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Profª Silvia Brandt Teorias da Aprendizagem Aula 1 Formas de conhecimento ao longo da história Responder às principais questões da humanidade: de onde viemos, para onde vamos, qual o sentido da vida humana, por que as coisas acontecem dessa maneira... Conhecimento religioso Desde a Antiguidade Baseia-se em premissas Bases do conhecimento científico Conhecimento filosófico Experiências da vida cotidiana Organiza os comportamentos com base em um acervo de experiências Conhecimento do senso comum Mais novo dos conhecimentos Precisa de verificação das premissas Mobilizado por questões do mundo real e vida cotidiana Conhecimento científico 1 2 3 4 5 6 Beneficia-se do conhecimento filosófico Método científico indutivo: busca extrair uma situação comum a partir de comparações – uma lei Método experimental: observa e busca compreender o que vai acontecer invariavelmente Método dedutivo: faz uso da dedução para encontrar a respostas para as hipóteses levantadas. Aplica premissas anteriormente testadas, portanto é usado apenas onde sua validade pode ser testada Todas as formas de conhecimento mobilizam as pessoas na organização da sua vida, dão respostas para as dúvidas e organizam as decisões humanas, pois as pessoas têm um conjunto de indagações, de coisas que preocupam muito Trajetória do método científico Até final dos anos 1600: ciência da natureza - busca leis, procura regularidades por meio de fórmulas matemáticas Descreve as relações sociais de forma objetiva e matemática Nos anos de 1800: ciência do homem, da sociabilidade, da política, da cultura... Ciências sociais Paradigma compreensivo da ciência – não se pode copiar o modelo das ciências naturais para as ciências sociais – objeto é diferente: seres humanos na relação de afeto Objeto das ciências sociais: tem vontade e certa margem para decisões Nas ciências naturais, defendia-se a neutralidade Século XX: muda-se o paradigma, em especial na física Grande promessa da ciência: produzir conhecimento neutro e comprometido com o bem de todos Quebra da promessa. Ex: bomba atômica 7 8 9 10 11 12 Pós-guerra: comitês de ética – controle social do conhecimento científico Conhecimento científico: caminho para se chegar a um conhecimento que se propõe verdadeiro por um tempo Qualquer conhecimento é científico-social: Repercute na vida da sociedade e das pessoas A relação entre a filosofia e a psicologia Platão, na Grécia, foi um dos primeiros a falar sobre educação. Para ele, os seres humanos eram seres imperfeitos, e tal imperfeição seria compensada com a educação A ciência assumiu o papel de criar metodologias confiáveis de demonstrar fatos, por meio da descrição da realidade Galileu: experiência Descartes: racionalidade Positivismo Objetividade e neutralidade XVIII - discussão da pedagogia como disciplina científica, quando começa a ser pensada como ciência e passa ser discutido o seu relacionamento com a filosofia Década de 1770 na Alemanha – Pedagogia como ciência e início da separação entre esta e a filosofia Separação da Pedagogia e da Filosofia A metodologia científica afasta a filosofia, mas não se desvencilha dela, pois é justamente o olhar holístico e analítico que empresta à educação uma base sólida e confiável para articular a metodologia científica e o objeto de estudo: o homem 13 14 15 16 17 18 Filosofia: o ser humano é uma parte do todo universal, que carrega em si faltas e potencialidades, e a educação é o caminho de desenvolvimento e evolução moral e ética do cidadão e da sociedade. Isso porque a filosofia compreende que o todo (homem, sociedade e mundo) possui uma estrutura racional que pode ser conhecida e descrita A filosofia é, então, um fundamento que indica os fins da educação, o que é a natureza humana, o que é o sujeito etc., e a pesquisa em filosofia se propõe a desdobrar esse vínculo (Hermann, 2015) Desenvolvimento humano com base nas concepções de aprendizagem – parte 1 Essa perspectiva sustenta que as pessoas nascem com saberes adormecidos, vindos da sua bagagem hereditária e que precisam ser organizados para se tornar conhecimentos verdadeiros. Assim, o professor, nesse ponto de vista, somente auxilia o aluno a acessar as informações Inatismo A educação é um processo de dentro para fora: se o homem já nasce pronto, pouco ou nada pode ser aprimorado ou alterado O ambiente deve intervir o mínimo possível Inatismo Influências errôneas da: Crenças a partir dessa concepção: Teoria evolucionista de Darwin: genética e embriologia -> o homem já traz, em sua genética, as qualidades e as capacidades; ao meio social, resta facilitar a evolução psicológica O aluno é único responsável pelo seu sucesso ou fracasso escolar Teologia: que apresentavam grande crescimento no século XIX -> Deus criou o homem em sua forma definitiva, havendo pouco a se fazer após o seu nascimento. O destino dele está selado antes mesmo do seu nascimento Um excelente ditado popular que sintetiza a concepção inatista é aquele que diz: “pau que nasce torto morre torto” René Descartes (1596 – 1650) -> introduz a concepção racionalista, com influência da concepção inatista Analisa a questão do conhecimento racional inato e a sua evolução no processo de conhecimento humano “Penso, logo existo” A frase acima é uma das mais conhecidas de René Descartes, que afirmava que não era necessário ter experiência prática para pensar, pois a razão era algo especial e inato da condição humana. Para ele, então, o conhecimento vem de dentro pra fora 19 20 21 22 23 24 Acredita que o ser humano vai construindo suas características somente com base no ambiente A aprendizagem aqui é confundida com memorização, repetição, fixação e cópia, pois, como acreditava Aristóteles, os conhecimentos são absorvidos como resultados da prática, ou seja, quando algo se torna um hábito Empirismo/ambientalismo Influências: Locke acreditava que as crianças nasciam sem nenhum conteúdo prévio espiritual, psicológico, tão pouco ideias ou tendências inatas Visão positivista, tendo como seu grande expoente B. F. Skinner: o desenvolvimento seria fruto da aprendizagem, e ela aconteceria por condicionamento, ou seja, por controle do ambiente Empirismo/ambientalismo Gera três correntes de teorias comportamentalistas: 1 – Associacionismo (Edward Thorndike – 1874 – 1949): lei do efeito: punição e recompensa 2 – Ambientalismo (John Watson – 1878 - 1958) Empirismo/ambientalismo 3 – Behaviorismo (Skinner 1904 – 1990): faz uso das duas primeiras correntes e torna-se conhecido como o pai do behaviorismo. O comportamento é como um conjunto de reações dos organismos aos estímulos externos Nessa visão de homem, o aluno assume um papel passivo frente ao ambiente, ou seja, seus comportamentos podem ser controlados e manipulados por qualquer pessoa que conheça os recursos tecnológicos necessários. Dessa forma, o ensino passou a ser mais tecnológico e pouco pessoal. As atividades passaram a ser programadas como fórmulas-padrão Desenvolvimento humano com base nas concepções de aprendizagem – parte 2 25 26 27 28 29 30 Trata sobre interação entre fatores inatos e ambientais O ser humano é um ser de vontades O interacionismo defende que o desenvolvimento humano é resultado de uma interação de fatores biológicos e ambientais, entendendo por ambiente os espaços sociais, históricos e culturais Interacionismo Essa concepção traz o indivíduo como sujeito. Um sujeito capaz de se transformar à medida que estabelece relações com o meio físico, social e cultural e realiza trocas com ele Errei, quero uma chance pra recomeçar – vontade Interacionismo Dizem que pau que nasce torto morre torto – concepção inatista Eu não sou pau, posso me regenerar – concepção interacionista Música: Fraqueza. Antônio Carlos e Jocafi O antropólogo Darcy Ribeiro (2002) afirma que cultura é tudo aquilo que o ser humanoproduz: desde a galinha doméstica até a manteiga e o “si-mesmo”, ou seja, a própria pessoa Interacionismo Apesar de percebermos que, ainda hoje, alguns profissionais baseiam sua visão de homem na concepção inatista ou ambientalista, de forma geral, adota-se a concepção interacionista como a mais adequada para o estudo do desenvolvimento humano, porque ela entende o sujeito humano como um ser ativo, construtor de suas próprias características Conclusão Existem duas dimensões do desenvolvimento: Filogenético: diz respeito ao desenvolvimento da espécie humana. Filo = espécie; genético = gênese = origem Ontogenético: diz respeito ao nosso desenvolvimento pessoal, isto é, da pessoa, de sua história de vida 31 32 33 34 35 36 O primeiro nascimento é simbólico O desenvolvimento começa em uma expectativa Quando essa expectativa se concretiza no nascimento físico e social, o desenvolvimento passa a incluir as transformações físicas, sociais, afetivas e cognitivas. Por isso, a psicologia do desenvolvimento estuda as transformações pelas quais o indivíduo passa ao longo do tempo, englobando aspectos cognitivos, motores, sociais, físicos e sexuais ARAÚJO, C. M. M. de. Oficina psicopedagógica 2: concepções de desenvolvimento e a aprendizagem. In: Programa de Gestão da Aprendizagem Escolar. GESTAr/MEC, 2001. COLL, C. Desenvolvimento psicológico e educação: psicologia da educação escolar. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. DAVIS, C.; OLIVEIRA, Z. M. R. de. Psicologia da Educação. 2 ed. São Paulo: Cortez, 1994. Referências FRISCHMANN, B; MOHR, G. E. 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