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Jean Piaget e a Construção do Conhecimento

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Profª Silvia Helena Brandt dos Santos 
Teorias da Aprendizagem
Aula 4
Construção do conhecimento 
e desenvolvimento das 
estruturas cognitivas
Nasceu em 1886, na Suíça em Neuchâtel
Biólogo, concluiu seu doutorado em 1978, 
aos 25 anos na Universidade de Neuchâtel
Trabalhou em Paris no laboratório de Binet e 
Simon, que estudavam a criação de um 
instrumento de identificação acerca do 
fracasso escolar das crianças do sistema 
público de ensino francês
Jean Piaget
Questão que o motivava: como o ser humano 
constrói o conhecimento?
Baseava suas observações no crescimento 
de suas filhas (Jacqueline – 1925, Luciene 
– 1927 e Laurent – 1931) para elaborar sua 
teoria da inteligência sócio-motriz
Investiga a trajetória desenvolvimental, do 
nascimento à adolescência
Lecionou Psicologia do Desenvolvimento na 
Universidade de Genebra
Foi diretor do Instituto de Ciências da 
Educação na Sorbonne
Lecionou Sociologia e Filosofia das ciências 
na Universidade de Neuchâtel
Fundou e dirigiu o Centro Internacional de 
Epistemologia Genética na Universidade de 
Genebra
Diretor do Escritório Internacional de 
Educação, instituição posteriormente 
integrada à UNESCO
Em 1955 criou o Centro Internacional de 
Epistemologia Genética
Piaget morreu aos 84 anos, em 1980
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Objetivo: investigar como o pensamento 
lógico é construído, ao longo do 
desenvolvimento humano, e quais 
categorias de pensamento emergem, 
a partir da conquista da realidade
Modo e quantidade de conhecimento 
construído em cada etapa do 
desenvolvimento cognitivo
Epistemologia genética ou epigenética
O aspecto biológico do sujeito e o ambiente 
interagem em trocas contínuas
Estruturas biológicas preexistentes 
possibilitam a aquisição das estruturas 
mentais, e é a realidade externa (objeto) que 
regula e corrige seu desenvolvimento
Busca pelo equilíbrio – situação cognitiva 
desconhecida -> movimento de adaptação 
do novo ao repertório conhecido
Interacionismo
Estruturas: as características de um 
acontecimento e abrangem todos os aspectos 
de um ato, tanto interno, quanto externo
Função: aspectos e modos de interação com o 
meio que foram herdados geneticamente
As funções são permanentes, as estruturas 
são transitórias
Alguns termos que fazem parte da 
metodologia de Piaget Conteúdo: estímulos e respostas observáveis
Equilibração: todo ser vivo só sobrevive em 
condições de equilíbrio e homeostase. É o 
processo pelo qual as estruturas mudam de 
um estado para outro, com a finalidade de 
encontrar o estado de equilíbrio
Esquema: padrão de comportamento ou 
pensamento – unidades estruturais
É um modo de agir, construído pelo sujeito
Adaptação: organismos em desequilíbrio buscam 
retornar ao estado de equilíbrio original –
conhecer, acomodar ao repertório existente e 
adaptação para sobrevivência
Assimilação: incorporar elementos, 
experiências, objetos e relações provenientes 
do meio a estruturas ou esquemas já 
existentes, sendo uma atividade de repetição 
que permite fixar e consolidar os esquemas
Acomodação: processo pelo qual as estruturas 
ou esquemas já existentes se modificam em 
função das modificações do meio
O desenvolvimento é contínuo e o modo de 
funcionar do organismo não se modifica, tendo 
no estágio operatório formal a finalização da 
construção das estruturas mentais, mas não a 
finalização da construção do conhecimento, a 
qual permanece ao longo da vida do organismo
Inteligência vai sendo construída (daí o termo 
construtivismo) passo a passo quarto nível
Situação -> desequilíbrio -> assimilação -> 
acomodação -> equilíbrio
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Estágio sensório 
motor – 0 a 2 anos
Ainda não possuem estrutura cognitiva que 
lhe permitem perceber parte do sistema
Os esquemas de tempo e espaço vão sendo 
desenvolvidos ao longo do desenvolvimento 
da criança, e aos dezoito meses, já se 
apresentam de modo que a criança consiga 
perceber o objeto externo, estando pronta 
para compreender-se um indivíduo 
independente dos outros
a. Exercício dos reflexos, que se transformam 
em aprendizados
b. Coordenação de vários esquemas, como 
visão, audição e preensão, que permitem ao 
bebê apropriar-se dos objetos do mundo
A conquista do mundo, pelo bebê, se 
expressa por comportamentos, tais como:
c. Surgimento de condutas 
incontestavelmente novas como: a protusão 
da língua, a sucção do polegar, a exploração 
sistemática do olhar, o balbucio, a preensão, 
a coordenação entre a preensão e a visão, 
que permite ao bebê levar objetos à boca, 
entre outras competências
d. A intencionalidade inicia-se nas ações da 
criança, que passa a repetir atos que trarão, 
de imediato, algum tipo de resultado 
considerado interessante ou agradável
e. A criança ultrapassa o nível das atividades 
corporais simples e passa a agir sobre as 
coisas e utilizar as relações dos objetos 
entre si
f. Quanto mais a criança repete ações e 
registra seus resultados no ambiente mais a 
distinção entre meios e fins se opera, dando 
origem a atos inteligentes
g. Por volta dos 10 meses surgem as ações 
intencionais, propositais e voltadas para 
objetivos
h. É visível, por volta de 1 ano, uma 
dissociação do fim e dos meios e uma 
coordenação intencional dos esquemas. 
Agora, o ato inteligente é constituído de tal 
modo que não se limita a reproduzir, pura e 
simplesmente, os resultados interessantes, 
mas a alcançar estes últimos graças a novas 
combinações
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i. O bebê já consegue presumir e/ou 
antecipar alguns eventos ambientais como o 
fato de sua mãe estar saindo por uma porta. 
Tal fato gera uma reação na criança, que 
geralmente chora diante de situações ainda 
não compreendidas
j. Surge a reação às circunstâncias 
ambientais e o bebê começa a reagir a 
estranhos
k. Entre 12 e 18 meses, o bebê constrói a 
conservação do objeto e passa a lidar com o 
mundo por meio da experimentação e 
procura da novidade
O efeito novo não é somente reproduzido, é 
modificado “com o fim de estudar a sua 
natureza”
Durante o período sensório-motor, a criança 
vai construindo seus primeiros esquemas 
mentais que vão preparando terreno para 
algumas funções cognitivas básicas:
a. A intencionalidade das ações
b. A mobilidade e a coordenação dos 
esquemas mentais
c. A construção da noção de permanência do 
objeto
d. A distinção entre sujeito e objeto
Por volta dos dezoito meses, surge a 
linguagem, então a criança domina o signo e 
seu referente
Aqui é capaz de representar mentalmente 
um objeto ausente
Inteligência prática – pouco reflexiva
Criança capaz de organizar o mundo em 
categorias do objeto e do espaço, de 
causalidade e do tempo, porém todas a 
título de categorias práticas ou de ação
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Características típicas do sensório motor » 
Esquemas sensório-motor
Construção da noção de eu: formação da 
primeira imagem corporal, separação eu 
mundo
Desenvolvimento físico acelerado: ossos, 
músculos, neurônios
Noção de permanência
Imitação de comportamentos
Inteligência prática: relações simples de 
causalidade
Estágio pré-operatório ou da 
inteligência simbólica - 2 a 7 
anos
Aparecimento da linguagem: inclui a criança 
no mundo das representações simbólicas e 
lhes permite dar nomes a objetos trazendo a 
codificação cognitiva, desenvolvendo assim a 
memória por meio de narrativas do passado e 
também avaliar fatos e começar a prever 
ações futuras
Pensamento acontece por meio de imagens
Observando que não há ainda separação entre 
categorias lógicas, Piaget aponta para a 
importância de que a educação atue oferecendo 
ambientes ricos em estimulação, que devem 
contar com a separação e categorização dos 
objetos
Imagens dominantes em relação às palavras, 
crianças não conseguem explicar em sequência 
lógica
Signos e símbolos evocam o objeto apesar 
de sua ausência
Criança ensimesmada em seu mundo 
individual
Para ela, não é possível que algo ou 
qualquer coisa aconteça, sem que esteja 
diretamente relacionado ou vinculado a si 
mesma ou às pessoas ao seu redorEgocentrismo
As estruturas cognitivas ainda não 
compreendem o sentido de cooperação, 
portanto aqui não cabe julgamentos de valor
Empatia ainda não está presente, pois a 
visão ainda é unilateral
Jogo Simbólico -> egocentrismo em estado 
puro. O faz de conta representa o real da 
forma como consegue interpretar
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A partir dos 5 anos
Há uma afirmação, porém sem confirmação 
ou provas
Ampliar suas representações, começando a 
sair das noções individuais e conseguindo 
ter noções mais genéricas frente aos outros
Pensamento intuitivo
Esquemas simbólicos (colocar X no lugar de 
Y)
Aquisição da linguagem
Pensamento voltado para a ação – fazer no 
concreto
Características típicas do pré-operacional
Egocentrismo: a criança vê o mundo da sua 
perspectiva
Social: interessa-se por outras crianças, sem 
estar, de fato, interagindo com elas
Intelectual: pensamento e julgamento 
baseados na percepção, não nos conceitos
Lúdico: mistura fantasia e realidade
Animismo: atribuir sentimentos e pensamentos 
humanos a objetos, animais e plantas
Artificialismo: atribuir causas humanas a 
fenômenos naturais
Sentimentos interindividuais: respeito pelos 
sujeitos superiores: pais, professores
Maturação neurofisiológica é completada: ênfase 
na coordenação motora fina
Moral heterônoma: voltada para critérios de 
julgamento egocêntricos
Estágio operatório – 7 a 12 
anos
Estrutura de pensamento que lhe permite ter 
a reversibilidade, a compreensão do outro
Piaget (1996) afirma que nesta fase, o 
pensamento começa a se libertar, operando 
mentalmente, mas ainda com suporte 
concreto
Aqui, aparecem os primeiros esquemas 
conceituais, e a estrutura lúdica é 
substituída pela crítica
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É importante que se opte por métodos que 
priorizem a experimentação, desenvolvendo 
a autonomia de uso dos materiais concretos, 
assim como é importante construir uma 
relação professor x aluno de qualidade
A compreensão das “dificuldades” de 
aprendizagem de uma criança necessita 
passar pelo conhecimento dos processos de 
construção do conhecimento
Papel da escola nesta fase
Piaget (1996) aponta que as estruturas se 
desenvolvem em um processo contínuo, onde 
as conservações são importantes para que se 
passe para o próximo estágio
Aos 7/8 anos
Conservação de equivalências quantitativas
Conservação dos comprimentos
Conservação da superfície
Conservação da substância
Entre as principais conservações 
adquiridas no estágio operatório concreto, 
destacam-se:
Aos 8/9 anos:
Conservação do peso
Conservação do volume espacial (interior)
Conservação das verticais e horizontais
Aos 11/12 anos:
Conservação do volume físico
Conservação do volume espacial
Depois dos sete anos, torna-se capaz de 
cooperar, porque não confunde mais seu 
próprio ponto de vista com o dos outros
As discussões tornam-se possíveis, porque 
comportam compreensão a respeito dos 
pontos de vista do adversário e procura 
justificações ou provas para a firmação 
própria
Cotidiano escolar: ingresso no ensino 
fundamental
Inteligência lógica: uso de esquemas 
conceituais
Fazer de cabeça: operações concretas
Reversibilidade do pensamento: toda 
operação é reversível, ex.: 5 > 2, 2 < 5
Características típicas do operacional 
concreto
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Noção conservação: objetos continuam tendo 
identidade, apesar de mudanças aparentes
Conservação de substância: quantidade e 
comprimento (7-8 anos); peso (9 anos); 
volume (10-11 anos)
Classificação e categorização: vaca é animal
Socialização: pessoas podem ter pensamentos, 
ideias, desejos diferentes de mim
Cooperação: negociação de regras e trabalho em 
grupos
Formação de grupos: inicialmente, mistos; 
depois por gênero
Aceita e entende regras sociais e de jogos
Moralidade autônoma: leva em conta a intenção; 
respeito mútuo, honestidade, companheirismo. 
Julgamento é intelectual
Estágio operatório formal –
12 anos em diante –
adolescência
Com o surgimento dos esquemas conceituais 
abstratos, a estrutura de pensamento já 
consegue subjetivar: o que é possível/real, 
pois as operações lógicas concretas, passam 
para o plano das ideias, sem a necessidade 
do apoio concreto (percepção/experiência)
O pensamento age agora, em cima de 
proposições, ele pode fugir daquilo que é real 
e propor novos conceitos ou hipóteses. O 
pensamento está livre do concreto e agora, 
opera a partir de conceitos e sistemas de 
pensamento
Operações combinatórias
As proporções
A noção de equilíbrio mecânico
A noção de probabilidade
A noção de correlação
As compensações multiplicativas
No estágio operatório formal, surgem as 
seguintes aquisições
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CRIANÇA ADOLESCENTE
- Parte do fato concreto.
- Parte da realidade e vai 
em direção às 
possibilidades, porém 
com dificuldade e 
relutância
- Parte de premissas.
- Está apto a começar os 
pensamentos a partir 
das possibilidades, e só 
depois chegar no fato 
real
Esquemas conceituais abstratos: não há, 
necessariamente, referências concretas. 
Flexibilidade do pensamento
Liberta o indivíduo do tempo e espaço 
imediatos
Capacidade de discutir sistemas de 
pensamento, valores morais
Características típicas do estágio formal
Capacidade de formular hipóteses e teorias 
sobre si, os outros e o mundo – pensar sobre 
o pensamento (pensamento lógico abstrato)
Conflitos emocionais: deseja liberdade, mas é 
dependente dos familiares por algum tempo
Grupo de amigos se torna referência: 
linguagem, vocabulário, vestimenta etc.
Autonomia
Forma final de equilíbrio
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