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Processo de ensino e aprendizagem: Psicologia Escolar e Educacional: O psicólogo no cotidiano da escola O psicólogo, no contexto escolar, não realizará um trabalho clínico. Ainda que seja convocado a trabalhar com demandas específicas de forma interventiva individualizante, fará isso em uma perspectiva de psicologia clínica. No cotidiano escolar, o psicólogo deve direcionar seu trabalho a favor do processo da educação e da aprendizagem. Para isso, existe a necessidade de romper com o padrão unicamente clínico, valorizando, também, o âmbito psicossocial. Nessa perspectiva, o psicólogo escolar pode atuar em diferentes demandas: • ser um agente facilitador do entendimento dos processos e dos fenômenos educacionais e da agressividade; • proporcionar psicoeducação para a compreensão do desenvolvimento dos alunos; • contribuir com o processo de formação continuada de professores; estabelecer um espaço de compartilhamento das angústias vivenciadas no campo educacional; e • facilitar a promoção da autonomia, da responsabilidade e do respeito mútuo de toda comunidade escolar, incluindo as famílias. 1 - Além das possibilidades de atuação já mencionadas, o psicólogo, no cotidiano escolar, também pode atuar como promotor de uma ação reflexiva que facilite o exercício da visão crítica junto aos alunos e aos professores. 2 - Também pode fazer parte do cotidiano do psicólogo escolar o apoio à elaboração de reflexões sobre metodologias e sobre estratégias que envolvem o processo de ensino-aprendizagem. Esse trabalho, em geral, ocorre de forma interdisciplinar. 3 - Outra atividade que permeia o cotidiano do psicólogo escolar é a atuação na mediação de conflitos, por meio do favorecimento do relacionamento interpessoal na escola. Uma técnica muito utilizada é a comunicação não violenta. 4 - O cotidiano do psicólogo escolar está em constante interação com a equipe pedagógica e com a equipe de professores, sendo um trabalho multiprofissional e de escuta ativa de demandas. Processo de ensino e aprendizagem: Psicologia Escolar e Educacional: As abordagens de intervenção no âmbito da psicologia escolar e educacional O âmbito da psicologia escolar e educacional se constitui como um elo de grande relevância com enfoque na qualidade da educação brasileira. Historicamente, a atuação de psicólogos no cenário escolar utilizava teorias e técnicas de outras áreas, mas, atualmente, essa área da psicologia se apresenta com identidade e com teorias próprias. Na atualidade, as intervenções são marcadas por um caráter multidisciplinar, com um direcionamento à prevenção e à promoção do desenvolvimento humano. Assim, as intervenções no âmbito escolar e educacional acolherão as vivências sociais da comunidade escolar como parte fundamental dos processos de ensino-aprendizagem. Nessa perspectiva, as intervenções podem ocorrer nos diferentes níveis e modalidades de educação e contribuirão com múltiplas questões éticas, políticas e econômicas que estão inter-relacionadas com o desafio da construção de uma escola capaz de acolher e de desenvolver as potencialidades de todos os seus atores. 1 - A literatura aponta duas diferentes denominações e frentes de intervenção ao se referir ao psicólogo que atua junto às escolas e no ambiente educacional: a do psicólogo escolar e a do psicólogo educacional. 2 - O psicólogo escolar atua, diretamente, na escola e se ocupa de questões práticas a ela associadas. Já o psicólogo educacional é aquele que tem as atribuições de pensar, de refletir e de pesquisar a respeito dos processos educacionais. 3 - O Conselho Federal de Psicologia, ao falar das competências do psicólogo escolar, afirma que se ocupa de um amplo leque de possibilidades de intervenções no âmbito do processo de ensino- aprendizagem. 4 - As possibilidades de atuação e de intervenção estão presentes no contexto formal, que é formado por escolas e por outras instituições de ensino; e no cenário informal, em que estão presentes organizações não governamentais e empresas. Processo de ensino e aprendizagem: Psicologia Escolar e Educacional: Conceito de problema de aprendizagem Os problemas de aprendizagem vêm sendo objeto de estudo há bastante tempo. A dificuldade de aprendizagem diz respeito a alguma desordem na aprendizagem geral da criança ou do adolescente. Em geral, são fatores reversíveis e, na grande parte dos casos, não têm causas orgânicas. O problema de aprendizagem pode ser definido como uma dificuldade significativa na aquisição da fala, da leitura, da escrita, do raciocínio e de habilidades lógico-matemáticas. Problemas de aprendizagem podem ocorrer ao longo de todo o ciclo de vida. Associados aos problemas de aprendizagem, podem existir dificuldades de interação social, de percepção e de autorregulação, que não são dificuldades de aprendizagem, embora surjam em decorrência dela. Um problema de aprendizagem pode ser pontual e não estar vinculado a outras condições, como é o caso da deficiência intelectual, do autismo e de algum transtorno emocional. 1 - O problema de aprendizagem pode repercutir na formação de identidade e nas relações sociais e afetivas, pois a dificuldade de aprender poderá interferir no modo de se perceber e de se relacionar com os demais. 2 - Problemas de aprendizagem podem levar ao fracasso escolar, na medida em que os alunos não conseguem responder às demandas e às exigências da escola. Tais problemas podem estar relacionados a determinantes sociais, à escola e ao próprio aluno. 3 - A presença do problema de aprendizagem não pode ser considerada um problema isolado. É necessário investigar aspectos emocionais e sociais que possam estar associados, sendo necessário um olhar especial para essa criança ou jovem. 4 - Pesquisas apontam que crianças com problemas de aprendizagem demonstram pouca capacidade adaptativa nos ambientes escolar e residencial. Tal dificuldade pode comprometer as possibilidades de seu desenvolvimento emocional e cognitivo. Processo de ensino e aprendizagem: Psicologia Escolar e Educacional: Dislexia e outros distúrbios de desenvolvimento da linguagem A dislexia se caracteriza como um transtorno específico de aprendizagem que envolve, em especial, a dificuldade na aquisição e n fluência da leitura e da escrita; e um desenvolvimento cognitivo deficitário quando é comparado aos padrões de normalidade e de dificuldades no processamento fonológico. Sua origem é neurológica, e acomete sujeitos de origens, de sexos e de níveis intelectuais diferentes. A dislexia se manifesta por dificuldades na precisão e/ou na fluência do reconhecimento de palavras e por baixa aptidão para a decodificação e para a soletração. Tais dificuldades decorrem de um déficit no processamento fonológico. Como causas secundárias da dislexia, há problemas na compreensão e baixa experiência de leitura. Distúrbios de desenvolvimento da linguagem, de modo geral, são caracterizados por significativos prejuízos na fala, como atrasos e alterações persistentes na aquisição da linguagem. Não foi identificada, ainda, um patologia que desencadeie tal atraso ou alteração. 1 - As dificuldades presentes em sujeitos com dislexia podem variar de problemas na expressão da linguagem e/ou na compreensão. 2 - Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV), a dislexia compõe uma categoria mais ampla de “Transtornos do Neurodesenvolvimento” e é considerada um transtorno específico da aprendizagem. 3 - Os distúrbios de desenvolvimento da linguagem podem manifestar-se de diferentes formas, dependendo do grau de severidade do caso; e podem ser mutáveis ao longo do desenvolvimento. 4 - Para o diagnóstico de dislexia e/ou de distúrbios de linguagem, é preciso, antes, investigar a presença de déficits intelectuais e sensoriais, distúrbios invasivos do desenvolvimento e lesão cerebral; e avaliaras condições sociais e emocionais. Processo de ensino e aprendizagem: Psicologia Escolar e Educacional: A questão da saúde do trabalhador nas escolas O campo da saúde do trabalhador engloba uma articulação com as problemáticas da realidade do mundo de trabalho em diferentes contextos. Estudos que apresentam indicadores da saúde do trabalhador no âmbito escolar, em geral, são pesquisas realizadas com trabalhadores de escolas públicas. Os resultados sugerem que existe uma precarização geral, além de os professores lidarem com uma carga horária grande de trabalho. Ainda, existe uma escassez de profissionais professores para o Ensino Básico, e são diferentes os modelos de gestão vigentes. A mudança nas condições de trabalho é apontada como um indicador de melhoria da saúde do trabalhador. Alguns exemplos de mudanças no ambiente escolar são: • substituição do quadro de giz por quadro branco; • instalação de bebedouros nos corredores próximos às salas de saúde; • ambiente adequado para sala de professores, para promoção de encontros nas pausas de trabalho; • adaptação de pias e de bancadas das cozinhas para a produção da merenda escolar etc. 1 - É importante salientar que o trabalhador da escola não se reduz à figura do professor, ainda que seja muito importante. São trabalhadores escolares profissionais da gestão, da limpeza, da cozinha e todos os sujeitos atuantes, de forma profissional, na escola. 2 - A infraestrutura, em especial em escolas públicas, é apontada como precária. Faltam instrumentos adequados de trabalho, o que acaba por interferir nas condições de ensino e de aprendizagem e na saúde do trabalhador. 3 - Plano de carreira, política de trabalho e programas de formação para os funcionários também são apontados como fatores que interferem na saúde do trabalhador. 4 - Os problemas na saúde do trabalhador do cenário escolar podem ser tanto físicos, como problemas por movimento repetitivo e muito uso da voz, quanto mentais, como sinais de depressão, de ansiedade, de fobias etc. A Psicologia da Educação e a Aplicação do Conhecimento Psicológico à Educação A psicologia da educação surge, como campo próprio, por volta do ano 1900, mas somente assume uma forma mais definida em torno do ano 1920, em função dos novos conceitos, dos objetivos e das necessidades sociais e educacionais. Podemos pensar a psicologia da educação como uma disciplina-ponte, considerando a articulação com outras disciplinas, não necessariamente psicológicas, para contribuir com a construção de uma teoria educativa de base científica. Isso tem a finalidade de melhorar a educação e o ensino. Quais elementos envolvem a compreensão da psicologia educacional como disciplina-ponte? são diversas as demandas para a aplicação do conhecimento psicológico à educação. Por vezes, o psicólogo escolar e educacional poderá atuar no cenário da educação formal, realizando pesquisas, diagnósticos e intervenções preventivas grupais e individuais. A aplicação do conhecimento psicológico na educação abarcará todos os segmentos do sistema educacional que fazem parte do processo de ensino- aprendizagem, como diretoria, professores e alunos, por exemplo. Como ocorre a intervenção da psicologia na educação? As Queixas Escolares São diversas as queixas no cotidiano escolar. Essa demanda, em geral, é oriunda dos professores – raras vezes, vem dos pais – e, normalmente, está vinculada ao desempenho escolar do estudante. As queixas escolares são emergentes, em especial a partir da perspectiva da escola inclusiva. Crianças e adolescentes com dificuldades de aprendizagem são encaminhados para profissionais, como psicopedagogos, fonoaudiólogos, psicólogos e neurologistas, que farão a identificação das dificuldades e dos possíveis transtornos de aprendizagem presentes. Qual é o papel do psicólogo diante das queixas escolares? Após o levantamento da queixa escolar, algumas medidas multidisciplinares podem ser tomadas. Uma, a das Equipes Especializadas de Apoio à Aprendizagem (EEAA), envolve o encaminhamento do aluno ao serviço de apoio pedagógico, composto por psicólogos escolares e por pedagogos. Essas equipes trabalham com os objetivos de contribuir para a atuação institucional e profissional de funcionários das escolas; e de colaborar com a melhoria do desempenho de estudantes que apresentem dificuldades em seu processo de aprendizagem. O que diz a produção científica acerca das medidas após a queixa escolar? Abordagem Sócio-Histórica dos Problemas de Aprendizagem A abordagem sócio-histórica ou histórico-cultural é uma das abordagens da psicologia, tal qual a psicanálise e o behaviorismo. Essa abordagem tem, como finalidade, explicar os processos de desenvolvimento humano e de aprendizagem, sendo muito utilizada na prática pedagógica. O proponente da abordagem sócio-histórica foi o psicólogo russo Lev Vygotsky. Em seus estudos, Vygotsky propôs a teoria do desenvolvimento intelectual, afirmando que todo conhecimento é construído e se desenvolve por meio das relações sociais. Quais são os aspectos e os conceitos que englobam a abordagem sócio-histórica? Para a abordagem sócio-histórica, a evolução do aprendizado ocorre por meio da elaboração das informações recebidas do meio social. A linguagem tem papel fundamental no processo de evolução dos sujeitos, pois pode ser utilizada para a comunicação e para a simbolização. Nessa perspectiva, todo o conhecimento é intermediado, posto que alguém sempre ensina algo a outra pessoa, sendo o aprendizado um processo contínuo e impossível de ser realizado sozinho. Dificuldades Emocionais e de Relacionamento Interpessoal na Situação Escolar Sabemos que os problemas de aprendizagem podem desencadear dificuldades emocionais e de relacionamento interpessoal no contexto escolar, mas o inverso também é verdadeiro. Crianças e jovens com demandas emocionais e com problemas de relacionamento podem ter prejuízo no desempenho escolar em virtude dessas manifestações. Portanto, a atuação da psicologia no âmbito da educação precisa estar atenta, de forma integral, ao desenvolvimento da criança e do adolescente estudante. Quais são as dificuldades emocionais presentes no contexto escolar e como podemos intervir? As formas de relacionamento interpessoal variarão ao longo do ciclo de vida. Contudo, existem padrões de relacionamento esperados que crianças e adolescentes desempenhem ao longo da sua trajetória escolar. As relações interpessoais, na situação escolar, envolvem a relação aluno-aluno; aluno-professor; e aluno-equipe pedagógica. Assim, as relações ocorrem entre pares e entre hierarquias diferentes. Nesse cenário, um dos papéis do psicólogo escolar é favorecer o relacionamento interpessoal e mediar conflitos, se existirem. Quais aspectos envolvem o relacionamento interpessoal na situação escolar? Distúrbios de Linguagem Escrita A linguagem escrita é um processo contínuo que faz parte do desenvolvimento. Em geral, sua aquisição acontece na infância. Na ocorrência de dificuldades no desenvolvimento da linguagem escrita, é necessário que se realize uma investigação, para posterior intervenção adequada, com o objetivo de que essa dificuldade não resulte em um problema de aprendizagem grave. O processamento da linguagem escrita está associado a outros sistemas: o pragmático, o fonológico, o semântico e o gramatical. Quais aspectos envolvem a aquisição da linguagem escrita? O transtorno de linguagem faz parte de uma grande categoria de transtornos do neurodesenvolvimento no Manual Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV). Esse transtorno se caracteriza por déficits persistentes na aquisição e no uso da linguagem, em suas diversas modalidades: falada, escrita e sinalizada. As dificuldades podem ser na compreensão e na produção; e se apresentam precocemente, no início do desenvolvimento. Qual é o curso dos déficits na linguagem escrita?Como intervir nesses déficits?