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Segundo Fernando Pessoa (1974, p. 420), “Cesário Verde, que foi o primeiro a ver na poesia portuguesa, a visão mais clara das coisas e da sua autêntica presença que é possível encontrar na literatura moderna.”. Em uma análise sobre o aspecto psicológico da poesia portuguesa, o poeta modernista enumera, dentre vários poetas, Cesário Verde: O segundo característico da objetividade poética é aquilo a que podemos chamar a plasticidade; e entendemos por plasticidade a fixação expressiva do visto ou ouvido como exterior, não como sensação, mas como visão ou audição. Plástica, neste sentido, foi toda a poesia grega e romana, plástica a poesia dos parnasianos, plástica (além de epigramática e mais) a de Victor Hugo, plástica, de novo modo, a de Cesário Verde. A perfeição da poesia plástica consiste em dar a impressão exata e nítida (sem ser exatamente epigramática) do exterior como exterior, o que não impede de, ao mesmo tempo, o dar como interior, como emocionado. (PESSOA, 1974, p. 384-385) Em suma, a poética de Cesário Verde procede a transfiguração poética do real a partir de sua singular percepção sensorial e capacidade sensível que se mistura ao olhar crítico e comprometido sem exageros sentimentais ou panfletários. Poemas e comentários As impressões construídas pelo poema "De Tarde", a partir da riqueza cromática do quadro e das sugestões sensoriais, lembram uma tela de Renoir: CLIQUE PARA LER O POEMA “DE TARDE” Pierre-Auguste Renoir. Picnic (Le Déjeuner sur l'herbe), c. 1893. Oil on canvas, Overall: 21 1/4 x 25 11/16 in. (54 x 65.3 cm). BF567. Public Domain. [31] Naquele “pic-nic” de burguesas, Houve uma coisa simplesmente bela, E que, sem ter história nem grandezas, Em todo o caso dava uma aquarela. Foi quando tu, descendo do burrico, Foste colher, sem imposturas tolas, 114