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1 FCE- FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS NÚCLEO DE PÓS - GRADUAÇÃO INTRODUÇÃO A História e os Caminhos da Gestão Escolar INTRODUÇÃO GESTÃO ESCOLAR O presente conteúdo enfatiza a importância da formação do Gestor no contexto de seu fazer profissional, da sua profissionalidade e de seu comprometimento enquanto agente formador nos espaços escolares. Contextualiza o panorama e aspectos legais intimamente ligados às atribuições e competências da gestão. ORIENTAÇÃO ESCOLAR Introdução Formação de Gestores e Gestores Formadores Panorama e Aspectos Legais Constituição da República Federativa do Brasil 1988 Princípios da Administração Pública ECA- Estatuto da Criança e do Adolescente-Lei 8069/90 LDB-Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96 Bibliografia 2 INTRODUÇÃO Não basta atrelar a Gestão escolar a princípios técnicos e inócuos diante as novas demandas exigidas por uma sociedade em franca transformação. O exercício da Gestão Educacional implica em múltiplas facetas, portanto ligado à formação do gestor para atuar além do profissionalismo, mas com profissionalidade, ou seja, um profissional que desenvolva habilidades e delas saibam fazer uso no seu cotidiano. A visão da gestão apesar de múltipla não pode ser compreendida como multifacetada, mas como ações inter-relacionadas e complementares. Sob esta ótica a formação destes profissionais em cursos de graduação e pós - graduação deve estar enfocada em currículos que privilegiem a formação global dos estudantes visando não só as áreas organizacionais, metodológicas, do desenvolvimento cognitivo e ou tecnológica, mas atentar para a transversalidade da área de conhecimento de gestão e coordenação dos trabalhos pedagógicos utilizando-a como elo entre as demais áreas que compõem os cursos que licenciam para o exercício da Gestão. Vale ressaltar que o egresso na graduação de Pedagogia ou Pós – Graduação em Gestão Educacional ou Escolar são alunos potenciais para prover os cargos e ou funções de Gestores, serão, pois formadores também e necessitam desta consciência aliada ao entendimento que o papel da Gestão não se finda em meras atividades burocráticas e sim esta muito, além disso, passa pelas questões organizacionais e burocráticas, e perpassa pela seara do fundamentalmente pedagógico, portanto ser um gestor requer liderança pedagógica, exige conhecimento, competência e habilidades que vão ao cerne da questão educacional que é a aprendizagem dos alunos e consequentemente a melhoria do ensino. Se por um lado o futuro Gestor necessita desta consciência pedagógica, por outro o Ensino Superior na figura de seus Coordenadores de curso ou áreas e docentes necessitam questionarem qual ou quais concepções de gestor que consideram esta concepção esta adequada filosoficamente, epistemológica e metodologicamente ao currículo proposto pela instituição, que alunos estão formando, para quais demandas estes licenciados vão atuar, qual o papel formador do Gestor no contexto atual? Quem forma o “formador”? E aqui explicito que ambos se formam quando pelo conhecimento se reconhecem, mas, sobretudo a responsabilidade é do docente das instituições superiores, a quem é atribuído o papel de formador não apenas técnico, mas acima de tudo crítico e consciente que suas ações refletem em futuros licenciados, imprimindo ao futuro formador 3 conhecimento que lhe será o viés de sua competência, ora lhe apresentando panoramas legais, ora metodológicos, ora estatísticos, ora aspectos fundamentais de teorias cognitivas, mas jamais se furtando de explicitar a importância das ações pedagógicas como instrumento legítimo para a condução dos aspectos educacionais. Não é admitida formação descontextualizada, pois é na significação que se constroem conteúdos e desenvolvem-se habilidades além das limitações dos espaços escolares. Desmistificar a figura do gestor enquanto e meramente um centralizador burocrático é reduzir a grandeza de relevante função enquanto líder pedagógico integrador das esferas, administrativa, pedagógica e financeira que estão presente no seu provimento de cargo. Quando nos referimos à liderança pedagógica, não podemos deixar de ressaltar a importância convergente desta dimensão no fazer do Gestor , ainda que pensemos na formação ideal para a real , temos que ter em mente que o ideal é o real concretizado e portanto múltiplas possibilidades de ação , não podemos nos limitar aos ransos e vícios do pragmatismo e pelo viés do tradicionalismo é necessário pois a concepção de novos paradigmas educacionais e a busca incessante pela qualidade de ensino. Sabemos que a qualidade educacional é aspecto ligado intimamente a função social da escola, ter um novo olhar, um olhar que permeia o rigor para a aprendizagem é garantir direto subjetivo de fato, já legitimado, a todos os cidadãos, furta-se disso é excluir o direto a educação de qualidade e consequentemente a transformação social. Quando discutimos a respeito destas questões o Ensino Superior é pilar responsável, pois é na Educação Superior que não se finda, mas que se consuma o exercício do pensar, a pesquisa, a produção de novos saberes e é nela que se assenta com mais segurança e propriedade a formação e inserção do individuo no mundo do trabalho. 4 FORMAÇÃO DE GESTORES E GESTORES FORMADORES Conceituar Gestão Escolar principalmente atrelando-a as novas demandas e sintonizada com os princípios da Gestão democrática não é tarefa apenas de cunho teórico é necessário se despir da mesmice e do senso comum, características que acompanham muitas vezes o fazer escolar , seja pela rotina que se impõem, pelos entraves políticos advindos da inconstante roda administrativa , carregada na maioria das vezes por interesses que não os necessários para a implantação de uma política educacional a luz da real qualidade tão almejada por todos Refletir sobre a formação do profissional Gestor é investir em novos paradigmas, não sem claro levar em consideração o instituído, mas pensar no instituinte enquanto inovação para alimentar o fazer necessário a função de tal profissional. Gestão é uma expressão que ganhou corpo no contexto educacional, acompanhando uma mudança de paradigma no encaminhamento das questões desta área. Em linhas gerais, é caracterizada pelo reconhecimento da importância da participação consciente e esclarecida das pessoas nas decisões sobre a orientação e planejamento de seu trabalho. Pensemos, pois em que será o egresso ao curso de Gestão Escolar, o perfil do profissional que estamos formando, suas expectativas enquanto aluno, suas perspectivas enquanto futuro Gestor Escolar, sua formação inicial enquanto docente, seus paradigmas contextuais, seus limites de atuação, suas concepções legais e teóricas Este exercício nos leva a elucidar diagnosticamente quem de fato estamos formando e para que estamos formando ,sem esquecermos do desenvolvimento de habilidades fundamentais para o exercício da Gestão Escolar fundamentalmente democrática . Considerando que o a formação desse profissional não é estanque, que o mesmo já possui uma história de vida que entrelaça com as histórias de vida nos espaços escolares que por sua vez constituem-se dinâmicos e, portanto em constante permear de mudanças e ávido pela participação coletiva para se retro alimentar, caracterizando este profissional em sua maioria como um elemento em formação, mas também como um elemento formador, cabe então5 as Instituições de Ensino Superior valer-se em seus diversos instrumentos, PDI (Plano de Desenvolvimento Institucional), Currículos, Projeto Pedagógico, Plano de Cursos, Plano de Aulas e demais insumos, resignificar seu campo de atuação nos cursos de Gestão Escolar, inserindo assim paradigmas consoantes com os apelos de uma sociedade globalizada, dinâmica e em constante troca de informações. Se a contemporaneidade trouxe a facilidade do mundo moderno, as escolas em seus diversos níveis ficaram aquém de seu tempo, estagnadas no ranso obsoleto da mesmice , seja por receio do novo , seja pela inatividade de seus atores, ou por fatores diversos aquém de sua atuação. Dentro deste prisma, não podemos deixar de considerar as particularidades e especificidades da Educação que não se encerra apenas no profissionalismo, mas que se processa na profissionalidade de seus responsáveis, enquanto agentes de produção do conhecimento e incentivadores de novos saberes. Observamos que as instituições de Ensino Superior muitas vezes se desvinculam da concepção de formador do aluno dos cursos de Gestão Escolar, mesmo sendo este um aspecto primordial, pois sabemos que aquele aluno será um futuro formador, necessitando em sua formação de conteúdos / instrumentos para seu pleno desenvolvimento, seu fazer emancipátorio e autônomo. Conceituar qualidade na perspectiva da Educação Superior não e meramente teorizar um conceito inatingível, mas sim procurar na reflexão ativa à concretude desta qualidade nas ações vinculada a formação integral do futuro profissional de Educação , assim como um movimento cíclico no seu fazer local, referindo-nos ao espaço de sua formação, bem como no seu local de trabalho, enquanto agente multiplicador / formador. Primeiramente consideremos que ao referirmo-nos a Educação de qualidade do Ensino Superior no Brasil, temos que conceituar o que é qualidade, sob a perspectiva também da quantidade, ou seja, acesso e 6 permanência situam-se lado a lado, e devem caminhar complementarmente rumo a qualidade. Qualidade é um conceito amplo aliado a melhores condições de vida, perpassando pelo conceito histórico relativo às variáveis vinculadas ao macro sistema, possuindo também dimensões intra e extraescolares, além de também ser conceituada como social. Assim como educação a qualidade possui caráter dinâmico e em constante transformação uma vez que consideremos ambos os processos de cunho emancipatório tendo por finalidade a equidade, não sendo, pois de caráter único, já que são alicerçados pelos princípios e finalidades de respeito à diversidade. É indissociável educação adjetivada por qualidade, educação de qualidade para todos articulando todos os níveis de ensino, tendo como fundamento, múltiplas ideias de processos de aprendizagem, mas um ideal de educação, o de qualidade. Quando especificamos a questão da qualidade no Ensino Superior, temos aí, todas as questões de cunho legal que perpassam pelo direito a educação até a qualidade desta educação, não podemos deixar de citar que a educação em todos os níveis esta vinculada a quem queremos formar, para qual sociedade formamos, portanto as principais características são: educar para o exercício da cidadania, para construção de uma sociedade emancipatória capaz e através da educação transformar o contexto ao qual estamos inseridos, para o respeito à diversidade, para a equidade, enfim para o aperfeiçoamento humano em prol da construção de uma vida de qualidade. Observamos ao longo da história desde seus primórdios e não muito distante que a Educação Superior possuía características reducionistas voltadas para questões classistas e elitistas, sempre atendendo aos interesses das classes dominantes, percebemos então que a educação em termos de qualidade atendia aos interesses de poucos sendo utilizada como instrumento de manipulação social, totalmente desigual, intencionalmente conteudista e reprodutiva, reduzindo o saber a reles instrucionismo. 7 Com os avanços tecnológicos e informações que exigem domínio e rapidez a sociedade necessita de cidadãos que sejam capazes de serem lideres em suas funções, que compreendam e interpretem com celeridade os problemas e proponham soluções criativas, e, para tanto exigi-se cada vez mais indivíduos que desenvolvam habilidades e competências necessárias para atender estes novos apelos e organização social . Vivenciamos a necessidade de compreendermos como os saberes são produzidos, ou seja, aprender a conhecer (adquirir instrumentos de compreensão); aprender a fazer (agir sobre o meio); aprender a viver junto (participar, cooperar); aprender a ser (elemento integrador). (DELORS, 2001, p.90.) Algumas questões são inquietantes: primeiramente a falta de incentivo à pesquisa uma vez que os espaços de Ensino Superior por mais que incentivem os alunos para tal não observamos a pesquisa como aspecto central deste nível de ensino, outra questão é: inúmeros profissionais graduados e com defasagem de formação, muitos deles futuros Professores e Gestores que atuarão nos diversos espaços escolares e consequentemente reproduzirão este círculo de defasagem, outra questão é a velha roupagem dos conteúdos de pura reprodução sem vínculo algum com o método, desconsiderando a importância de levar o estudante a pensar sobre seu fazer considerando a produção dos saberes. Todos esses aspectos perpassam pela formação do futuro Gestor, aquele que dá construção coletiva faz de suas ações a Gestão genuinamente democrática, aquele que de seu saber forma e é formado, aquele que não sucumbe a um conceitual de gestão simplesmente imposto, mas reflete a respeito e é capaz de interpretar e adequar a sua realidade o conceitual que mais respeita seu contexto profissional considerando seu papel como líder formador e respeitando os princípios da Educação que não se encerra em tarefas, mas que faz do aprender o norte da educação de qualidade. 8 PANORAMA E ASPECTOS LEGAIS Princípios da Administração Pública – Artigo 37 da Constituição Federal Como regra geral, a Administração direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, Estados, Distrito Federal, Municípios. Assim, as Autarquias, Fundações Públicas, Agências reguladoras e executivas, Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista também estão submetidas a esses princípios: Princípios Conceito descritivo Legalidade A Administração Pública somente pode agir autorizada por lei. A Administração Pública deve agir conforme o ordenamento jurídico, ou seja, respeitando todo o Direito vigente. Impessoalidade Respeito aos princípios da igualdade e isonomia nas ações da Administração Pública. A Administração Pública busca o interesse público. Veda que o agente público busque fins de interesse pessoal (agir em proveito pessoal). Moralidade Exige a conduta ética da Administração Pública (boa-fé, honestidade, probidade, etc). Publicidade A Administração tem o dever de manter plena transparência de todos os seus comportamentos, inclusive de oferecer informações que estejam armazenadas em seus bancos de dados, quando sejam solicitadas, em razão dos interesses que ela representa quando atua. Admite o sigilo quando este preservar o interesse público. Ex: investigações policiais, assuntos de segurança nacional, questões de um concurso público, propostas de preço na licitação, etc.) Eficiência Princípio acrescentado ao texto constitucional pela EC n. 19/98. Marca a mudança de uma Administração Pública burocrática parauma Administração Pública gerencial. Busca de resultados satisfatórios na prestação dos serviços públicos e equilíbrio entre custo/benefício. 9 Contextualização A Constituição Federal prevê em seus dispositivos (artigos 203, 227, 205, 229) a responsabilidade da família e do Estado com a educação. Outras fontes legais ratificam e explicitam esta obrigatoriedade, como o Código Penal e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), assegurando assim não só um direito, mas também um princípio de coercibilidade, já que prevê sanções para o eventual não cumprimento, tanto por parte da família quanto por parte do poder público. A LDB, ao atribuir a responsabilidade da educação à família e ao Estado, o faz retratando o Artigo 205 da Constituição Federal e igualmente o faz, ao abordar a dimensão tecnológica da educação, a qualificação para o trabalho. Constituição Federal – 1988 ... Art.205- A educação direito de todos e dever do Estado e da família será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Estatuto da Criança e Adolescente - ECA 8069/90 de 13/07/1990 ... Art.4º - É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. ... Art.53 A criança e o adolescente têm direto a educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho. LDB – 9394/1996-Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional DA EDUCAÇÃO Art.1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. § 1º Esta lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias. § 2º A educação deverá vincular-se ao mundo do trabalho e a pratica social.... 10 LDB- Artigo 2º... A finalidade da Educação está explicitada envolvendo três questões: • O pleno desenvolvimento do educando que representa a educação, como processo intencional, e deve contribuir para que a dimensão psicológica do desenvolvimento da criança transcorra de maneira harmoniosa e progressiva e que o nível cognitivo em evolução, esteja voltado para a assimilação de certos conhecimentos e de certas operações mentais. Enfoca: - dimensão psicológica; - educação processo intencional; - respeito ao nível cognitivo. • Preparo para o exercício da cidadania que reafirma a condição básica de ser cidadão, isto é, titular de direitos e de deveres a partir de uma condição universal assegurada na Carta de Direitos da Organização das Nações Unidas e de uma condição particular porque assegurado na Constituição Federal, onde “todos são iguais perante a lei”. Enfoca: - dimensão social; - dimensão política; - educação é condição para se chegar à cidadania • Qualificação para o trabalho que, se de fato, pretende resgatar a sala de aula como um ambiente funcional para a sociedade em transformação, necessita fazer do trabalho socialmente produtivo um elemento gerador de dinâmica escolar. Aprender é, portanto, conhecer e aprender a fazer, onde as potencialidades humanas se concretizam. A qualificação para o trabalho está aqui como formação humana do aluno que, pela ação do trabalho, contribui como cidadão, para a humanização das estruturas sociais, econômicas e políticas da vida real. Enfoca: - dimensão econômica; - sociedade em transformação necessita de trabalho produtivo; - pela ação do trabalho o cidadão contribui socialmente. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Os Princípios Art.3º - O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I. Igualdade de condição para o acesso e permanência na escola; 11 II. Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III. Pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; IV. Respeito à liberdade e apreço à tolerância; V. Coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI. Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII. Valorização do profissional da educação escolar; VIII. Gestão democrática do ensino público, na forma desta lei e da legislação dos sistemas de ensino; IX. Garantia de padrão de qualidade; X. Valorização da experiência extra-escolar; XI. Vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. Os princípios aqui explicitados na LDB, de fato, constituem matéria constitucional (CF - Art. 206) e, para tanto a sua aplicação ao ensino ministrado nas escolas brasileiras é norma. Garante-se que, quando oferecida sob a forma de ensino sistematizado, a educação esteja norteada por princípios básicos que sustentam o mundo dos valores e as significações da organização escolar. Assim, os princípios devem ser entendidos como elementos presentes no diálogo pedagógico e na prática de ensino de cada curso, de cada Escola, de cada sistema de Ensino, de cada projeto educativo, de modo que o ser, o valer e o refletir sejam vividos como elementos integradores nas diferentes circunstâncias da sala de aula. A igualdade de condições para o acesso e permanência na escola vai além de se proclamar que a educação é direito de todos. A liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, divulgar o pensamento, divulgar a arte e divulgar o saber é, além de mais uma vez se constituir em norma constitucional, princípio implícito do processo de uma aprendizagem com autonomia. Quanto ao pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, significa que o espaço escolar e o ensino nele ministrado devem estar em sintonia e ser vivenciados a partir do conceito de heterogeneidade cultural. O respeito à liberdade e o apreço à tolerância são manifestações avançadas da evolução democrática. 12 Quanto à gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais, entende-se que o contribuinte quando paga seus impostos, paga a escola. A valorização do profissional da educação escolar é tema frequente em todas as discussões sobre educação, porém, como se trata de uma questão política, entende-se que cabe à sociedade brasileira exigir que os representantes políticos estabeleçam os mecanismos para a concretização deste princípio por meio de legislação. Na gestão democrática, a ideologia da burocracia, que tem como eixo a hierarquia autoritária, é substituída pela vontade comum, pela construção coletiva de um projeto político-pedagógico que cria a identidade da escola e que tem em todos os participantes a representatividade na execução, no acompanhamento e na avaliação desse mesmo projeto. Não se pode falar em qualidade da educação sem que façamos uma vinculação entre educação escolar, trabalho e práticas sociais. O texto legal propõe um ensino ativo, enriquecido pelo dinamismo interno do “trabalhar” e fecundado pelas vibrações transformadoras das práticas sociais. LDB - Da Organização da Educação Nacional: Dos Níveis e Modalidades de Educação e Ensino Por meio de uma retrospectiva histórica das Leis de Diretrizese Bases da Educação do Brasil, vamos perceber que a expressão Educação Básica é recente. A expressão Educação Básica começa a ser incorporada ao discurso da política educacional a partir dos anos de 1980. Na realidade, o contexto histórico do momento já apontava para a necessidade da universalização da educação básica, inclusive com observações em documentos oficiais. Para a apreciação do tema da educação básica na Lei nº 9.394/96, entende-se que algumas observações sejam feitas. O Título V trata: “Dos Níveis e Modalidades de Educação e Ensino”, compreendendo desdobramentos assim expressos: 13 Capítulo Seção Artigo(s) I - Da Composição dos Níveis Escolares 21 II - Da Educação Básica I Das Disposições Gerais II Da Educação Infantil III Do Ensino Fundamental IV Do Ensino Médio V Da Educação de Jovem e Adultos 22 a 28 29 a 31 32 a 43 35 a 36 37 a 38 III - Da Educação Profissional 39 a 42 IV - Da Educação Superior 43 a 57 V- Da Educação Especial 58 a 60 LDB – Da Organização Básica Nacional As incumbências dos Estados estão explicitadas no Artigo 10 da lei. Repare que no texto da Lei 9394/96, o Parágrafo Único que consta desse artigo se refere às competências do Distrito Federal que, conforme o texto são as referentes aos Estados e Municípios. É no Artigo 11 que você vai encontrar as incumbências dos Municípios. A lei possibilita aos municípios a criação de seus próprios sistemas de ensino ou por se integrarem ao sistema estadual de ensino ou ainda, compor com ele um sistema único de educação básica. 14 Instâncias / Atribuições / Competências UNIÃO ART. 8 A 9 ESTADOS ART. 10 MUNICÍPIOS ART. 11 DISTRITO FEDERAL ART. 10 ESTABELECIMENTO DE ENSINO ART. 11 DOCENTES ART. 13 - Coordenação da política nacional; - Exerce função normativa, distributiva e supletiva; - Elaboração do Plano Nacional; - Assistência técnica e financeira; - Currículo; (diretrizes); - Avaliação; (rendimento); - Educação Superior. - Organizar seus sistemas de ensino; - Definir com os Municípios oferta do ensino fundamental - Assegurar o ensino fundamental e oferecer como prioridade, o ensino médio. -Organizar seus sistemas de ensino - Oferecer a educação infantil em creches e pré- escolas, e com prioridade, o ensino fundamental; - Poderão optar por sistema único de educação básica. Parágrafo único - Ao Distrito Federal aplicar-se-ão as competência s referentes aos Estados e Municípios. - Elaborar e executar a proposta pedagógica; - Assegurar dias letivos e hora/aula; - Articulação com a comunidade; - Frequência e rendimento dos alunos; -Notificar o Conselho Tutelar quando necessário. - Participar da proposta pedagógica; - Elaborar e cumprir o plano de trabalho; - Zelar pela aprendizagem; - Estabelecer estratégias de recuperação; - Ministrar dia letivo e hora- aula articulação escola e comunidade. LDB – Dos Recursos Financeiros Trataremos de um assunto que embora muitos educadores não tenham grande conhecimento da questão dos recursos financeiros da educação, este é um fator que deve merecer de todos os educadores muita atenção. É no Título VII da LDB, em dez artigos, que se encontra um dos pontos em que a educação básica brasileira mais evoluiu nos últimos três anos: a dos recursos financeiros. Há quatro tipos de fonte de recursos para a educação: a constitucional ampla (receita de impostos), a constitucional restrita (recursos vinculados, do tipo salário-educação, cotas federal e estadual), a constitucional compensatória (incentivos fiscais) e as fontes alternativas (recursos diversos previstos em lei). 15 A constitucional ampla foca a receita de impostos, decorrente dos tributos arrecadados em cada uma das esferas da administração pública. A Constituição Federal define, no Artigo 18, quais são as esferas da organização político-administrativa do País: a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. As transferências constitucionais também estão definidas na Constituição Federal. A constitucional restrita é assim denominada em razão da aplicação vinculada do salário-educação. Esta é uma contribuição social, criada em 1964, com o objetivo de “suplementar as despesas públicas com a educação elementar”, cujo objetivo inicial foi o combate ao analfabetismo. A origem do salário-educação encontra-se no desconto de 2.5% da folha de pagamento dos empregados, sendo que deste montante, 1% fica no INSS, órgão encarregado de arrecadar recursos. Outra fonte de recurso, a constitucional compensatória, é constituída dos incentivos fiscais que, de fato, nada mais são do que mecanismos de amortização de impostos (imposto de renda) ou de isenções fiscais, previstas em lei. O processo garante que pessoas físicas ou pessoas jurídicas que financiem programas escolares ou bolsas de estudo, com recursos próprios, podem ter estas despesas abatidas do imposto de renda a pagar. 16 Bibliografia AMARAL, Antonio Marco. Formação Do Gestor Escolar: Da Inicial À Continuada.<http://www.artigonal.com/ensino-superior-artigos/formacao-do- gestor-escolar-da-inicial-a-continuada-884718.html>.Acesso em: 29 jul.2013. BARROSO,João. Automonia e gestão das escolas.Ministerio da Educação,1997. Brasil. Estatuto da criança e do adolescente 1990.Estatuto da criança e do adolescente. – 7.ed.Brasília : Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2010. BRASIL. Ministério da Educação. Lei de diretrizes e bases da educação nacional nº 9.394/96. Brasília: Secretaria da Educação, 1996. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf>. Acesso em: 26 Jul. 2013. BRASIL, República Federativa do. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, Senado, 1998. DELORS, J. Educação: um tesouro a descobrir. 6.ed. São Paulo: Cortez; Brasília,DF: MEC: UNESCO, 2001. DI PIETRO, Mara Sylvia Zanela. Direito Administrativo. 10. ed. São Paulo: Atlas, 1999. FERREIRA.Naura Syria Carapeto. Gestão da Educação.3. ed.São Paulo, Corte,2001.. LUCK,Heloísa. Dimensões da gestão escolar e suas competências.Curitiba.Editora Positivo, 2009. _____.Perspectivas da Gestão Escolar e Implicações quanto à Formação de seus Gestores.In:Em Aberto.Brasilia,v.17,p.6.Disponível em <http//www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/em_aberto_72.pdf>.Acesso em: 29 jul.2013. .