho, de um fato passado e a hipótese de que ele se repetirá no presente. 16 TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: A seguir, você lerá trechos de Um livro de instruções e desenhos de Yoko Ono, da artista plástica, compositora e escritora Yoko Ono (Tóquio, 1933-). Esses trechos estão na primeira parte do livro, intitulada “Música”, em que a autora fornece “instruções” para que seus leitores componham músicas. Texto 1: Composição da batida Ouça uma batida de coração Texto 2: Composição do amanhecer Pegue a primeira palavra que vier à sua cabeça. Repita a palavra até o amanhecer. Texto 3: Composição do sanduíche de atum Imagine mil sóis no céu ao mesmo tempo. Deixe-os brilhar por uma hora. Então, deixe-os derreter gradualmente no céu. Faça um sanduíche de atum e coma. (ONO, Yoko. Grapefruit – A Book of Instruction and Drawings by Yoko Ono. Nova Iorque: Simon & Schuster, 2000[1964].). 31. (UFJF-PISM 1 2019) Os verbos utilizados nos três textos acima, no imperativo, possuem sentido de a) ordem, como nas leis que os cidadãos são obrigados a cumprir para o bem-estar geral. b) sugestão, como opções que podem ser escolhidas para serem seguidas ou não. c) pedido, como nos textos de horóscopo e nas dicas dadas por amigos e familiares. d) determinação, como nos editais de concurso, que mostram normas de participação. e) imposição, como nas regras de jogos, que têm de ser obedecidas para o sucesso da empreitada. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia o trecho, a seguir, retirado do livro Quarenta dias, de Maria Valéria Rezende, e responda. Saí, em busca de Cícero Araújo ou sei lá de quê, mas sem despir-me dessa nova Alice, arisca e áspera, que tinha brotado e se esgalhado nesses últimos meses e tratava de escamotear-se, perder-se num mundo sem porteira, fugir ao controle de quem quer que fosse. Tirei o interfone do gancho e o deixei balançando, pendurado no fio, bati a porta da cozinha e desci correndo pela escada de serviço, esperando que o porteiro se enfiasse na guarita pra responder ao interfone de frente pro saguão, de modo que eu pudesse sair de fininho, por trás dos pilotis, e escapar sem ser vista. Não me importava nada o que haveria de acontecer com o interfone nem com o porteiro. Ganhei a rua e saí a esmo, querendo dar o fora dali o mais depressa possível, como se alguém me vigiasse ou me perseguisse, mas saí andando decidida, como se soubesse perfeitamente aonde ia, pisando duro, como nunca tinha pisado em parte alguma da minha antiga terra, lá onde eu sempre soube ou achava que sabia que rumo tomar. Saí, sem perguntar nada ao guri da banca da esquina nem a ninguém, até que me visse a uma distância segura daquele endereço que me impingiram e onde eu me sentia espionada, sabe-se lá que raio de combinação eles tinham com os porteiros, com os vizinhos? Olhe só, Barbie, como eu chegava perigosamente perto da paranoia e ainda falo “deles” como se fossem meus inimigos, minha filha e meu genro REZENDE, Maria Valéria. Quarenta dias. 1ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014. p. 95-96. 32. (UEL 2019) Com base no trecho e no romance, assinale a alternativa correta sobre Cícero. a) A referência a Cícero revela que a protagonista tem pouco interesse sobre essa personagem, o que se confirma no desenrolar do romance. b) Cícero é o homem pelo qual a protagonista foi abandonada e a quem ela passa a perseguir após ter sido desprezada pela filha e pelo genro. c) Encontrar Cícero torna-se o objetivo da protagonista que, assim, mantém vivos os vínculos da maternidade, após a decepção com a filha. d) Cícero, o filho desaparecido de uma vizinha de Porto Alegre, desperta na protagonista um espírito detetivesco afinado com suas transformações na nova cidade. e) Localizar Cícero em Porto Alegre é o que leva a protagonista a sair da Paraíba em busca de uma vida abnegada. 17 TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Este material publicitário foi criado com o propósito de sensibilizar as pessoas e de despertar nelas uma atitude de conscientização no que refere à violência contra a criança. 33. (UPF 2019) As figuras de linguagem e de pensamento são recursos ou estratégias que podem ser aplicados ao texto. Tendo por base a campanha publicitária apresentada e os enunciados “Cintos são para serem vestidos, não temidos” e “Não há desculpas para os maus-tratos contra as crianças”, é correto o que se afirma em: a) A referência aos “maus-tratos contra as crianças” e a utilização de uma cinta para associar essa ideia à de um cão feroz constitui uma prosopopeia, ou personificação, que consiste na atribuição de características humanas a seres irracionais ou coisas inanimadas. b) A oposição entre os verbos “vestir” (“vestidos”) e “temer” (“temidos”) constitui um paradoxo, que coloca em circulação ideias contrárias entre si. c) O uso da palavra “desculpa” caracteriza uma ironia, pois está expressando uma ideia diferente ou contrária àquela originalmente posta, uma vez que a campanha não faz referência à ação de desculpar-seou de ser perdoado. d) A utilização da imagem do cão constitui uma comparação, eis que compara elementos diferentes que apresentam uma característica em comum: o cão e a violência contra as crianças. e) O uso da expressão “maus-tratos” pode ser considerado um eufemismo, pois, dada a natureza forte da publicidade, essa escolha suaviza um discurso mais chocante, que poderia ter palavras como “agressões” ou “violência”. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Observe a imagem e leia o texto para responder à(s) questão(ões) a seguir. Ela desatinou Ela desatinou, viu chegar quarta-feira Acabar brincadeira, bandeiras se desmanchando E ela inda está sambando Ela desatinou, viu morrer alegrias, rasgar fantasias Os dias sem sol raiando e ela inda está sambando Ela não vê que toda gente Já está sofrendo normalmente Toda a cidade anda esquecida, da falsa vida, da avenida Onde Ela desatinou, viu chegar quarta-feira Acabar brincadeira, bandeiras se desmanchando E ela inda está sambando Ela desatinou, viu morrer alegrias, rasgar fantasias Os dias sem sol raiando e ela inda está sambando Quem não inveja a infeliz, feliz No seu mundo de cetim, assim Debochando da dor, do pecado Do tempo perdido, do jogo acabado. BUARQUE, Chico. Ela desatinou. In: Todas as canções. Rio de Janeiro: Record, 2004. p. 210. 34. (UEG 2019) Em termos imagéticos tem-se, na pintura e na letra da canção apresentadas, respectivamente, a representação do a) coletivo e do individual. b) individual e do grupal. c) individual e pictórico. d) pictórico e coletivo. e) grupal e pictórico. 18 TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia o poema e a tirinha a seguir para responder à(s) questão(ões) a seguir. X. MAR PORTUGUÊS Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu. PESSOA, Fernando. Mar Português. In: Antologia Poética. Organização Walmir Ayala. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2014. p. 15. 35. (UEG 2019) Ao tomar como base os versos “Tudo vale a pena / Se a alma não é pequena”, o autor da tirinha focou seu processo de criação no seguinte aspecto da língua: a) léxico-fonológico b) sociolinguístico c) morfossemântico d) semântico-pragmático e) pragmático-discursivo TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia o poema “Sou um evadido”, do escritor português Fernando Pessoa, para responder à(s) questão(ões) a seguir. Sou um evadido. Logo que nasci Fecharam-me em mim, Ah, mas eu fugi. Se a gente se cansa Do mesmo lugar, Do mesmo ser Por que não se cansar? Minha alma procura-me Mas eu ¹ando a monte, Oxalá que ela Nunca me encontre. Ser um é cadeia, Ser eu é não ser. Viverei fugindo Mas vivo a valer. (Obra poética, 1997.) ¹“andar a monte”: andar fugido das autoridades. 36. (UNIFESP 2019) A fuga retratada no poema é uma fuga a) do anonimato. b) da identidade. c) da multiplicidade. d) da sociedade. e) da aparência. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia o texto para responder à(s) questão(ões) a seguir: Temple Grandin empacou diante da porteira. Alguns parafusos cravados na madeira lhe saltaram aos olhos. “Tem que limar a cabeça desses parafusos, se não o gado pode se machucar”, aconselhou à dona da fazenda, Carmen Perez, que ao lembrar a cena comentou: “Sempre passo no curral antes do manejo, observo tudo, dizem que tenho olho biônico, e ela notou uma coisa que eu não tinha visto.”. Grandin tem um parafuso a mais quando se trata do bem-estar dos bichos. Professora de ciência animal, ela é autista e dona de uma hipersensibilidade visual e auditiva. Tocada pelas angústias do gado desde a juventude, ela compreendia por que a rês recuava na hora da vacinação, por que atacava um vaqueiro, por que 19 tropeçava, por que mugia. Grandin traduziu esse entendimento em projetos que propunham mudanças no manejo. Hoje, instalações criadas por ela são familiares a quase metade dos bovinos nos Estados Unidos. O Brasil, com seus quase 172 milhões de cabeças de gado, segundo o Censo Agropecuário de 2017, vem aos poucos fazendo ajustes alinhados com as propostas da americana. Em julho passado, Grandin, hoje com 71 anos, veio ao Brasil pela sexta vez. Na fazenda Orvalho das Flores, localizada em Barra do Garças (MT), ela testemunhou como a equipe de Perez conduz suas 2 980 cabeças de Nelore, raça predominante no país. Os vaqueiros massageiam os bezerros, não gritam com os bois, tampouco deixam capas de chuva, correntes ou chapéus no caminho dos animais. A engenheira agrônoma Maria Lucia Pereira Lima foi aluna de pós-doutorado de Grandin na Universidade do Estado do Colorado, em Fort Collins, em 2013. Viajara aos Estados Unidos para aprender como medir o bem-estar dos bovinos e se inteirar de inovações que pudessem ser implantadas em currais brasileiros. Uma delas, por exemplo, tranquiliza o animal conduzido à vacinação: o gado em geral se via obrigado a passar espremido por espaços afunilados. Grandin projetou um acesso em curva, sem cantos, que dá à rês a ilusão de que voltará ao ponto de partida. Outra: uma lâmpada acesa na entrada do tronco de contenção – o equipamento que permite o manejo individual do boi – a indicar o trajeto reduziu em até 90% o uso de choque elétrico durante o processo. [...] No auditório da universidade, outros pesquisadores se revezavam no palco discutindo aspectos econômicos e sociais relacionados ao bem-estar animal. O tempo de manejo cai pela metade nos estabelecimentos agropecuários que seguem os manuais de Grandin. De ovos transportados com cuidado nascem pintinhos sadios. Sem falar na melhor qualidade de vida de quem lida com esses bichos. Vaqueiros bem treinados sofrem menos acidentes no trabalho e desenvolvem uma relação mais harmoniosa nos casamentos. “A melhoria do bem-estar animal melhora o bem-estar humano”, afirmou o zootecnista Mateus Paranhos da Costa, da Universidade Estadual Paulista. Monica Manin <https://tinyurl.com/y8xeoqul> Acesso em: 12.10.2018. Adaptado. 37. (FATEC 2019) De acordo com as informações apresentadas no texto sobre os trabalhos da professora Temple Grandin, a mudança proposta por ela no tratamento dos animais acarreta a) benefícios aos animais e aos tratadores, pois os tratadores se expõem menos a riscos e ganham maior qualidade de vida. b) benefícios aos animais em detrimento do encarecimento dos produtos derivados dos gastos excessivos no bem-estar da criação. c) prejuízos aos tratadores de gado em detrimento dos animais que, não só recebem tratamentos piores, mas ainda são antropomorfizados. d) benefícios aos criadores de animais de pequeno porte, pois não detêm poder aquisitivo suficiente para investir na infraestrutura e concorrer com os grandes proprietários. e) prejuízos aos animais de grande porte, pois os investidores gastam mais para manter a infraestrutura necessária, como currais sem cantos ou pregos fora do lugar e, consequentemente, menos em seu bem-estar. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Becos de Goiás Beco da minha terra... Amo tua paisagem triste, ausente e suja. Teu ar sombrio. Tua velha umidade andrajosa. Teu lodo negro, esverdeado, escorregadio. E a réstia de sol que ao meio-dia desce, fugidia, e semeia polmes dourados no teu lixo pobre, calçando de ouro a sandália velha, jogada no teu monturo. Amo a prantina silenciosa do teu fio de água, descendo de quintais escusos sem pressa, e se sumindo depressa na brecha de um velho cano. Amo a avenca delicada que renasce na frincha de teus muros empenados, e a plantinha desvalida, de caule mole que se defende, viceja e floresce no agasalho detua sombra úmida e calada. Amo esses burros-de-lenha que passam pelos becos antigos. Burrinhos dos morros, secos, lanzudos, malzelados, cansados, pisados. Arrochados na sua carga, sabidos, procurando a 20 sombra, no range-range das cangalhas. E aquele menino, lenheiro ele, salvo seja. Sem infância, sem idade. Franzino, maltrapilho, pequeno para ser homem, forte para ser criança. Ser indefeso, indefinido, que só se vê na minha cidade. Amo e canto com ternura todo o errado da minha terra. Becos da minha terra, discriminados e humildes, lembrando passadas eras... Beco do Cisco. Beco do Cotovelo. Beco do Antônio Gomes. Beco das Taquaras. Beco do Seminário. Bequinho da Escola. Beco do Ouro Fino. Beco da Cachoeira Grande. Beco da Calabrote. Beco do Mingu. Beco da Vila Rica... Conto a estória dos becos, dos becos da minha terra, suspeitos... mal afamados onde família de conceito não passava. “Lugar de gentinha” - diziam, virando a cara. De gente do pote d’água. De gente de pé no chão. Becos de mulher perdida. Becos de mulheres da vida. Renegadas, confinadas na sombra triste do beco. Quarto de porta e janela. Prostituta anemiada, solitária, hética, engalicada, tossindo, escarrando sangue na umidade suja do beco. Becos mal assombrados. Becos de assombração... Altas horas, mortas horas... Capitão-mor - alma penada, terror dos soldados, castigado nas armas. Capitão-mor, alma penada, num cavalo ferrado, chispando fogo, descendo e subindo o beco, comandando o quadrado - feixe de varas... Arrastando espada, tinindo esporas... Mulher-dama. Mulheres da vida, perdidas, começavam em boas casas, depois, baixavam pra o beco. Queriam alegria. Faziam bailaricos. - Baile Sifilítico - era ele assim chamado. O delegado-chefe de Polícia - brabeza - dava em cima... Mandava sem dó, na peia. No dia seguinte, coitadas, cabeça raspada a navalha, obrigadas a capinar o Largo do Chafariz, na frente da Cadeia. Becos da minha terra... Becos de assombração. Românticos, pecaminosos... Têm poesia e têm drama. O drama da mulher da vida, antiga, humilhada, malsinada. Meretriz venérea, desprezada, mesentérica, exangue. Cabeça raspada a navalha, castigada a palmatória, capinando o largo, chorando. Golfando sangue. (ÚLTIMO ATO) Um irmão vicentino comparece. Traz uma entrada grátis do São Pedro de Alcântara. Uma passagem de terceira no grande coletivo de São 21 Vicente. Uma estação permanente de repouso - no aprazível São Miguel. Cai o pano. CORALINA, Cora. Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais. 21ª ed. - São Paulo: Global Editora, 2006. 38. (IME 2019) Dentre os pares de versos do poema abaixo transcritos, assinale a alternativa em que há nítida descrição de uma transformação ocorrida durante a passagem do tempo. a) “e a plantinha desvalida, de caule mole / que se defende, viceja e floresce” (versos 15 e 16) b) “secos, lanzudos, malzelados, cansados, pisados. / Arrochados na sua carga, sabidos, procurando a sombra,” (versos 20 e 21) c) “pequeno para ser homem, / forte para ser criança.” (versos 26 e 27) d) “suspeitos… mal afamados / onde família de conceito não passava.” (versos 47 e 48) e) “terror dos soldados, castigados nas armas. / Capitão-mor, alma penada,” (versos 65 e 66) 39. (ENEM 2019) De acordo com esse infográfico, as redes sociais estimulam diferentes comportamentos dos usuários que revelam a) exposição exagerada dos indivíduos. b) comicidade ingênua dos usuários. c) engajamento social das pessoas. d) disfarce do sujeito por meio de avatares. e) autocrítica dos internautas. 40. (UNICAMP 2019) “Acho que só devemos ler a espécie de livros que nos ferem e trespassam. Um livro tem que ser como um machado para quebrar o mar de gelo do bom senso e do senso comum.” (Adaptado de “Franz Kafka, carta a Oscar Pollak, 1904.” Disponível em https://laboratoriode sensibilidades.wordpress.com. Acessado em 28/05/2018.) Assinale o excerto que confirma os dois textos anteriores. a) A leitura é, fundamentalmente, processo político. Aqueles que formam leitores – professores, bibliotecários – desempenham um papel político. (Marisa Lajolo, A formação do leitor no Brasil. São Paulo: Ática, 1996, p. 28.) b) Pelo que sabemos, quando há um esforço real de igualitarização, há aumento sensível do hábito de leitura, e portanto difusão crescente das obras. (Antonio Candido, Vários escritos. São Paulo: Duas cidades, 2004, p.187.) c) Ler é abrir janelas, construir pontes que ligam o que somos com o que tantos outros imaginaram, pensaram, escreveram; ler é fazer-nos expandidos. (Gilberto Gil, Discurso no lançamento do Ano Ibero- Americano da Leitura, 2004.) d) A leitura é uma forma servil de sonhar. Se tenho de sonhar, por que não sonhar os meus próprios sonhos? (Fernando Pessoa, Páginas íntimas e de Auto- Interpretação. São Paulo: Ática, 1966, p. 23.) 22 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS 1. (ESPM) É até possível que os brasileiros não quisessem perceber, mas Collor parecia¬-se excessivamente com Jânio Quadros – só que mais moço. Ambos compartilhavam o mesmo senso de espetáculo da política, o desprezo pelos políticos, o desdém pelo Congresso, a visão moralista e o perfil auto¬ritário. Collor falava de maneira postiça e, na presidência, assumiu uma postura imperial: contrariava interesses, desdenhava a luta po¬lítica, desconsiderava a precariedade de sua equipe e agia como se nada fosse atingi-lo. (Lilia Moritz Schwarcz e Heloisa Starling. Brasil: uma biografia) O texto enumera argumentos para o declí¬nio do governo Collor. No entanto, o gover¬no caiu: a) em consequência do fracasso do Plano Cruzado implantado em seu mandato; b) por conta da impopularidade crescente derivada da repressão contra as greves de trabalhadores; c) em consequência de um golpe promovi¬do pelos militares; d) em decorrência do fracasso do programa de privatizações por ele desencadeado; e) por corrupção, quando a imprensa des¬cobriu que Paulo Cesar Farias, ex-tesou¬reiro de campanha, operava negócios obscuros. 2. (UPE-SSA 2 2018) Sobre o conhecimento filosófico, considere o texto a seguir: O saber é infinito e difuso; dele se valendo, procura a filosofia aquele centro a que fazíamos referência. O simples saber é uma acumulação; a filosofia é uma unidade. O saber é racional e igualmente acessível a qualquer inteligência. A filosofia é o modo de pensamento, que termina por constituir a essência mesma de um ser humano. (JASPERS, Karl. Introdução ao pensamento filosófico. São Paulo: Cultrix, 1999, p. 13) O autor enfatiza a singularidade do conhecimento filosófico. No alinhamento dessa reflexão, tem-se como CORRETO que a) o conhecimento filosófico se adquire sem ser procurado, surge espontânea e naturalmente, no âmbito da razão. b) a filosofia é um saber de acumulação, bastando tão somente adquiri-lo. c) o conhecimento filosófico é a posse do saber racional no âmbito existencial. d) o saber filosófico é infinito e difuso, valendo-se da sensação para se constituir em essência do ser humano. e) o conhecimento filosófico caracteriza-se pela sua dimensão crítica e sonda a essência mesma das coisas. 3. (UNICAMP 2020) Observando o mapa acima e considerando o conhecimento sobre o tema, é correto afirmar que a área representada é uma região de planejamento composta por a) três entes federativos, instituída nos anos 1990 para promover o desenvolvimento econômico e melhorias em políticas públicas; tem sua origem no processo de metropolização de Brasília-DF. b) dois entes federativos, instituída nos anos 1970 para ordenar a política de transportes face à elevada oferta de trabalho existente nos municípios do entorno do Distrito Federal. c) três entes federativos, instituída nos anos 1980 para promover o desenvolvimento sustentável com preservação dopatrimônio histórico e natural face ao elevado crescimento demográfico regional. 23 d) dois entes federativos, instituída nos anos 1960 para promover setores da agroindústria e dos serviços; tem sua origem nas estratégias de integração previstas no planejamento regional. e) O Distrito Federal e as cidades satélites que compõem a Região Metropolitana do Distrito Federal 4. (FGV) [...] no final do século XIX [...] discursos “científicos” estabelecem, a partir de características físicas e culturais, uma classificação dos povos e uma desigualdade das raças. [...] Mas são sobretudo as revistas de geografia e de etnografia que influenciam os colonos, ao refletir sobre os melhores métodos para “civilizar nossos negros”. Considera-se, de fato, que os povos que não pertencem à “raça” branca são atrasados, infantilizados. (Marc Ferro. A colonização explicada a todos, 2017.) Considerando o texto e conhecimentos sobre a história europeia do final do século XIX, pode-se concluir que a) as argumentações ideológicas procuravam legitimar socialmente projetos expansionistas. b) as afirmações da antropologia científica refutavam os artigos dos periódicos de grande circulação. c) as anexações de territórios estavam desvinculadas de interesses econômicos dos Estados conquistadores. d) as trocas culturais entre as nações eram vistas como a comprovação da diversidade social da humanidade. e) as potências pretendiam fortalecer militarmente os povos dominados por meio da medicina tropical. 5. (G1 - CPS) Para o homem europeu medieval, o referencial de todas as coisas era o sagrado, fenômeno comum de sociedades muito dependentes da natureza e, portanto, a mercê de forças desconhecidas e não controláveis. Isso gerava, compreensivelmente, um sentimento generalizado de insegurança. Temia-se pelo resultado, quase sempre pobre, das colheitas. Temia-se a presença frequente das epidemias, que não se sabia combater. Desamparado diante de uma natureza frequentemente hostil, o indivíduo procurava as origens disso, e as possíveis escapatórias, num mundo do Além. Franco Junior, Hilário. A Idade Média, nascimento do Ocidente. Sao Paulo: Brasiliense, 2006, p. 139. Adaptado. De acordo com o autor, é correto afirmar que a) o desenvolvimento do sistema de rotação tornava as colheitas previsíveis e dinamizava as redes comerciais intercontinentais, das quais a Europa feudal era o principal centro produtor. b) a sacralização foi substituída pelos investimentos no desenvolvimento da ciência, vista como meio de solucionar os problemas que afligiam o europeu medieval. c) a relação da sociedade medieval com a natureza era pacífica, porque o racionalismo indicava soluções práticas para os problemas cotidianos. d) a sensação de insegurança diante do inesperado fez com que essas sociedades medievais buscassem a solução no sobrenatural. e) a sociedade medieval, de valores antropocêntricos, viu na domesticação da natureza a solução para problemas sanitários. 6. (UNESP 2017) TEXTO 1 Estamos em uma situação aterradora: dos lados da Direita e da esquerda há ausência de pensamento. Você conversa com alguém da direita e vê que ele é capaz de dizer quatro frases contraditórias sem perceber as contradições. Você conversa com alguém da extrema esquerda e vê o totalitarismo que também opera com a ausência do pensamento. Então nós estamos ensanduichados entre duas maneiras de recusar o pensamento. (Marilena Chaui. “Sociedade brasileira: violência e autoritarismo por todos os lados”. Cult, Fevereiro de 2016. Adaptado.) TEXTO 2 O fenômeno dos coletivos é um traço regressivo no embate com a solidão do homem moderno. É uma tentativa, canhestra e primitiva, de “voltar ao útero materno” para ver se o ruído insuportável da realidade disforme do mundo se dissolve porque grito palavras de ordem ou faço coisas pelas quais eu mesmo não sou responsabilizado, mas sim o “coletivo”, essa “pessoa” indiferenciada que não existe. (Luiz Felipe Pondé. “Sapiens abelhas”. Folha de S.Paulo, 23.05.2016. Adaptado.) Sobre os textos, é correto afirmar que a) os textos 1 e 2 criticam o individualismo moderno, enfatizando a importância da valorização das tradições populares e comunitárias. b) os textos 1 e 2 criticam as tendências totalitárias no campo da consciência política, em seus aspectos irracionalistas e psicológicos. c) os textos 1 e 2 analisam um fenômeno que espelha 24 a realização dos ideais iluministas de autonomia do indivíduo e de emancipação da humanidade. d) os textos 1 e 2 valorizam a importância do sentimento e das emoções como meios de agregação dos indivíduos no interior de coletividades políticas. e) o texto 1 critica a alienação da consciência política, enquanto o texto 2 valoriza a inserção dos indivíduos em coletivos. 7. (ENEM 2015) Todo o poder criativo da mente se reduz a nada mais do que a faculdade de compor, transpor, aumentar ou diminuir os materiais que nos fornecem os sentidos e a experiência. Quando pensamos em uma montanha de ouro, não fazemos mais do que juntar duas ideias consistentes, ouro e montanha, que já conhecíamos. Podemos conceber um cavalo virtuoso, porque somos capazes de conceber a virtude a partir de nossos próprios sentimentos, e podemos unir a isso a figura e a forma de um cavalo, animal que nos é familiar. HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1995. Hume estabelece um vínculo entre pensamento e impressão ao considerar que a) os conteúdos das ideias no intelecto têm origem na sensação. b) o espírito é capaz de classificar os dados da percepção sensível. c) as ideias fracas resultam de experiências sensoriais determinadas pelo acaso. d) os sentimentos ordenam como os pensamentos devem ser processados na memória. e) as ideias têm como fonte específica o sentimento cujos dados são colhidos na empiria. 8. (G1 - COTIL 2020) Nascido em Mato Grosso, o cacique Raoni, de 89 anos, é símbolo do Xingu. Na década de 1980, correu o mundo ao lado do inglês Sting. Trinta e nove anos depois, antes da Assembleia da ONU, Raoni foi indicado ao prêmio Nobel da Paz. BARROCAL, A. O Brasil Mostra a Cara. In Carta Capital. Ano XXV nº.1074, ed. Confiança.2020 pag. 18. ADAPTADO. O retorno do cacique Raoni à mídia está relacionado a eventos que vêm sendo destaque em revistas, jornais e televisão. Tal destaque não está relacionado à: a) defesa da floresta contra a expansão econômica que provoca a degradação do meio ambiente. b) defesa da expansão agropecuária no cerrado brasileiro. c) garantia aos indígenas do direito de manter seus hábitos e costumes. d) defesa do meio ambiente e o equilíbrio natural relacionado à Amazônia. e) contra o avanço do desmatamento na Amazônia e Pantanal 9. (FAMEMA 2020) Um dos fatores que tem impulsionado o avanço do trabalho informal no Brasil é a) o aumento da mão de obra qualificada. b) o crescimento do número de jovens no mercado. c) a reduzida participação do setor terciário no PIB. d) o aumento do número de imigrantes no país. e) a flexibilização das leis trabalhistas. 10. (ENEM 2016) A promessa da tecnologia moderna se converteu em uma ameaça, ou esta se associou àquela de forma indissolúvel. Ela vai além da constatação da ameaça física. Concebida para a felicidade humana, a submissão da natureza, na sobremedida de seu sucesso, que agora se estende à própria natureza do homem, conduziu ao maior desafio já posto ao ser humano pela sua própria ação. O novo continente da práxis coletiva que adentramos com a alta tecnologia ainda constitui, para a teoria ética, uma terra de ninguém. JONAS. H. O princípio da responsabilidade. Rio de Janeiro: Contraponto; Editora PUC-Rio, 2011 (adaptado). As implicações éticas da articulação apresentada no texto impulsionam a necessidade de construção de um novo padrão de comportamento,