Buscar

HEMATOLOGIA_EM_PEIXES_REVISAO_BIBLIOGRAF

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

PUBLICAÇÃO DO 
Conselho Regional de Medicina Veterinária Revista Centauro v.3, n.1, p24 - 32, 2012 
do Estado do Rio Grande do Norte Versão On-line ISSN 178-7573 
http://www.crmvrn.gov.br 
 
Correspondências devem ser enviadas para: revistacentauro@crmvrn.gov.br 
O conteúdo científico dos manuscritos são de responsabilidade dos autores Página 24 
HEMATOLOGIA EM PEIXES 
(REVISÃO BIBLIOGRÁFICA) 
Andressa Suênia Ernestina da Silva¹ José Ticiano Arruda Ximenes de Lima² 
Benito Soto Blanco³ 
RESUMO – A hematologia estuda as alterações dos padrões e dos distúrbios morfológicos das 
células do sangue que é um tecido conectivo de matriz extracelular líquida (plasma), 
composta por água, proteínas (globulinas e albumina), metabólitos como hormônios, enzimas e 
eletrólitos. A porção figurada do sangue é composta por eritrócitos, leucócitos e 
trombócitos. A hematologia é uma ferramenta utilizada para auxiliar diagnóstico e realizar 
prognóstico dos peixes aos diferentes desafios do ambiente. O conhecimento dos 
valores de referência hematológico para cada espécie de peixe é de grande 
relevância, haja vista as variações ambientais e fisiológicas interferirem no padrão 
homeostático destes animais. Desta forma, os parâmetros sanguíneos podem ser usados como 
indicadores biológicos no monitoramento do bem estar dos peixes, sendo utilizados como 
ferramenta para o diagnostico de estresse animal, de desequilíbrio influenciado por o ambiente ou 
devido à presença de agentes infecciosos. 
Unitermos : diagnostico; hematologia; peixes; referência; sangue; 
 
 
HEMATOLOGY FISH 
(LITERATURE REVIEW) 
ABSTRACT - The hematology studies the changes of morphological patterns and disorders of the 
blood cells which is a connective tissue extracel ular matrix liquid (plasma), composed of 
water, proteins (albumin and globulins), metabolites such as hormones, enzymes and 
electrolytes. The portion of the blood figurative comprises erythrocytes, leukocytes and 
thrombocytes. Hematology is a tool used to aid diagnosis and prognosis carry fish to different 
environmental challenges. Knowledge of hematology reference values for each fish species is of 
great importance, given the environmental and physiological variations interfere with 
homeostatic pattern of these animals. Thus, blood parameters can be used as biological 
indicators in monitoring the welfare of the fish being used as a tool for the diagnosis of 
animal stress, unbalanced influenced by the environment or due to the presence of infectious agents. 
Keywords: diagnosis, hematology, fish, reference, blood. 
___________________________ 
¹ Programa de Pós-Graduação em Produção Animal/Universidade Federal Rural do Semi-Árido- 
UFERSA. Av. Francisco Mota, 572, Bairro Costa e Silva, Mossoró-RN | CEP: 59.625-900. 
² Professor Adjunto da UFERSA, Departamento de Ciências Animais, Programa de Pós -Graduação em 
Produção Animal/UFERSA. 
³ Professor Adjunto da UFERSA, Departamento de Ciências Animais - Curso de Medicina Veterinária e 
do Programa de Pós-Graduação em Ciências Animais 
 
PUBLICAÇÃO DO 
Conselho Regional de Medicina Veterinária Revista Centauro v.3, n.1, p24 - 32, 2012 
do Estado do Rio Grande do Norte Versão On-line ISSN 178-7573 
http://www.crmvrn.gov.br 
 
Correspondências devem ser enviadas para: revistacentauro@crmvrn.gov.br 
O conteúdo científico dos manuscritos são de responsabilidade dos autores Página 25 
INTRODUÇÃO 
 
 
A hematologia estuda as alterações dos padrões e dos distúrbios morfológicos 
das células do sangue; o sangue é um tecido conectivo de propriedades especiais, sua 
matriz extracelular é líquida (plasma), composta por 90% de água, 7% de proteínas 
(globulinas e albumina) que são imprescindíveis para manutenção da pressão oncótica, 
além disso, é composto por metabólitos como hormônios, enzimas e eletrólitos 
variados, de acordo com (RANZANI-PAIVA, 2007). A porção figurada do sangue é 
composta por eritrócitos, leucócitos e trombócitos cuja origem, desenvolvimento e 
função, principalmente dos leucócitos, não são conhecidas por completo nos peixes, 
causando controvérsias entre diferentes estudos (TAVARES–DIAS E MORAES, 2004). 
Morfologicamente os eritrócitos maduros de peixes variam de ovais a elipsoidal com núcleo 
central; o núcleo pode ocupar até um quarto do volume da célula e o eixo longitudinal do núcleo 
é paralelo ao da célula, exceto em algumas espécies, que possuem núcleo redondo. O 
citoplasma do eritrócito apresenta-se eosinofílico claro, homogêneo, podendo conter quantidade 
variável de pontos claros rarefeitos ou vacúolos associados à degeneração de organelas 
celulares (THRALL et al., 2007). 
O tamanho e o número dos eritrócitos refletem a posição na escala evolutiva, 
onde em vertebrados primitivos são observados eritrócitos maiores e em menor número 
(WINTROBE, 1934). Tandon e Joshi (1973); Tavares–Dias e Moraes (2004) concluíram que 
as espécies de menor porte, geralmente possuem menor quantidade de eritrócitos em peixes 
dulcícolas. 
O grupo de leucócitos são as células responsáveis pela defesa do organismo 
(TAVARES–DIAS E MORAES, 2004), estes utilizam as vias sanguíneas para realizar o 
monitoramento de possíveis infecções ou injúria tecidual; Integram diferentes linhagens celulares 
nas quais são diferenciados morfologicamente pela presença ou ausência de 
granulações, assim como pelas suas características morfológicas e tintoriais (SATAKE et 
al., 2009). De acordo com Tavares-Dias e Moraes (2004) não existe diferença na formação 
das células sanguíneas de peixes teleósteos dulcícolas e marinhos, e os leucócitos ou células 
brancas podem variar de tamanho, podendo ser pequenos quanto os linfócitos ou grandes 
conforme os monócitos; Linfócitos, neutrófilos, monócitos, eosinófilos e basófilos são os 
leucócitos usualmente observados na circulação dos peixes. 
 
Os linfócitos são células predominantemente arredondadas, de tamanho variado, com 
o citoplasma basofílico e sem granulações visíveis; o núcleo possui forma 
PUBLICAÇÃO DO 
Conselho Regional de Medicina Veterinária Revista Centauro v.3, n.1, p24 - 32, 2012 
do Estado do Rio Grande do Norte Versão On-line ISSN 178-7573 
http://www.crmvrn.gov.br 
 
Correspondências devem ser enviadas para: revistacentauro@crmvrn.gov.br 
O conteúdo científico dos manuscritos são de responsabilidade dos autores Página 26 
arredondada, cromatina densa, sendo elevada a sua relação com o citoplasma. Os 
linfócitos, em geral, apresentam projeções citoplasmáticas, o que facilita diferenciá-los dos 
trombócitos nas extensões sanguíneas. Matos e Matos (1995), explicam que durante o estudo 
sanguíneo a contagem diferencial de leucócitos é comum à observação de linfócitos 
com tamanhos distintos, classificados em pequenos ou grandes. 
Os neutrófilos nos peixes possuem morfologia arredondada com núcleo em forma de 
bastonete com cromatina nuclear pouco compactada e sem nucléolo visível; o citoplasma 
possui granulações acidófilas e apresentam grande quantidade de peroxidase, uma enzima 
lisossômica presente em células fagocíticas e que promovem a oxidação de certos 
compostos pelo peróxido de hidrogênio no processo de fagocitose, podendo aderir às 
células endoteliais e transmigrar para o foco inflamatório atraído por quimiotaxinas 
(TAVARES-DIAS e MORAES, 2004). 
Os monócitos são células grandes de formatos esféricos, ocasionalmente 
arredondadas ou apresentam-se irregularesou polimorfismo; O núcleo é pequeno, excêntrico, 
com a cromatina densa e não se observa a presença de nucléolo; citoplasma é intensamente 
basofílico e podem apresentar prolongamentos citoplasmáticos e com presença de 
vacuolização; são considerados células em trânsito no sangue periférico; (TAVARES-DIAS e 
MORAES, 2004; THRALL et al., 2007). Eles atuam na reação inflamatória e resposta 
imunológica nas quais ocorre a fagocitose, sendo de extrema importância aos 
mecanismos de defesa do hospedeiro. São descritos tanto para peixes ósseos quanto 
cartilaginosos. Além da atividade fagocitária, os monócitos possuem habilidade citotóxica 
não-específicas, apresentando um aumento da atividade fagocítica de antígenos 
bacterianos e induzida pela liberação de fatores ativadores de macrófagos através da 
inoculação dos patógenos mortos ou de seus produtos (THRALL et al., 2007). 
Os eosinófilos têm tamanhos diversos, relativamente pequenos, variando de 
acordo com a quantidade e o tamanho de grânulos no citoplasma. O núcleo é 
arredondado e excêntrico, com cromatina compactada; já o citoplasma é abundante e 
rico em grânulos grosseiros dispostos por todo citoplasma que se coram de rosa - alaranjado 
(grânulos eosinofílicos) – característica determinante para a sua 
 
 
 
 
 
PUBLICAÇÃO DO 
Conselho Regional de Medicina Veterinária Revista Centauro v.3, n.1, p24 - 32, 2012 
do Estado do Rio Grande do Norte Versão On-line ISSN 178-7573 
http://www.crmvrn.gov.br 
 
Correspondências devem ser enviadas para: revistacentauro@crmvrn.gov.br 
O conteúdo científico dos manuscritos são de responsabilidade dos autores Página 27 
 
identificação, de acordo com Ranzani-Paiva & Silva-Souza (2004). Estas células podem 
esta ausente no sangue periférico dos peixes teleósteos, sendo mais abundante no tecido 
hematopoiético, submucosa intestinal, líquido peritoneal, mesentério e brânquias (TAVARES-
DIAS et al. , 2002) . 
Os basófilos são células com forma arredondada e contorno regular. O núcleo 
acompanha o formato da célula, apresenta cromatina compactada e não tem nucléolos. O 
citoplasma apresenta granulações grosseiras basofílicas, que recobrem o núcleo na 
maioria das vezes e normalmente possuem dimensões menores que os neutrófilos 
(RANZANI-PAIVA & SILVA-SOUZA, 2004). A função dos basófilos de peixes não 
está definida e parece estar ligada a processos alérgicos, já que possuem histamina em 
seus grânulos (THRALL et al., 2007). 
De acordo com Tavares-Dias et al. (2002), os trombócitos dos peixes são células elípticas 
com núcleo fusiforme e com intensa vacuolização. Os trombócitos diferem claramente 
de todas as outras populações de leucócitos porque os trombócitos possuem estruturas 
vesiculares e microtubulares em seu citoplasma (TAVARES-DIAS et al., 2007). Tanto em 
peixes marinhos quanto dulcícolas, os trombócitos auxiliam na coagulação sanguínea igual 
aos trombócitos dos mamíferos, e também possuem a função de defesa do organismo através 
da atividade fagocítica, podendo ser hemostática e homeostática (TAVARES-DIAS et al., 2002). 
Esta afirmação que os trombócitos de peixes realizem fagocitose decorre de diversos estudos 
citoquímicos que mostram nos trombocitos características inerentes às células fagocíticas, 
apresentam reação positiva para glicogênio intracelula, demonstrando energia para efetuar o 
processo de defesa orgânica reduzindo a predisposição a infecções (UEDA et al., 2001). 
Assim muitos autores têm os incluído na contagem diferencial de leucócitos dentro do perfil 
hematológico, mesmo essas células sendo de diferentes linhagens; este conhecimento do perfil 
hematológico dos peixes vem sendo estudados e utilizados de forma a indicar a 
presença de estresse em peixes principalmente associados às condições de cultivos 
(TAVARES-DIAS et al., 1999). 
Os parâmetros sanguíneos dos peixes auxiliam na avaliação da contaminação 
ambiental; a análise do sangue facilita a detecção de alterações patológicas nos 
organismos e os desvios das condições normais do sangue observadas (OLIVEIRA-
RIBEIRO et al., 2000). A hematopoiese sofre influência de diversos fatores biológicos e 
 
 
PUBLICAÇÃO DO 
Conselho Regional de Medicina Veterinária Revista Centauro v.3, n.1, p24 - 32, 2012 
do Estado do Rio Grande do Norte Versão On-line ISSN 178-7573 
http://www.crmvrn.gov.br 
 
Correspondências devem ser enviadas para: revistacentauro@crmvrn.gov.br 
O conteúdo científico dos manuscritos são de responsabilidade dos autores Página 28 
 
ambientais; tais influências são capazes de produzir estresse e interferem na atividade da 
produção sanguínea. Onde a composição bioquímica do plasma sanguíneo reflete de modo fiel 
à situação metabólica dos tecidos animais, sendo possível a avaliação de alterações no 
funcionamento de órgãos, adaptação do animal diante de desafios nutricionais e fisiológicos e 
desequilíbrios metabólicos específicos ou de origem 
nutricional, conforme Sheridan e Mommsen (1991). 
As células vermelhas do sangue transportam Oxigênio e gás carbônico por meio da 
hemoglobina, como relata Tavares-Dias e Moraes (2004); o hematócrito, a 
concentração de hemoglobina e a contagem total do número hemácias podem ser 
indicadores da capacidade de transporte de oxigênio dos peixes, relacionando-se, dessa forma, a 
concentração de oxigênio disponível no habitat de origem do animal. De acordo com 
Vosyliené (1999) a contagem de hemácias e o hematócrito quando decrescem são 
indicativos de anemia e de agravamento do estado de saúde do peixe; a concentração de 
hemoglobina diminui podendo também ser ocasionada por intoxicações que afetam as 
lamelas branquiais; dessa forma, a concentração livre para transportar o oxigênio diminui 
com a intoxicação de substâncias e também pode diminuir a absorção de oxigênio devido 
ao processo inflamatório das lamelas. 
Conforme Lopes (2007), as perdas sanguíneas ou anemias hemorrágicas podem ser 
agudas devido a traumas, desordens da coagulação e deficiência de vitamina K, ou 
crônicas por lesões gastrointestinais, trombocitopenias e ação de parasitas. A destruição 
acelerada dos eritrócitos pode ocorrer por parasitas sanguíneos, vírus, bactérias, doenças 
metabólicas e intoxicações. A diminuição da produção dos eritrócitos pode acontecer por 
doença renal crônica, deficiência de proteínas e minerais, como ferro, cobre, cobalto, 
selênio, deficiência de vitaminas, doenças inflamatórias e agentes infecciosos. 
O hematócrito também pode mudar decorrente de outras causas, como é o caso do aumento 
da atividade eritropoiética do baço e do rim oriunda do estresse, enquanto que a 
deficiência de nutrientes deprime a produção de eritrócitos, trombócitos e leucócitos. 
De acordo com Tavares-Dias e Moraes (2004), a alteração do hematócrito mediante o estresse 
ocasiona hemoconcentração ou hemodiluição; na hemoconcentração pode ser pela 
liberação de eritrócitos pelo baço; na hemodiluição a redução nos valores do hematócrito. 
 
 
 
 
PUBLICAÇÃO DO 
Conselho Regional de Medicina Veterinária Revista Centauro v.3, n.1, p24 - 32, 2012 
do Estado do Rio Grande do Norte Versão On-line ISSN 178-7573 
http://www.crmvrn.gov.br 
 
Correspondências devem ser enviadas para: revistacentauro@crmvrn.gov.br 
O conteúdo científico dos manuscritos são de responsabilidade dos autores Página29 
 
O estresse leva ainda à ação dos glicocorticoides no organismo dos peixes, cujos 
níveis de cortisol no sangue são elevados e com isso ocorrem às modificações 
fisiometabólicas, observadas por meio do aumento do número de eritrócitos e da queda no 
VCM-Volume Corpuscular Médio (VOSYLIENÉ, 1999). 
Os índices hematimétricos podem ser utilizados no controle de patologias e 
estresse, seja qual for a causa e ainda demonstram o estado fisiológico do animal. O 
Volume Corpuscular Médio, a Hemoglobina Corpuscular Média e podem ser calculados e 
derivam dos primários (hemoglobina, hematócrito e contagem de eritrócitos), de 
acordo com Matos e Matos (1995) e Tavares-Dias e Moraes (2004). O Volume Corpuscular 
Médio está relacionado com a dinâmica cardíaca e com o fluxo sanguíneo. A Hemoglobina 
Corpuscular Média demonstra como está a função respiratória (HOUSTON, 1990). 
Em relação às células da série branca dos peixes, considera-se, de acordo com Vosyliené 
(1999), que a variação do numero de leucócitos circulantes pode ser atribuído a uma 
resposta generalizada do sistema imune, acionado pelo estresse fisiológico e consequente 
estado de saúde afetado. O aumento de leucócitos pode ser observado no início de um 
estresse na maioria das espécies de peixes, sendo considerado como uma tentativa de 
recuperar a homeostase em desequilíbrio; o decréscimo na contagem de leucócitos pode ser 
atribuído pelo enfraquecimento do sistema imunológico. 
Alterações na contagem relativa de células sanguíneas de defesa orgânica podem 
indicar a ocorrência de processos infecciosos; igualmente ao que aco ntecem com os 
mamíferos, os peixes portadores de infecção apresentam neutrofilia com linfopenia 
relativa, podendo também ser possível à mobilização dos trombócitos de seus 
compartimentos de reserva para contribuir com os mecanismos de defesa orgânica. Os 
eosinófilos e basófilos se encontram distribuídos pelo tecido conjuntivo, especialmente no 
trato gastrointestinal e nas brânquias. A função dessa célula nos peixes não está 
totalmente esclarecida, porém sabe-se que estas intervêm nos processos de inflamação crônica e 
na defesa celular mediante a degranulação, sendo encontrada na corrente sanguínea 
quando há infestação por parasitos (BLAXHALL e DAISLEY, 1973). 
Ranzani (1995) relata que eosinófilos e basófilos são encontrados com menor 
frequência no sangue de peixes, sendo este fator atribuído à pequena porcentagem 
dessas células, podendo muitas vezes passar despercebido. 
 
 
PUBLICAÇÃO DO 
Conselho Regional de Medicina Veterinária Revista Centauro v.3, n.1, p24 - 32, 2012 
do Estado do Rio Grande do Norte Versão On-line ISSN 178-7573 
http://www.crmvrn.gov.br 
 
Correspondências devem ser enviadas para: revistacentauro@crmvrn.gov.br 
O conteúdo científico dos manuscritos são de responsabilidade dos autores Página 30 
 
Os estudos sobre o quadro hematológico de peixes brasileiros em condições de 
cultivo têm aumentado nas últimas décadas, já que as informações que os componentes 
sanguíneos oferecem podem ser utilizadas para avaliar o estado fisiológico de peixes e 
por esta razão necessitam de mais informações; dessa forma as condições ideais para o 
seu cultivo serão cada vez mais conhecidas Araújo et al. (2009). As variáveis relativas ao 
eritrograma auxiliam na identificação de processos de anemias; já o leucograma 
auxilia no diagnóstico de processos infecciosos e outros estados de desequilíbrio 
homeostático (BARTON e IWAMA, 1991). 
 
CONCLUSÃO 
A hematologia é uma ferramenta auxiliar e as alterações dos padrões 
hematológicos de referências, bem como os distúrbios morfológicos de células do 
sangue podem ser utilizadas para auxiliar diagnóstico e realizar prognósticos de peixes aos 
diferentes desafios do ambiente. Os parâmetros sanguíneos podem ser usados como indicadores 
biológicos no monitoramento do bem estar dos peixes, sendo utilizados como 
ferramenta para o diagnostico de estresse animal, de desequilíbrio influenciado por o 
ambiente ou devido à presença de agentes infecciosos. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 
ARAUJO, C.S.O. ; TAVARES-DIAS, M.; GOMES, A.L.S. ;ANDRADE, S.M.S. ; 
LEMOS, J.R.G.; OLIVEIRA, A.T. ; CRUZ,V.R ; AFFONSO, E.G. Infecções parasitárias e 
parâmetros sanguíneos em Arapaima gigas Schinz, 1822 (Arapaimidae) cultivados 
no estado do Amazonas, Brasil. In: Tavares-Dias, M..(Org.). Manejo e Sanidade de 
peixes em Cultivo. 1 ed. Macapá,AP: Embrapa 
Amapá, v. 1, p. 389-424. 2009. 
 
BARTON, B., IWAMA, G. Physiological changes in fish fromstress in aquaculture with 
emphasis on the response and effectsof corticosteroids. Annual Review of Fish Diseases1, 
3 –26. 1991. 
 
BLAXHALL, P.C.; DAISLEY, K.W. Routine hematological methods for use with fish 
blood. J. Fish Biol., 5:771-781, 1973. 
 
FRANÇA, J.G., RANZANI-PAIVA, M.J.T., LOMBARDI, J.V., CARVALHO, 
S.,SERIANI, R., Toxicidade crônica do cloreto de mercúrio associado ao selênio, 
por meio do estudo hematológico em tilápia Oreochromis niloticus. Campinas,v. 21, p. 
11-19, 2007. 
PUBLICAÇÃO DO 
Conselho Regional de Medicina Veterinária Revista Centauro v.3, n.1, p24 - 32, 2012 
do Estado do Rio Grande do Norte Versão On-line ISSN 178-7573 
http://www.crmvrn.gov.br 
 
Correspondências devem ser enviadas para: revistacentauro@crmvrn.gov.br 
O conteúdo científico dos manuscritos são de responsabilidade dos autores Página 31 
 
 
HOUSTON, A.H., Blood and circulation. In: SCHRECK, C.B. e MOYLE, 
P.B.,Methods for fish biology. Ame rican Fisheries Society, Maryland, p. 273-
334,1990. 
 
LOPES, S. T. DOS A. Manual de Patologia Clínica Veterinária. 3ª ed. Santa Maria: UFSM. 
107p. 2007. 
 
MATOS, M. S.; MATOS, P. F. DE. Laboratório Clínico Médico-Veterinário. Editora 
Atheneu. 2ª Ed. SP/RJ/BH. 1995. 238p. 
 
OLIVEIRA-RIBEIRO, C. A., PELLETIER, E., PFEIFFER, W. C. e ROULEAU. 
Comparative uptake, bioaccumulation, and gill damages of inorganic mercury intropical 
and Nordic reshwater fish. Environme ntal Research, v. 83, p. 286-292, 2000. 
 
RANZANI-PAIVA, M. J. T. Células sanguíneas e contagem diferencial dos leucócitosde 
tainhas, Mugil paltanus da região estuarino-lagunar de Cananéia – SP. Boletim do 
Instituto de Pesca, v. 22, p.23-40, 1995. 
 
RANZANI-PAIVA, M. T. J. e SILVA-SOUZA, A. T. He matologia de Peixes Brasileiros . 
In: Sanidade de Organismos Aquáticos / organizadores Maria José Tavares Ranzani-Paiva, 
Ricardo Massato Takemoto, Maria de Los Angeles Perez Lizama. – São Paulo: Editora Varela, 
2004. 
 
RANZANI-PAIVA, M.J.T. He matologia como ferramenta para avaliação da saúde 
de peixes. In: 2º Simpósio de Nutrição e Saúde de Peixes, 2007. Anais... 2º Simpósio de 
Nutrição e Saúde de Peixes. Botucatu, São Paulo. Universidade Estadual Paulista, 74p. 
2007. 
 
SATAKE, F.; PÁDUA, S.B.; ISHIKAWA, M.M. Distúrbios morfológicos em células 
sanguíneas de peixes em cultivo: uma fe rramenta prognóstica. In. : SATAKE, 
F.; PÁDUA, S.B.; ISHIKAWA, M.M. Distúrbios morfológicos em células sanguíneas 
de peixes em cultivo: uma ferramenta prognóstica. In. : TAVARES-DIAS, M. 
Manejo e sanidade de peixes em cultivo. 1º ed. Macapá: Embrapa Amapá, p. 330-45, 
2009. 
 
SHERIDAN, M. A., MOMMSEN, T. P. Effects of nutritional state on in vivo 
lipid and carbohydrate metabolism of coho salmon, Oncorhynchus kisutch. Gen. 
Comp.Endocrinol.,v. 81, p. 473-483, 1991. 
 
TANDON, R. S. AND JOSHI, B. D. Studies on the physiopathology of blood of 
freshwater fishes infected withtwo ne w forms of trypanosomes . Zeitschrilt fur 
wissenschaftliche zoologie. 221p. 1973. 
 
TAVARES-DIAS, M., MORAES, F. R.Hematologia de peixes teleósteos. 
Ed.Eletrônica e Arte Final. Ribeirão Preto-SP. 144 paginas, 2004. 
PUBLICAÇÃO DO 
Conselho Regional de Medicina Veterinária Revista Centauro v.3, n.1, p24 - 32, 2012 
do Estado do Rio Grande do Norte Versão On-line ISSN 178-7573 
http://www.crmvrn.gov.br 
 
Correspondências devem ser enviadas para: revistacentauro@crmvrn.gov.br 
O conteúdo científico dos manuscritos são de responsabilidade dos autores Página 32 
 
TAVARES-DIAS, M., ONO, E. A., PILARSKI, F., e MORAES, F. R. Can 
thrombocytesparticipate in the removal of cellular debris in the blood circulation 
of teleost fish? Acytochemical study and ultrastructural analysis. J. Appl. Ichthyol. v.23, 
p.709-712, 2007. 
 
TAVARES-DIAS, M.; MELO, J.F.B.; MORAES, G.; MORAES, F.R. Características 
hematológicas de teleósteos brasileiros. IV. Variáveis do Jundiá (Rhamdia quelen) 
(Pimelodidae). Ciência Rural, Santa Maria, v.32, n.4,p.693-698, 2002. 
 
TAVARES-DIAS, M.; SCHALCH, S.H.C.; MARTINS, M.L.; SILVA, E.D.; 
MORAES,F.R.; PERECIN, D. Hematologia de teleósteos brasileiros com infecção 
parasitária. I.Variáveis do Leporinus macrocephalus Garavelo e Britski, 1988 
(Anostomidae) ePiaractus mesopotamicus Holmberg, 1887 (Characidae). Acta 
Scientiarum, Maringá, v. 21, p. 337-342, 1999. 
 
THRALL. MARY.A, et al.; He matologia e Bioquímica Clínica Veterinária. 1 Ed. São 
Paulo: Roca, 2007. 
 
UEDA I.K, EGAMI MI, SASSO WS, MATUSHIMA ER. 2001.Cytoche mical aspects of 
peripheral blood cells of Oreochromis (Tilapia) niloticus (Linnaeus, 1758) 
(Cichlidae, Teleostei). Part II. Braz. J. Vet. Res. Anim. Sci., 38(6): 273-277. 
 
VOSYLIENÉ, M.Z., The effects of heavy metals on haematological indices of 
fish(Survey). Acta Zoologica Lituanica. v. 9, p.76-82, 1999. 
 
WINTROBE, M.M. Variations on the size and haemoglobin content of erythrocytes in 
the blood of various vertebrates. Folia Haematologica, Leipzig, v.51, p.32-49, 1934.

Mais conteúdos dessa disciplina